Gaara não sabia o que Sayo poderia ter para ele ainda depois de tantos presentes. Sayo ser sua esposa era na verdade, o maior presente que ele poderia ter.
Sayo lhe entregou a caixa bonita e Gaara abriu. O Primeiro presente devidamente embrulhado e com formalidades que Gaara recebeu na vida. Gaara abriu a caixa e afastava as camadas de papel de seda.
Um urso de pelúcia. Sim, um ursinho marrom de tecido fofinho com olhos pretos, focinho preto e oval com duas linhas saindo do nariz, descendo e formando o que seria uma boca. Ele tinha um semblante amigável.
SAY- Eu costurei esse urso para você.
GAA- O-obrigado... – Não era que Gaara não tivesse gostado do presente de Sayo, mas Gaara não entendeu o que ele mesmo poderia querer com um presente daquele.
SAY- Sei que não está entendendo. Por favor, me dê sua mão e concentre-se. Preciso tentar te mostrar uma coisa.
E então Sayo tentou o impossível. E conseguiu. Conseguiu transferir Gaara para as próprias memórias. E lá estavam eles, ha tantos anos atrás, naquela mesma casa.
*
GAA- Sayo! O que está havendo?
SAY- Shhh! Gaara, não podemos ser vistos! – Sayo segurava o urso.
Para Gaara, era estranho saber que estava sob a técnica de alguém. Ele nunca estivera sob técnica alguma antes e sentia-se vulnerável por ter permitido isso. Mesmo sendo Sayo, estar vulnerável era novidade para Gaara.
SAY- Confie em mim, por favor. Segura na minha mão e vem.
Gaara não gostou muito dessa sensação. A casa era a mesma, de fato, mas algo estava mesmo diferente. Subiram os degraus que levavam à uma porta onde outrora fora um escritório.
SAY- Gaara-Sama, por favor. Espere aqui.
Gaara apenas assentiu desconfiado enquanto Sayo entrava no pequeno escritório.
*
SAY- Yashamaru-San. – Disse com a voz doce.
O homem que estava dormindo sob uma papelada acordou num ímpeto. Os seus olhos transpareceram alívio ao verem Sayo.
YAS- Sayo-San! Você voltou!! – Yashamaru sentiu-se aliviado ao ver Sayo. Mesmo que talvez aquela moça ficasse por segundos, ele sentia-se aliviado perto dela. Vê-la era um lembrete de que no fim, tudo daria certo para Gaara.
YAS- Como me faz bem ver você novamente!
Sayo não conhecia bem o homem, mas se aproximou de maneira amigável. Inclinou-se respeitosamente para Yashamaru e ergueu o rosto sorrindo.
SAY- Yashamaru-San... Me desculpe ter sumido daquele jeito na última vez que nos vimos. Sinto muito por tê-lo deixado. Saiba que passei dias pensando na nossa conversa e na sua situação.
YAS- Sayo-San! Por dias eu pensei que este pobre homem À sua frente estivesse tão cansado, esgotado e sem esperança, que delirou sobre sua visita para tentar sentir algum alívio na vida. Por noites, pensei que foi tudo minha imaginação, mas ainda lutava com o pouco de esperança dentro de mim, para acreditar que foi real e pensar em você como aquela que vai amar meu querido Gaara.
SAY- Que bom que voltei, pra reforçar sua esperança e sanidade- Sayo sorriu- Yashamaru-San, trouxe algo para você. Por favor, siga-me.
Yashamaru seguiu a kunoichi. Saiu do escritório e então teve um colapso. Aquele era... Gaara.
*
Paralisado. Totalmente petrificado. Como se o universo todo parasse por um segundo. Aquele fio de suor na nuca e flashes nítidos perturbando a mente. O cenho sem sobrancelhas estava franzido, numa expressão que não se sabia se era dor ou alegria. A linha dos lábios não se fixava nem em sorriso, nem em descontentamento, mas variava todo o tempo, porém não tinha forças para abrir e liberar algum som ou palavras.
GAA- Oji-San... – Gaara não se dera conta da água que escorria de seus olhos translúcidos, inundando o rosto pálido e de traços simétricos.
Agora havia voz. Soluços sentidos. Para Sayo, que assistia tudo, estava doendo um pouco, ouvir a voz de Gaara exprimindo um som como o choro. Apesar de tudo, Sayo não se aproximou de Gaara, aquele momento era um presente para ele e para Yashamaru.
Yashamaru se apoiava na parede para não cair. Os joelhos estavam instáveis e a respiração rápida. Yashamaru apertava a outra mão contra o peito, que parecia doer fisicamente. Gaara estava crescido. Como Yashamaru imaginou aquele menino crescido... Inúmeras madrugadas de amargura, imaginando o Gaara que não conheceria, muitas vezes, duvidando de que aquele garoto pudesse ser feliz.
Gaara emanava poder, muito mais do que criança. Yashamaru estava com medo, mas estranhamente, não sentiu o chakra de Shukaku.
Yashamaru deu passos dificultosos, trêmulos em direção à Gaara, que permanecia petrificado, com as pupilas diminuídas e cenho franzido enquanto derrubava um filete de lágrimas que não parava de verter dos olhos.
Yashamaru estava com medo. Não sabia a reação de Gaara, mas era mais forte que ele. Era SEU querido menino, seu quase filho, seu Gaara. O menino era a razão de sua existência, existência que ele sacrificava dia após dia para poder criar aquele garoto. Não interessava a reação de Gaara, Yashamaru iria se aproximar.
Com exatamente a mesma expressão desesperada de quando Naruto se arrastou até ele quando batalharam, Gaara disse:
GAA- N-não se... N-não s-se a-aproxime de m-m-mim. – Aquelas gotas, grandes e numerosas vertiam sem parar dos olhos de Gaara. Estava fora de seu controle.
YAS- G-Gaara... – Yashamaru estendeu as mãos e se aproximava mais de Gaara, que embora tivesse dito para o tio não se aproximar, não fez menção de desviar e continuava com aquela expressão de transtorno e choque.
Yashamaru se aproximou mais, mais e mais e então suas mãos seguraram o rosto de Gaara, levantando a face do menino fazendo-o encará-lo. Fazia tempo que Yashamaru não chorava aquele choro. Aquele choro que faz barulho e que mexe nossos ombros, costelas e molha o rosto inteiro.
Yashamaru aproximou Gaara de si, num abraço acolhedor.
Os dois choravam sem pudor. Sayo estava com olhos fechados e as mãos entrelaçadas. E em lágrima encostada no canto da parede, fazia preces para que Gaara se entendesse com Yashamaru.
GAA- Por quê? Oji-San... Por quê você me odeia?
Inicialmente, Gaara pensou em matar Yashamaru ou agredi-lo. Mas não conseguiu. Seu corpo não obedecia e ainda parecia ter sede de abraçar Yashamaru. Ele não queria amar aquela pessoa, mas odiar. Gaara não conseguiu odiar, mas deleitou-se em abraçar Yashamaru, tentando repor o vazio de todas as madrugadas amargas da sua infância.
YAS- Eu... Eu... Não o odeio. – Disse finalmente. Arfava de tanto chorar.
Yashamaru, apesar de muito abalado, lembrou que aquele Gaara veio do futuro, através de uma técnica de Kekkei Genkai, e estar com ele no meio do corredor, era uma grande imprudência. Não se deve brincar com viagens no tempo.
Yashamaru guiou Gaara até o escritório.
SAY- Eu esperarei aqui fora. Não se preocupe comigo Yashamaru-san, não me deixarei ser vista.
*
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