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História Garoto conhece o mundo - Capítulo 07 - História escrita por cookiecomleite - Spirit Fanfics e Histórias
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História Garoto conhece o mundo - Capítulo 07


Escrita por: cookiecomleite
e XO-ENHYPEN

Notas do Autor


Para contextualizar: a história no ano atual (2020) se passa toda na província de Gyeonggi. Apenas os irmãos Heekuna saíram da cidade de Namyangju e foram para a cidade de Uiwang, onde o Jungwon mora.

Obs: ttangkong quer dizer amendoim.

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Capítulo 8 - Capítulo 07


Fanfic / Fanfiction Garoto conhece o mundo - Capítulo 07

Garoto conhece o mundo

Capítulo sete

 

Eu amo meu irmão, porque enquanto seus amigos saíam pra curtir, ele me cobria todas as noites e mandava os monstros embora.

— Lee Kuna.⠀

 

Gyeonggi, 2020

Xiao Lee Kuna era uma boa garota, apenas tinha um temperamento forte e um espírito travesso. Ainda pequena, se mostrava ser uma criança de coração puro e energia de sobra. Era muito gentil com os tutores e nunca ousava enfrentá-los. Não era mansa ou quietinha, mas certamente era respeitosa e demonstrava seu lado mais carinhoso com quem quer que tentasse se aproximar dela. Como uma criança estrangeira, não conhecia o idioma local tão bem ainda e costumava conversar em mandarim sozinha e poucas palavras em coreano com as pessoas, mesmo com o sotaque dificultando que pudessem entendê-la perfeitamente.

Xiao Kuna era a caçula do Orfanato Gwangseon, o que não a impedia de ser a mais pestinha dali. Apesar de aparentar ser inofensiva (tanto pela baixa estatura quanto pelas bochechas gordinhas), ela era a criança que mais pregava peças com seus sustos e sua mania incansável de esconder as coisas. Nem os casais que visitavam o instituto passavam despercebidos. A miúda adorava fazer pegadinhas e cair na gargalhada com suas próprias artimanhas. E ela só tinha cinco anos. Mas nada daquelas brincadeiras faziam mal a alguém. Pelo contrário, tornava o dia das pessoas mais divertido e alegre. Kuna gostava de fazer todo mundo sorrir e isso era umas das coisas que os tutores mais apreciavam na pequenina.

E foi com uma de suas peças que ela conheceu a sua futura mãe adotiva.

Lee Seohyung era uma ótima professora, uma boa esposa e uma mãe querida. Se sentia bem em poder ajudar as crianças nas aulas e trabalhos voluntários que fazia. Sua presença iluminava qualquer ambiente. Mas ela não esperava que uma criança lhe traria tanto conforto como Kuna trouxe em sua primeira visita ao orfanato mais conhecido da província de Gyeonggi,  em 2008. Desde o primeiro contato com a pequena, a mulher sabia que ela havia roubado o seu coração.

Era loucura querer adotar uma criança estrangeira sem nenhum planejamento? Com toda certeza era. Mas Seohyung era uma pessoa teimosa e quando decidia uma coisa, não havia nada que pudesse fazê-la mudar de ideia. Entretanto, claro que a adoção não foi fácil. Tinha que convencer o seu marido, Lee Jihyuk, também. Nos primeiros meses, durante todo o processo, foi uma tarefa complicada. Seu marido não queria mais uma boca para alimentar, já tendo um filho de dez anos em casa. O preconceito com seu país de origem também era um empecilho. Ainda bem que seu primogênito queria uma irmãzinha, apesar de tudo.

Lee Heeseung nunca havia falado com a chinesa pessoalmente, mas sua mãe fez de tudo para que eles tivessem algum contato. E quem diria que as crianças se dariam tão bem por telefone, com apenas um livro de mandarim gasto da biblioteca que o garoto caçou? Heeseung e Kuna já eram melhores amigos, mesmo com a grande diferença de idade e idioma. No fim das contas, ambos conseguiram a aprovação de Jihyuk e a pequena Xiao Kuna se tornou oficialmente uma Lee. Mas quem imaginaria que a família sofreria uma queda como consequência disso?

Desde o início, Lee Jihyuk não concordava com a adoção da menina. Isso não mudou após recebê-la em sua casa. Os primeiros sinais começaram quando ele se recusou a manter o nome de batismo de Kuna. Seu nome logo foi alterado legalmente para Lee Kyura. Sua esposa apoiou a decisão do marido, com o pensamento de que ela deveria se tornar uma verdadeira Lee e acima de tudo, uma coreana. Heeseung nunca apoiou isso. Desde que conheceu a mais nova, em todos os meses que mantiveram contato (embolando a comunicação entre mandarim e coreano), ela era Xiao Kuna e nada mais. Sua rebeldia também veio como consequência disso, passando a chamar a irmã adotiva de Xiao Lee Kuna, mesmo sendo repreendido pelos pais. Enquanto Kuna, ou melhor, Kyura, andava por aquela estrada completamente conturbada e confusa, não entendendo ao certo quem ela era e quem deveria ser agora.

Conforme os anos foram se passando, Seohyung tentava se equilibrar na escola onde trabalhava e na casa que também tinha que cuidar, se esforçando para continuar sendo a mesma ótima professora, a mesma boa esposa e a mesma mãe querida de, agora, dois filhos. Mas tudo estava indo de mal a pior, pois Jihyuk insistia em rejeitar a sua filha adotiva e as brigas que o casal tinha por causa disso, junto de Heeseung, só aumentavam. E quando a empresa pela qual o pai pertencia lhe demitiu por corte de gastos, o homem passou a mostrar sua verdadeira face para toda a família. Não só Kuna, mas Heeseung e Seohyung se tornaram seus alvos para descontar toda a sua frustração, passando a beber mais do que já bebia e se tornando uma pessoa agressiva e repulsiva.

Em meio ao álcool e a amargura, Jihyuk começou a agredir sua esposa por qualquer negação ou hesitação da mulher. Heeseung, já pelos doze anos, era quem tentava defender sua mãe e a irmã pequena dos berros, ameaças e tapas proferidos do seu progenitor, e no fim, também acabava machucado. A casa dos Lee já não era mais a mesma há muitos anos. Aquela família estava quebrada. E não foi por Xiao Kuna passar por aquela porta, mas por Lee Jihyuk sempre ter sido um troglodita vestindo um terno e se fazendo de bom moço.

Xiao Lee Kuna era uma boa garota, apenas tinha um temperamento forte e um espírito travesso. Foi por isso que sua mente criativa e brincalhona fez com que suas mãozinhas pequenas escondessem as garrafas de soju embaixo da sua cama, enquanto o pai dormia no sofá da sala e a mãe se trancava no quarto. Ela só queria dar uma lição nele, por machucar seu irmão e sua mãe.

Mas foi naquele fatídico dia que a família Lee passou a ser composta somente por Lee Heeseung e Xiao Lee Kuna.

— Kuna, ainda está acordada?

Os olhos da menina logo se abriram, tendo a visão da silhueta do irmão na batente da porta. Era madrugada, mas por alguma razão ela ainda estava deitada na cama, pensando nos últimos dias na escola nova e no amigo que havia acabado de fazer.

Era 2020, mas algumas vezes a dor daquela época voltava para assombrar a adolescente. E secretamente, Lee Heeseung também se sentia assim às vezes. Eles ainda estavam fugindo de tudo, afinal.

— Estava pensando em alguém — ela respondeu meio rouca. Estava há um bom tempo sem abrir a boca, a voz quase não saiu. — Fiz um amigo.

— Mesmo? — Heeseung pareceu surpreso, mas também aliviado com aquela notícia. Logo tratou de adentrar o quarto escuro, se sentando na beirada da cama e acendendo o abajur para ver o rosto da irmã. — E ele é legal? É uma boa pessoa?

Kuna riu fraco com aquelas perguntas tão cafonas. Seu irmão era tão protetor e tão ansioso, literalmente igual a uma mãe tradicional. E isso não deixava de ser verdade. Ele a criou muito bem, sacrificando boa parte da sua juventude para sustentar os dois e bancar os seus estudos. Sempre seria grata pelo o que Heeseung fez por ela. Amava seu irmão mais do que tudo na vida.

Muito legal, na verdade — ela apoiou o cotovelo na cama, fitando a carinha de sono do mais velho. — A gente não se parece em nada, mas, sei lá, meio que nos demos bem no final… Ele se parece um pouco com você, oppa. Meio intrometido e maria-mole, mas tem bom coração.

— Isso era pra me ofender? — ele fez cara de tédio. Kuna riu e ele acabou acompanhando. — Mas o que aconteceu pra vocês virarem amigos? Porque da última vez que nos falamos, a escola toda tava sendo estúpida com você.

— Ah, longa história! — ela deu de ombros, fingindo não dar tanta importância para toda a aventura que teve com o recente amigo. — Mas ele foi muito legal comigo. O único que foi. E agora viramos amigos de curativo.

— “Amigos de curativo”? — o Lee franziu o cenho, achando o nome mais esquisito do mundo.

— É! Se liga só nisso — fez questão de mostrar o mindinho coberto pelo band-aid cor-de-rosa de gatinhos, toda sorridente. — A gente acabou se machucando na aula de química essa semana e por coincidência foi no mesmo dedo! Aí agora somos amigos de curativo.

Heeseung sorriu pequeno, admirando a irmã contando toda empolgada, como o irmão babão que ele era. Mesmo com a baixa claridade, ele viu a forma como os olhos dela brilharam ao falar do amigo.

— Como ele se chama, maninha?

— Yang Jungwon, por quê?

— Nada, só pra saber mesmo — sorriu de canto. — Afinal, é seu primeiro amigo aqui em Uiwang, né?

Kuna abriu outro sorriso adoravelmente doce. Estava mesmo feliz por ter feito um amigo, ainda mais por se tratar do representante de turma. A presença certinha e dócil do garoto a deixava com um estranho sentimento de estar em casa. Talvez o seu jeito fosse familiar? Jungwon era especial de uma forma que Kuna ainda não conhecia, mas tinha muita vontade de conhecer por conta própria. Não era por nada que estava acordada até tarde pensando em suas madeixas negras e seus óculos fofos.

— Convide-o para cá um dia. Quero conhecê-lo.

— Eu até posso chamá-lo, mas tem que sumir com aquele avental de coraçõezinhos brega! — Heeseung a encarou, indignado.

— Mas eu gosto daquele avental!

— Você tem que parar de receber meus amigos com aquilo! É vergonhoso!

— Você adorava aquele avental quando era criança!

— Mas eu cresci agora! — sentou na cama, já ficando estressada. — Jungwon não pode saber que eu tenho uma mãe orelhuda igual você!

— Olha só, da próxima vez eu vou deixar você madrugando e vou te acordar cinco horas da manhã com um balde de água fria.

— Oppa! — protestou, dando um empurrão no irmão. — Sai, eu quero dormir!

— Maravilha, era esse o meu plano inicial — deu um sorriso quadrado, se levantando e ameaçando ir embora. — Mas falando sério, Kuna, quando quiser trazer ele aqui, vai ser muito bem-vindo. Se eu for com a cara dele.

— Sai daqui! — Kuna arremessou sua pelúcia de morcego nele, que se esquivou com a maior facilidade. Ele gargalhou, o que acabou com a raiva da irmã em segundos e ela começou a rir também. — Boa noite, Hee.

— Boa noite, Ttangkong.

Quando a porta se fechou, Kuna se levantou para buscar a pelúcia jogada no chão e voltou para a cama rapidamente. Ao tocar na tela do celular sobre a cômoda, apenas para checar as horas, fitou seu papel de parede onde ela e seu irmão posavam no espelho de uma loja, ambos usando bonés coloridos e óculos escuros extravagantes.

Mesmo depois de uma infância problemática, Heeseung fez de tudo para continuar fazendo ela sorrir, da mesma forma que ela fazia no orfanato em que morava quando era mais nova. Eles não eram irmãos de sangue, nem mesmo compartilhavam a mesma nacionalidade. Ainda assim, Kuna se sentia finalmente em casa com ele. Sem Jihyuk e Seohyung no caminho, seu irmão podia finalmente focar em seu sonho de se tornar um desenvolvedor de jogos. E ela, se tudo desse certo, poderia enfim conseguir encontrar a sua própria vocação.

Um bocejo escapou dos seus lábios e agora ela estava pronta para dormir. Falar sobre Jungwon com Heeseung acabou ajudando. Ela precisava contar para alguém sobre ele para tirá-lo da cabeça. De certo modo, funcionou um pouquinho. Só um pouquinho.


Notas Finais


Finalmente toda a história da Kuna veio à tona (Ou quase toda rsrs).


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