Hyukjae Pov on
Porque Donghae não entende meu lado? Não é que eu não queira passar por essa experiência sugerida por Siwon. O que me impede é a possibilidade de não der certo e ele ficar triste por isso. Eu conheço bem Donghae, sei que se ele não conseguisse engravidar se culparia, ficando mais do que afetado. Eu apenas não quero vê-lo sofrer.
― Porque você é assim Hyukjae!? – ele se exalta mais uma vez em meio a nossa briga que nem tenho certeza ao certo de quando começou.
― Eu já disse Hae, não acho que seja uma boa ideia. Você só está deslumbrado com essa possibilidade.
Os olhos dele se convertem em pura irritação. ― Deslumbrado? É isso que você acha é? Eu tenho a oportunidade de realizar o maior sonho da minha vida e pra você isso é um deslumbramento da minha parte?
―Hae-ah, podemos adotar outras crianças. Esqueça esse assunto por favor. Não vamos brigar por isso.
Donghae me olha inexpressivo, e seu rosto aos poucos fica úmido. Meu peito dói, sei que ele chora por minha culpa, assim como sei que deveria apoia-lo. Sei de tudo isso, mas não posso mudar de opinião por causa disso. Ouvir ele mesmo dizer que esse é o maio sonho da vida dele, só piora minha situação, por sei que as vezes quando esperamos demais algo, a decepção pode ser maior. Não quero apoia-lo e depois me arrepender pela possível decepção que ele possa vir a sofrer.
― Então é isso? Você vai me privar do meu sonho Hyukjae? – me olha fungando e me aproximo dele, pegando uma de suas mãos.
― Não me leve a mal Hae. Tudo que eu quero é te proteger, tente entender isso. Lembra daquela vez, antes do Jeno chegar em casa que dissemos que adotaríamos várias crianças? Porque não mantemos esse propósito?
― Mas não custa nada a gente tentar Hyuk, por favor. Eu já lhe prometi que não vou ficar triste como você está pensando, então porque ainda reluta?
― Porque eu te conheço melhor do que você mesmo, sei o que é melhor pra você.
Donghae funga mais uma vez e puxa sua mão da minha. ― Sabia que agindo assim você parece mais minha mãe do que meu companheiro? – me olha ressentido.
― Hae-ah, não faz assim. – dou um passo na direção dele, mas ele se afasta, pegando o celular do bolso, se concentrando no aparelho por alguns segundos.
― Desculpa Hyuk, mas não quero olhar pra você por hoje, vou dormir na casa do Wook. – guarda o celular e passa as mãos nos olhos, limpando os vestígios de suas lágrimas.
― Não é pra tanto Donghae. Além do mais, o que vou dizer pro nosso filho?
― Não é pra tanto...- repete minha palavras sorrindo fracamente. ― Kyuhyun acabou de me mandar uma mensagem informando que Jeno vai dormir na casa dele. Talvez seja melhor assim. Quem sabe ficar sozinho não te ajude a pensar.
O mais novo dá as costas pra mim e sai do quarto, batendo a porta com força. Logo mais ouço a porta de entrada bater também, indicando que ele saiu. Deixo meu corpo cair sobre a cama e minhas costas repousarem no colchão. Levo ambas as mãos até meus fios de cabelo, bagunçando-os de um jeito frustrado. Sabia que brigaríamos por isso, mas não imaginei que fosse algo tão grave.
Fazer Donghae chorar quando uma simples palavra poderia fazê-lo sorrir e pular nos meus braços, me deixa acabado. Estaria eu errado? Será mesmo que ao invés de discordar, eu deveria concordar com a decisão dele? Acho que estou meio perdido a respeito do que fazer.
Kyuhyun Pov on
― Precisamos conversar. – a voz imponente do meu pai chega aos meus ouvidos e estremeço tendo uma sensação desagradável novamente.
Permaneço alguns instantes olhando para os mais velhos parados a poucos metros de mim. Acho que posso dizer que fico momentaneamente sem reação. Ter eles aqui do nada é estranho. Muito estranho.
Suspiro e abro a porta de minha casa, colocando Sunkyu no chão com cuidado. O olhar que a pequena lança para mim é indagador, como se tivesse temerosa com algo. Afago seus fios de cabelo tentando passar segurança e dou um meio sorriso.
― Sunkyu-ah, você e o Jeno vão lá pro quarto do appa, cuidar do Sungmin. Daqui a pouco eu vou, pode ser? – ela me olha desconfiada, mas logo se pronuncia.
― Sim, pode ser. – responde sorridente e segura a mão de Jeno, entrando em casa.
Deixo uma pequena quantidade de ar que parecia estar acumulada em meus pulmões escapar, e volto a me endireitar, me virando para os mais velhos que me encaram atentamente. Bom, minha ideia inicial era que meus pais conhecessem minha família e vissem o quanto sou feliz, mas preferi repensar isso. Esse foi o motivo por eu não ter apresentado Sunkyu aos avós. Antes de mais nada, quero saber o que eles querem falar comigo, diante dessa seriedade toda.
― O que precisam conversar comigo? Parece ser um assunto sério.
― Não vai nos convidar para entrar primeiro? – meu pai diz quase como uma ordem e suspiro os chamando com uma mão.
Dou espaço para os dois entrarem, fechando a porta para os encaminhar até a sala. Os dois parecem observar tudo minunciosamente, demorando o olhar em alguns porta-retratos presentes na sala. Minha mãe sorri minimamente com as fotografias, enquanto meu pai permanece impassível. Peço para que eles se sentem, e quando o fazem, os acompanho, ficando de frente para eles.
― Aqueles garotos de antes, são nossos netos? – meu pai pergunta com um tom de falso interesse que me irrita.
― Não, só a Sunkyu é minha filha e do Sungmin. O garoto é filho de dois amigos nossos. – cruzo os braços, me ajeitando no sofá.
― Porque não a apresentou para nós meu filho? Eu sempre quis conhecer minha neta. – Omma sorri.
― Desculpe omma. É só que, não sei se é a hora certa. Mas agora que vocês estão aqui, podemos marcar para passarmos um dia juntos, assim vocês conhecem minha família, o Sungmin e nossos dois filhos. – me animo ao pensar nisso, e até me esqueço da feição séria do meu pai.
― Isso é perfeito meu filho. Ah, fiquei tão feliz em saber que meu neto está bem depois de tudo o que aconteceu. E o Sungmin, está descansando? – olha discretamente ao redor como se buscasse meu marido.
― Sim, ele estava muito cansado. Depois que dei um banho nele, não demorou para que pegasse no sono. Felizmente está tudo bem. – minha mãe cora levemente, não sei porque e se levanta, sentando-se ao meu lado.
― E você? Está bem? Fiquei tão preocupada. – toca minha mão.
― Não se preocupe, eu estou bem e muito feliz omma. Acho que nunca fui tão feliz em toda minha vida. Depois que todo o pesadelo passou e Sungmin saiu bem, juntamente com nosso bebê que nasceu saudável, apesar de tudo. Eu sinto que esse é um momento único em minha vida. Meu segundo filho... Eu ainda mal posso acreditar. – falo com certa euforia e ela acaricia minha mão.
― Estou tão orgulhosa de você. Meu filho parece um homem de verdade agora, com sua própria família. Você parece ama-los de verdade. – seu tom parece ter um pouco de culpa, mas penso que talvez seja coisa de minha cabeça.
― Eu os amo mais que tudo nesse mundo. Dou minha vida pelos três. Eles são tudo o que eu tenho de mais importante.
Meus olhos marejam, mas de felicidade pelo que digo, apesar de eu controlar para não deixar lágrimas escorrerem por meu rosto. Meu pai pigarreia, chamando nossa atenção e só então me dou conta de sua presença. Minha mãe imediatamente abaixa o olhar, apertando minha mão mais forte e toda minha onda de felicidade se transforma em preocupação.
― Então é por esse tipo de família que tem todo esse amor? – o mais velho me encara.
― Do que está falando?
Ele dá uma curta risada soprada antes de continuar. ― Kyuhyun, por favor, você tem um relacionamento com um homem e ainda tem filhos com um homem! Acha que isso nos orgulha? Você é gay, será que tem noção disso? Sabe o quanto essa sua opção prejudica nossa família!? – ele não se exalta, usa um tom seco.
― Yeobo, não fale assim com nosso filho. Nós sabemos que você não está sendo sincero. – minha mãe encara meu pai rapidamente, antes de voltar a abaixar o olhar e aperta minha mão mais forte.
― Não me interrompa! Estou falando o que penso... E além de tudo o que eu disse, como se não bastasse, todos os seus amigos são gays que nem você. O que você se tornou Kyuhyun? Nem sei se consigo chamar alguém assim de filho. Devia deixar toda minha fortuna apenas para Ahra.
Meus dentes rangem pela força que faço com eles, a fim de tentar controlar a raiva que sinto. O sangue ferve em minhas veias e nem consigo pensar direito. Que direito ele tem de vir a minha casa, insultar a minha família e meus amigos? Meu pai parece não ter mudado mesmo, sempre tão mesquinho. Nunca me dei bem com ele, exceto na época em que fui morar na China. Não sei porque ainda criei a ilusão de que ele também ficaria feliz por mim.
― Quer saber pai? Acha que preciso do seu dinheiro? Estou muito melhor sem ele, então faça o que quiser. Se quiser me tirar do registro da família, ou seja lá o que for, não estou pouco me importando... Agora, se você veio aqui falar mal da família que tanto amo, ponha-se daqui pra fora. – digo entredentes, me levantando e apontando para a porta.
― Kyuhyun... – minha mãe segura meu braço, mas me mantenho firme.
― Parece que você nunca vai deixar de ser aquele garoto malcriado da adolescência. – se põe de pé.
― Vá embora. Não quero alargar essa discussão e acordar meu marido. Talvez possamos conversar outro dia. – tento manter o tom calmo.
Não desvio o olhar dele, e por um mísero segundo posso jurar que vejo arrependimento em seus olhos, como se ele estivesse fazendo algo que não queria. Entretanto, logo descarto essa hipótese por terra. Meu pai se aproxima de mim a entes de eu poder raciocinar, sua mão pesada vem de encontro com meu rosto, fazendo o som do tapa ecoar por todo o cômodo. Arregalo os olhos em surpresa, levando uma das minhas mãos até o local e ainda atônito ouço o choro baixo de minha mãe.
― Não pense que pode me dar ordens Kyuhyun! As coisas não funcionam bem assim, sou eu quem mando e você quem obedece. Por isso preste bem atenção no que eu vou dizer, porque não vou repetir.
― Yeobo, vamos embora. Não podemos pedir algo assim pro nosso filho. – minha mãe ainda chora baixo e encaro meu pai com raiva e confuso.
Meu pai a ignora completamente e continua a falar. ― As notícias sobre esse seu relacionamento já se espalharam pela China e como consequência as ações de nossa empresa caíram num nível catastrófico. Pra você entender melhor, nós estamos à beira de uma falência, por isso, só há um modo de consertar sua burrada. Vamos fazer uma fusão com uma segunda grande empresa da China em alguns meses, logo, tudo se resolverá.
― E o que isso tem a ver comigo?
― Realmente não sabe? É muito simples, você se casará com a única herdeira da empresa e faremos a fusão... Já está tudo combinado, quero que fique ciente disso.
Fico alguns segundo sem piscar. Ele disse casar? Foi isso mesmo que escutei? Como se eu fosse fazer algo assim.
― Não sei se você sabe pai, mas eu já sou casado. E outra, acha mesmo que obedeceria você? Acha mesmo que pode me obrigar a casar com alguém?
O mais velho segura meu queixo com força. ― Eu não acho Kyuhyun. Você vai me obedecer e ponto final. Ou prefere nos deixar na rua da amargura por causa de escolhas suas? Teria coragem de fazer isso com seus pais?
Seu tom é de deboche, mas sinto um pouco de culpa por sobre meus ombros. Meu pai larga meu queixo e estica o braço, puxando minha mãe para perto dele. Permaneço estático, observando-o me dar as costas e caminhar a passos largos em direção a porta, dizendo antes de sair que me ligará quando minha tal noiva chegar a Coréia. A porta bate sem muita força e levo uma de minhas mãos até meu rosto que ainda arde pelo tapa que recebi, sentindo uma leve umidade.
Sento-me no tapete em frente ao sofá, abraçando minhas pernas e escondendo o rosto entre os joelhos. O que eu faço agora? Não consigo ter ideia. Eu amo Sungmin e é com ele que eu quero estar até o fim de minha vida, cuidando dos nossos filhos. Mas em contrapartida não posso deixar meus pais ficarem na pior por causa do preconceito idiota de outras pessoa. Então.... seria muito errado eu me casar com outra pessoa apenas para ajuda-los?
(...)
― Acorda Kyu... – ouço a voz de Sungmin sussurrar e beijos suaves serem espalhados pela lateral direita do meu rosto.
Abro os olhos preguiçosamente, virando a cabeça para o lado e dando de cara com o sorriso encantador de Sungmin. O mais velho abraça meu braço e escora o queixo em meu ombro me olhando de um jeito carinhoso. Levo meu braço livre da direção do seu rosto, retirando a franja de sua testa e fazendo um carinho em sua bochecha. Tento sorrir, mas lembrar da visita da noite anterior que meus pais fizeram, faz meu estômago embrulhar e eu me sentir mal.
― Kyu-ah, você esteve chorando? – Sungmin pergunta preocupado, com certeza percebendo meu desconforto repentino.
― Porque pergunta? – tento enrolar.
Sungmin franze o cenho de um jeito fofo e pensativo. ― Seus olhos estão vermelhos e inchados, e sua bochecha está um pouco salgada.
― Como sabe que minha bochecha está salgada? – o provoco não querendo que ele desconfie de nada. Depois de tudo que passamos o que menos quero é que ele se preocupe com meus problemas.
― E-eu.. – gagueja e cora, desviando o olhar e deitando as costas no colchão, sem se soltar do meu braço.
― Essa sua fofura logo pela manhã consegue me deixar ainda mais apaixonado. – falo em seu ouvido me deitando de lado.
― Não diz essas coisas. – me olha de soslaio e o abraço.
― Onde estão as crianças? Quando vim dormir ontem eles estavam dormindo aqui na nossa cama com você.
― Ah, Sunkyu disse que precisava falar urgentemente com Heechul e levou o Jeno com ela. Me pergunto o que nossa filha está aprontando dessa vez pra envolver o Hyung. – me faço a mesma pergunta, mas deixo isso de lado, deve ser coisa de criança.
― Já que estamos sozinhos, não quer que eu faça aquela massagem que te ofereci ontem? – sorrio de canto, descendo minha mão até a altura do quadril do loiro.
Sungmin morde o lábio inferior. ― As crianças podem chegar a qualquer momento Kyu, não é hora de massagem. – faz um bico.
― Certo, eu estava brincando. – dou uma risada. ― Sungmin.
― Sim?
― Se hipoteticamente eu me casasse com outra pessoa, mas continuasse com você, o que faria? – pergunto temeroso e Sungmin responde de imediato.
― Não diga bobagens Kyu, nós já estamos casados. Porque se casaria com outra pessoa se me ama? Isso não tem sentido. Não diga esses absurdos. – sorri se aconchegando em meu peito.
― Foi o que pensei. – murmuro suspirando.
Isso vai ser mais difícil do que pensei. Escolher entre amor e obrigação, não é tão simples quanto havia imaginado. E a ideia de juntar ambos, foi totalmente descartada pela resposta de Sungmin. Mas por enquanto não vou pensar muito nisso e sim aproveitar cada momento ao lado do meu loiro. Quando chegar a hora, decido o que faço.
Só espero encontrar milagrosamente uma saída pra tudo isso até lá.
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