Polo norte, Fábrica de brinquedos, 2016
O luto é uma questão perplexa para o homem, desde os tempos das cavernas, a ideia que o fim existe, o mundo acaba e tudo perece com o tempo, nunca foram bem aceitas para o ser humano. Acreditar que terá toda uma vida para aproveitar as oportunidades dada pelo tempo e se esquecer que a vida, nem mesmo nos pertence para se determinar quanto tempo durará. Nada está inerte ao tempo, do maior ao menor, do poderoso ao fracassado, todos estão sujeitos ao mesmo julgamento e para Elsa ele começou a cobrar seu salário.
一 300 anos?!
一 Sinto muito. – North disse com pesar, ele que um dia já conviveu em uma família humana, teve amigos humanos e todos foram levados pelo tempo, sabia exatamente o sentimento que ela tinha, sem necessitar pensar muito para identificar a dor do luto.
一 Não. – Elsa sussurrou para si, então secou as lagrimas que corriam em seu rosto falando depois em alto e bom som. – Eu não posso acreditar no que você está falando.
O Primeiro estágio do luto, a negação.
一 Como. – Bunny erriçou seus pelos e orelhas por tal afronta. – Está nos chamando de mentiroso?
Elsa pareceu vacilar por um momento, mas manteve firme sua decisão.
一 Expondo dessa forma, estou. – A voz firme da rainha não deixava transparecer suas emoções, contudo as pequenas partículas de neve que começaram a cair ao redor denunciavam seus sentimentos confusos.
一 Ora sua menininha insolente. - O coelhão apertou seus pulsos, se preparando para uma briga, ele nunca admitia injustiça e ser chamado de mentiroso, era o pior insulto, pois a esperança jamais poderia ser mentirosa.
一 Bunny. – A fada afastou-se de Elsa e voou até ele pedindo que ele se acalmasse. – É difícil para ela.
一 Eu não quero mais ouvir nada. – Ela exigiu, com sua postura de rainha e expressão imutável. – Exijo que me levem ao meu castelo.
一 Quer voltar para Arendelle? – Jack perguntou confuso com a mudança dela.
一 Sim.
Elsa absorveu completamente a ideia de que 300 anos era mentira, o porquê de fazerem isso ela não se importava em saber, poderia ser uma piada sem graça ou gostariam de tirar vantagens. A única coisa que queria era voltar para o seu castelo, a sua casa, a normalidade nada de guardiões ou dragões. North apresar de parecer ser um grande ranzinza tinha um coração de manteiga, com esse coração eram impossíveis não se comover com a situação da moça. Apesar faltar pouco mais de 12 dias para o natal, ele decidiu atender a um pedido real, claro que isso o deixou visivelmente estressado. Apesar da razão nobre, Bunny ainda era adverso a ideia e deixaria seus pensamentos bem claro.
一 Ha! Com assuntos mais importantes, como deter Breu ou aprontar os brinquedos para o natal, vamos ficar gastando tempo com essa mimada. – Ele bateu a pata no chão abrindo um buraco. – Tenho que preparar os rios de tinta para os ovos de pascoa, quando essa arrogante perceber que não mentíamos ou o breu atacar me avisem. – Dizendo isso ele desapareceu pela sua toca. Jack se sentiu ofendido por Elsa, saltou perto do buraco e começou a berrar.
一 Hey! Canguru, você deveria morder a língua! – Ele mal terminou de falar e o buraco fechou deixando em seu lugar uma flor vermelha.
一 Desculpe-o Rainha Elsa. – A fada com seu jeito manso tentou acalmar a situação. – Bunny é esquentado as vezes e não mede o que fala, mas tem bom coração.
North convidou Elsa para acompanha-lo até o trenó, ela logo se propôs a segui-lo, Jack rejubilou ao saber que partiriam com aquele maravilhosa máquina. A última vez que Jack havia estado nele foi quando os guardiões derrotaram Pitch na pascoa do ano passado. A fada despediu-se de todos pois precisaria passar em seu castelo antes de ir a Arendelle.
Dentro do quarto não era possível perceber o quão barulhento estava ao lado de fora. A fervilhante fábrica de brinquedos, usualmente não possuía esse movimento frenético, entretanto com a aproximação da data natalina os gigantes Yetis andavam em todas as direções, carregando embrulhos multicoloridos, de tamanhos e formas diferentes, além de uma algazarra de construção e desconstrução de brinquedo. Elsa admirava tudo que via, a cada passo que dava convencia de toda a veracidade das histórias dos guardiões, entretanto não se dobrava a acreditar na maldição de 300 anos. Os trabalhos árduos dos Yetis cessaram quando viram o caminhar firme da donzela, um por um paravam para admirar a belíssima rainha que pela sua postura distinta exponha seu sangue azul. Sentindo o peso dos olhares que a coagir, tentou distrair sua concentração.
一 Yetis? Eu sempre acreditei que fossem os duendes que faziam os brinquedos.
一 He! Eu achei o mesmo. – O menino nevado que caminhava ao seu lado carregando seu cajado pelos ombros, anunciou completando com um encantador sorriso de canto.
一 Nós deixamos eles acreditarem também. – Uma fileira de duendes passaram correndo entre seus pés, carregando fitas coloridas, que amarravam neles mesmo. Jack gargalhou com a cena, mas Elsa não tinha humor para risos.
Descendo alguns andares chegaram a uma câmara subterrânea. Elsa procurou com olhar rápido, mas não encontrou nada além de grandes paredes de gelo, que por um segundo achou que ela tinha causado, por sorte percebera que todo o local era gelado propositalmente, tanto pelos Yetis viverem em lugares gelado, quanto pelos moldes de gelo que eles usavam como base para a construção dos brinquedos. A grande posta de madeira foi aberta.
一 Onde está o tre...nó – Para seu espanto o trenó não era em nada parecido com o da imaginação de Elsa. Puxado por gigantescas renas, muito maiores que Sven, uma carroceria grande e amedrontadora. O pavor fez ela recar com aproximação – Eu vou ter que entrar...?!
North estudou o apavoramento da menina, que já deixava a neve cair.
一 Estranho. Todo mundo ama meu trenó, bem sempre tem uma primeira vez. – Disse já entrando e pegando as rédeas.
Jack saltou para dentro da enorme carruagem, convidando Elsa para entrar também. Ainda que relutante, confiou no garoto, sentou-se ao lado direito do rapaz, que permaneceu em pé segurando a borda. North, sem aviso, bateu as rédeas atiçando as renas a correrem, em poucos instantes a velocidade alcançada era suficiente para mover a pesada carruagem com mais rapidez do que a carruagem real. Elsa escondia o rosto com suas mãos, onde estava sentada logo criou uma fina camada de gelo. Jack se divertia com a expressão que ela fazia, nem mesmo haviam passado pelo primeiro rodopio e ela já estava toda encolhida, até o coelhão demonstrava mais coragem.
O túnel que se tornou interminável, para o desespero de Elsa, que segundo ou outro espreitava entre os dedos. A cena mais assustadora foi a de pontiagudas estacas de gelos que para desviar North forçou os animais a um looping de 360º, a força centrípeta fez que Elsa, para não ser arremessada, agarrasse a primeira coisa a sua frente, abraçou então um moletom azul. Jack ficou imóvel ao sentir os braços da moça envolver a sua cintura e sem seguida ela crava a cabeça em sua costela, que por mais desconfortável que fosse, ele sequer queixou. Inclinou para ver o semblante dela e gargalhou ao ver todo o pavor que ela deixava escapar. A cada volteio o abraço apertava mais, ela rezava em murmúrio para não ser lançada em direção as afiadas espadas de gelo.
A saída do túnel foi um verdadeiro alivio para rainha, notou então que abraçava Jack, desprendeu-se na mesma hora, retratando-se pela intromissão. O menino alvejado não se incomodou com aquilo, no fundo até gostou, entretanto preferiu não se aprofunda nesse sentimento, ele estava mais interessado em fazer algo fazia de melhor, pregar uma peça. A personificação do caos pulou para a berrada do trenó.
一 Jack, Saia daí. – A loira gritou apreensiva.
一 Por que deve... – Antes que terminasse, jogou seu corpo ao vento.
Elsa gritou e implorou para que North parasse, o gelo que se formou em um instante até desequilibrou o trenó. O velhote deu com os ombros perante a preocupação da moça e fez sinal para que ela olhasse para fora. Tremendo e com os olhos cheios de lagrimas viu o menino com um sorriso debochado balançando seu cajado.
一 Te peguei. – A rainha sentiu a sua ira subir-lhe a cabeça.*¹
一 Como pode Jack! Isso não é algo que se faça! Por favor não se envolva em brincadeiras de mal gosto. – Ela vociferava.
O rapaz ficou desconcertado, não imaginou que aquela simples brincadeira a deixaria tão nervosa em uma próxima oportunidade pensaria duas vezes, para descobrir algo que realmente a divertisse. Ele tentou desculpar, porém a rainha o ignorou.
North abriu um de seus portais encurtando o caminho até Arendelle. A cidade começava a se preparar para a noite, pois o sol já começava a se esconder, nos dias de inverno as noites tornavam-se mais longa. O trenó pousou frente ao castelo, North nunca se preocupou se chamava a atenção das crianças crentes, já estava em véspera de natal em todos os lugares tinha “papais noeis” velhos e gordos, além de trenós renas e Arendelle não era diferente, completamente iluminada com luzes piscantes e guirlandas coloridas.
一 Vocês chegaram. - A fada, que acabava de chegar, flutuou ao encontro deles junto com algumas pequenas fadinhas. – Elsa se você vier agora nós podemos pegar uma última secção de visita.
A aquelas palavras, não fizeram muito sentido para Elsa, mas ela desceu do treno ajudada pela fada, ignorando Jack. A pegadinha que ele havia feito deixou-a extremamente zangada. North não pode ficar, pois tinha um emaranhado de problemas para resolver a pouco mais de 12 dias do natal. Deixando a todos na rua principal. Entregou um de seus globos de neve ao guardião da diversão, caso precisasse voltar para a fábrica com a menina, Erguendo voo, subiu ao céu, deixando algumas crianças boquiabertas. Atónita a rainha olhava, seu amado reino, repleto de luzes brilhantes e muitos estrangeiros estranhos que perambulavam. Não era como sua memória tinha fixado, tudo havia mudado.
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