|Alguns dias atrás|
O corredor branco ficou totalmente pequeno para tantas pessoas ocupando aquele mesmo espaço, seus corpos corriam ao mesmo tempo que suas vozes berravam por socorro, todos os seis homens carregando o único corpo em seus braços, com o sangue escorrendo por todo o seu corpo, suas mãos tocando sua carne e seu rosto mirando o teto cheio de luzes.
O hospital de Kim Matthew ficou pequeno demais para todos aqueles homens, e o desespero de todos eles transformou o ambiente em uma masmorra de sentimentos e dor.
Um homem alto vestido com roupas brancas e um jaleco pontou no final do corredor com uma mulher baixinha vestida de enfermeira ao seu lado, os dois se olharam sem entender nada ate o momento que seus olhos caíram sobre o ferido.
Jeon e Taehyung seguravam o corpo de Namjoon em seus braços com dificuldade, o homem estava desacordado e seu sangue escorria como uma cascata. Ao lado direito estava Jung e Min desesperados com todo o seu rosto manchando de sangue e outras partes, nada parecia certo naquele momento.
Park Jimin corria com a mão pressionada contra sua costela, estava pálido e com marcas de cortes por toda a parte, ele parou seus passos olhando para baixo e sentindo suas forças se esgotando, foi apenas alguns segundos para sentir seu corpo ceder no chão frio, fechando seus olhos de instantâneo.
Kim Seokjin corria atrás berrado com seus olhos complemente vermelhos e cheios de lágrimas, ele viu o momento que apareceu mais três enfermeiros com uma maca e indo na direção do líder, pegando ele dos braços de seus amigos e colocando deitado sobre a maca.
Kim se desesperou mais ainda começando a correr até estar parado ao lado da maca, olhando para Namjoon inconsciente na plataforma, tocando seu rosto com seus dedos trêmulos e sujos, sentindo sua pele gelada.
– O que aconteceu? – Matthew questionou sério.
Sua face era de um homem de mais de trinta anos, ele era grande e forte, bonito e extremamente viril, sua expressão se fechou quando olhou para o rosto do líder, notando sua falta de consciência, percebendo seu macacão rasgado no peito e bandagens improvisadas no local ferido.
Seokjin o encarou em silêncio e suas lágrimas falaram mais que suas palavras, ele sentiu sua falta de ar tomando conta e segurou a mão de Namjoon.
– S-Salva ele...– Suplicou. – Você pode salvar ele, certo?
– Me conte o que aconteceu. – Ditou firme.
– Atiraram pelas suas costas, a bala entrou saiu, ele precisa de uma cirurgia de emergência e provavelmente transplante de sangue. – Min interviu na situação, respondendo por Jin.
– Lalis Cohen, prepare a equipe de enfermeiros, precisamos da sala de cirurgia pronta, vamos estabilizar ele ate a cirurgia, os demais, cuidem dos outros. – Deu de ombros empurrando a maca.
Seokjin ficou em completo silêncio vendo os enfermeiros empurrando o líder até o final do corredor, seus olhos pesaram e suas pernas cederam no chão, caindo de joelhos e começando a chorar ali mesmo, ao redor de todos os seis outros membros da equipe.
Min parou abaixando sua cabeça e olhando para suas mãos ensanguentadas, percebendo que outra vez estava naquela situação, seu coração disparou e sua visão ficou turva, ele precisou andar ate as cadeiras de espera, jogando seu corpo ali e descansando o peso. Se sentindo novamente um inútil, um incapaz de protege quem ele amava.
Pensou em cada momento que ele e Namjoon passaram juntos, todas as suas discussões e todas as vezes que o líder mostrou conhecer ele como ninguém, e mesmo com seu temperamento animalesco o mesmo via bondade em seus passos e em suas ações. Min riu sozinho com a memória de Namjoon lhe chamando de gatinho, e isso fez lágrimas se formarem em seu rosto.
Kim Taehyung se sentou ao seu lado e parou seus pensamentos vendo o mais velho chorando, sentindo a impotência o tomando por completo, tocou a mão de Min entrelaçando com a sua e o mesmo mirou seu rosto choroso, sendo acolhido no mesmo instante, abraçando o corpo vulnerável de Min.
O corpo daquele que ele sempre amou e cuidou de longe, Kim e Min repartiram a dor de se amarem antes mesmo de saber o que era amor, e nunca falaram o quanto isso afetava eles, mas naquele minuto de silêncio de ambas as partes, eles entenderam que suas dores e amores se completavam.
Jeon correu junto com uma enfermeira na direção de Park, o maior pegou seu corpo como se fosse um boneco, correndo para uma sala de emergência e a enfermeira o conduziu rapidamente para aquele local, ouvindo o tatuado chamando seu nome diversas vezes.
Park estava em um estado de choque e confusão, seu corpo estava quente e seu rosto pálido, ele sentiu seu namorado segurando com força sua carne, e se permitiu finalmente fechar seus olhos, descansando de tudo.
Jung se sentou numa cadeira longe de todos, mirando suas mãos sujas, seu rosto todos estava molhado e ele sussurrava coisas inaudíveis, ao mesmo tempo que sentia uma crise de pânico tomando conta. Sua garganta secou, suas extremidades ficaram geladas e seu coração disparou como nunca antes, sentia os flashes da noite passando em sua mente como um filme de terror, e ele era o protagonista de tudo isso.
Passou algumas horas e todos os seis foram atendidos, tomaram banho e estavam com roupas limpas e em quartos separados, sendo medicados e estabilizados, mesmo que seja um remédio para dormir ou um calmante mais leve para apenas não ficaram acordados a noite toda.
O médico disse que a cirurgia demorariam algumas horas, mas não disse nada mais que isso, apenas deixou todos os seis no completo escuro e isso era pior do que saber de algo grave.
Seokjin estava olhando para a janela de vidro do seu quarto de hospital, usava uma camisa branca lisa e um short cinza que lhe foi dado, estava sedado e parecia não ouvir nada ao seu redor, sua cabeça rodava e não parava de repetir a cena de Namjoon tomando um tiro em sua frente, suas últimas palavras e seu último olhar.
Se lembrou do desespero de levar o líder ate o carro e como o mesmo deitou sua cabeça em seu colo enquanto Min abria seu uniforme e começava a pressionar o local do tiro para estancar seu sangue. Se lembrou dos olhos de Kim de fechando a medida que olhava seu rosto chorando, e as lágrimas caindo na bochecha do moreno.
Kim ouviu o barulho da porta se abrindo e não se atreveu a olhar quem era, apenas sentiu o cheiro bom de frutas vermelhas no ar e percebeu ser um perfume feminino, se virou notando uma mulher.
A enfermeira estava usando um uniforme azul padrão e seu cabelo era cacheado, tinha traços ocidentais e um rosto gentil, segurava nas mãos uma bandeja de aço com diversas vasilhas ao redor. Também percebeu que ela sorria em sua direção e por algum motivo aquilo lhe trouxe uma dejavu de algo que nunca viveu antes, mas parecia uma cena se repetindo.
– Boa madrugada. – Se curvou colocando a bandeja no suporte. – Eu lhe trouxe um lanche, percebi que não dormiu ainda, então tomei a liberdade de vir aqui.
– Quem é você? – Soou ignorante.
– Oh, perdão. – Coçou sua garganta nervosa, apontando para seu crachá. – Sou Lalis Cohen, pode me chamar de Cohen, sou a enfermeira dessa ala, irei cuidar de você e dos seus amigos.
– Como eles estão? – Se ajeitou na cama.
– Uh, o ruivinho esta dormindo como uma pedra, o homem tatuado está ao lado do seu namorado ate agora. Tem um de cabelo de menta apagado no quarto sozinho e um homem saiu com um pirulito na boca e está parado de frente para a porta do ruivo, acredito que sejam namorados. – Explicou calma, ajeitando as mãos no bolso. – Na verdade acho que ele é namorado dos dois, pois ficou parado entre as duas portas.
– Eles estão bem? – Não pareceu satisfeito com a resposta da mulher.
– Defina bem. – Riu nervosa. – Todos tem facadas ou algo do tipo pelo corpo, eu não sei no que se meteram, mas deve ter sido assustador.
– Bem, eu sou filho de um mafioso e uma mulher veio atrás de mim para me matar, os seis lá fora são meus protetores e engraçado isso, porquê estou melhor que todos eles juntos. – Ditou sério.
Cohen ficou em silêncio por alguns segundos mas então soltou uma risada alta que preencheu todo o local, percebendo o homem sério suas risadas foram ficando mais baixas ate ela perceber que não era uma piada, era real.
– O Namjoon, como ele está? – Proferiu engolindo em seco.
– Sobre ele não tenho notícias, não faço parte da equipe cirúrgica, mas faz horas que eles estão lá dentro. – Abaixou sua cabeça nervosa. – Escuta, eu não tenho nada haver com isso, o Matthew me disse que esse não era um hospital comum, mas isso está além de tudo que já vi.
– Você ainda não viu nada. – Travou seu maxilar. – Eu sou o culpado por tudo isso, o Namjoon tentou me impedir de me tornar um monstro como meu pai, e olha só, sua morte será minha culpa, ele deu sua vida para me proteger e ela não valeu de nada.
– Oh, não diga isso. – Se aproximou de Seokjin cautelosa. – Todos eles também perguntaram sobre você, e todos eles pareceram preocupados uns com os outros, vocês não são pessoas ruins muito menos você.
– Me conhece?
– Eu acredito que você pode ver tudo sobre uma pessoa apenas olhando em seus olhos, e eu vejo bondade e medo nos seus, não é ruim. – Sorriu gentil.
– Eu deveria estar no lugar do Namjoon, nem ao menos sei se era sobreviver. – Fungou limpando seu rosto.
– Ele é importante para você, né? Seus olhos brilham em dor quando cita ele, mas saiba que a morte não é o fim, as pessoas que amamos não se vão quando seus corações param. Na verdade, elas permanecem vivas em cada lembrança e cada vez que você se lembra dela. – Tocou os fios castanhos de Kim. – Tudo que você fizer daqui para frente será em seu nome, por isso deve pensar que ele ficará bem.
– E se ele não ficar?
– Então você deve viver por ele, voar alto em diferentes direções, a vida não é o fim, o trem da vida percorreu um longo caminho até agora. Vocês vão se encontrar, nem que seja em outra vida.
Os dois ficaram em silêncio e então a porta do quarto se abriu revelando o médico alto com uma fixa em mãos, ele olhou de lado para a mulher dando sinal para que ela saísse, e assim ela fez em silêncio, mas não sem antes olhar para Jin dando um breve sorriso.
Seokjin se acomodou na cama engolindo em seco, seus olhos pareciam percorrer o homem buscando algum traço que alertasse sobre o quê ele estava querendo consigo.
O médico andou em passos lentos ate Kim e parou olhando sua fixa na cama, notando que o homem não estava machucado ou tinha alguma fratura que precisasse de algum cuidado mais avançado.
– Terminamos a cirurgia do Namjoon e ele ficará em observação por alguns dias, ele tomou consciência poucos minutos depois da cirurgia e isso me pareceu um milagre, mas na medicina não vemos como uma coisa boa. – Sua voz rouca parecia acuada diante de Jin.
– Como é? – Estreitou seus olhos confuso.
– Sabe quando uma pessoa está muito doente, e do nada ela fica melhor como se nunca tivesse sentido nada? Isso se chama melhora da morte, algumas pessoas atribuem isso ao fato da pessoa ter alguém ou algo para fazer antes de realmente morrer. – Iniciou cauteloso. – Namjoon teve um ferimento que por milímetro não atingiu algum órgão vital, mas sua perda de sangue foi gigantesca, mesmo que ele sobrevivesse ficaria alguns dias inconsciente pela perda de sangue.
– E ele está bem? – Franziu a testa confuso.
– Ele teve uma hemorragia grave, a bala entrou e saiu, deixando rasgos em seu tecido. Onde estou querendo chegar com isso, Kim Seokjin? – Pausou sua fala nervoso. – Namjoon tem algumas horas, talvez minutos, e nesse pouco tempo que lhe resta ele pediu para vê-lo.
Seokjin foi guiado pelo médico em direção ao quarto de Namjoon, durante todo o caminho ele ficou em silêncio digerindo as falas que lhe foram proferidas, pensando se era algo dramático demais ou uma realidade dura para se aceitar, pensava se esse era o final que ele estava esperando.
Quando conversou com Namjoon percebeu que o homem aceitava melhor seu fim, que talvez ele não visse outra saída além da morte ou da vida que já levava, e pensar em ter uma vida normal talvez não fosse algo na sua linha de pensamento.
Talvez Kim Namjoon pudesse aceitar sua morte de bom grado, iria abrir seus braços para o universo e para a força oculta que o mantinha vivo nesse plano. Em algumas culturas e crenças a morte e vista como uma etapa, e depois que ela ocorria a pessoa precisava aceitar seu fim para evoluir no plano espiritual, e mesmo sendo ateu o Kim acreditava cegamente que precisava dar paz ao seu espírito e aceitar seu final.
Mas para Seokjin isso não era uma escolha, a morte de Namjoon significava que Boss Yong estava certa e conseguiu o que queria, que tiraria uma parte fundamental daquela equipe e que tinha triunfando ao fim dessa história. Apenas concordar com isso era ignorar tudo ao qual ele tinha se entregado.
Seokjin se deitou com Namjoon, ele o amou e aceitou sua vida e seu passado, estava certo que no fim dessa história teria um final ao seu lado, porquê amava do que poderia colocar em palavras, e isso doía em sua alma. Acordar ao lado do moreno foi um dos momentos em que percebeu que o desejava de corpo e alma, e ir embora sabendo que não poderia mais tê-lo começava a doer.
A porta do quarto dois mil e treze se abriu e Jin viu pela primeira vez o corpo de Namjoon totalmente imóvel na cama, com seus olhos abertos apontado para o teto que por algum motivo tinha estrelas brilhantes desenhados ali, também tinha uma decoração infantil e o homem percebeu se tratar de uma ala infantil.
O médico apenas abriu a porta e saiu deixando os dois homens sozinhos, e Seokjin analisou com atenção o moreno.
Ele usava apenas uma calça de pano do hospital bem lisa e parecia leve, não apertava seu corpo, em seu peito uma faixa branca que ia do seu ombro ate sua barriga, fazendo uma compressa para deixar tudo no lugar, seu corpo tinha uma aspecto pálido e o moreno estava parecendo fraco demais.
Seokjin fechou a porta atrás de si e se aproximou com calma, respirando devagar para acalmar sua ansiedade. Viu o momento que o outro se virou lento o encarando e os olhos de Namjoon pareciam olhos infantis e medrosos.
– Jinnie...– Sussurrou rouco.
– Joonie! – Suspirou sentindo as lágrimas rolando em seu rosto. – Como você está?
– Morrendo. – Riu fraco.
Jin se aproximou mais chorando baixinho, e então se sentou em um banco que tinha próximo, sem aviso puxou a mão de Namjoon segurando ela junto a sua, sentindo sua pele fria. Sua outra mão fez um carinho sútil no rosto do moreno, tocando sua bochecha e contornando sua pele com carinho, parando em suas covinhas que estavam escondidas em seu rosto triste.
Namjoon fechou seus olhos aproveitando isso e deixou um sorriso pequeno se formar, deixando suas covinhas aparecendo e seu rosto se tornou puro e doce, acabando com o pouco de sanidade que o outro tinha.
– Os meninos estão bem? – Questionou visivelmente fraco demais, sua voz quase não saia.
– A enfermeira me disse que estão, o Jimin acabou desmaiando de cansaço e o Hoseok teve uma crise de pânico forte demais, e foi sedado e está dormindo. – Disse apertando seus dedos nos de Kim. – Os outros estão cuidando deles dois, acho que o Taehyung está preocupado demais, estava fumando na parte dos fundo, não sabia que ele fumava.
– Ele não deveria estar, parou há alguns anos, e fato dele ter tantos pirulitos foi a forma que achou para deixar esse vício, sabe quando fumantes mascam muito chiclete? Então. – Riu sozinho mas parou sentindo dores. – Acho que ver o Jung cair deve ter feito ele ter uma recaída, talvez a mais forte de todas.
– A-Acho que ele gosta do Jung. – Sussurrou triste. – Acho que todos eles se gostam tanto, é doloroso ver quem você gosta sofrendo tanto. – Encarou o rosto de Kim sendo bem expressivo. – E-Eu não quero perder você, Joonie!
– Meu príncipe, não fique triste. – Se esforçou ao dar um sorriso. – Não sofra por isso, eu consegui o que queria.
– O que você queria?
– Você, Seokjin! Eu sempre quis você, queria te amar e cuidar, e acredito que tenha feito isso bem. – O mirou certeiro, rindo por fim.
– Não é justo, todos recebem o que querem e você morre? – Gritou nervoso, se levantando. – Aquela mulher merece o inferno por tudo isso, como eles vão seguir sem você, como eu irei seguir sem você, Kim Namjoon?
O moreno o mirou e então sentiu sua visão se tornando turva, tinha se esforçando demais naqueles últimos minutos e seus olhos pesavam, mas algo o prendia naquele plano, uma força maior que tudo.
– S-Seokjin, isso tem que acabar, existe uma lei maior. – Kim se esforçou se sentando na cama. – Você não se tornará o líder e muito menos eu.
– Do que está falando? Isso não é momento para falar sobre máfia, é sua vida e seu fim, não irá morrer pensando na porcaria que tirou tudo de você. – Berrou mais alto, começando a hiperventilar.
– J-Jin, isso acaba hoje! – Ditou sério. – E você precisa terminar isso por mim, pelos cinco que estão lá fora. Jimin e Jungkook vão acabar juntos essa história, da forma que eles acharem melhor, e o Hoseok, Yoongi e Hoseok também.
– E eu? – Falou em um tom doloroso. – Eu mereço para o resto da vida pensar em você e nunca ter esse vazio preenchido? Você sabe o que significa para mim? Sabe como me dói te ver e pensar que será apenas uma memória boa? No fim, Namjoon, eu não terei você, e pode me chamar de egoísta por isso, mas eu não posso te perder.
– Quando o líder da máfia morre, nós somos atacados pelos demais, estamos fracos e desprevenidos, assim que eu morrer e todos saberem disso, irão atrás de você, e é assim que irá por um ponto final nessa história, terminando com tudo. – O encarou serio.
– Ouviu tudo o que eu disse? – Se aproximou nervoso. – Ouviu quando disse que não posso te perder?
Namjoon fechou seus olhos e suspirou baixo, deitou sua cabeça no travesseiro e notou as estrelas no seu teto, isso parecia um dejavu para si, seu corpo parecia anestesiado demais para tudo, via as estrelas brilhando e isso o trouxe um sentimento estranho.
Kim Namjoon não tinha estrelas brilhantes em seu teto quando mais novo, não aquele Namjoon.
Era apenas uma dor profunda e absurda, começava a tomar conta de sua mente apagões e lembranças, estava doendo dizer adeus e isso o fazia questionar toda a sua jornada.
– Kim Seokjin, não me faça dizer o que eu não posso, se eu dizer que te amo então isso fará para o resto da sua vida pensar em nós. Eu preciso ir para que você siga sua vida e seja feliz. – Sentiu lágrimas rolando em seu rosto. – Kim Namjoon e Kim Seokjin nunca terão um final feliz, porquê eu não sou uma boa lembrança, sou uma dor que irá lhe corroer para sempre.
– Não me diz que isso é o nosso final, não posso aceitar isso. – Tocou a bochecha de Kim. – Não somos uma tragédia, somos mais que tudo isso.
– Seokjin, isso acaba quando eu morrer ou quando acharem que eu morri.
Jin fechou seus olhos fortemente e ouviu a voz de Namjoon ficando longe demais, ele falava algo que o mesmo não conseguia ouvir, sua cabeça estava rodando em diversos cenários e nenhum deles era favorável, sua dor começava a doer mais que as dores físicas, o pior sentimento começava a se tornar presente ali.
– Acharem que você morreu?
(...)
(4 anos depois)
O sol em Seoul começava a se tornar quente demais, as flores de cerejeiras enfeitavam tudo ao redor, seus habitantes se tornavam mais felizes e radiantes, a verdade é que um dia bonito poderia acalmar o coração de todos e os trazerem para um sentimento positivo.
Entre essas pessoas estavam Kim Seokjin, o homem desceu do seu carro com um enorme sorriso, parando enfrente a entrada de um centro estudantil para crianças, seus olhos correram pela multidão de crianças, e viu algumas mandando beijo e acenos alegres para ele, e respondeu tudo.
Jin estava loiro e com o cabelo longo, seu rosto estava mais maduro e ele usava uma blusa lisa azul com uma baleia branca na frente, uma calça jeans azul bonita, tênis branco e tinha uma sacola em mãos, olhando ao redor em busca do motivo dele estar ali.
O homem ergueu sua mão e soltou um grito alto vendo a pessoa que ele buscava.
O centro de artes para crianças era regido por três pessoas, e uma delas estava ali em sua frente finalmente.
Kim Taehyung estava parado perto do portão se despedindo das crianças, com um grande sorriso em seus lábios, abraçando algumas crianças.
O sujeito tinha comprado aquele antigo orfanato, demoliu tudo e construiu uma nova chance para aquelas pessoas, esquecendo de seu passado e construindo algo novo. Agora era uma escola de artes para crianças carentes, onde elas estudavam e faziam cursos extras para sua formação, poderia ser dança, idiomas, pintura, música ou qualquer outra coisa.
Taehyung usava um terno vermelho tradicional com diversos desenhos de cerejeiras, seus fios estavam negros e ele estava radiante, com seus belos traços e um sorriso lindo.
Seokjin se aproximou do moreno chamando sua atenção, e deu um sorriso abraçando o amigo, esse que logo retribuiu.
– Olá, Jinnie! – Ditou se afastando.
– Está sozinho hoje? – Estranhou olhando ao redor. – Cadê os outros dois?
– Min está dando aula hoje e o Jung está fazendo seu projeto da faculdade. – Explicou dando um sorriso.
– Min dando aula? Isso deve ser engraçado, queria participar. – Riu sozinho e olhou para Taehyung. – E você, não tem aula hoje?
– Estou cuidando do portão hoje, como estão as coisas? – Estreitou seus olhos.
– Estão boas, o restaurante está quase pronto, falta algumas coisas mas tudo no seu tempo. – Coçou sua nuca.
– O Jung pediu para avisar sobre sua formatura no final do ano, você irá certo?
Jin ia responder seus questionamentos mas então foi surpreendido por um ser agarrando suas pernas, e o loiro arregalou seus olhos assustado, mas então olhou para baixo nervoso vendo dois olhinhos de jabuticaba o mirando.
Uma criança pequena de uns seis anos o olhava alegre, com seus fios negros e olhos grandes, sua boquinha era gordinha e suas bochechas também, tinha a pele branquinha e usava uma blusa com o desenho de um dragão branco de olhos vermelhos e uma saia rodada preta, tinha sapatinhos cor de rosa . Estava com um mochilinha nas costas e ergueu seus braços pedindo colo para o adulto.
– Tio Jinnie! – Berrou eufórica.
– Jeon Somi. – Riu pegando a criança no colo. – Você quer me matar do coração?
– O seu tio é um idoso, Somi, não pode o assustar dessa forma. – Uma voz rouca ecoou.
Jin e Taehyung se viraram na direção que a voz surgiu, e então viram o pai da criança parado com as mão do bolso e um sorriso alegre, também segurava uma bolsa de princesa na mão, chamando a atenção dos dois.
Jeon Jungkook estava com uma camisa regata e calça moletom preta, tênis e suas diversas tatuagem agora pareciam mais velhas e desbotadas, não tinha qualquer desenho novo em sua pele, sua bochecha tinha apenas uma marca superficial do seu passado, tinha passado por diversas cirurgias ate a marca parecer apenas uma cicatriz comum. Seus fios negros estavam grande e preso em um coque alto, além do homem estar usando um óculos de grau com armação quadrada.
Toda a sua áurea predatória parecia sumir quando se notava a mochila rosa de princesa em suas costas, e ele olhou para a filha com um sorriso sincero.
A menininha tinha sido adotada há dois anos atrás, ela vinha de um lar desregulado e problemático demais, sua progenitora era viciada em drogas e seu pai tinha desaparecido do mapa. Jeon e Park estavam na fila da adoção depois de se casarem e quando viram a criança parecia que seus corações tinham sido sequestrados.
Ela tinha traços iguais aos de ambos, e parecia que eles eram seus pais biológicos, mesmo que fosse impossível.
A adaptação da criança foi boa pois os dois pais já amavam ela no instante que a viram, e depois disso Jeon Somi entrou nessa família, sendo filha de Jeon Jimin e Jeon Jungkook.
– Você é mais velho que eu. – Jin fez um bico irritado.
– Sou mais preservado. – Ditou arrancando uma risada da criança. – Só está vocês dois?
– Está vendo mais alguém aqui? – Taehyung disse sério.
– Seu cavalo. – Jeon revirou seus olhos se aproximando. – Estamos esperando o Jimin, ele está dando aula de dança hoje.
– O Min também, era para ser apenas o diretor mas está dando aula de inglês hoje.
– Ele sabe falar inglês? – Jeon pareceu confuso.
– Não. – Proferiu sério.
– Então como...– Pausou sua frase dando um longo suspiro. – Tanto faz, cada doido com sua mania.
– Como está sendo a convivência com os dois? – Jin sentia as mãozinhas da criança contra sua bochecha.
– Está bem, o Min leva o Jung para a faculdade de manhã e eu busco ele, depois jantamos juntos e ficamos vendo filme, na verdade está indo muito bem. – Sorriu contente.
Jeon Somin tocava a bochecha do adulto apertando com seus dedinhos gordinhos, e parecia fascinada pela beleza do tio, agarrando seu corpo e apertando ele, o deixando vermelho de tantos apertos.
A criança só parou quando viu uma madeixa loira aparecendo no portão da escola, dando um berro alto vendo o pai mais novo aparecendo, e ela amava aquele loirinho.
Desceu do colo do tio e correu na direção de Jeon Jimin, agarrando seu corpo e o pai fez questão de puxar a criança e abraçar ela, e logo todos estavam olhando para eles dois. O antigo Park usava uma blusa branca lisa e uma calça moletom preta, tinha uma mochila nas costas e estava suado, mas nem isso impediu a criança.
Atrás deles um homem vestindo uma blusa social preta, calça lisa e um óculos de grau apareceu, e era Min rodeado de crianças que começavam a sair junto com ele.
Jimin e a criança foram até o Jeon dando um beijo no pai e marido também, tirando uma risada doce do homem.
Min parou ao lado de Taehyung lhe dando um selinho singelo, parando para cumprimentar todos que estavam na roda de conversa.
– Você fala inglês? – Jeon questionou suspeito.
– Eu sei ler, isso é o suficiente. – Respondeu ríspido. – Temos que buscar o ruivinho.
– Irei avisar o porteiro que estou saindo, vamos logo ou ele vai xingar nós dois.
– Os dois maiores colecionadores de ossos da Coreia viraram cachorrinhos de um ruivinho. – Jimin soltou venenoso.
– E vocês dois o capacho de uma criança de trinta centímetros. – Taehyung zombou batendo contra a testa do mais novo.
– Nanica igual o pai. – Jin entrou na brincadeira e a criança fez uma careta.
– Eu sou alta. – Ditou irritada.
– Enorme, meu anjo! – Yoongi franziu a testa rindo.
A criança escondeu o rosto no pescoço do pai mais novo, fazendo todos rirem.
– Cadê o Soobin? – Somi questionou olhando para o castanho.
– Você quer dormir esse fim de semana lá em casa para ficar com ele? – Jin tocou a bochecha da criança, fazendo um carinho.
– Eu posso, papai? – Olhou para Jimin pidona.
– Veja com seu pai. – Encarou Jeon.
– Posso ir, papai? – Ergueu os bracinhos indo para o colo do mais velho.
– Muito nova para ir para a casa de um menino. – Estreitou seus olhos vendo a filha fazer um biquinho. – Peça para o Jin ir te buscar e te levar, ai pode.
– Adoram me explorar. – Revirou seus lumens. – Posso fazer isso.
– Hm, vamos? – Min ergueu a mão entrelaçando com Kim.
– Vamos, neko! – Sorriu saindo.
Jin se despediu dos meninos, viu Taehyung e Min entrando em um carro e saindo logo em seguida, mandando um beijo para si, e também o casal e sua filha saindo conversando sobre como tinha sido a aula de hoje.
Seokjin suspirou tristonho, estava se sentindo estranho naquela manhã, mas então foi embora entrando em seu carro e saindo também, em um caminho que ele conhecia bem e estava acostumado, ouvindo uma música baixa tocando e cantarolando a mesma.
O caminho foi silencioso e ele parou depois de uns vinte minutos dirigindo, o carro desligou seu motor em frente a uma casa de dois andares com um jardim florido na frente, de cores pastéis e bonita, com janelas bonitas com as cortinas abertas deixando o sol entrando. Em frente a casa tinha um cachorro branco deitado, que quando viu o carro de Seokjin despertou começando a correr em sus direção.
Kim foi recebido por lambidas e latidos alegres, e se abaixou abraçando o cachorro.
– Rapmon, se acalma. – Riu recebendo lambidas em seu rosto.
O castanho ergueu sua cabeça e ouviu a porta da frente sendo aberta, e então sorriu mais ainda vendo uma figura pequena começando a correr em sua direção.
Kim Soobin apareceu com seus fios castanhos e um sorriso bonito de covinhas, seus olhos inocentes correndo na direção do adulto, e então ele abriu os braços recebendo o pequeno. Vestindo um macacão preto que parecia uma miniatura do uniforme dos dragões brancos, estava alegre pulando no colo do pai.
Os Jeon’s não foram os únicos a adotar uma criança nesse meio tempo, e Seokjin abraçou seu filho com carinho, a criança tinha uns sete anos, a mesma história de Somi, seu lar não era apropriado para uma criança, então o mais velho correu e adotou ele.
– Vocês dois vão me derrubar. – Advertiu se levantando. – Por que está com essa roupa, em?
– Hm, eu gosto dela, Jinnie. – Olhou para baixo. – Estávamos brincando de polícia e ladrão de novo.
– Estavam? – Questionou olhando para a porta. – Quem ganhou?
– Ele, é claro. – A criança olhou para a porta também. – Um ótimo ladrão.
Jin e Soobin vira uma silhueta aparecendo na porta e os dois riram sozinho, e lá estava o homem moreno de um e oitenta e dois de altura, com diversas tatuagem e cicatrizes em seu corpo, com seu sorriso de covinhas e um olhar de dragão branco.
Kim Namjoon estava parado na porta vestido com o antigo uniforme dos dragões brancos, com algumas modificações, agora tinha desenhos infantis feitos com canetinha colorida, além de ter o cabelo preto curto em um corte militar, usava óculos de grau e estava com os pés no chão.
O moreno se apoiou no batente da porta, tinha uma arma de brinquedo nas mãos que ele apontou para a criança, dando um tiro de mentira e fazendo um som de boca, e o mesmo dando a vida em seu papel, caiu nos braços do pai mais novo, arrancando uma risadas dos dois.
– Morri....morri. – Soltou a criança de forma dramática.
– Dois a zero para mim. – Namjoon berrou.
– Ele me matou outra vez. – Soobin sussurrou para Jin.
– Não seja bobo, seu pai não mataria nem uma mosca.
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