Fluorescent Adolescent.
Capítulo 14. - Four Out Of Five.
— Por Asterismo.
“Pobre desejo que não sabe se esconder, apenas me faz cobiçar fetiches e pescar sonhos.”
- Caroline Lourenzone.
— Essa roupa está boa? — Provavelmente é a quinta vez que pergunto isso nessa noite. A saia preta estava justa nas minhas coxas, a blusa de manga longa de mesma cor ia até o meu pescoço e a bota de salto alto vai até os meus joelhos, deixando minhas pernas mais longas.
Fazia tempo que não me arrumava assim, toda... Feminina. Meu cabelo está completamente liso pela chapinha que fiz e, apesar de muito simples, o delineado com gloss completou o look no estilo patricinha. Talvez eu esteja muito arrumada para ir num simples karaokê? Provavelmente, mas, assim como no dia em que beijei Sasuke pela primeira vez, hoje eu quero viver.
Ri mentalmente pela minha própria audácia; viver depois de estar colada na boca do Uchiha o dia anterior inteiro é, no mínimo, contraditório. Eu tenho me viciado no beijo de Sasuke, como uma droga viciosa, beijando ele em todo cômodo dessa casa e o deixando me marcar como se eu fosse sua posse, como se ele quisesse me fazer sua, mostrar para todos que sou apenas dele e eu não sei como reagir a isso.
Eu acredito que, apesar de ser apenas uma suposição de uma mente juvenil, o Sasuke e eu estamos construindo algo a mais que uma simples pegação desenfreada e sem compromisso. Não gosto de pensar nisso, mas acho que talvez - ênfase no "talvez" - ele está começando a sentir ciúmes de mim e isso tem me tirado algumas horinhas de sono. Sério, o que foi aquilo com Kiba? Achei que ele teria um treco a qualquer momento, de tanta raiva; e a sua recém mania de me marcar com chupões e apertos me diz que não é apenas uma coincidência.
Eu estou ferrada.
Nem preciso dizer a cara de felicidade dele em saber que ainda insisti na ideia de ir no Karaokê com Kiba hoje, gostou tanto que mal falou comigo e nem sequer me beijou hoje. Eu não deveria estar tão incomodada com os beijos de Sasuke - ou com a falta deles -, mas essa relação toda está virando uma bagunça e já nem sei o que fazer mais, se é que tem algo a ser feito.
E tem Naruto, claro. Como ele vai ficar com tudo isso que está rolando entre Sasuke e eu? Eu não faço ideia, mas espero que reaja bem; na verdade, acho que nem tem a necessidade de contar pra ele, já que tudo isso tem prazo de validade e essa data vence quando o loiro voltar de viagem e o moreno tocar sua vida novamente, me obrigando a tocar a minha também. Será que ele curte recaídas? Espero que sim, pois sinto que teremos várias.
— Já é a quinta roupa que você põe e faz essa mesma bendita pergunta, meu Deus — Os olhos esverdeados de Ino reviram enquanto olhavam o Instagram. Por um tempo tive inveja de Ino e de sua feminilidade; achava belo o seu jeito meigo e sua voz doce, suas roupas delicadas e como ela sempre tinha disposição para estar maquiada, em qualquer ocasião, me sentia um peixinho fora d'água perto dela.
Até conhecer Sasuke Uchiha.
Eu já tinha dito o quão bela me sinto perto dele, porque ele sempre me olha como se eu fosse a coisa mais perfeita do mundo e me toca como se eu fosse escapar de seus dedos a qualquer segundo. Agora estou me achando bonita, mas não o suficiente, porque sei que não estou me arrumando para o bad boy que só me trouxe problemas e que virou minha vida de ponta cabeça.
Eu estou completamente ferrada.
— Mas ficou bom ou não ficou? — Agora foi a minha vez de revirar os olhos. Custava ela tirar os olhos desses homens sarados que enchem a for you do Instagram dela e me responder? Estou valendo menos que homens desconhecidos para ela, aparentemente.
— Ficou, Sakura — Disse, finalmente direcionando seus olhos até a mim. Viu? Custava ter feito isso antes? Não custava. — Ih, amiga — Ino exclamou alto, atraindo a minha atenção. Pelo modo de falar, eu sei que ela vai se encontrar com algum macho; ele sempre afina a voz e se assanha quando vai ver algum homem. — Preciso ir, Darui me chamou pra tomar um vinhozinho na casa dele — Não falei? Conheço essa loira mais do que vocês imaginam.
— Se ficar só no vinho é lucro — Resmunguei tal qual uma senhora de oitenta anos que se indigna com a juventude e sua profanação. Não que eu tenha moral para falar algo, claro, não quando eu estava na boca do Uchiha no dia anterior.
— Se for pra ficar só no vinho eu nem vou! — Exclamou animada, pegando sua bolsa e ajeitando seu cropped rosa. Darui tem muita sorte de poder pegar a Ino, ela é extremamente bonita, mais bonita do que já fui e serei e me odeio por pensar assim dela, porque ela é tão gentil e sincera de se ter por perto para ter alguém que pensa igual a mim ao seu lado. Não é justo com ela. — Boa sorte, tanto com Kiba quanto com o garanhão lá em baixo — Me beijou no rosto e foi embora junto com toda a minha coragem que eu tinha, que já não era muita. Droga, como não pensei em como eu teria que vê-lo antes de ir? Aparentemente eu ando cheia de cansaço e Alzheimer ultimamente.
Bati uma foto no espelho do banheiro e respirei fundo, pronta - ou quase isso - para sair e encarar o moreno enraivecido. Quem eu quero enganar? Meu coração acelerado e o nervosismo espontâneo correndo por todo o meu corpo me dizem que não estou nada pronta para encarar o rosto de Sasuke. Quando fiquei tão medrosa? Nunca me deixei abalar por pessoa alguma, mas Sasuke Uchiha faz meu corpo se abalar só de respirar, só de existir.
Desci as escadas, ouvindo o tintilar de talheres e pratos e respirei fundo novamente, pensando no quão a Sakura do passado foi burra de insistir na droga do convite de Kiba. Senti o cheiro de seu perfume e sabonete pós-banho, um fraco cheiro de shampoo do Cristiano Ronaldo pairava sob o ar também, cheiros característicos de alguém único e inconfundível.
Já no último degrau da escada, eu pude ver suas costas largas e nuas trabalharem em o que quer que seja no fogão. Moletom escuro e pés descalços, típico de Sasuke Uchiha e suas manias. Minha garganta secou e logo eu não sabia o que falar; quero dizer, o que eu posso falar para o meu affair (alguém ainda fala assim?) neste momento? Que já estou de saída para beijar outro cara que não ele?
— Vai se atrasar — Dei um pulinho de susto com sua voz rouca e grave. Será que eu estava parecendo uma idiota parada enquanto encarava ele? Muito provavelmente. Pigarreei descendo do último degrau e me aproximando de si, como uma presa implorando para ser devorada.
— Não vou demorar — Soou mais como uma promessa, mesmo que eu não quisesse que soasse desse modo. Ele finalmente se virou para mim, com o rosto fechado em raiva, sua pele emanava um calor gostoso para essa belíssima noite fria, me fazendo imaginar como seria dormir em seu peito por uma noite toda. Pisquei desnorteada, expulsando esses pensamentos idiotas. — Não me espere.
Minha cintura foi puxada de uma só vez, me fazendo colidir com seu peito largo, pensando que sim, seria uma delícia dormir em seu peito por uma noite toda. Seus olhos me encaravam profundamente, raiva misturada com desejo e... Inveja? Não saberia dizer, só sei que luxúria dava um brilho bonito em seus olhos, como um lampejo rápido.
Seus olhos escuros desceram rapidamente para a minha boca brilhante e mais um pouco para meu corpo; vi suas narinas e pupilas dilatarem e um brilho malicioso passar por eles rapidamente, parecia que um sorriso iria nascer em seus lábios, mas tão rápido quanto veio, ele se foi. Sua boca encostou na minha orelha e acho que meu corpo nunca deu um arrepio tão forte quanto o que eu senti agora. Sua respiração quente desceu pelo meu pescoço, me enlouquecendo completamente. Isso é golpe sujo.
— Eu te quero... — Um beijo demorado foi depositado calmamente na minha clavícula e, antes de eu ter qualquer reação diante toda essa baixaria que ele está fazendo com o meu pobre corpo, uma mordida moderada me fez assustar e gemer longamente. — Hoje.
Puta que pariu.
E se, por um acaso maravilhosamente pensado, eu me matar aqui na frente dele? Porque assim, minha alma meio que foi com Deus agora mesmo, falta só o corpo. Como que se diz algo assim para uma pobre mulher virgem? Isso claramente deveria ser crime, ao menos, vindo dele.
— H-hm — Okay. Pra melhorar, eu ainda vou lá e gaguejo, que maravilha. O aperto em minha cintura se intensificou levemente e eu me senti sem ar; pronto, não vou precisar me matar, ele mesmo vai fazer isso por mim.
— Não fique bêbada hoje, minha princesa — Aí ele tá querendo o braço inteiro ao invés da mão. — Te quero completamente sóbria hoje, tudo bem? — Como ele ficou tão mansinho assim? Sorrio amarelo e me afasto do seu corpo como se ele tivesse pegando fogo. Bem, não sei ele, mas eu estou.
— Não manda em mim, Uchiha — Agora, longe dele, eu consigo provocar e até mesmo dar um sorriso travesso, olha só a evolução. Tudo isso longe dele, claro; em seus braços eu sou uma grande medrosa e fujona. Ele sorri ladino, como se me desafiasse a desobedecê-lo. Se é assim que ele quer, pois então assim será; ele sabe muito bem que dois podem jogar esse jogo e que eu simplesmente detesto perder.
Eu ia retrucar, como sempre faço, mas ouvi uma buzina do lado de fora e soube que o Inuzuka tinha chegado. Suspirei e dei uma última olhadela para o Uchiha, que somente deu de ombros e se virou novamente para o fogão. Suspirei, seja por tesão, vergonha ou frustração e me pus a caminhar até a porta, me arrependendo das escolhas que tomo na minha vida, e olha que a noite nem começou.
Abri a porta e encontrei o gringo bonitão, com seu sorriso ladino, como sempre. Camisa social preta de manga curta com os dois primeiros botões abertos, deixando minha imaginação correr à solta sobre o restante do conteúdo a ser mostrado. Calça jeans preta e All Star de mesma cor, um look que combina bastante com o meu, acho que até demais.
— Boa noite, senhorita — Pegou em minha mão e deixou um beijinho suave, me arrancando um suspiro. Me disseram que os latinos têm uma ótima lábia, mas caralho, não sabia que era tanta. — Está especialmente bonita esta noite — Ah, pelo amor de Deus, não estou tanto assim. No máximo, arrumadinha.
— Posso dizer o mesmo — Sorri tímida, colocando o cabelo atrás da orelha. Seguinte, quando foi que voltei a ter dezessete anos? — Podemos ir? — Arrumei a bolsinha no meu ombro, sentindo seu olhar em mim. Por que não fico toda com calor quando ele me olha, sendo que com o Sasuke que eu fico? Eis aí a questão.
— Agora mesmo, gatinha — Ri fraco, fechando a porta atrás de mim. Tudo bem, consigo fazer isso, consigo sair com ele mesmo sabendo que vou transar com o Uchiha hoje. Meu Deus do céu, onde está a minha ética e meus bons costumes?
Será que eu devo mesmo entregar a minha virgindade a ele? Isso é algo que eu deveria pensar com mais calma antes de entregar a alguém, não é? E se eu não gostar? Ou... Sei lá, se ele me machucar? Ele parece ser bem grande, nem sei se vai caber em mim. Pisquei desnorteada, voltando a realidade quando o latino estralava os dedos em frente ao meu rosto.
— Desculpa.
— Pensando no lutador? — Estava tão na cara assim? Eu preciso me controlar melhor.
— Está tão na cara? — Minha voz saiu mais baixa do que eu queria, talvez pela vergonha em ele descobrir que estou saindo com ele pensando em outro.
— Desde quando eu te conheci, pra ser sincero — Riu levemente, olhando para a minha cara de idiota. Porque é isso que eu devo ser, uma bela de uma idiota que deixa na cara que está pegando se parceiro de contas.
— Mas... — Abri e fechei a boca várias vezes pensando em várias desculpas para dar, mas eu não tinha, sou uma idiota e preciso aceitar isso. — Mas... Você... — Por que ele saiu comigo sabendo que eu penso em outro? Simplesmente não faz sentido.
— Eu realmente te achei legal e queria conhecer mais a cidade — Okay, justo. Não é como se homens me queiram o tempo todo. — Fora que eu queria ver a reação do grandão, uma pena que não consegui — Um suspiro saiu de suas narinas um pouco antes de ele entrar em seu... Que carro é esse mesmo?
— Ah, acredite — Comecei, entrando no banco do passageiro, sentindo o cheiro gostoso que vinha de dentro. — Ele ficou furioso, mal olhou na minha cara hoje — Ele riu alto, colocando o cinto, eu o imito, também rindo alto.
— Cara, era meu sonho ver isso — Ele deu partida no carro e o aquecedor ligou automaticamente. Senhor, eu não tinha me tocado que a noite estava tão fria até agora. — Você sabe que ele é louco pra te pegar, né? — Então, tenho uma coisa muito engraçada para te contar.
— Meio que a gente já se pega — Seus olhos castanhos me observaram por alguns segundos quando o carro parou em um sinal vermelho, e então ele somente deu de ombros, como se fosse algo óbvio; talvez fosse mesmo, vai saber.
— Por isso ele tava marcando território daquele jeito, agora tá explicado — Dei um sorriso amarelo, vendo os postes passarem um por vez. Não sei porque fico tão tímida em falar sobre o Sasuke, não é como se eu não fosse uma mulher muito bem - ou quase isso - resolvida. Não tem porquê essa vergonha toda
— Que isso, não é como se ele sentisse ciúme de mim — Comentei por alto, sentindo falta do costumeiro rádio do carro de Sasuke, mas não é nada grave. O moreno me olhou incrédulo no último sinal vermelho antes do Karaokê e eu me perguntei se realmente o Sasuke sente tanto ciúme assim ao ponto de outras pessoas notarem.
— Então tá bom — Ele estacionou um pouco longe do lugar e eu já pude notar as luzes roxas e rosas piscando pelas calçadas e pelas paredes. Como que eu nunca vim aqui antes? Preciso sair mais. — Eita porra — Ele exclamou animado, trancando o carro e colocando as mãos nos bolsos. Ele não me parece tão atraente mais, não quando penso demais no Uchiha.
— Incrível, né?
— Nunca fui em um Karaokê — Atravessamos a rua e andamos lado a lado na calçada.
— Não julgo, eu também não — Não quero ter que cantar, pra ser bem sinceramente, mas quem tá na chuva é pra se molhar, não é?
— Vai ser uma experiência e tanto — Entramos no lugar e só agora percebi que tem um lindo, incrível e charmoso bar pouco perto do palco. Deus ouviu minhas preces, realmente viu poder beber até cair.
— Pode apostar — Sorri abertamente indo em direção ao meu paraíso, já pedindo Jack Coke.
— Calma lá, gatinha — Eu o vi pegando apenas um refrigerante e franzi o cenho. Ele não vai beber comigo?
— Não corta o meu barato — Ri antes de beber do meu drink. De qualquer jeito, eu preciso de álcool para perder a vergonha de cantar, então estou no meu direito.
— Então, vai lá. Quem sou pra te impedir? — Sentamos em uma mesa meio longe do palco e ficamos esperando alguém ter coragem de ir lá. Conversa vai, drink vem e eu já estou pra lá de animada; as luzes ficaram mais brilhantes ou é impressão minha?
Tem como uma luz ficar mais brilhante? Não tenho certeza, preciso pesquisar quando chegar em casa, depois de tomar banho, fazer xixi e dar pro Uchiha, não nessa ordem. Minha nossa senhora das calcinhas molhadas, eu tinha esquecido que vou dar pro Uchiha hoje. Será que coloquei uma lingerie bem bonita antes de sair de casa? Espero que sim, não quero transar com calcinha de vovó.
— Então você é bibliotecária? Não é meio chato isso não? — Ele também parecia bem animado, mesmo não tendo ingerido uma gota de álcool. Queria ser legal assim sem precisar beber, meu sonho.
— É horrível — Virei o copinho de tequila de uma só vez antes chupar o limão que veio junto. Vou me arrepender depois? Muito provavelmente, mas não é responsabilidade pra mim, é responsabilidade para... Vocês sabem o resto da frase. — É cada cliente chato e arrogante que me faz ter vontade de dar um soco em alguém, uma pena que não posso.
Eu vi na enorme tela na parede atrás do palco exibir a seguinte frase: “Músicas de fim de festa” e eu já tinha em mente a música perfeita. Com toda a coragem que eu obviamente não tinha, eu me levantei e bebi um gole da Coca-Cola de Kiba, estufando o peito como se eu fosse a uma guerra; e de fato eu iria, o inimigo sendo a minha timidez.
— Vai lá, gatinha! Arrasa! — Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, enquanto subia no palco. E se eu me matar aqui na frente de todo mundo? Escolhi a bendita da música e fiquei parada que nem uma pateta esperando o Alex Turner iniciar logo essa bosta, mas não, a música demora uma eternidade para começar, o que só aumentou minha ansiedade, que maravilha.
— Advertise in imaginative ways, start your free trial today¹ — Comecei, insegura de minha própria voz. Que se foda, tá no inferno é pra se molhar, ou sei lá, algo do tipo. — Come on in, the water's lovely / look, you could meet someone you like / during the meteor strike, it is that easy — O ruim dessa música é que esse primeiro verso é cantado de maneira rápida e eu não sei se minha voz embolada tá dando realmente conta de cantar, mas é aquilo né? O que é um peido pra quem está no inferno? Sei lá. — Lunar surface on a Saturday night / dressed up in silver and white / with coloured Old Grey Whistle Test lights.
— Take it easy for a little while / come and stay with us, it’s such an easy flight — Tiro o microfone do negócio que segura ele e tropeço no meu próprio pé, agradecendo por não estar de salto e desejando me matar aqui na frente de todo mundo, seria um show e tanto. — Cute new places keep on popping up / since the exodus, it's all getting gentrified — Não conseguindo mais ficar em pé, resolvi sentar no chão do palco mesmo, foda-se. Nem sei pra que fui inventar de cantar em público. — I put a taqueria on the roof / it was well reviewed, four stars out of five / and that's unheard of.
Não lembro bem como terminei a música, talvez eu tenha ficado mais do que meramente alegre, mas o álcool foi minha única válvula de escape para tentar esquecer que vou sentar no Uchiha hoje, inclusive não queria nem ter lembrado agora também. O vento fresco bateu nos meus braços quando finalmente saí do karaokê, rindo mais mais alto do que eu deveria e cambaleando mais do que Sasuke vai gostar. Quando que a noite ficou tão quente?
— Você foi incrível, eu juro — Sua risada alta não me convenceu muito, mas não pude deixar de o acompanhar na gargalhada. Preciso de mais noites assim, sair de vez em quando é até bom. — Quando sentou no chão, então? Delirei.
— Vai se foder — Dei um soco fraco em seu braço, ou um projeto de soco já que errei completamente, quando senti meu celular vibrar. — Ou, mané! — Ele me olhou quando eu parei na calçada e então eu vi três Kibas. Quando ele aprendeu a fazer clones? — Pode indo pro carro, vou só responder aqui — O que não era mentira, Gaara tá falando alguma coisa sobre o RPG que a gente acompanha e eu estou hiper curiosa para saber o que é. Ele deu de ombros e foi até o carro, até porque ele não está longe, está literalmente do outro lado da rua.
Não sei quanto tempo fiquei respondendo Gaara, só sei que demorei o suficiente para Kiba buzinar, o que me rendeu uma rolagem de olhos e uma ida até o carro com os olhos completamente vidrados no celular, tal qual uma drogada.
Nunca gostei de reclamar da minha vida.
Okay, isso é uma mentira deslavada. Sempre reclamei de tudo, do tempo, do clima, dos clientes mal humorados, das aulas horríveis de chatas da faculdade, de Gaara e, ultimamente, de Sasuke também, mas... Apesar de reclamar bastante da minha vida, viver ela não era de todo ruim; descobri o lado bom de uma vida sexualmente - ou quase isso - ativa, estou fazendo novos amigos e saindo mais. De um modo geral, está bom do jeito que está.
Mas óbvio que a vida é uma vadia e percebeu que ando tempo o suficiente sem ter problemas, então resolveu me enviar um carro prata desgovernado com um motorista, no mínimo, louco no volante. Não deu pra sentir nada além do baque, nada além da voz desesperada de Kiba e uma sensação leve de estar voando; acho que é isso, a vida realmente me odeia.
— Sakura!
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