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História Gênio Infame, Dama Mordaz - Boca Atrevida - História escrita por HunterPriRosen - Spirit Fanfics e Histórias
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História Gênio Infame, Dama Mordaz - Boca Atrevida


Escrita por: HunterPriRosen

Notas do Autor


No qual nosso herói e nossa heroína debatem sobre beijos e exceções

Capítulo 24 - Boca Atrevida


Na primeira vez que lustrei as molduras dos autorretratos de Howard Stark pela sua mansão, tive que resistir ao ímpeto de revirar os olhos e confesso que empreguei uma força bruta extra ao trabalho de esfregar as bordas.

Não fui muito zelosa, admito.

Entretanto, hoje... Hoje tem alguma coisa diferente no ar. O sorrisinho nos lábios do homem retratado não me irrita nenhum pouco, tampouco o acho ridículo como costumava me parecer. Hoje, eu até gosto de observar cada traço, pois aquece meu coração de um jeito muito bom e chego a me divertir com a nuance presunçosa que estica um dos cantos de sua boca. Hoje, reconheço que há certo charme nesse sorriso e tenho que resistir a um novo ímpeto: o de passar a ponta dos meus dedos pela boca atrevida do modelo em questão.

— Boca atrevida... — murmuro baixinho, interrompendo o trabalho e sendo levada para as lembranças de ontem na biblioteca.

Howard Stark tem uma boca muito atrevida. Pecaminosamente habilidosa. E o beijo mais doce do mundo.

Não que eu tenha beijado muitos homens antes dele. Foi somente um, aliás. Ainda assim, tenho certeza que não existe beijo mais perfeito.

É estranho pensar que, até pouco tempo, eu não dava nada pelo patife. De um jeito que eu não podia imaginar, o mundo deu voltas e as coisas mudaram por completo. Meu olhar mudou. E o meu coração, sem dúvida, foi o que mudou ainda mais.

Depois que acertamos nossos ponteiros ontem, depois que eu finalmente entendi que não sou uma qualquer para Howard e o beijei naquela bendita poltrona, ele retribuiu de maneira desconcertante. Howard me beijou de volta com um ardor doce ainda mais forte do que das outras vezes. E, mais uma vez, me perdi nos seus lábios. E no seu corpo depois porque... Bom, não deu para resistir.

Foi intenso. Maravilhoso. Especial mais uma vez.

É assustador, mas eu não acho que seja possível viver sem os beijos dele agora. Sem os abraços. Sem ele por inteiro.

— Bom dia, raio de sol!

Mergulhada nessas reflexões, tenho um sobressalto nada elegante e grito alarmada quando a voz do patife irrompe pelo escritório. O quadro que eu lustrava — antes de me distrair, é claro — escapa das minhas mãos, caindo com um baque estrondoso sobre a mesa de cerejeira diante de mim.

— Argh! — praguejo, recompondo-me o mais rápido que consigo. — Deus do céu! Custava fazer algum barulhinho antes de entrar?

Howard sorri com diversão, apoia o corpo de lado na porta e cruza os braços com uma graciosidade preguiçosa.

— Eu te chamei três vezes, mulher.

— Chamou?  — De súbito, fico sem graça. — Eu não... Eu não ouvi.

— Deu para perceber. No que estava pensando tanto, Maria? — Howard arqueia as sobrancelhas de leve, como se soubesse muito bem a resposta ou, ao menos, tivesse uma boa ideia do que rondava minha cabeça. — Pela sua cara, só podia ser coisa boa.

Engulo em seco, sentindo que meu rosto começa a ficar quente. Muito quente. Meu coração traidor dispara, bombeando mais sangue para as bochechas já em chamas.

Um sorrisinho masculino de pura satisfação se desenha nos lábios de Howard e, de repente, ele está caminhando até mim. Fico tensa no mesmo instante. E cheia de expectativa ao mesmo tempo. Eu sei, altamente ilógico.

— Pelo visto, acertei o palpite. Você fica mais linda assim, sabia?

Dou risada sem o menor humor e debocho de mim mesma:

— Ruborizada feito uma idiota?

Howard apoia as mãos na mesa e se inclina na minha direção de um jeito perigoso. Quando se manifesta de novo, a voz é puro veludo:

— Feito uma ninfa sedutora.

Lanço um sorriso sardônico a ele e me inclino para a frente também, sentindo-me mais corajosa diante da cantada um tanto brega.

— Não comece.

Howard se inclina mais um pouco, o hálito suave sapecando meu rosto e me deixando levemente inebriada. Maldição...

— Começar com o quê? — questiona com a voz baixa.

Não sei de onde tiro foco para responder, mas o faço alguns segundos depois:

— Com isso, oras! Esse joguinho meloso só para me deixar nua no final!

Tão logo as palavras ganham forma, arregalo os olhos ao me dar conta do que falei. Tento devolvê-las ao lugar de origem, tampando a boca com as duas mãos e recuando um pequeno passo.

Cada parte de mim sabe que é tarde demais. Howard ouviu muito bem, está estampado na cara dele. Pelo visto, gostou de provocar o meu descontrole e adorou o que ouviu.

E porque é ele, não perde a oportunidade de colocar mais lenha na fogueira, redarguindo de um jeito sonso:

— Sua cabecinha está cheia de maldades, Carbonell. Eu só pretendia te dar um inocente beijo de bom dia.

Felizmente, isso funciona como um combustível para que eu me recomponha de imediato e responda à altura com um olhar estreito:

— Nada que venha de você é inocente, querido.

Howard sorri de canto, com ar de derrota, e ergue o indicador no curto espaço entre nós.

— Touché.

E assim eu me sinto relaxada e mais confiante. O bastante para tomar uma decisão e, afinal, estalar um beijo rápido nos lábios dele por sobre a mesa. Meu coração dispara mais um pouquinho.

— Satisfeito?

Feliz, pego a flanela, o quadro e retomo a tarefa de lustrar a moldura.

Imaginando que Howard fosse deixar o escritório depois disso, estranho quando ele dá a volta na mesa e encosta o ombro no meu. Volto a ficar tensa quando sinto a respiração dele no pé do meu ouvido.

— Quase. Talvez... eu não queira mesmo um beijo tão inocente.

Suas palavras penetram minha pele como pequenas fagulhas e incitam um fogo que eu venho tentando conter desde que Howard colocou os pés aqui. Tenho que fazer um esforço considerável para não me entregar às chamas, pois temo que elas me levem ao mesmo lugar de ontem. Aos seus braços.

— Não me entenda mal, mas eu estou em expediente de trabalho agora, Sr. Stark. Não acho prudente misturarmos as coisas. O pessoal com o profissional, sabe? — digo do jeito mais diplomático e firme que consigo.

Por um momento, ele não diz nada e eu quase compreendo isso como um bom sinal, como concordância. Mas então... Howard se aproxima ainda mais, deixando-me desnorteada com a sua presença marcante.

Por instinto, fecho os olhos enquanto ele sussurra palavras quentes bem perto da minha orelha, os lábios resvalando na minha pele vez ou outra:

— Você não se importou com isso ontem. Se me lembro bem, nós misturamos muito as coisas na biblioteca. Na poltrona, no chão atapetado, entre as estantes, contra as estantes...

Sinto meu rosto arder com tais menções. Na verdade, é um mistério como eu ainda não entrei em combustão espontânea. Lembro bem de como nos misturamos. De estar em cima de Howard, rendida por sua boca, embaixo dele e até de joelhos na sua frente.

Digamos que, no calor do momento, me pareceu uma ótima ideia retribuir o mais íntimo dos beijos que ele me deu.

Howard, é claro, gostou muito da sugestão e me ensinou o caminho das pedras. E eu me senti um tipo de deusa muito poderosa por tê-lo deixado num estado tão desnorteado de prazer.

Ao que parece, também tenho uma boca atrevida afinal.

Meu rosto esquenta ainda mais ao lembrar disso. Fazendo um novo esforço, consigo afastar tais pensamentos e reencontrar minha própria voz:

— Não precisa me lembrar, patife. Eu sei muito bem o que fizemos.

Abro os olhos e dou um passo para o lado por medida de segurança. Quase fraquejo e volto para o mesmo lugar ao ver a boca de Howard tão perto, porém consigo desviar o olhar e assim evito cair em tentação no último instante.

Endireito a postura e lustro a moldura como se minha vida dependesse disso. Ignoro o tremor inconveniente que estremece meus dedos — e o quadro, por consequência —, ao mesmo tempo em que argumento:

— Acontece que ontem foi diferente. Uma exceção, por assim dizer.

Howard ri baixinho e logo encontra uma falha no meu discurso.

— Assim como aqueles beijos no meu laboratório? Ou antes, quando você decidiu experimentar meus lábios de mel enquanto eu dormia na biblioteca?

Não posso negar, ele tem ótimos argumentos.

— Muito bem. — Jogo a flanela sobre a mesa e abandono o quadro, virando-me para encarar o homem de carne e osso. — Nós tivemos algumas exceções, admito. Mas o ponto é que não podemos continuar nos agarrando pela sua casa assim.

A tentação em pessoa segura uma das minhas mãos e a leva para junto do seu peito. Minha respiração falha ao sentir o calor febril misturado ao coração acelerado sob a camisa dele.

— Por que não? Soa tão divertido, raio de sol. — Ele estreita o olhar, avaliativo. — Por que está tentando me afastar, Maria? Está arrependida? Brincando comigo?

— Não! — nego sem pestanejar, elevando um pouco a voz. Então, repouso a outra mão sobre a dele em seu peito. — Eu não estou arrependida, Howard. Nem tentando te afastar, muito menos brincando com você. É que, para todos os efeitos, nós dois somos patrão e empregada nessas dependências. Precisamos de alguns limites aqui. Eu quero manter o emprego e gosto da minha independência nesse ponto. Você me paga para arrumar a mansão afinal. Eu só estou dizendo que não é uma boa ideia misturar mais as coisas. Existe hora e local para tudo, só precisamos respeitar algumas regras, ir mais devagar e tudo vai ficar bem. 

Uma respiração frustrada escapa da garganta dele e as palavras que despeja a seguir me atingem em cheio:

— Se o problema for o dinheiro, eu posso muito bem arcar com as despesas do seu aluguel no Griffith. Você não precisa se preocupar com o trabalho e assim eu posso te ter sempre à disposição.

É o quê?! Qual parte sobre eu valorizar minha independência Howard não compreendeu? E que proposta machista foi essa?

Solto suas mãos e recuo alguns passos enquanto o fulmino com o olhar. De pronto, Howard parece perceber como soou inadequado. Ele ergue as mãos em um sinal de paz e pisca meio aparvalhado.

— Esqueça que eu sugeri isso, raio de sol. Foi um comentário infeliz. Tudo bem, acho que eu entendo o seu ponto. Se quer saber, te admiro por pensar assim.

Convencida de que ele está sendo franco, aceito o pedido de desculpas aquiescendo com um meneio de cabeça.

— Obrigada. Ser dona do meu nariz é muito importante pra mim.

Demonstrando certo interesse, o gênio infame senta de lado na mesa, dobrando uma das pernas e mantendo a outra apoiada no chão.

Penso um pouco antes de encontrar as palavras certas para explicar:

— Quando saí de casa, meu pai disse que eu voltaria em uma semana, que eu não conseguiria me virar sozinha e logo estaria lá com o rabinho entre as pernas, pedindo colo. Ouvir isso despertou alguma coisa em mim.

— Me lembre de nunca contrariá-la.

Aquiesço regiamente.

Então, ficamos em silêncio. Nos olhando. Em silêncio. Até que Howard arqueia as sobrancelhas, sorri com diversão e pondera:

— Você não precisa que eu diga isso, mas eu sou a prova viva de que você é capaz de fazer qualquer coisa, Maria. Até milagre. Eu nunca me senti assim antes.

O tom carinhoso em sua voz me deixa simplesmente arrepiada da cabeça aos pés.

— Nem eu — consigo dizer.

Embora eu tenha sido apaixonada por William — ou melhor, pelo homem que ele me fez acreditar que fosse — nem de longe foi tão forte quanto isso que sinto agora. Com Howard é... diferente. Maior. Parece realmente certo dessa vez. Se não fosse pretensioso conjecturar, eu diria que, de algum modo, estamos destinados.

De repente, Howard se levanta e segura minhas mãos, trazendo-me de volta à realidade.

— Voltando ao assunto inicial, quando exatamente nós podemos jogar os papéis profissionais para o alto e agir apenas como Howard e Maria? — Com o olhar cravado no meu, ele dá um beijo demorado e torturante no dorso de uma das minhas mãos. — Como patife e raio de sol? — Ele beija a parte interna do meu pulso e sobe uma trilha lenta pelo meu ombro, queimando-me com seus lábios. — Barco e âncora?

Fecho os olhos e me agarro a sua camisa, temendo perder a força nas pernas a qualquer momento. O beijo seguinte é bem no canto dos meus lábios. Mais um arrepio me percorre inteira.

Retomando o foco a certo custo, ergo a cabeça para encará-lo e respondo de um jeito célere:

— Bem, nós podemos nos beijar antes do expediente. Eu sempre chego um pouco mais cedo. Depois, tenho o intervalo do almoço e gosto de dar uma volta pelo jardim. Você pode me acompanhar se quiser. Ah! E no fim do dia, podemos nos despedir, é claro.

Howard expira com força, cruza os braços e protesta feito um menino contrariado:

— Só isso?

Meu coração dispara, embora já estivesse bem acelerado, e sinto uma felicidade especial me inundar. Adoro descobrir que ele quer mais de mim. De nós. Principalmente porque eu desconfio que esses momentos também não serão suficientes para me satisfazer por completo.

É pensando nisso que olho para Howard de um jeito mais intenso e me permito soltar um flerte cheio de promessas:

— Você pode me dar quantos beijos de despedida desejar. Eu não vou achar ruim.

Tenho a ligeira impressão que seus olhos castanhos escurecerem mais ao ouvir a sugestão. E algo muito perigoso cintila no centro deles. Um brilho libertino.

— Ainda é muito pouco. Você sabe que precisamos de mais.

Engulo em seco, impressionada com a intensidade do seu olhar e de sua voz ao dizer isso.

Abro a boca e fecho em seguida. Penso um pouco e torno a abri-la ao encontrar uma possível solução.

— O Sr. Jarvis costuma me levar ao Griffith após o fim do trabalho. É muito gentil da parte dele, aliás. Sem dúvida, merecia um aumen...

— Considere feito — Howard acata, me interrompendo. Quando o encaro, meio abismada com a rápida concordância, ele dá de ombros. — Eu tenho muito o que agradecer a Jarvis, acredite.

Limito-me a anuir com a cabeça e retomo o fio da meada:

— Se você não se incomodar em trocar de lugar com ele, poderíamos passar o tempo do percurso juntos também. Você poderia me levar para o Griffith todos os dias, se quiser.

A resposta vem de forma imediata e com um tom sedutor:

— Considere combinado. Mas devo alertá-la: eu farei um trajeto mais longo de propósito. E espero que me convide para subir e descansar um pouco no conforto do seu quarto quando chegarmos lá.

Claro que descansar não é nem de longe o que Howard pretende fazer no meu apartamento. Ótimo. Não quero mesmo que ele descanse.

Só para atiçar o patife mais um pouco, questiono com falso ar de inocência:

— É tentador, mas o que faremos sobre homens não serem permitidos além da recepção?

Howard me encara de um jeito astuto.

— Podemos usar o nosso atalho de novo.

Meu sorriso se esvai. Acontece automaticamente ao pensar no elevador de roupas do Griffith que dá na lavanderia e numa saída clandestina do prédio. Embora o atalho tenha sido útil, não gosto da ideia de ver Howard valendo-se dele novamente.

Meio sem jeito, peço:

— Eu gostaria que você não o usasse mais. Ele me faz lembrar que não é nosso atalho, Howard. Você apenas o usou de forma conveniente para escapar. Talvez seja bobagem minha, um resquício de um ciúme idiota, mas ainda assim...

Ele busca minhas mãos de novo.

— Tudo bem — e me interrompe de maneira compreensiva. — Eu sou um gênio, certamente sou capaz de pensar numa alternativa.

Sorrio para ele.

— Pense bastante. Com carinho e empenho — aconselho, e não faço questão de camuflar o tom provocativo.

É nítido que Howard entende isso como uma brecha porque reduz a nossa distância a quase nada mais uma vez. A tal ponto que seu corpo fica colado ao meu de um jeito muito indecente. E, indiscutivelmente, magnífico.

— Eu não posso mesmo te dar um beijo nada inocente agora? — pergunta com um sussurro rouco, a testa apoiada na minha e as mãos firmes na minha cintura.

Zonza, não tenho forças para resistir ao calor que vejo ardendo em seus olhos fixos em mim. Um calor que me envolve de maneira profunda e intensifica o meu próprio calor, confundindo meus sentidos e acendendo uma necessidade urgente.

Então, permito que minhas mãos façam exatamente o que querem. O que precisam. Elas sobem pelos braços de Howard até alcançarem o pescoço dele com um enlace carinhoso. Assim, fico ainda mais perto dele, como se fosse possível, reduzindo a distância mínima a nada realmente. A tal ponto que nossas respirações entrecortadas se misturam no ar.

Sorrio para ele mais uma vez, pois é inevitável não sorrir ultimamente.

— Bem, como só combinamos as regras hoje e ninguém é de ferro...

É tudo que consigo dizer antes de ser silenciada por uma boca quente e atrevida que mergulha na minha com fome. Antes de me ver perdendo o juízo com seu beijo voraz e doce, e corresponder com a mesma intensidade e carinho. Antes de me sentir presa e acolhida pelo abraço forte e cheio de calor do meu patife irresistível.



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