— Aish, Namjoon! Por que ele é tão lindo? — Jeongguk repetia a frase pela milésima vez naquela manhã com o mesmo tom apaixonando, encarando a foto de perfil que resplandecia no icon do twitter alheio.
— Não me diga que você está falando do meu irmão de novo, Guk. — o mais velho revirou os olhos, voltando sua atenção para a pilha de livros empoeirados.
Tais assuntos eram rotineiros naquela biblioteca e os dois amigos já estavam acostumados; Jeongguk sempre confessava seu amor por Taehyung — sentimento este que nutria desde o ensino fundamental — para os quatro ventos, menos para o próprio, e Namjoon ouvia as declarações destinadas ao seu irmão com um certo pesar, pois sabia que o sentimento era recíproco, todavia, sabia também que não deveria se intrometer; prometera a Taehyung que o deixaria resolver aquele assunto sozinho.
— Eu sei que você deve me achar um saco, Nam, mas tente me entender, uhn? Eu não faço a mínima ideia de como me confessar para o seu irmão.
— Vocês são colegas, Guk, deveria se confessar de uma vez. Talvez, ele goste de você também. — Não custava nada jogar uma indireta para Jeongguk sacar o interesse mútuo, certo? Não estava contando a verdade de fato...
— Duvido muito, Nam. — o moreno suspirou, guardando os novos livros de ficção em sua devida prateleira. — Mas tudo bem, um dia terei coragem para contar os meus sentimentos.
Porém, para Namjoon, um dia parecia tempo demais e ele estava cansado de ver o melhor amigo e o irmão separados pela timidez. Poxa, Namjoon só queria ver o otp andando de mãozinha dada na pracinha.
No dia seguinte, enquanto caminhava rumo à faculdade, Jeongguk se deparou com Taehyung parado na calçada da avenida principal, entretanto — antes que pudesse sentir a garganta secar e ter uma leve taquicardia — notou que o mais interessante era a placa que o castanho tinha em mãos, escrita "abraços grátis".
Sem ter tempo suficiente para desviar o caminho em algum cruzamento, o moreno foi abordado pelo grito animado de Taehyung, o convidando para se aproximar.
Sangue de Jesus have power.
— Ei, Gukkie! Estava tentando fugir de mim? — sorriu, balançando a plaquinha branca com a frase escrita à mão.
— Claro que não, Tae. — sentia-se tão nervoso, mas tentava se controlar com risadinhas afoitas — Está distribuindo carinho?
— É, foi ideia do meu irmão. — apontou para a placa — O Nammie disse que o meu abraço é muito bom e que mais pessoas deveriam ter a oportunidade de senti-lo, incluindo você.
Se Jeongguk foi poupado pela taquicardia antes, agora ele já não estava sentindo mais nada porque estava mortinho da Silva somente esperando para ser enterrado.
— E-eu?
— Sim, Gukkie. — assentiu — Ou você não gosta de abraços?
Droga, por que Kim Taehyung tinha que ser a coisinha mais linda do mundo? O pobre coraçãozinho de Jeon Jeongguk não aguentava aquele rostinho pidão e as bochechas rosadas.
— Eu amo abraços.
— Então o que você está esperando? — Taehyung abriu os braços e sorriu, esperando pacientemente o moreno se aproximar.
Contato este que não tardou; tão logo Jeongguk estava aninhado ao Kim e os seus braços o envolviam de modo delicado e carinhoso, ora tentando se conter para não cheirar o cangote do castanho e descobrir de uma vez por todas qual o perfume ele gostava de usar casualmente.
O abraço era tão afetuoso que de longe parecia que ambos eram um só e que estavam se fundindo gradativamente; ansiavam por tanto tempo aquele abraço.
— Hm, bom... Eu preciso ir. — se desvencilhou do mais velho com um pouco de dificuldade, pois os braços de Taehyung eram muito mais aconchegantes e acolheadores do que um dia pudera imaginar. — Eu te vejo por ai, Tae.
— A-ah, certo, te vejo por ai, Gukkie.
Durante as aulas na faculdade, o sorriso de Taehyung era a única coisa que rondava e tinha total atenção dos pensamentos de Jeongguk, fazendo o bibliotecário em ascensão se questionar se estava mesmo em uma aula de literatura, ou em uma aula sobre Kim Taehyung, já que vislumbrava no quadro negro suas pintinhas fofas e sua pele acobreada.
— Guk, — assim que o professor saiu da sala, o rapaz recebeu um leve cutucão vindo da mesa de trás, mais específicamente, um cutucão vindo de Namjoon — você entendeu o conteúdo?
— A-ah, entendi sim, não se preocupe.
— Até parece, Jeongguk. Você está pensando no meu irmão de novo, não é?
Sem hesitar, o moreno se virou para trás, inflando as bochechas e cruzando os braços; estava dramaticamente farto.
— Foi ideia sua falar para o Taehyung ficar com àquela plaquinha na avenida?
— Foi sim, por quê?
— Eu te conheço muito bem, Kim Namjoon, sei que você armou toda essa história de "abraços grátis" para que eu me aproximasse do Taehyung.
— Hmm, talvez. — o mais velho sorriu de canto — Mas, e aí? Deu certo?
— Talvez.
— Tenha santa paciência, Jeon Jeongguk! Você é um homem ou um sapo?
— Nesse momento eu gostaria de ser um sapo para ficar na lagoa e esquecer um pouquinho o seu irmão.
Como um bibliotecário, estudante de letras e blogueiro de resenhas textuais nas horas vagas, Namjoon era um leitor assíduo e tinha romance como seu estilo de livros favorito. Porém, mesmo sendo um adepto à clichês e histórias que fazem o coração palpitar, já estava cansado de tanta enrolação; queria Taehyung e Jeongguk juntinhos o mais rápido possível!
— Olha, Guk, eu só digo isso porque você pode estar perdendo tempo, entende? — mais uma vez, lá estava o Kim tentando encorajar o amigo — Imagina se outra pessoa se declara antes de você? Mesmo o Taehyung também gostando de ti, pode ser que ele-
— QUÊ?!
— O quê? — Namjoon sequer percebera que havia contado o segredo que seu irmão o fez jurar de mindinho.
— Você disse que o Taehyung também gosta de mim!
— Eu disse isso? Falei nada!
Antes que os dois pudessem começar uma breve discussão sobre o que realmente o Kim disse, a professora da próxima aula entrou na classe, exigindo silêncio e que todos se sentassem em seus respectivos lugares.
As próximas aulas se seguiram metodicamente e no intervalo — quando Jeongguk decidiu que iria tirar a história a limpo com o melhor amigo — Namjoon simplesmente disse que iria pra casa, alegando estar com muita dor de cabeça; mesmo sabendo que era mentira, Jeongguk desejou melhoras ao amigo e pediu para que descansasse.
Teve que passar o intervalo sozinho, ora aproveitando o tempo livre para revisar algumas regras gramaticais.
— Gukkie?
Ergueu o olhar e viu Taehyung ali, parado exatamente em sua frente enquanto exalava um cheirinho de morango e um sorriso brilhante.
— Oi, Taehyung — coçou a nuca e sorriu, encarando os olhos amendoados do Kim caçula — Sente-se.
— Ah, claro. — se acomodou e beliscou seu potinho de amendoins torrados — Eu vim te fazer um convite.
— Um convite?
— Isso! Para o meu aniversário amanhã.
— Mas o seu aniversário não é só na semana que vem? — era óbvio que Jeongguk sabia a data exata do nascimento do Kim e tinha certeza absoluta que ainda faltavam alguns dias.
— Como você sabe?
— A-ah, o Namjoon me contou. — mentiu.
— Ah, claro, o meu irmão é um fofoqueiro mesmo. — deu de ombros — E você está certo, Gukkie, é só na semana que vem, mas vou comemorá-lo amanhã porque é sábado e quero aproveitar o final de semana. — o castanho pegou um convite turquesa do bolso e entregou ao Jeon — Espero contar com a sua presença, viu?
— Eu estarei lá, Tae.
O horário da festa se aproximava e Jeongguk estava muito nervoso. Havia saído cedo de casa para comprar um presente ao Taehyung e após entrar em diversas lojas do shopping, encontrou um moletom lindo e tinha certeza que o Kim iria adorar, ou pelo menos esperava.
Agora, estava ali, intacto na frente do espelho avaliando o visual sem parar.
— Relaxa, Guk, você 'tá um gatinho. — seu primo, colega de apartamento e de quebra namorado do seu melhor amigo, Jung Hoseok, comentou, invadindo o quarto do mais novo — 'Tá se arrumando 'pro Taetae?
— Claro que não, Hobi. — deu de ombros, tirando alguns fios rebeldes da testa.
— Jeon Jeongguk, você vai em uma festa de aniversário e não em uma festa de gala. Qual a necessidade de usar camisa social?
— Aish, Hobi! Me deixa, ok? Liga para o seu namoradinho e faz um sexting com ele pelo telefone enquanto a festa não começa, sei lá!
— Olha... — Hoseok coçou a barba mal feita, já pegando o celular largado no bolso — Até que não é uma má ideia.
Finalmente conseguiu se livrar do primo para ter alguns minutos de paz. Porém, não durou, pois quando se deu conta já estava atrasado. Sem ter paciência — muito menos vontade, diga-se de passagem — para esperar o primo tomar banho e se vestir, Jeongguk decidiu ir a festa sozinho; parecia um maluco correndo entre as estações do metrô com um embrulho de presente em mãos.
Quando estava próximo a casa dos Kim, ouviu o celular tocar e o atendeu de imediato quando viu o nome do contato piscando no visor: "Tae♡".
— Alô, Gukkie? Aonde você está? — seu tom de voz era preocupado.
— Oi, Tae, já estou próximo a rua da sua casa.
— Oh, sério? Que ótimo! Estou aqui na frente te esperando.
— Que honra ser recepcionado pelo aniversariante. — riu, abraçando o embrulho do presente e o mantendo junto ao seu corpo.
— Você não vai ser recepcionado somente por mim, Gukkie...
— Como assim?
— Vou te apresentar uma pessoa muito especial hoje.
— A-ah, claro.
Assim que Jeongguk avistou a casa dos Kim, viu Taehyung o esperando, e, bom, ele estava acompanhado de um moça.
— Olá. — mesmo com uma pontada de ciúme, os cumprimentou formalmente.
— Oi, Gukkie! Eu quero muito te apresentar a Taeyeon, ela é médica e é a minha-
— Ah, acho que ouvi o Namjoon me chamando lá dentro, conversamos depois, Tae. — entregou o embrulho ao castanho — Prazer em conhecer você, Taeyeon.
Namorada.
Tinha certeza absoluta que era isso que Taehyung iria dizer sobre a Taeyeon. Era óbvio que aquela moça era sua namorada, por isso o rapaz jamais se envolveu com outra pessoa, já era comprometido!
Em meio à música alta e corpos suados dançando freneticamente, lá estava Jeongguk; sentado em um cantinho da sala bebericando o seu suco de maracujá. Por que Namjoon não havia o contado que Taehyung tinha uma namorada?
— Guk, você sabe aonde está o Hoseok? — o dito cujo se aproximou perguntando sobre o namorado e dando um gole em sua cerveja.
— Não. — respondeu e fechou a cara.
— Ah não, o que eu fiz dessa vez?
— Você me enganou Kim Namjoon!
— Como assim?!
— Por que você não me contou que o Taehyung tem uma namorada? Achei que fôssemos melhores amigos!
— Porque ele não tem uma namorada. — revirou os olhos e deu mais um gole em sua cerveja.
— E o que você me diz da Taeyeon, hein? Não adianta me enganar, eu sei que ela é a namorada do Taehyung!
— Você só pode ter ficado maluco! A Taeyeon é nossa-
— Eu?! Namorada do Taehyung? — a loira parecia ter escutado a conversa mesmo com o som no máximo e decidiu se aproximar para ver aonde aquela briguinha iria chegar — O Taehyung e o Namjoon são meus irmãos mais novos!
— Quê?!
— Isso mesmo que você ouviu, Jeongguk; o Taehyung e o Namjoon são meus irmãos.
Pobre moreno, não sabia aonde enfiar a cara de tanta vergonha e apenas mantinha a expressão incrédula.
— Isso não é possível! Eu os conheço desde a pré-adolescência e nunca vi você nessa casa.
— Taehyung e Namjoon ainda eram crianças quando tive que mudar de cidade para estudar medicina. — explicou — Nós não pudemos conviver por muito tempo juntos, é por isso que me mudei para cá novamente, quero recuperar o tempo perdido com os meus caçulinhas. — disse isso tirando a lata de cerveja da mão de Namjoon e negando a bebida.
— Nossa, eu não acredito nisso... Me desculpe por ter sido grosso com você, enfim, eu achei que você e o Taehyung eram-
— Nunca mais repita isso. — riu — Aliás, preciso ter uma conversinha com você.
— Essa conversa me inclui?
— É claro que não, Namjoon. — a Kim revirou os olhos; ok, definitivamente aquela mania era de família — E fique longe das cervejas, ouviu?
— Aish, tá bom, Taey. — e saiu batendo os pés, deveras similar a uma criancinha mimada.
— Pode falar, Taeyeon.
— Taehyung me pediu para te passar um recado, mas eu não entendi o que quer dizer.
— O que ele te falou?
— Na verdade ele me entregou esse papelzinho aqui. — estendeu um bilhete com "abraços grátis" anotado. — Isso tem algum significado pra você?
— Muito. — sorriu — Com licença, Taeyeon, preciso falar com ele agora.
Jeongguk procurou Taehyung em todos os cantos da casa, não o encontrando em lugar nenhum. Por fim, decidiu dar uma última olhada em seu quarto, se deparando com um castanho sorridente enquanto se olhava no espelho usando o moletom que Jeongguk havia o comprado de presente.
— Você tem um bom gosto, Gukkie. — sorriu, dedilhando os bordados do moletom — Eu amei o presente.
— Fico feliz que tenha gostado, Tae. Ficou ainda mais bonito do que eu imaginava. — já sentia as bochechas ficando rosadas, mas não se importava, estava tão feliz por Taehyung ter gostado de algo que ele havia comprado.
— Como eu não poderia gostar de algo vindo de você? — Taehyung se aproximava minimamente, tentava conter o nervosismo e os sorrisos bobos por ficar tão próximo de quem tanto gostava.
— A-ah, a Taeyeon me deu isso. — entregou o bilhete ao Kim.
— Você tem direito à um abraço grátis meu, aceita?
Sem responder, Jeongguk se fundiu mais uma vez à Taehyung, em um abraço carinhoso e que exalava sentimentos puros. O moreno jamais conseguiria descrever em palavras tudo o que Taehyung o fazia sentir, mas pela primeira vez sentiu que era correspondido; sentiu que Taehyung gostava de si na mesma intensidade e que também nutria tantos sentimentos quanto ele.
Todavia, na verdade o sentimento mútuo sempre existiu, só que Jeongguk nunca quis acreditar que teria tamanha sorte por ter alguém como Taehyung. Já Taehyung, bom, ele exalava simpatia, porém era muito tímido com tudo que se relacionava aos seus sentimentos pelo melhor amigo do irmão.
— Jeongguk, eu já estou cansado de gostar tanto de você.
— V-você também...?
— Por que nós continuamos perdendo tanto tempo, Jeon? — colou sua testa à do moreno e segurou o rosto desenhado de Jeongguk entre suas mãos, suspirando sem parar por vislumbrar o seu rosto perfeito tão detalhadamente — Já passou da hora de ficarmos juntos e você sabe disso.
— Eu sempre achei que me confessaria primeiro... — sorriu — Mas, concordo com você, já passou da hora de ficarmos juntos.
Sem hesitar, selou seus lábios nos de Taehyung, desfrutando de um beijo lento. A música romântica que ecoava na sala de estar apenas intensificava o momento, causando leves suspiros contidos em Jeongguk. Por fim, finalizaram o beijo com uma mistura de selinhos e sorrisos; ora Taehyung dedilhava as bochechas alvas de Jeongguk com o polegar e o moreno apenas sorria.
— Ah, Gukkie, preciso te avisar uma coisa.
— O que é, Tae? — ergueu o olhar, inaladando rapidamente o cheirinho de morango que felizmente sempre estava impregnado nas vestes do Kim.
— Você tem acesso à todos os meus abraços agora.
— Isso sim é uma ótima notícia, mas posso saber o porquê de tamanha honra, Tae?
— Lógico, agora você é o meu namorado, certo?
Jeongguk e Taehyung estavam tão apaixonados que sequer faziam questão de declarações batidas e clichês, não queriam perder tempo com essas coisas, apenas desejavam a companhia e o amor um do outro.
— Sim, Tae, agora eu sou o seu namorado.
— Está pronto para mais um abraço?
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