O rapaz encarou brevemente a mulher com seus olhos escuros, antes de pular, sentiu um tipo de dor crescente no meio do peito, como se aquelas águas fizessem parte de seu corpo e estivessem o dominando antes mesmo de pular.
Os gritos da sua mãe não era algo fácil de se ignorar, mesmo parecendo ilógico e irracional, mesmo sabendo que poderia ser uma armadilha, ele mergulhou nas margens do lago, a água quente tocava cada parte de seu corpo até que o mesmo se encontrasse submerso, nesse momento a visão borrada começou a ficar cada vez mais nítida, mostrando um local completamente diferente.
Aquele lugar era longe de qualquer outro, passou muito pouco tempo lá, mas mesmo assim ele o reconheceu.
Em uma pequena taverna nas fronteiras do Sul que volta e meia era palco para brigas e confrontos, uma mulher de cabelos pretos andava com algumas cervejas de um lado para o outro servindo os clientes com um sorriso amável no rosto, escondido entre seu avental e vestido pomposo, uma barriga sobressalente crescia a cada dia com um garoto dentro, esse garoto era ninguém menos que Orochi.
Ella era uma mulher muito inteligente, sua aparência apesar de comum, sempre se destacava por sua personalidade alegre. Ela levava alguns copos vazios até o balcão quando o dono, um homem carrancudo e velho, lhe entregou um papel escrito:
"Me encontre lá fora" - Em uma caligrafia perfeita.
Sem hesitar e com um uma expressão irritada, a mulher abriu as portas maleáveis com tamanha força que o estrondo chamou a atenção de todos de dentro. Do lado de fora, ao lado de um corcel jovem e enxuto estava Nando Moura. Seu rosto jovial lhe dava um ar inofensivo, assim como suas roupas estranhamente casuais que não faziam jus a fama que ganharia em poucos anos.
-O que você quer? Já falei para não vir mais aqui - Resmungou cruzando os braços sujos.
-Eu não vou deixar você criar meu filho numa espelunca como essa - Sem pensar duas vezes, tirou seu braço de baixo do casado de pele e puxou o de Ella com força a arrastando até seu cavalo - Vamos para casa...
-Eu prefiro que me mate a deixar ele crescer e se tornar como você!
Os dois se olharam por alguns segundos.
-Se você quer viver e morrer como uma miserável, ótimo, mas não leve o meu filho com você...
Aos poucos o ladino sentiu seus pulmões ficando sem ar, até que emergiu nas margens em um susto.
-Isso foi...interessante - Louie que ainda permanecia em cima da grande árvore observava o rapaz assustado.
-Que merda foi aquela? Como você fez isso? - Perguntou violentamente, correndo o mais rápido possível até a margem, suas roupas molhadas pingavam conforme pisava no chão.
-Meu dever é fazer as pessoas verem o que me elas precisam ver - Agora de pé, a Oráculo andava sobre os grossos galhos da árvore, com as duas mãos atrás das costas, parecia estar pensando em algo importante.
-Eu...ele...-O rapaz passou a mão no cabelo ansioso, tudo aquilo poderia ser fruto de alguma mágica maluca, mas a sensação que transpassava era realmente verídica -Minha mãe disse que meu pai morreu.
-Talvez o homem pelo qual ela se apaixonou realmente morreu -Comentou levantando uma sobrancelha - Isso não importa agora, o que importa é : O que você vai fazer com essa informação?
-E eu lá vou saber? - Resmungou, após olhar brevemente para a porta lembrou-se de Karen, porém apenas deixou a ideia para lá, resolver essa alucinação era de maior prioridade para ele agora- Se eu realmente sou filho dele, então quer dizer que o Leo mentiu?
-Leo Otaku, certo? - A garota coçou o queixo - Será que ele sabia que você era o herdeiro?
-Provavelmente, aquele merdinha...-O rapaz começou a andar em círculos -...se eu provar que ele mentiu, talvez consiga me vingar...os exilados não são as pessoas mais compreensivas do mundo então a garantia de que ele vai se foder muito é algo certo.
-É possível...mas de qual lado você vai ficar?
-Como assim? - Pela primeira vez parou de andar e focou seu olhar na garota.
-Seu destino é...bem como eu posso explicar? incerto! - Afirmou levantando um dedo para cima - Você tem um sangue muito antigo correndo pelas suas veias, não somos nossos pais, mas geralmente acabamos seguindo os mesmos caminhos...chega a ser inevitável.
-Eu não sou como a porra do Nando Moura, aquele merda é um psicopata maluco! -Revoltado deu alguns passos pesados para frente - Eu sei que não sou a pessoa mais "certa" do mundo, mas qual é? Você realmente está me comparando com ele?
Por alguns segundos a garota se calou, se reparasse bem, sua expressão estava deprimida, seus olhos brilharam em um azul fraco por alguns segundos.
-Você deveria ter ajudado sua amiga Orochi, ela vai morrer por sua culpa - Comentou desaparecendo na frente do rapaz.
-O que?
Um estrondo fez a porta se abrir, revelando diversos guardas. Todos armados com lanças prateadas e escudos dourados, suas armaduras tão polidas e brilhantes que mesmo com a precária iluminação da sala, reluziam vez ou outra.
-Pare ai mesmo! Você está preso em nome da rainha Boca Rosa.
-Puta que pariu....
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