História Gaara - Uma Nova História... - O grande dia

O casamento seria em Suna. O horário escolhido por Gaara foi entre o final da tarde e início do anoitecer. Esse horário deixava o céu como uma aquarela de tons de laranja e azul e a temperatura era amena. Gaara foi muito claro sobre a comemoração: queria algo simples, porém delicado, assim como Sayo era.

Sayo chegou com as meninas (que seriam as madrinhas) e todas foram para o quarto de Temari, onde se arrumariam.

 Os garotos de Konoha seriam os padrinhos e estavam todos num quarto da casa. Mas Gaara não ficou com eles, Gaara queria pensar um pouco. Agora ele podia pensar e relaxar, o selo do Kakashi deixou o Shukaku longe dos pensamentos de Gaara, e esse era um momento raro do qual ele queria desfrutar em paz: A paz.

Gaara estava sentado numa cadeira do quarto dele, olhando o terno preto e bonito no cabide, cuidadosamente pendurado por Temari. Gaara nunca esteve tão pensativo. Nem mesmo sua posse de Kazekage lhe deixou tão ansioso.

KAN- Gaara... Você ta legal? – Kankuro se aproximou, tocando o ombro do irmão, num gesto de companheirismo e amizade.

GAA- Estou bem Kankuro. – Gaara não era de se abrir, mas desta vez ele precisava de ajuda – Estou um pouco nervoso. Sabe... Eu não sei como tratar Sayo. Não sei o que fazer.

KAN- Gaara. Sinto muito, por ter sido um irmão tão distante de você... Desculpa... Acho que Temari e eu nunca fomos capazes de te dizer o quanto lamentamos o jeito que tudo aconteceu sabe. Quando vejo você assim, com dúvidas nas mais básicas interações humanas, eu sinto o quanto eu falhei. – Kankuro olhava para frente, sem encarar o irmão que estava sentado olhando para frente também- Criamos você como um animalzinho....Como algo e não como alguém... Sei que nunca falei dela com você antes, mas quero que saiba que estou feliz de Sayo ter aparecido na nossa família. Sayo é uma garota muito boa, capaz de entender você. De enxergar você de um jeito que nunca enxergamos. Não se preocupe Gaara, você vai saber instintivamente como cuidar dela, sei que será ótimo para ela.

Gaara ficou sem jeito com isso. Kankuro estava querendo chorar na sua frente e desta vez, não era por medo de morrer. Ele poderia abraçar Kankuro, mas realmente ficou na dúvida se Kankuro gostaria do seu abraço. Gaara não sabia como tocar nas pessoas.

Kankuro se recompôs em alguns segundos. Ele não queria confundir ainda mais a mente de seu otouto.

Gaara sorriu. Não era disto que ele estava falando, mas como Kankuro não percebeu, Gaara não insistiu. Ele não sabia de forma alguma como abordar suas dúvidas.

*

A casa do Kazekage possuía um salão para comemorações e eventos e era ali que Chiyo estava com o maior prazer do mundo coordenando toda a equipe para montar o casamento.

 Aquele casamento deixou Chyio feliz por dentro, cuidando de tudo com carinho de mãe, e às vezes se esquecia de que estava fazendo isso para Gaara e Sayo e sentia como se estivesse no dia em que fez isso para Rasa e Karura.

*

As meninas foram todas para o quarto de Temari. O quarto de Temari era espaçoso e estava equipado para que todas pudessem se arrumar juntas. No quarto de Temari tinham duas mulheres mais velhas com quimonos tradicionais. As mulheres cumprimentaram Sayo com reverência. Sayo não entendeu o que aquelas mulheres queriam com ela.

TEM- Sayo, toda noiva em nossa vila, tem duas mulheres mais velhas que cuidam de sua preparação para cerimônia. Para a esposa de um Kazekage, essas mulheres sempre são chamadas, como símbolo de experiência de uma mulher experiente para uma mulher jovem aprendiz. Essas mulheres especificamente estão à serviço de noivas importantes, como a esposa do Kazekage.

As mulheres levaram Sayo para trás um biombo grande e largo decorado com pinturas de ramos de bambu, que estava num canto do quarto de Temari. Atrás do biombo, Sayo se deparou com uma banheira redonda de madeira com água quente, toalhas, uma mesinha com pinturas para maquiar a pele, aromas, óleos, ceras, pentes, grampos e uma porção de coisas que ela não conhecia, porém, Sayo não deixou de notar a presilha de pente com brilho. Iria prender o véu.

*

-AIIIIII- Gritou Sayo.

Ouviu suas amigas rindo do outro lado do biombo.

-Desculpe Sayo-Sama! – disse a mulher limpando a cera da virilha de Sayo.

“Sayo-Sama”, Esse termo assustou Sayo a tal ponto de fazê-la esquecer da dor na virilha.

*

Do outro lado da casa, Gaara estava sendo examinado por Kakashi que estava se certificando que o selo estava bem firme. Gaara sentia como se carregasse uma mochila pesada nas costas por muito tempo e de repente alguém carregasse para ele. O peso do Shukaku sumiu um pouco. Gaara sabia muito bem que sem o selo, a dose de agitação e nervosismo que sentia naquele momento já seria o suficiente para ter perdido o controle.

KAK- Gaara, este selo não é permanente, mas é forte o bastante para não incomodar você nos seus próximos dias. Sua esposa estará segura durante sua cerimônia e primeira noite.

Quando Gaara sentiu-se livre do Shukaku por causa do selo, conseguiu lembrar-se de Yashamaru, Rasa e Karura. Shukaku se aproveitava das lembranças de Gaara para se apoderar da consciência dele, então Gaara dificilmente podia pensar nessas três pessoas sem que sua vila corresse perigo. Agora que estava em paz, começou a devanear por um segundo como estariam as expressões de cada um se pudessem ver seu casamento com Sayo. Um pensamento foi levando ao outro até que de súbito  lembrou na noite em que Yashamaru tentou mata-lo no terraço. Gaara sentiu vontade de chorar. Às vezes, ele se esquecia de que Yashamaru fez isso, e então quando se lembrava, sabia porquê evitava pensar nele, e em Rasa e em Karura também, que permitiram que selassem Shukaku nele. Lembrou que nutria ódio pelos três. 

*

Sayo passou muito tempo sendo cuidada pelas duas mulheres. Já estava com o cabelo, a maquiagem, a pele, tudo pronto. Enrolou-se num roupão branco e saiu de trás do biombo encontrando apenas Temari no quarto. Temari estava linda. As outras garotas já estavam lá, na cerimônia que esperava por Sayo para começar.

 Temari estava em pé apoiada na frente de um manequim (Feito por Kankuro) que vestia seu vestido de noiva:

O vestido era tomara que caia com mangas, feito da renda mais delicada que Sayo já viu. Na cintura uma fita de cetim e então começava a saia: longa e feita de tule suave e esvoaçante. A cor era um branco suave, quase creme. Sayo olhou a etiqueta do vestido com o símbolo do país da lã e entendeu o presente de Myia-Hime.

Quando Sayo finalmente o vestiu com ajuda de Temari e das duas mulheres, Temari a levou na frente do espelho grande e ela finalmente pôde ver a si mesma: Sayo sentiu o peito mover-se junto com o coração quando não reconheceu aquela... Não, não era mais uma garota. Ali, ela estava vestida como uma mulher. Uma companheira de um Kage. As duas mulheres prenderam o véu delicado embaixo do coque de Sayo.

Sayo ficou parada alguns segundos em frente ao espelho contemplando aquela cena e cada detalhe daquele vestido. Temari estava ao seu lado olhando para o espelho igualmente impactada. Sayo pensava que nada poderia surpreendê-la mais, até que Temari lhe entrega o buquê de rosas cor-de-rosa. Sayo sentiu os olhos enchendo devagar quando viu sua figura de noiva montada por completo.

A porta do quarto se abriu. Era Naruto.

 Ele vestia um terno de linho muito elegante com uma flor no bolso. Ele estava lindo. Sayo virou-se para o amigo e Naruto olhou para Sayo e viu uma verdadeira princesa. Seus olhos se encheram para olhar como Sayo estava linda. Sayo sorriu pra ele com nervosismo e eles se abraçaram.

TEM- Estão prontos? Eu vou pro meu lugar... E em 5 minutos vocês entram.

Temari deu um abraço e um beijo no rosto de Sayo. Sayo notou que Temari estava se demorando no abraço e respirava de forma ofegante e sentida. 

TEM – Obrigada Sayo. Esse está sendo o dia mais feliz da existência dele. Não estou brincando, Gaara nunca teve um dia feliz antes. Ele nunca teve uma festa, ele nunca teve um aniversário, ele nunca teve natal, ele nunca teve presentes. Nosso pai o tratava mal... Nosso pai dava presentes para mim e para Kankuro e não falava nada no aniversário dele.

TEM-Nosso pai agredia Gaara todos os dias com as palavras e nos deixava ficar longe dele. Nosso pai nos proibiu de sermos irmãos dele e nós o tratamos como essa vila o tratou. Sayo... Esse é o primeiro dia feliz do nosso irmão... Obrigada por amá-lo. Obrigada por amá-lo- Temari estava chorando, mas era tão linda que isso não estragou em nada sua maquiagem.

Sayo estava quase chorando, Sayo não suportava o passado de Gaara. Doía dentro dela. Sayo não se conformava com aquela história toda.

SAY-Temari-San, eu prometo que vou amá-lo como ele nunca foi amado antes. Eu prometo que tudo o que ele passou não vai ser nada perto do que ele vai ter agora. Temari-San eu vou fazer o Gaara feliz com a minha vida!

Temari encostou um lenço nos olhos de Sayo para que suas lágrimas não borrassem sua maquiagem.

TEM-Hey...Heyy por que está chorando? Sayo o que é isso?

SAY-É que... Eu não aguento ouvir a história dele e de vocês... Eu lamento tanto! Eu sei que doeu muito, eu... Não queria que ele tivesse sofrido assim, pa-parece que dói em mim – Disse entre soluços

TEM- Eu sei Sayo... Obrigada. Não chore... Tudo isso passou. Eu não falei aquilo para você chorar, viu. Lembra agora Gaara vai ter uma nova história! E vai ser com você! Não tem porquê chorar!

Naruto não queria chorar... Mas estava difícil de segurar. Naruto estava vendo como Sayo se importava com Gaara. Ele não sabia se seus olhos se encheram de lágrimas pelo passado de Gaara ou pelo presente, onde tinha alguém ali capaz de dar a própria vida por ele. Naruto estava se lembrando da luta deles onde Gaara foi capaz de mudar tanto. Naruto fez um gancho com seu braço para Sayo apoiar a mão.

NAR-Sayo Onee-chan...Está na hora.

Sayo e Naruto se preparavam para entrar. A música se iniciou.