Leeteuk Pov on
Meus pés já estão doloridos de tanto andar nesse shopping. Henry parece uma criança em um parque de diversões querendo experimentar cada brinquedo com euforia. Mas no caso, ele saltita com os olhos brilhando por causa das lojas. Estamos aqui desde o início da tarde e me espanta que já tenha anoitecido e ele não tenha se cansado de entrar nas lojas, seja se roupas, sapatos, brinquedos, artigos para casa... Enfim, qualquer loja a vista.
Quando ele me chamou para vir ao shopping, achei que era apenas para comprar um presente para Minki, como ele mesmo havia dito. Nesse momento sinto que fui enganado. Mas sinceramente, isso não me incomoda. Henry é um dos garotos do círculo de amigos de Kangin que mais fiquei próximo. Ver seu sorriso de contentamento, me deixa feliz. Às vezes é como se ele fosse meu filho, e gosto desse sentimento de poder cuidar dele e aconselhá-lo como uma figura materna.
Na verdade, cada acontecimento assim, existente desde que voltei a encontrar Kangin faz eu me sentir especial.
Ele e seus amigos…meus amigos...sinto como se fossemos uma grande família feliz.
― Hyung. – Henry me chama manhoso unindo as duas mãos abaixo do queixo. ― Vamos comprar esse vestido, vamos? – aponta para uma vitrine, onde um diminuto vestido cor de rosa, repleto de babados, está exposto.
― Henry, pra quem pretende dar isso? Sunkyu já não tem três anos de idade. – franzo o cenho e ele simplesmente dá de ombros, dando um sorrisinho e entrando na loja.
Reviro os olhos suspirando e levantando meus braços já repletos de sacolas. Será que esse garoto tem um botão pra desligar?
Talvez ele esteja querendo comprar o vestido pro bebê do Hae, já que ainda não se sabe se vai ser menino ou menina, apesar de Donghae dizer com firmeza que será um menino. Olho o vestido na vitrine, mordendo o lábio a fim de não expandir meu sorriso quando imagino uma criança parecida com Kangin na roupa cor de rosa.
“Em que está pensando Leeteuk?” digo em meus pensamentos, balançando a cabeça.
Se bem que não é tão errado ter pensamentos assim. E desde que Kangin me afirmou que iriamos adotar, é inevitável sonhar com nossa futura criança. A cada dia me ponho mais ansioso a espera da data especial que ele disse que esperaria chegar. E bem, algo me diz que isso está próximo de acontecer. É como um pressentimento.
Mas essa não é única sensação que me toma no dia de hoje em especial. Eu sinto que estou esquecendo de algo de extrema importância, mas por mais que eu pense, não consigo ter certeza do que é.
― Leeteuk Hyung, vamos tomar sorvete? – Henry pergunta assim que sai da loja com mais uma sacola introduzida no espaço que ainda resta em seus braços.
― Estou cansado. – resmungo e ele faz uma careta de desgosto. ― Tudo bem, vamos lá. – me dou por vencido e ele sorri, pedindo que o acompanhe.
Com as sacolas espalhadas em frente a nossos pés, nos sentamos em um banco próximo a uma fonte no primeiro andar do shopping, tendo os sorvetes recém comprados em mãos. Henry saboreia o doce, olhando frequentemente no relógio. Tomamos o sorvete em silencio, comigo observando seu rosto. Ele parece estar com o pensamento distante, e passa o olhar pelo shopping, mudando a expressão de feliz, irritada, envergonhada e triste.
― Algum problema? – pergunto colocando o copinho do sorvete já terminado, ao meu lado do banco.
― Não exatamente. – suspira. ― É só que esse lugar me traz boas e más recordações sabe.
― Entendo. – faço uma breve pausa. ― Você ainda está muito irritado com o Kyuhyun não é?
Henry me encara torcendo o lábio e afirmando.
― Posso compreender. Aquela brincadeira de deixar você e Zhoumi sem roupa alguma no meio do shopping foi um tanto exagerada. Mas, não faça nada que possa se arrepender no futuro.
― Se refere ao tapa que dei nele no hospital? – pergunta e faço um sinal afirmativo. ― Confesso que aquilo também foi uma vingança pelo que ele me fez...Mas o que me motivou foi ele estar com Sungmin naquele instante. Eu só...achei errado, entende? Ele vive fazendo o Min sofrer e depois age como se nada tivesse acontecido. E eu odeio ver Sungmin sofrer, ele é meu melhor amigo...
― E seu primeiro amor. – completo.
Henry sobressalta os olhos, cuspindo o sorvete que havia acabado de colocar na boca. Ele sorri sem graça e me olha visivelmente constrangido, como se eu tivesse dito algo secreto que devia estar guardado a sete chaves.
― Não! De onde tirou isso? – olha para os lados.
― Não precisa mentir pra mim Henry. Eu vejo na forma que você olha pra ele, que Sungmin tem mais importância pra você do que um melhor amigo teria.
― Como negar diante de você Teuk? – fala cabisbaixo. ― Achei que disfarçasse bem.
― E o faz. Mas sou uma pessoa observadora, só isso. Não precisa ficar constrangido. Todo tipo de amor é belo, independente se for platônico, correspondido ou secreto.
― Mas isso é passado, eu amo o Zhoumi agora.
― Claro que sim, nunca duvidei disso Henry. Mas seu carinho por Sungmin é especial, por isso não precisa se envergonhar.
Henry concorda distraído, mexendo a colher de plástico dentro do copo já vazio de sorvete em suas mãos. Acho que ele está refletindo sobre o que eu disse. E notar que ele parece mais relaxado me deixa aliviado. Talvez esse segredo o estivesse sufocando depois de tantos anos, ainda que ele tenha encontrado um novo amor.
― Eu confesso, me apaixonei por Sungmin quando ele morava no Japão. Logo nos tornamos melhores amigos, confidentes sabe? Mas, quando percebi que o amava, preferi esconder, por medo. Medo do que ele ia pensar por eu ser gay, entende? – toco seu ombro num pedido mudo para que continue. ― Até que um dia ele veio pra Coreia de repente. Wa, eu fiquei destroçado, mas não deixei transparecer isso. Então depois de um tempo vim para a Coreia decidido a me declarar, mas Sungmin já tinha encontrado alguém...Kyuhyun. Eu sofri tanto com aquilo, mas dei o meu melhor para mostrar que eu estava feliz. Foi nessa época que conheci Zhoumi e ele me confortou, me deu a oportunidade de amar e ser amado. – dá um sorriso amarelo, com os olhos marejados. - Isso tudo é passado, mas foi realmente bom desabafar com você Leeteuk.
Puxo Henry para mais perto e o abraço, acariciando suas costas com carinho. Ele suspira escondendo o rosto na curva do meu pescoço e sua respiração diz que ele está aliviado. Por quanto tempo ele escondeu isso de todos? Desde sempre, eu sei. Mas, o que importa é que Zhoumi apareceu no caminho dele e ele conseguiu superar tudo isso.
― Obrigado Hyung. – murmura me afastando e voltando a exibir seu sorriso infantil. ― Sabe, eu e Zhoumi vamos viajar daqui a dois meses. – diz animado.
― Viajar? Mas mal se mudaram pra Coreia. – digo não escondendo meu desapontamento. Já estou tão acostumado a Henry, que não ter ele por perto será estranho.
― Eu sei, mas nós sonhamos em viajar pelo mundo, só nós dois. Vai ser importante pra nós e não será muito tempo, só um ano, acredito.
― E desde quando um ano é pouco tempo? – arqueio uma sobrancelha.
― Mas vai passar rápido. Além do mais, você terá a melhor das distrações durante esse tempo. – fala se levantando e começando a juntar as sacolas do chão em seus braços.
O encaro por alguns segundos tentando interpretar suas palavras. O mais novo pisca pra mim e diz algo sobre termos que nos apressar, antes de me dar as costas e se encaminhar até a saída do shopping. Me sentindo meio atônito, jogo os copinhos de sorvete no lixo e junto o restante das sacolas, antes de ir atrás de Henry.
O caminho até o condomínio é tranquilo, com Henry me contando sobre todos os países que pretende visitar com Zhoumi. Não sei se é possível, mas ele parece ainda mais animado do que quando estávamos fazendo compras.
Já eu, apenas escuto seus planos concordando e ás vezes dando algum palpite, ou pedindo que ele tire fotografias de determinado lugar que vai. Além de prometer pra ele que cuidarei de Sungmin, durante ssua viagem.
Não vejo a hora de chegar em casa e tomar um banho quente. Se eu der sorte Kangin já terá chegado do trabalho e jantaremos juntos, para depois dormimos abraçados, do jeito que adoro. Sorrio ao pensar nisso.
― Pode parar em frente sua casa, quero dar uma passada por lá. – diz quando já estamos no condomínio.
― Porque? A essa hora Zhoumi deve estar te esperando Henry. – falo com cansaço por ele estar frustrando os meus planos de querer ter um momento relaxante com Kangin e descansar. Mas espero não soar rude.
― Yah, diga logo que não quer que eu vá pra sua casa. – bufa resmungando.
― Não foi o que eu disse... Tudo bem, vamos. Você pode ligar pra Zhoumi e todos jantamos juntos.
― Boa ideia. – assente.
Suspiro dando de ombros. Por fim ter nossos amigos por perto nunca é ruim.
Estaciono o carro em frente minha casa e deixamos as sacolas no carro, com exceção de uma que Henry insiste em trazer junto. Não protesto. Seguimos em silencio o curto caminho até a porta. Henry por algum motivo está exalando felicidade, enquanto eu volto a sentir meus pés doerem. Talvez Kangin possa fazer uma massagem pra mim depois.
Quando chegamos até a porta, Henry se coloca em minha frente e apoia as duas mãos em meus ombros.
― Leeteuk, sabe que dia é hoje? – pergunta sério.
― O que quer dizer?
― Hoje é o dia que você ganhará o presente mais especial da sua vida. – afirma e meu olhar para ele é de total confusão.
Antes de eu responder a porta da casa se abre, revelando Sunkyu e Jeno com o rostinho sapeca que só eles sabem fazer. Especialmente quando estão aprontando algo. Mas, espera, o que as crianças fazem na minha casa?
― Tio Teuk, tenho uma surpresa. Pode fechar os olhos? – ainda receoso e sem palavras, faço o que Sunkyu pede.
Henry retira as mãos dos meus ombros e duas mãozinha pequenas seguram minhas mãos, me guiando para dentro de minha casa. A luz parece estar apagada, ou pode ser impressão minha. E a sensação de que estou sendo observado chega a me incomodar. As crianças soltam minhas mãos, mas não abro os olhos, esperando que elas digam algo.
Uma bela melodia preenche a casa de repente e minhas sobrancelhas se unem. Não consigo entender que surpresa é essa que Sunkyu diz ter. E minha confusão só se torna maior quando ouço a voz melodiosa de Sungmin começar a cantar.
“Dizer que te amo é o que desejo fazer durante todos os dias da minha vida. Você casaria comigo? Quero te amar, te proteger e viver com você.”
Por algum motivo ouvir esses trechos na voz dele, faz meu coração falhar uma batida e ficar descontrolado. Uma parte de mim parece se inteirar do que está acontecendo, mas outra crê que não é possível. Meus olhos continuam fechados enquanto penso se Kangin tem mesmo algo haver com tudo isso, como começo a pensar. A próxima voz a chegar aos meus ouvidos é a de Ryeowook acompanhada de Yesung, que continuam a canção.
“Quero te envolver em meus braços sempre que você adormecer. Você casaria comigo? Tendo meu coração como prova, você aceitaria? “
A frase faz eu sorrir ao pensar que coincidentemente a minutos atrás meu maior desejo era adormecer nos braços de Kangin assim que chegasse em casa. A próxima voz que ouço é a de Donghae junto da de Hyukjae.
“Para estar com você por toda a nossa vida, eu aceito. Te amar, eu aceito. Nos momentos de intenso frio e fortes chuvas, estarei lá para te proteger, eu aceito. Me deixa ser o único para te proteger, meu amor”
Sinto ganas de chorar sem um motivo aparente. Durante toda a musica na voz dos nossos amigos embaladas pela linda melodia ao fundo, penso em todos os meus momentos com Kangin, desde o dia que o vi pela primeira vez.
Em seguida, ao ouvir a voz de Heechul e Siwon cantarem em uníssono, não consigo mais ficar com os olhos fechados. E coincidentemente as primeiras pessoas que vejo são os dois aparecendo na tela de um notebook.
“Mesmo que nos tornemos mais velhos, nós sorriremos e continuaremos vivendo. Você casaria comigo? Você estaria disposto a viver o resto da sua vida comigo?”
Minha visão fica embaçada de imediato quando todas as minhas suspeitas se confirmam.
Na sala de estar da minha casa, estão todos os nossos amigos, com exceção de Kyuhyun. Todos eles com contagiantes sorrisos alternando na letra da música, como se tivessem ensaiado durante muito tempo. Há também vário balões vermelhos em forma de coração e uma faixa na parece mais visível, onde um pedido para que eu me case está escrito. Além dos enfeites, a sala está iluminada apenas por três abajurs, o que deixa o ambiente mais.. romantico?
Zhoumi e Henry continuam a música, cantando juntos.
“Não importa o quão cansados possamos estar, eu aceito. Eu sempre vou estar lá, eu aceito. Os dias em que curtiremos juntos, eu aceito. Todos os dias meu coração permanecerá agradecido, meu amor.”
Henry pisca pra mim assim que termina e olho pra ele cheio de felicidade, entendendo o motivo do seu repentino pedido para irmos ao shopping especialmente hoje. Parece que tudo isso já estava combinado a tempos. Meus olhos buscam Kangin no meio dos outros, mas minha atenção é voltada para Sunkyu e Jeno que seguem a letra da música, me estendendo uma caixinha de veludo aberta, onde um anel de ouro está guardado.
“Eu havia preparado isto para você há tanto tempo. Por favor, aceite este anel brilhante em minhas mãos. Apenas como o dia de hoje, lembre-se desta promessa que estamos firmando agora. Você casaria comigo?”
Pego a caixinha retirando o anel e não consigo mais segurar minhas lágrimas, que rolam então por minhas bochechas. Eu, ainda não estou acreditando que isso está mesmo acontecendo. Que Kangin realmente planejou algo tão lindo assim e recebeu a ajuda de todos. Então algo de repente me vem à mente: hoje é nosso aniversário de um ano, não é?
Não tenho muito tempo para pensar nisso, pois a próxima voz que ouço é a de Kangin. Levanto o olhar, encontrando meu amado saindo de detrás dos outros, vestindo um terno branco e tendo uma única rosa vermelha nas mãos.
Fico boquiaberto fixado nele a cada passo que ele dá, encurtando nossa distância.
“A única coisa que posso te dar é amor. Outra coisa além disso é insignificante. Mesmo que existam momentos em que eu me mostre inexperiente. Protegerei o amor entre nós, eu e você. Vamos fazer uma promessa, não importa o que aconteça nós permaneceremos apaixonados. Isso é o que importa...” Faz uma pausa, finalmente perto de mim, e me estende a rosa. “Você casaria comigo? “– termina a canção em uma nota mais longa.
A melodia então para e um silencio se instala na sala. Olho para Kangin sem saber o que dizer. Não que eu esteja oscilante com a resposta óbvia que tenho que dar, mas porque tudo é tão lindo que não sei realmente o que dizer.
Kangin sorri timidamente e pega o anel de minha mão se ajoelhando em minhas frente. Soluço um pouco, pensando na sorte que tenho de ter um namorado tão romântico. Como não amar um homem assim?
― Park Jung Soo, assim como a maioria dos homens, eu não sou muito bom com essas coisas. Não sei exatamente o que dizer pra fazer as covinhas que tanto amo ganharem vida em seu rosto. A única coisa que tenho certeza é que foi com você que aprendi verdadeiramente sobre amor... Você foi paciente quando eu estava cego e não enxergava que o homem que eu amava estava do meu lado durante todo o tempo. – seus olhos estão marejados enquanto fala.
― Young Woon...- sussurro seu nome, incapaz de dizer algo mais.
Kangin segura uma de minhas mãos entre as suas, sem tirar os olhos dos meus. Ele beija as costas de minha mão, antes de continuar.
― Eu sinto que ainda tenho muito o que aprender... Por isso quero passar o resto dos meus dias com você e te amar sempre um pouco mais de maneira incondicional Teuk... Você, aceita se casar comigo? – pergunta com os olhos brilhando.
Meu coração dispara mais do que poderia imaginar. Kangin é tão perfeito por dizer tudo isso, por se lembrar do dia de hoje quando eu nem me toquei de nada. Por simplesmente existir e me fazer o homem mais feliz do mundo. Desde quando o vi pela primeira vez, soube que com ele eu poderia estar completo.
― Claro que sim. Eu aceito. – minha voz sai tremula e com a mão livre elimino os rastros de minhas lágrimas.
Kangin sorri amplamente e faço o mesmo quando ele coloca o anel em meu dedo anelar, com todo o cuidado. Assim que termina ele beija minha mão uma vez mais e fica de pé. Trocamos juras de amor em apenas um olhar. Kangin toma meu rosto entre suas mãos e cola nossos lábios. O ato não passa de um selar no qual nossos lábios molhados pelas lágrimas se unem firmemente. Porém, é como se estivéssemos compactuando nossas promessas.
― Tenho mais uma surpresa pra você, meu amor. – sussurra contra meus lábios se afastando.
Observo o maior ir até nossos amigos e fico só a esperar o que ele vai me dar. Ele conversa com alguém que devido a pouca luminosidade não consigo identificar bem. Mas quando vejo Kangin segurar a mão de uma criança e caminhar em minha direção, tudo faz sentido. Mais uma vez me encontro boquiaberto não acreditando no que meus olhos veem.
A garotinha parece aparentar no máximo três anos. Seu rostinho delicado é emoldurado por seu cabelo negro na altura dos ombros e uma franjinha que só a faz ficar mais fofa. E como nos meus sonhos algo nela me lembra Kangin.
Antes que eu me dê conta estou chorando de novo, com direito a soluços.
Quando Kangin está perto o suficiente, a garotinha se esconde atrás de suas pernas. Ele acaricia o cabelo dela e me olha tão emocionado quanto eu. E pela visão periférica noto que ele não é o único.
― Shin Hye, cumprimente sua nova omma. – diz amavelmente.
Shin Hye levanta o rosto, me olhando de maneira curiosa. Ainda chorando, estendo meus braços para ela, e para minha surpresa e felicidade ela deixa de se esconder e caminha hesitante até mim.
Me ajoelho no chão, puxando Shin Hye para meus braços e abraçando-a. Aperto a garotinha forte, só pra ter certeza de que ela é real e que é agora o maior motivo de felicidade meu e de Kangin.
― Omma? – sussurra ainda hesitante e choro um pouco mais, sentindo meu coração falhar uma batida de tanta felicidade.
― Minha filha. – sussurro no mesmo tom.
Acaricio com carinho os fios negros e sedosos de minha filha. Levanto o olhar ao sentir braços se unirem aos meus abraçando Shin Hye e a mim ao mesmo tempo, encontrando os olhos de Kangin cheios de felicidade e chorando assim como eu.
― Eu te amo muito, muito, muito. – sibilo por entre meus soluços.
― Eu te amo mais futuro esposo. Amo você e nossa filha... Nossa família. – Kangin diz, acariciando meus ombros e selando meus lábios rapidamente.
― Nossa família. – repito, deixando um beijo no topo da cabeça de Shin Hye.
Nossos amigos finalmente deixam de ficar em silencio e começam a gritar em comemoração. Tudo vira uma festa, e como Henry disse o dia fica marcado pelo presente mais especial que já ganhei em minha vida.
Minha filha... Minha Shin Hye... Minha e de Kangin... Nossa família.
Sungmin Pov on
Nas duas últimas semanas minha vida ganhou uma certa rotina. O café está completamente a cargo de Yesung e tanto eu quanto Ryeowook só recebemos os lucros. Donghae começou a passar as tardes comigo, deixando Hyukjae encarregado da escola de dança. A verdade é que alternamos nosso tempo em dormir e cuidar de Minhyun, já que Sunkyu começou a frequentar a escola a pouco tempo, junto de Jeno. Tem vezes que vamos as compras, ou passamos a tarde assistindo algum drama na televisão. E ainda há aquelas vezes que alternamos em ir à casa de Ryeowook, Heechul e Leeteuk. Todos eles que sempre estão muito ocupados com suas crianças.
Quanto a Kyuhyun, começamos a nos encontrar com mais cuidado, apenas nos últimos fins de semana, no apartamento dele de preferência. Acho que ele está exagerando um pouco com isso de que ninguém pode nos descobrir, já que com a conversa que tive com o pai dele, acredito que toda essa história ainda pode mudar.
Com um arrastar de passos desanimado, saio do banheiro, ainda sentindo um gosto ruim na boca, por ter colocado todo o almoço pra fora. Passo rapidamente pelo quarto de Minhyun, me certificando que meu filho está dormindo. Sigo então em direção a cozinha, a fim de comer algo pra tirar esse gosto da boca. Porém, interrompo meus passos ao ver Donghae parado em frente a porta de entrada que está fechada, segurando um pequeno envelope, ou algo parecido nas mãos.
― O que é isso? – indago curioso.
Donghae se vira pra mim assustado e esconde o tal envelope atrás das costas. Logicamente percebo o quão suspeita é sua atitude e minha curiosidade em saber o conteúdo existente ali só aumenta.
― O correio entregou errado. – força uma risada.
― Lee Donghae, o que é isso? – pergunto mais uma vez, ficando completamente sério.
Donghae morde o lábio, como se estivesse em dúvida se me entrega ou não o envelope. Por fim ele suspira se dando por vencido e com lentidão me estende o papel em um tom azul claro. Antes de pegar, sei que se trata de um convite.
― Não seja bobo Hae. O que pode ter de tão ruim em um convite? – rio da expressão de temor em seu rosto, revirando os olhos e deixando o convite ao alcance dos meus olhos.
Ele está endereçado para mim e realmente não tenho ideia do que é, até abrir o envelope. Logo na primeira linha quando leio os nomes dos pais de Kyuhyun dizendo que estão convidando para o casamento do seu filho mais novo, não consigo continuar.
Sei que isso ia acontecer, mas não sabia que doeria tanto. Minhas mãos tremulas deixam o convite cair no chão e sinto uma repentina falta de ar. Acredito que meu atual estado só faz com que eu reaja mais intensamente as minhas emoções.
Mas, não entendo, eu conversei com o pai dele....Meu Deus, como eu fui ingênuo!
Não consigo raciocinar direito, só sinto os braços de Donghae rodearem minha cintura e uma de suas mãos passarem por minhas bochechas.
― Sungmin não chore. Por favor, você disse que ia confiar nele. – pede angustiado.
― Eu sei...mas ainda assim...dói. – sussurro a última palavra me agarrando a meu amigo e deixando minhas lágrimas fluírem.
Kyuhyun, isso parece como um beco sem saída. Você realmente tem um plano pro nosso amor?
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