O sol bate em meu rosto. O calor provoca calafrios pelo meu corpo nu. Minha cabeça lateja. Mas nada é capaz de estragar este momento. O momento que esperei por tanto tempo e que, por pouco, não seria realizado. A primeira noite de amor que teríamos Damen e eu. O momento em que finalmente eternizaríamos nosso amor.
Ever não sabia descrever o que estava sentindo. Pela primeira vez ela se sentia completa, feliz. Finalmente todos os desafios que foram postos em seu caminho tiveram um propósito visível. O tempo que passaram sem realmente se tocar foi grande, angustiante, mas fez com que esse tão esperado momento fosse o mais prazeroso possível.
Ever olha para o lado. Damen voltou a passar a curiosidade que Ever um dia teve sobre ele, mas agora, ela não está pensando em por que ele não tem aura ou por que se comporta de maneira estranha, ela só quer saber o que se passa em sua cabeça.
Mas o que não sabe, é que Damen também tem esta bela e indescritível curiosidade. Ele quer saber o que Ever sentiu. O que sua amada sentiu quando ele os uniu da forma mais prazerosa possível. Os séculos de prazer jamais poderiam superar o que sentiu ao estar dentro de sua amada. Ou melhor, apenas uma. Apenas uma década. Apenas uma viagem. Apenas uma festa. Apenas uma dança. Apenas uma conversa. Apenas uma companhia. Apenas várias noites. Apenas uma garota que sempre seria a rainha de seu coração.
Muitas garotas já tentaram. Drina e Stacia. Prostitudas e recatadas. Ever Bloom reacendeu a chama dele novamente, lhe entregou o amor e virou a dona de seu coração. Não tanto quando ela, mas pelo menos a metade, o que Damen sabia ser muito.
Então Damen esvaziou seus pensamentos. O que estava pensando? Em uma garota que amava enquanto estava nu ao lado da garota que quase conseguia amar como a amou.
Damen buscou a mão de Ever e ela sorriu ao sentir seu toque, as mãos sempre quentes e macias. Ela aconchegou sua cabeça na curva que dividia o pescoço e ombro de Damen. Ever podia não saber o que Dmaen sentia e pensava, mas sabia quem em sua mente se passavam inúmeras emoções.
- Já acordada? – Damen acariciou sua cintura e Ever gemeu em resposta. – O que vamos fazer depois?
- Posso pensar em várias coisas. – Com uma habilidade anormal, Damen sobrepôs seu corpo ao de Ever. – Ou em apenas uma. – Damen beija Ever com ternura, ou pelo menos até seu estômago roncar e ele parar para respirar. – Bem vindo à realidade humana. Vamos fazer o café da manhã.
Ever puxa Damen para o andar de baixo. A cozinha é pequena, mas muito aconchegante. Disponibiliza inúmeras opções e quantidades de alimentos saborosos. Ever prepara uma calda de chocolate enquanto Damen prepara as panquecas. O tempo todo eles ficam em silêncio. O silêncio é tão insuportável que Ever tem vontade de começar a gritar. A noite pode não ter sido boa? Mas não é isso. Damen apenas não consegue para de pensar em sua antiga amada.
Na verdade ele pensa tanto, que o nome passa de sua cabeça para a de Ever. Minha Helena.
- Ah! – Damen corre para o lado de Ever, enquanto a ajuda recolhendo os cacos de porcelana do prato que estilhaçou de encontro ao chão. – Damen... Eu ouvi seus pensamentos... – Damen sorri, sabendo que tudo é apenas algo da imaginação de Ever. Provavelmente ela queria saber o que ele pensava e seu subconsciente criou uma ilusão. – Quem é... Helena?
Mas não foi uma ilusão. Ever percebe isso quando Damen deixa cair os cacos de porcelana no chão, formando ainda mais pedaços. O que Ever não esperava é que a campainha iria tocar. Eles estavam no meio do nada, como alguém poderia os encontrar? Damen foi para cima. Sua postura e expressão rígida, Ever nunca esteve com tanta vontade de ler seus pensamentos. A campainha toca de novo e Ever decide atender.
Ao abrir a porta Ever encontra uma bela garota totalmente encharcada. Ela usa um vestido roxo com um decote que deixa a mostra parte de seus fartos seios. Ela não usava maquiagem, mas mesmo assim era muito bonita. Seus cabelos estavam elegantemente presos em uma apertada trança e seu sorriso poderia fazer derreter o coração do mais ganancioso dos homens.
- Olá, desculpe-me incomodar. Mas... A chuva começou do nada. Eu estou andando há muito tempo, mas essa é a única casa que encontrei.
- Tudo bem, acredite, eu entendo. Entre, é melhor se secar ou vai pegar um resfriado.
- Obrigada. É uma bela casa.
- Sim, foi obra de meu namorado.
- Ah, que educação a minha! Meu nome é Helena. Helena Principessa.
- Oh! Italiana?
- Sí, lo sono.
- Meu namorado também é italiano. Você gostaria de tomar um banho?
- Sim, grazie.
- Venha comigo. – Helena estava maravilhada. Ever parecia seu uma ótima pessoa. Ou não teria à abrigado, certo? Ever parecia pensar o mesmo de Helena. Uma garota boa e que não lhe traria problemas. Mas isso estava prestes a mudar. – Aqui, demore o tempo que quiser. Já volto com uma toalha, depois irei terminar de preparar o café da manhã.
- Obrigada, você foi um anjo que caiu do céu.
- Não tem de que. O que seríamos de nós mulheres se não nos ajudássemos.
- Você fala igual à minha irmã.
- Jura? Qual o nome dela?
- Era Drina, mas ela morreu há alguns anos.
- Sinto muito. Também conheci uma Drina, mas ela com certeza não chega perto de sua irmã. Sua irmã parece ser uma boa pessoa, mas Drina era... Difícil. – As duas riram juntas. Talvez qualquer garota percebesse, mas Ever não percebeu nenhuma das coincidências. – Bom, deixarei você tomar um banho.
- Está bem, obrigada.
Ever foi até seu quarto para pegar uma toalha, mas acabou encontrado Damen parado na varanda, quase como uma estátua encarando o nada. Ever foi até ele e o abraçou.
- O que houve agora a pouco?
- Nada em especial, eu estou bem, é sério. Mas precisamos descobrir como teve acesso a meus pensamentos se não somos mais imortais. – Ever olhou para o denso bosque que cercava a casa. Como alguém chagaria ali? E com aquelas roupas? Helena parecia mais uma garota de séculos atrás e não uma bela garota do século XXI. – Vem cá. – Damen beijou o topo da cabeça de Ever e a rodeou com os braços.
- A propósito, temos uma convidada. Seu nome é Helena. Ela estava toda molhada e perdida, então deixei que tomasse um banho. Depois você poderia leva-la para a cidade. A caminhada é longa e cansativa.
- Fez certo em deixa-la ficar por um tempo. E sim, eu a levo, sem problemas. – Mas Damen não gostou da ideia. Ter por perto uma Helena não era nada bom, afinal, ele começou a manhã pensando nela. – Vou terminar de preparar o café da manhã.
Damen desceu até a cozinha. Ele preparou o café da manhã, ele e Ever conversaram um pouco e Helena ainda não havia aparecido.
- Será que aconteceu alguma coisa?
- Não sei, espere um minuto que vou ver.
Ever andou rapidamente até o banheiro. Ela bateu e chamou, mas ninguém respondeu. Abriu a porta e encontrou a banheira transbordando, a janela aberta, mas nenhum sinal de Helena. Quando voltou para cozinha e contou que não havia ninguém, Damen começou a se preocupar.
- São três andares. E por que ela fugiria?
- Ao que parece está com as mesmas roupas de antes.
- Estranho, muito estranho. Como ela era?
- Ela tinha cabelos e olhos castanhos. Uma pele um pouco bronzeada e usava um vestido estampado. – Ou pelo menos era essa a imagem que estava na cabeça de Ever. As imagens da Helena loira e de um sorriso simpático deram lugar a uma morena que tinha um sorriso tímido e desajeitado. – Conhece alguém assim?
- Não... Pelo menos não que se chame Helena. Mas acho que deveríamos esquecer o assunto. Ela deve ter fugido de algum jeito. Não sabemos por que, mas também não é da nossa conta.
- Acho que você tem razão. Vamos comer?
- Com certeza.
Desta vez, o silêncio foi aconchegante. Damen ajudou com a louça, o que foi um milagre, não sem ficar jogando água em Ever durante todo o trabalho. Depois tomaram banho e foram dormir. Ever demorou a dormir enquanto pensava na garota. Mas do nada, um nome apareceu em sua cabeça: Ethan.
Ever se puniu em silêncio. Como podia pensar em Ethan quando estava com Damen ao seu lado? Aquilo havia sido uma paixão passageira. Ever traiu Brandon com Ethan, eles namoraram em segredo por três anos, mas depois ela nunca mais o viu. O acidente havia mudado o rumo de sua vida e, Ever realmente esperava, para melhor.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.