Hyukjae Pov on
Saio de casa, batendo a porta com uma força maior que a necessária, logo após Donghae entrar no nosso quarto. Levo ambas as mãos até meus fios de cabelo, bagunçando-os, e chuto o chão, assoprando os fios de minha franja. Donghae mentiu todo esse tempo para mim e não posso nem acreditar.
Me sinto enganado, traído.
Agora tudo faz sentido. As conversas frequentes dele com Siwon, bem como toda essa sua obsessão exacerbada por afrodisíacos e consequentemente, sexo. Poxa, nós estamos juntos a tanto tempo. Temos uma confiança solida um pelo outro, um relacionamentos sem segredos, ou ao menos, é o que eu acreditava até hoje. Ele agiu pelas minhas costas e não pude segurar minha irritação diante de algo assim.
Eu também fui um idiota por não ter notado nada. Donghae conseguiu me enganar direitinho, quem diria. Se ele ao menos tivesse me contado. Se ele ao menos esperasse um pouco eu pensar mais sobre o assunto.
― Aish! Aish! Aish! – praguejo repetidas vezes, deixando a varanda de minha casa.
Assim que alcanço a calçada, um vento frio faz meu corpo estremecer. Ajeito o capuz do meu moletom preto sobre a cabeça, e coloco as mãos dentro do bolso deste, começando a caminhar. Olho momentaneamente para o céu escuro, com algumas poucas estrelas, me concentrando em acalmar os ânimos que ainda parecem estar a flor da pele.
Fico tão aéreo, que quase caio no chão ao tropeçar em algo no meio do caminho. Evitando meu desequilíbrio, olho irritado para o chão, me surpreendendo ao encontrar Kyuhyun sentado de qualquer jeito nele, fitando o vazio, com alguns soluços baixos escapando por seus lábios. Me sinto ainda mais confuso quando reparo na mala ao seu lado.
― Qual o seu problema pra ficar no meio da calçada igual uma pessoa louca? – indago, descontando minha irritação nele. ― Vá pra sua casa Kyuhyun, saí do meu caminho. – dou um chute de leve em sua coxa.
Kyuhyun levanta o olhar para meu rosto, sorrindo sem humor algum. Sua face impassível, adquire uma expressão tão dolorosa, que me sinto culpado pelas palavras ditas por mim a ele. É uma questão de segundos até lágrimas silenciosas rolarem por suas bochechas. Seu choro repentino chega a me abalar. Kyuhyun não é de chorar assim, deve ter acontecido algo grave.
― Eu me odeio. – diz sem provocar som, e só entendo porque faço uma leitura lábial.
― Yah... – me agacho, tocando seu ombro. ― O que aconteceu? Quer que eu chame o Min pra você?
Ele nega, fechando os olhos brevemente e respirando fundo. O mais novo passa as duas mãos no rosto, limpando os rastros de suas lágrimas, voltando então a abrir os olhos e visivelmente, a engolir o choro, ainda que alguns soluços entrecortados continuem a escapar de sua boca, onde reparo que seus lábios estão rachados e quase roxos, provavelmente pelo frio.
― O que aconteceu Kyuhyun? Você está me deixando preocupado. A quanto tempo está aqui? - sento-me no chão, junto dele.
― Não sei...talvez muito tempo. – murmura com a cabeça baixa.
― Porque não entra em casa então? Está muito frio, você vai ficar doente.
― Não moro mais aqui.
― Não? Por acaso estão se mudando?
― Eu...estou me mudando.
― O que? – quase grito. ― Porque?
― Deixei o Sungmin. Nós nos separamos. Pode não ser pra sempre, mas porque tem que doer tanto? – limpa o canto dos olhos.
Não entendo o que ele diz. Ontem ele e Sungmin pareciam recém casados, porque disso então?
― Você quer me bater não é? – me olha de soslaio.
― Porque faria isso? – deixo uma lufada de ar escapar.
― Porque eu estou fazendo isso com o Sungmin de novo sabe? Fazendo ele sofrer.
Reparo no mais novo, que exala tristeza e sorrio soprado
― Algo me diz que teve seus motivos, se não fosse assim, não estaria aqui nesse frio da noite, chorando.
― Pode ser. Na verdade eu tinha esperança de que o frio me congelasse e eu só acordasse na próxima estação, com Sungmin do meu lado, sorrindo, e me dizendo que tive um pesadelo. – suspira, espalmando as mãos no chão e olhando pra cima.
― Mas porque fez tudo isso? O que está atrapalhando vocês agora? – olho para ele que pensa por alguns segundos, antes de me responder.
― É complicado demais. E também, seu eu dissesse o motivo, Heechul acabaria me matando de vez...E, por favor, não conte nada para Sungmin.
― Tudo bem, mas o que Heechul tem a ver com tudo isso?
― Como eu disse é complicado demais. – fecha os olhos.
Eu que já cheguei a odiar Kyuhyun com todas as minhas forças, de uns tempos pra cá, criei um carinho por ele como um amigo. Acho que sinto até uma admiração. Não só por ele, mas pela história dele com Sungmin. Um amor cheio de tristeza e alegria, mais complicado que em muitos melodramas que já fui obrigado a assistir com Donghae.
Donghae. Um frio passa pela minha coluna, ao pensar nele. Que sensação estranha.
― Mas e você? – Kyuhyun interrompe meus pensamentos.
― O que tem eu?
― Porque está fora de casa a essa hora da noite?
― Briguei com Donghae. – falo baixo, fazendo pequenos círculos do chão com a ponta do dedo.
― Descobriu os planos dele? – diz com naturalidade.
― Se descobri os planos dele? O que quer dizer com...você também sabia? – pergunto embasbacado. Então todo mundo sabe?
― Só escutei por acaso uma conversa dele com o Sungmin. E então? Deu certo? – me olha, fungando devido ao frio e ao choro.
― Parece que ele conseguiu o que tanto queria. Me enganando esse tempo todo. – torço os lábios, cruzando os braços.
― Isso não é bom? Ele conseguir o que queria?
― Bom? Você só pode estar brincando. Eu fui traído Kyuhyun, e isso não é bom. Não quero nem olhar pra cara do Donghae. Ele achou mesmo que eu ficaria feliz? Só de lembrar daquele sorrisinho bobo no rosto dele como se estivesse zombando de mim e esfregando na minha cara que tinha conquistado seu “prêmio”, minha irritação parece me consumir – faço aspas com os dedos.
― Seu idiota. – diz desanimado e quase me esqueço que ele está triste, pela vontade que sinto de dar na cara dele.
― Não sou idiota, você que é.
― Somos dois idiotas então... Mas, no meu caso, tudo que faço é pelo bem do Sungmin, mesmo que ele não entenda. Nós dois sofremos juntos por minhas escolhas, mas tenho certeza que a alegria que verei no rosto dele no futuro, fará eu dizer pra mim mesmo: “ É, tudo valeu a pena”. Eu espero ansiosamente por esse dia a partir de hoje. – endireita o corpo, abraçando os joelhos. ― Já você, fere Donghae gravemente, sem nem se dar conta. Tente analisar as palavras que saem de sua boca e as meça, antes que se arrependa.
― Não tem sentido, o que você diz.
Kyuhyun suspira longamente, apoiando uma das mãos no chão e se pondo de pé.
― Pode não ter sentido agora que você está com a cabeça quente, mas, eu como uma pessoa de fora, posso perceber tudo claramente... Você diz que foi traído, mas a meu ver, Donghae só quis correr atrás do sonho dele de um jeito torto, já que não quis apoiá-lo. Você diz que ele estava “esfregando o prêmio” na sua cara, mas a meu ver, Donghae só queria compartilhar a felicidade dele com você. E o pior de tudo. Você diz que um filho, um serzinho inocente, não é bom, e do meu ponto de vista você não entende a dádiva que foi concedida pra vocês.
Ele me deixa sem palavras, pensativo a respeito de tudo que diz.
― Ah Hyukjae, não existe nada mais maravilhoso que um filho, será que não entende? Pegar aquela coisinha tão pequena nos braços, nos faz sentir como se nosso coração fosse flutuar. É o presente mais bonito que a vida pode nos dar. – Kyuhyun pela primeira vez sorri, ainda que discretamente, olhando para a casa de Sungmin. ― Não faça pouco caso do filho de vocês, isso te doerá no futuro. O que está feito, não pode ser desfeito... Como consegue sentir raiva sabendo que Donghae carrega dentro dele um pedacinho de vocês dois? Eu não te entendo.
― Mas...ele me enganou.. - falo meio confuso. As palavras que Kyuhyun diz estão certas, mas é como se eu não quisesse aceitar.
― Ele não te enganou. Tudo que ele fez foi seguir o coração dele. No fim das contas você parece mais idiota que eu. – pega a mala no chão, me dando as costas.
― Onde vai?
― Deixar meu sofrimento sair de mim em outro lugar. Não quero correr o risco de topar com mais alguém aqui e ter que mostrar que seus problemas não existem, muito diferente dos meus. – fala desanimado. ― Nos vemos por aí.
Kyuhyun vai até seu carro, estacionado um pouco mais a frente, entrando no veiculo e não demorando a deixar o condomínio.
Assim que o perco de vista, levanto-me do chão, com os pensamentos a mil. Por mais que eu não goste, Kyuhyun parece estar certo. Agora que penso melhor, Donghae parecia tão feliz e cheio de expectativa quando me contou tudo.
Confesso que quando entendi o que aquele papel em minhas mãos significava, fiquei feliz. Antes da minha irritação vir a tona eu me senti privilegiado com aquilo. Eu quis abraçar Donghae e chorar de emoção, mas não consegui. Pensar que ele tinha me enganado, foi um sentimento muito maior.
Um filho. Nosso filho. Pareço ainda estar digerindo essa noticia repentina.
Será que agi tão mal assim? Droga, será que ele ficou muito irritado? Isso pode fazer mal de alguma maneira para ele e o bebê? Tantas perguntas.
― Seu idiota. – bato em minha cabeça, abrindo a porta de minha casa.
Tenho certeza que Donghae trancou a porta do quarto e não vai a abri-la por mais que eu insista, como ele sempre faz quando brigamos. Mas felizmente tenho uma chave reserva. Vou consertar a burrada que eu fiz. Tudo bem, ele fez todo o experimento sem meu conhecimento, mas independente disso, tudo deu certo, diferente do que eu temia. Ele está esperando um filho meu, e claro que estou feliz com isso. Assim como estou arrependido por tudo que disse. Espero que ele me perdoe.
Pego a chave reserva dentro de uma das gavetas da cozinha e vou imediatamente até o quarto. Destranco a porta, abrindo-a devagar, a fim de não assustá-lo. Meus olhos percorrem todo o cômodo de maneira apreensiva, não encontrando Donghae. Abro a porta de vez, entrando por fim no quarto, sorrindo levemente ao escutar o som do chuveiro ligado.
Sei que ele vai me perdoar e já tenho todo um discurso armado em minha cabeça para conseguir isso. Vou deixar tudo esclarecido e dizer a ele que não me importo se ele fez escondido o experimento, e que estou muito feliz e ansioso para acompanhar a evolução do nosso bebê. Assim como Kyuhyun disse, esse filho é uma dadiva que nos foi concedida e não quero me arrepender mais tarde por um dia ter tido pensamentos tão negativos acerca da chegada do nosso bebê.
― Hae-ah...- bato três vezes na porta do banheiro e espero um pouco. ― Donghae, me desculpe, vamos conversar. – chamo mais uma vez, sem receber uma resposta novamente.
Ele com toda certeza ainda deve estar chateado, mas não vou desistir. Nós precisamos conversar agora mesmo.
― Vou entrar, ok? – suspiro ao não escutar a voz do outro e abro a porta do banheiro devagar, cautelosamente.
Um frio repentino passa por todo meu corpo e me encolho por um segundo. Levanto o olhar na direção do Box do banheiro, onde o chuveiro está ligado, franzindo o cenho em interrogação, ao não encontrar Donghae.
Entro no cômodo repleto de azulejos, passando o olhar por cada canto do banheiro. É nesse momento que prendo a respiração totalmente ao encontrar por fim Donghae, caído no chão do chuveiro.
― Donghae, o que faz aí? – questiono, sorrindo nervoso, preferindo acreditar que tudo está bem.
Donghae não responde e um incomodo toma meu peito. O que está acontecendo com ele?
Saio do meu transe, cortando a distância entre mim e o Box, o qual abro com pressa. Peço silenciosamente a Deus, que não deixe nada de mal acontecer ao nosso bebê, pois, pelo pouco de experiência que tenho, um desmaio pode ser muito ruim.
Assim que olho diretamente para Donghae, sem o Box embaçado me impedindo de visualizá-lo, levo ambas as mãos até a boca, abafando meu espanto. Meus olhos se sobressaltam e a sensação de culpa me preenche. Minha garganta parece se fechar, controlando um choro iminente pelo que vejo.
O mais novo está deitado de bruços no chão, tendo a água do chuveiro caindo diretamente em seus ombros. Mas o que mais me espanta é o sangue que vejo. Um sangue vivo e espesso, manchando toda a área de suas coxas. A cena me deixa até nauseado, pelo sangue e pelo medo. Um temor do que tudo isso significa agora e do que poderá significar em um futuro.
Passo as mãos nos olhos, entrando no cubículo e me agachando ao lado de Donghae, sem me importar em desligar o chuveiro, que começa a molhar minhas roupas. Me ajoelho no chão molhado, girando com cuidado o corpo do menor, que está extremamente frio, apesar da água quente, assim como o vapor que toma conta do banheiro.
― Donghae! Hae-ah! – o chamo um pouco mais alto, sacudindo seus ombros. ― Lee Donghae! – minha voz sai embargada.
Não consigo raciocinar direito. Passo os dedos nervosamente pelo rosto de Donghae que parece tão exposto e frágil. Olho de um lado para outro, procurando algo que possa fazer, até ter uma ideia. Me levanto, desligando o chuveiro, seguindo com rapidez até o quarto. Vou até nossa cama e puxo de maneira brusca o edredom sobre ela, jogando todas as almofadas e travesseiros no chão. Em seguida, estendo o edredom no chão, próximo a porta do banheiro e volto para onde Donghae está.
Me agacho ao lado dele, apoiando um dos braços em suas costas e o outro na dobra de suas pernas. Faço um esforço e me levanto, trazendo comigo o corpo molhado de Donghae. Saio com cuidado de dentro do Box, deixando então o banheiro. Com certa pressa, deposito o corpo de Donghae sobre o edredom estendido no chão, enrolando todo o tecido nele.
Sem perder tempo, volto a erguer o corpo do mais novo, coberto pelo edredom, e saio do quarto depressa, a fim de seguir para o hospital mais próximo, o mesmo que Siwon trabalha. Talvez chamar uma ambulância fosse uma escolha melhor, mas não quero perder nem um segundo e sei que se eu o levar, será mais rápido.
Não demora para chegarmos do lado de fora, ao lado do nosso carro, estacionado em frente a calçada. Abro a porta, ajeitando meu moreno no banco traseiro do carro. Logo já estou no banco do motorista. Arrumo o retrovisor de modo que possa visualizar Donghae sem problemas e dou então partida.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto e arranco com o carro.
(...)
O cheiro de hospital, faz minha cabeça latejar dolorosamente. Já amanheceu, e passar a noite aqui sem dormir, acabou comigo, junto do meu emocional, consideravelmente abalado. As veia de minhas têmporas saltam irritantemente. Levo dois dedos até o local, fazendo uma breve massagem, na tentativa de aliviar a dor. Não que tenha algum resultado realmente, afinal, me lembrar da conversa que tive com Siwon a pouco não ajuda. Ainda não consigo acreditar em tudo que ele me disse. Me sinto um lixo por dentro, porque a culpa parece querer me corroer.
Porque isso tinha que acontecer? Foi por acaso algum tipo de castigo pela minha reação negativa? Não consigo encontrar uma resposta especifica. É difícil. Está sendo difícil.
Levanto-me no chão, me sentindo desanimado, parando em frente a porta, a qual estava escorado. Toco o puxador, abrindo-a, avistando Donghae deitado na cama, dormindo, enquanto toma soro.
Ele ainda não acordou desde que chegou e temo o que poderá acontecer quando ele abrir os olhos. Quando ele souber de tudo.
Entro no quarto fechando a porta e caminho lentamente para próximo de Donghae. Olho para seu rosto pálido por alguns segundos, antes de me sentar na beirada da cama e suspirar. Minha mão direita, faz um caminho da mão do mais novo, até chegar a seu rosto, onde acaricio sua bochecha.
― Você vai me perdoar meu amor? – meus olhos inevitavelmente lacrimejam. ― Eu mereço perdão? – choro baixinho, colocando meu antebraço rente a boca, na tentativa de me conter.
Donghae respira pesadamente, se remexendo um pouquinho na cama. Limpo meu rosto com a mão livre, contendo meu choro e lanço um olhar ansioso para meu moreno, que aperta os olhos. Suas pálpebras se abrem com dificuldade e suas orbes castanhas, levemente opacas, encaram o vazio por um instante.
― Hae-ah? – faço um carinho em sua bochecha, usando o polegar da minha mão, que ainda está em seu rosto. ― Eu estou aqui amor. Está me ouvindo?
― Hyuk? – sua voz sai fraca. Ele olha confuso ao redor, antes de fixar os olhos em mim. ― Onde estou?
― No hospital. – olho atentamente para ele que imediatamente leva as duas mão para a barriga. Um simples ato que me deixa acabado.
― Então....tudo aquilo aconteceu mesmo? ... Eu me lembro...Siwon me confirmou que eu estava esperando um bebê. Aí você disse que não queria nosso filho...Eu fiquei irritado, fui tomar um banho....senti uma dor de repente e depois.... – me olha assustado. Eu que a essa altura já estou com a cabeça baixa, contendo meu choro, depois de tudo que ele diz. ― Hyukjae, me diz que nosso filho está bem, pelo amor de Deus! – suplica, se sentando na cama, agarrando meu braço.
― Donghae, se acalme. – levanto a cabeça.
― Porque está chorando? Que droga Hyukjae, porque está chorando?! – se remexe impaciente.
― Ei! Me escute. – o seguro pelos ombros. ― Se acalme e me escute. – ele me obedece, me olhando cheio de angustia.
Busco a mão do moreno, entrelaçando-a com a minha. Organizo as palavras certas em minha mente, me lembrando de toda a conversa que tive com Siwon.
― Hae-ah, Siwon me explicou, que vocês iniciaram o tratamento a três semanas e que, apesar de tudo, na segunda aplicação do sangue, seu organismo aceitou bem o “invasor”, começando a modificar alguns pontos importantes nele. Entretanto, você continuou recebendo a aplicação do sangue e por isso quando o ovulo gerado por seu organismo, entrou em contato com meu esperma, todo o processo para a formação do feto foi acelerado. Ele mesmo não sabe explicar como isso foi possível, mas, o findar dessas três semanas, equivaleram a um mês inteiro de uma gestação normal, logo ele já pôde constatar o coraçãozinho do nosso filho batendo. – não me importo em limpar as lágrimas que voltam a rolar pelo meu rosto.
― Eu já sei de tudo isso.. Aonde quer chegar? – murmura, abraçando a barriga com um braço.
― Por ser um experimento, a gestação é delicada e imprevisível. Pelo que entendi, um simples momento de irritação poderia trazer muitas consequências para o feto, já que uma quantidade de hormônios em exagero poderia acarretar em um expulsamento....- engasgo com minhas palavras, não conseguindo continuar.
― Hyukjae, me conta logo... – Donghae chora baixinho.
Mordo meu lábio inferior, sentindo um gosto férreo em minha boca.
― Amor... já ouviu falar em aborto inevitável? – engulo seco, sentindo aperto de Donghae em minha mão doer.
― A.a.aborto? – gagueja. ― Hyuk, eu ... eu... perdi nosso filho? – olha para os lados, franzindo a testa.
― Eu sinto muito. – respondo num filete de voz, limpando o rosto molhado do mais novo.
Donghae fica sem reação alguma, diante de minhas palavras. Ele parece não acreditar, e o entendo, eu mesmo não acreditei quando Siwon me contou. Puxo seu corpo imóvel, o acomodando em meus braços, sentindo suas lágrimas molharem meu peito, enquanto as minhas próprias caem sobre seus fios de cabelo, onde escondo meu rosto.
― Não...Meu bebê. – aperta minhas blusa entre seus dedos, soluçando alto.
― Me perdoe Hae-ah. Eu juro. Juro que não fiz por mal. Me perdoe. – sussurro.
― Hyuk... – choraminga, continuando a chorar.
Tenho certeza que a dor de Donghae é maior que a minha. Não que eu não esteja sofrendo, eu estou, e muito. Entretanto, o sentimento dele é diferente, eu seu disso. Seu choro é tão doído, que faz eu ter a sensação de meu coração parecer sangrar. Me sinto o pior homem do mundo agora, e não duvido que realmente seja, porque minha culpa insiste em me dizer que matei meu filho.
Não sei ao certo quanto tempo se passa, mas tenho certeza de que são longos minutos, nos quais, Donghae vai se acalmando aos poucos. Em determinado momento, nossas respirações pesadas, é o único som que ouvimos, em meio ao quarto um tanto quanto silencioso.
― Não vou aguentar isso. – choraminga e o aperto mais, com medo do que ele quer dizer com essas palavras.
― Shh, não diga isso. Nós podemos tentar de novo Donghae. Eu vou estar ao seu lado meu amor, vai dar tudo certo. Nós vamos conseguir. – sorrio sem forças.
― Não, pode ser que não seja meu destino.
― Isso é bobagem, nós fazemos o destino com nossas escolhas, se não tentarmos, nunca saberemos, e... – paro, quando ele me interrompe.
― Pra Hyuk, não quero mais. E também, eu vou sair de casa.
Suas palavras me assustam. Não entendo o que ele diz. O afasto de meus braços, o segurando pelos ombros, olhando diretamente em seus olhos tão tristonhos. Meu coração se encolhe.
― Sei que errei, mas Donghae, por favor, não faça isso. Eu estou sofrendo muito, acredite em mim.
― Eu acredito, mas é que, preciso de um tempo. Um tempo longe de você e Jeno vai comigo, mas claro que pode ficar com ele sempre que quiser.
― Mas, pra onde vai? Você não tem pra onde ir. Não pode. – me desespero.
― Vou ficar na casa do Min. Ele vai me ajudar nisso.
― Eu posso te ajudar Donghae.
― Não, você não, eu não quero. – desvia o olhar, retirando minhas mãos de seus ombros. ― Agora, me deixe descansar... Eu quero esquecer tudo isso. – faz uma expressão sofrida, voltando a se deitar na cama.
Volto a chorar, olhando para o menor que se encolhe na cama, abraçando a barriga com os dois braços. Dói tanto saber que por minha culpa ele está assim. E não é como se eu pudesse impedi-lo de tomar algumas decisão. O que vou fazer diante disso?
Realmente, como Kyuhyun disse, no fim das contas, eu pareço ser mais idiota que ele.
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