Sábado, 21h56m, bairro Kabukicho em Tokyo.
Sedans pretos se aproximam de uma viela, estacionados em fileira, um a um seus passageiros saem dos veículos, em destaque um sedan branco Mercedes Bens SLK 230 duas portas, onde sai Takeshi Bushido junto de seu braço-direito, Yasumoto.
No último sedan preto da fileira, está Hayato e Nezuko que permanecem observando eles saindo dos carros.
- Hayato... você está tenso...
Hayato segura firme no volante, ele tenta disfarçar seu desconforto.
- Meu pai sabe que pode ser uma emboscada... ele sabe o que está fazendo, não precisa ficar tão apreensivo...
- Mas senhorita Nezuko... eu ainda sinto que tem algo errado... não deveríamos estar aqui...
Takeshi caminha pela entrada estreita no espaço de duas pessoas, Yasumoto segue na frente, bem atento, alguns dos Yakuza que os acompanham, embanham facas, katanas, bastões de metal e socos-ingleses, se preparando para algum embate.
Eles chegam a um cômodo vazio a céu-aberto frente a uma porta de madeira, um membro da família Zambatsu está na frente para recebê-los.
- Por favor, queiram entrar, o senhor Zambatsu os aguarda - Recebe ele se curvando em respeito aos convidados.
- Não vai nos dizer para largarmos as armas? - pergunta um dos Bushido.
- E porque deveria? Vocês tem todo o direito, porém, conflito gera conflito - Responde o recepcionista vendo os Bushido entrarem um por um.
Ao entrarem, vêem um salão luxuoso, como de um imperador feudal da era Edo, móveis entalhados em madeira cravados e esculpidos a mão, uma mesa com um chá tradicional japonês, e duas jovens vestidas de gueixas que os recebem, sentado a mesa, de joelhos, está Saburo Zambatsu, que convida Takeshi Bushido a se sentar.
Os dois líderes estão frente a frente na mesa, enquanto uma jovem moça os serve chá, os outros integrantes da triade sentam nas almofadas em volta, observando toda aquela decoração, fora as gueixas do chá, Saburo está sozinho na sala, sem nenhum outro membro da família Zambatsu.
Takeshi gentilmente saboreia o chá.
- Está do meu agrado - elogia Takeshi.
- Então podemos começar nossas negociações - Responde Saburo.
- Cordial de sua parte me receber desse jeito, está claro que não quer conflito.
- Já tínhamos um acordo de paz até certo tempo, porém alguns de seus homens desobedeceram esse acordo e invadiram nosso território, já vai fazer quase dois anos desde aquele conflito com 3 dos seus homens contra 3 dos meus em Kamurocho, quando ameaçaram uma de nossas clientes que vendia ramen pacificamente naquele distrito.
- Pode ter certeza que eles tiveram a devida punição, mas se fomos nós que iniciamos o conflito, porque resolveu ter um acordo de paz? Ficou ciente de que está perdendo poder, perdendo influência, perdendo força, então veio fazer um acordo.
- Um bom líder sabe a hora certa de fazer um aliado, ele tem visão ampla do seu campo de batalha, e visualiza a vitória lá na frente.
- De fato, obrigado, não vou querer mais chá - estende a mão Takeshi impedindo que a jovem sirva mais chá - Você não tem mais poder, não há motivo para que eu faça qualquer acordo contigo, a menos que... Desfaça sua família e se junte a minha, a Zambatsu teria um fim, fazendo com que Bushido cresça ainda mais, e você ainda pode continuar com suas regalias mas terá de responder a mim.
Saburo ri em deboche, bem devagar, pois é idoso.
- Está achando engraçado Zambatsu?
- Poderíamos ter feito um acordo de paz... mas escolheu o fim da sua família... é lamentável, mas no fim tinha de ser assim.
- Tinha de ser assim? Do que está falando? Homens!
Ninguém responde.
- Vocês estão surdos? Yasumoto!
Takeshi se levanta, ao olhar para trás, ele vê que a sala escura está vazia.
- Mas o que aconteceu aqui? O que você fez Saburo!?
Saburo olha fixamente para Takeshi, quando Takeshi da um passo a frente, cai algo no chão, respingando sangue na mesa.
- Ya... Yasumoto! - Se espanta Takeshi ao ver a cabeça decepada jogada encima da mesa - Seu velho desgracado o que vo-
Uma katana transpassa seu peito pelas costas, espalhando sangue durante a estocada, aquela dor no peito o faz ajoelhar, por alguns segundos Takeshi tenta lutar, segurando a lâmina que o atravessou.
- Te... encontrarei... no inferno.... Sa...bu...ro...
Foram suas últimas palavras até que ele caiu morto no chão. O assassino se revela ser o recepcionista que os atendeu a porta, ele capenga andando para trás, suas pernas quebram na junta do joelho e ele cai morto.
Saburo olha o recepcionista com certa desaprovação, da porta de trás, surge Kudou Natsuki que observa os corpos na sala.
- Apesar de ainda estar em fase de testes... ele viveu o bastante para cumprir seu propósito.
- Ele mal durou dois dias Natsuki! É isso que você chama de arma perfeita?
- É só questão de tempo até ele chegar a sua forma perfeita meu senhor - responde Kudou ajeitando seus óculos - Estamos bem perto de descobrir a fórmula perfeita para criar o ser humano perfeito.
- Observo que tem tido progresso Natsuki, seu conhecimento com nanotecnologia e reconstrução celular tem sido promissor, mas em meses tudo que me deu foram homens que vivem menos de uma semana!
- Eu compreendo senhor, mas os cobaias ainda estão rejeitando a fórmula de reconstrução celular... seus corpos já estão desenvolvidos e em sua maioria possuem de alguns problemas de saúde, o que dificulta o processo.
- Preciso de resultados Natsuki... preciso de homens que possam ser minha linha de frente para conquistar meu império.
- Sim... Sim senhor, irei continuar como prometido.
- Natsuki... Faça o que for preciso...
- Sim senhor... - responde Kudou com um sorriso, se retirando da sala.
Do lado de fora.
- Hayato... Meu pai está demorando muito...
- Irei verificar senhorita Nezuko... Por favor fique no carro.
Hayato sai do carro e vai em direção ao beco, Nezuko espera apreensiva dentro do carro, alguns momentos depois ela vê Hayato voltar correndo para o carro, ele desliza pelo capô, abre a porta rapidamente, liga o carro e acelera fundo para sair.
- Hayato! O que está fazendo!?
- Estão todos mortos! Bushido caiu!
- Mortos? Como assim!? Hayato o que aconteceu!?
- Mataram seu pai... Mataram a todos... Não sobrou ninguém...
- Meu... Meu pai...?
- E se tivéssemos lá... estaríamos mortos também...
Nezuko está em choque, ela não consegue falar, ela só treme e tampa seus ouvidos, chorando silenciosamente. Naquela noite, marcava o fim da tríade Bushido.
22h03m, Hakone, dois carros descem a montanha a toda velocidade.
Um Sileighty segue a frente de um Rx7 primeira geração derrapando por uma curva em U para a esquerda.
- Você consegue Darling! - torce Amy empolgada assistindo pelo notebook a transmissão da câmera.
- Manabu continua se afastando de Carlos, a diferença entre os dois é grande, mas ele lutou bem nessa batalha - comenta Fuyunobu.
O Sileighty termina a curva e joga bruscamente para a direção contrária, executando um Drift contínuo com a última curva para direita. Manabu ainda está 1 curva atrás dele e mal vê ele terminar a batalha.
Os dois carros estão parados um atrás do outro, Manabu e Carlos conversam encostados no Rx7.
- Empatou Gaijin, parabéns.
- Valeu... eu fui com tudo hoje.
- Isso que eu gosto de ver...
Ambos dão um sorriso doloroso.
- O americano ia curtir a noite de hoje...
- O Wasabi disse que ia deixar tudo gravado pra ele...
- Aquele idiota... Foi embora sem se despedir...
- Seria muito doloroso Manabu-san... além do mais... Shinji disse que ele vai voltar...
- É... É isso mesmo, vamos voltar, antes que achem que caímos desfiladeiro abaixo - responde Manabu abraçando Carlos de lado.
No cume.
- Mandou bem Akio-kun, pilotou como nunca hoje.
- Obrigado Matsu... eu acho que tô melhorando.
- Aquele seu problema acabou não é?
- Acho que sim...
- Darling... tá tudo bem? - pergunta Amy.
- Eu tô bem... Tô bem...
Amy o observa com uma feição triste.
- Ele foi seguir o sonho dele...
- Foi sim Darling...
Rukasu está do lado de Shinji que está no notebook, ele está com o olhar longe.
Ren junto de Toko estão dando uma olhada no motor do Subaru, Kyoko está apoiada em Rukasu observando Shinji, Wasabi e Kazeo dividem uma cerveja, enquanto Hanako conversa com Manabu sobre a ida de Michael. Fuyunobu e Matsu estão conversando encostados no S15, discutindo o futuro da oficina, Carlos e Amy estão juntos de Manabu e Hanako.
- Ele foi o primeiro, os próximos seremos nós, não é Shinji? - pergunta Manabu em voz alta.
Shinji percebe que estava desatento.
- Ah sim claro! Seremos nós com certeza!
- Não te ouvi! Repete pra mim!
- Por que eu deveria passar esse vexame?
- Qual é, o que custa?
Shinji se sente constrangido e desvia o olhar.
- Não força ele... ele tá sofrendo... - adverte Hanako.
- Não é só ele que tá mal...
- Eu sei... Mas ele tem a maneira dele de tratar a dor, e você tem a sua...
Naquela tarde, Michael pegou um avião para Dallas nos Estados Unidos, sem avisar ninguém, o que deixou seus amigos abatidos, mas depois de Shinji explicar seus motivos eles passaram a entender melhor, apesar da dor de terem um membro a menos de seus companheiros.
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