Phoebe — R. H. King School
Voltar pra escola nunca foi tão reconfortante e tranquilizante. Eu passei todo o recesso para as festas de fim de ano encarando meus pais, claro, tive momentos como aqueles no natal e no ano novo, mas desde que entramos de verdade em 2015, todos meus amigos sumiram. Kayla visitou uma tia em New Orleans, nos Estados Unidos, obviamente, Chaz, Chris e Ryan foram, imagine só, em um cruzeiro e Justin foi visitar a avó sabe-se lá aonde. Só me restou Bethany e meus pais. Bethany mal ficava em casa e a vadia da tal de Dakota sempre vinha buscar ela e meus pais, bom, eles são meus pais.
O primeiro rosto conhecido que vi assim que pus o pé no corredor da escola foi o de Abigail. As coisas estão um pouco estremecidas entre nós, tanto que não sei aonde ela passou seu recesso e sinceramente? Não me importo. Abby sempre vai ser uma parte fodidamente importante da minha vida. Ela foi minha primeira namorada e tive experiências maravilhosas com ela. Mas agora, simplesmente não dá pra suportar. Ela se tornou o que eu sempre tive medo que ela se tornasse, uma líder de torcida, fútil e mesquinha.
Passei pela sua frente e pude ver que seus olhos seguiram-me e eu apenas ignorei virando no primeiro corredor disponível e para minha felicidade enxergando Kay. Como eu sinto saudade dessa mulher!
Ela só me percebeu ali quando pulei nos seus braços e quase a derrubei no chão.
— Senti saudades suas. — Percebi que Chris, Chaz e Ryan estavam ali atrás dela posicionados um ao lado do outro e acenando para mim. Sai do meio dos seus braços e sorri animada, vendo que ela continuava exatamente a mesma, para minha sorte.
— Eu estou de vestido, poderia ter caído e mostrado minha bunda pra toda escola... Não que eu já não tenha mostrado pra metade. — Sorriu maliciosa e eu revirei os olhos indo abraçar e cumprimentar os três idiotas parados atrás dela. — Bom, eu não mostrei pra nenhum deles... — Kayla disse completando sua frase. — Quase. — Completou mais uma vez e eu percebi que ela se referia à Ryan.
— Hm.. Aonde está o...Justin? — Perguntei sugestiva, como quem não queria nada, mas todos ali sabiam que eu queria alguma coisa, eles viram eu e ele nos beijando no ano novo. E foda-se, vou perguntar mesmo.
— Pelo visto ele faltou. — Chaz deu de ombros, guardando algumas coisas no seu armário.
— Ele? Perder a volta das aulas? — Ryan reclamou. — Deve tá se pegando com alguma garota em um dos armários de limpeza. — Chris deu um tapa nele que não entendeu nada, mas depois percebi que Kayla o encarava brava e ele entendeu. — Porra... Desculpa, PH. — Pelo jeito o novo apelido pegou. — Eu esqueci que vocês estão juntos... — interrompi.
— Não estamos juntos, Ry. Não somos nada. E eu não me importo se ele está fodendo alguma garota por aí. — Menti, dando de ombros e guardando minha mochila no armário. — Não dou a mínima, beleza? Agora vamos, estamos atrasados e é a recém o primeiro dia. — Sorri forçada e Kayla entrelaçou nossos braços, enquanto os meninos vinham atrás, discutindo sobre Justin.
Segui pelo corredor cantarolando enquanto ouvia as vozes altas e sérias dos professores dentro das salas. Eu estou indo pro banheiro. Já duvido que eu esteja com um problema na bexiga. Não consigo ficar mais de uma hora sem fazer xixi! Preciso procurar um médico.
Virei no corredor e topei com uma garota, quem eu depois reconheci como Pepper Williams e ela tinha a boca borrada, o cabelo bagunçado e seu peito esquerdo estava à mostra. Ela me encarou assustada e por um instante ficou mais branca que papel. Ela se desculpou e arrumou seu cabelo seguido de sua blusa e eu percebi que estava sem sutiã, depois seguiu correndo pelo corredor sem nem olhar pra trás. Essa garota é uma vagabunda, sério. Já ficou com metade da escola e os boatos são de que ela transa por dinheiro já que a situação em casa tá horrível. Já pegou Chris, Chaz, Ryan...
— Hei, Pepper! Esqueceu seu sutiã... — Eu acho que agora foi a minha vez de ficar branca que nem papel. Justin parou na ponta do corredor assim que viu que era eu que andava por ali. Claro! Como eu não pensei nisso? Eu sou muito burra! Eu sou burra pra caralho por ainda acreditar que este merda não faria isso! — Phoebe. — Falou surpreso, abaixando a mão e eu percebi que ele segurava um sutiã azul.
— Justin. — Respondi seca, revezando o olhar entre seu rosto e o sutiã. Não sei de qual dos dois eu tinha mais raiva.
— Tudo bem? — Perguntou e eu ri, como eu não esperei por isso? Que ele agisse como se tudo estivesse normal e nada tivesse mudado? Ele foi a porra do meu primeiro beijo do ano e nós quase saímos daquela festa namorando! E agora eu vejo ele com um sutiã de uma puta qualquer, todo sujo de batom e ele só me pergunta "tudo bem?"
— Tudo ótimo, Justin. Não poderia estar melhor. — Respondi sorrindo falsamente e passando ao seu lado, seguindo para o banheiro, assim que entrei bati a porta com toda minha força.
— Não sabem o que eu acabei de arrumar pra nós todos! — Kayla disse sorridente se sentando ao meu lado na mesa do refeitório. Nós todos a encaramos esperando que ela falasse, inclusive Justin que tinha chegado a pouco. Eu não olhei na cara dele uma só vez. —Convites para a ZERO|GRAVITY! — Comemorou nos mostrando seis pulseiras e distribuindo-as entre nós. — O pai da Amelia é sócio do lugar e ela tá distribuindo por aí.
— Tu é demais, Kay. — Chaz disse beijando a bochecha dela. — Eu vou pegar geral! — Comemorou, analisando a pulseira neon.
— Sonhar não custa nada. — Ryan resmungou para ele que mandou o mesmo se foder.
— Não estou no clima, Kay. Pode dar o meu pra outra pessoa. — Sorri devolvendo a pulseira para ela e sentindo o olhar de todos, inclusive Justin, fixarem-se em mim como se eu estivesse cometendo um crime. Kayla arregalou os olhos e parecia MUITO ofendida. — O que houve? — Perguntei, desentendida.
— Não pode simplesmente não ir, Phoebe! Qual é! — Reclamou e eu respirei fundo, ainda com a pulseira estendida na sua direção. — Porque motivos não iria querer ir a uma das melhores baladas da cidade? Se for cansaço, pode parando, o ano acabou de começar e nós vamos nos formar, vão ter tantas festas e você vai à todas! — Cruzou os braços, me encarando.
— Kay, eu só não quero ir... Dê para alguém que possa aproveitar. O que adianta eu ir e ficar lá parada? Deixe que os meninos deem para alguma garota, sei lá. — Soltei a pulseira sobre a mesa e ela parecia prestes à chorar (?).
Senti alguém botar a mão sobre a minha e me virei assustada, vendo o braço de Justin estendido e sua mão sobre a minha. Arregalei os olhos automaticamente vendo ele me encarar com um olhar calmo, como se eu estivesse nervosa (?).
— Se o fato de você não querer ir, tiver qualquer coisa haver com o que você viu mais cedo, eu pe-... — Não deixei que ele pedisse desculpas, porque deixaria? Está tudo bem, porra! E não tem nada pelo que se desculpar. Ele que vá tomar no cu. E porque eu estaria magoada por saber que ele já voltou pras aulas fodendo com qualquer uma por aí? Eu não tenho nada haver com isso.
— Você não é o centro de tudo, Justin. — Respondi e me levantei, pegando minhas coisas e seguindo para a puta que me pariu.
Passei a tarde inteira trancada em casa, com o celular desligado, computador desligado e a porta do meu quarto trancada. Bethany estava proibida de atender qualquer coisa, seja porta ou telefone residencial. Ela que ficasse no seu celular, claro, sem falar com nenhum dos meus amigos.
Eu ainda não acredito que ele acha que fiquei magoada por causa dele! E também não acredito em como ele possa ter uma percepção tão boa... E como eu posso ser tão estúpida? "Você sabia que ele era encrenca, Phoebe." Sim, eu sabia, mas que merda de garota não gosta de uma encrenca?
Encrencas dão emoção, prazer, felicidade! Como eu, como uma simples garota de dezessete anos, posso, não me apaixonar por uma encrenca? Oh sim, apaixonar, a palavrinha que vem de amor e todas estas merdas. Mulheres são mais fáceis, práticas... Não são que nem a merda de um homem. O que os torna mais complicados? O que eles tem no meio das pernas? Foda-se. Eu posso arrumar um vibrador e ser feliz pelo resto da minha vida, sem nunca, precisar de um homem! Claro, não terei filhos e Bethany não será tia, meus pais não serão avós e eu serei a decepção dessa família, mas acontece.
Ouvi a campainha tocar e corri para a janela, espiando por trás das cortinas e vendo um carro parado na calçada. O carro de Justin. E ele acha que eu vou abrir? Ele é mais burro que eu!
Mas seu eu abrisse, ele poderia pedir desculpas e poderíamos conversar, eu poderia desculpá-lo e tudo seria tão fácil...
— Phoebe? — Ouvi batidas na porta e me virei, vendo Bethany entrar no quarto, fechando a porta, atrás de si. — Seus amigos estão na sala e o.... — Interrompeu-se a si mesma, chegando mais perto de mim. — Você estava chorando? — Tentou tocar meu rosto, mas eu impedi, me afastando. — Porque você estava chorando? O que te fizeram? Abigail? — Estalei a língua. Ela ainda acha que estou com a Abby?
— Abigail não tem mais nada haver comigo, Any. — Fui até o meu banheiro e passei uma água no meu rosto, tentando diminuir o inchaço e a vermelhidão. — Disse para não deixar ninguém entrar.
— Eles me incomodaram demais. E eu não tenho muita paciência e não iria ser grossa com Justin. O que ele ia achar de mim? — Merda.
Ouvi outras batidas na porta e franzi o rosto, ao contrário de Bethany que foi em direção à ela e a abriu, abrindo passagem para que Justin entrasse. Ela se despediu e fechou a porta. Mil vezes porra.
— Porque você estava chorando, Phoebe?
— Ouvir atrás da porta é feio, Justin. — Resmunguei, me sentando na cama e percebendo que ele estava bem arrumado, uma jaqueta de couro, camiseta branca, uma das suas calças folgadas e um tênis de marca vermelho, ele deveria estar com um boné, que deveria estar no carro. Ele gosta muito de bonés.
— Não para mim. — Sorriu fraco e eu continuei com a cara emburrada. — Eu quero saber porque estava chorando, Phoebe, pode me dizer?
— Pra que você tenha certeza que era sobre você? É isso que você quer ouvir? Que Phoebe McQueen está chorando, se descabelando, evitando ir a festas, por causa de Justin Bieber? Isso te agradaria, Justin? — Sorri forçada, sentindo mais lágrimas virem, mas segurando elas mais um pouco.
— Claro que não, Phoebe! — Exclamou. — Ainda não percebeu que eu gostaria de só te ver sorrindo, merda? Que tipo de cara você acha que eu sou? — Se sentou na ponta da cama, perto de mim.
— Eu acho que você é o tipo que beija uma garota no ano novo, fala mil e uma palavras bonitas pra ela e depois, no primeiro dia de aula já está fodendo com qualquer cadela que abra as pernas facilmente. Esse é exatamente o tipo de cara que eu acho que você seja, Justin. — Limpei com as costas da mão a primeira lágrima que caiu, vendo ele observar cada momento, chocado.
— É isso que você acha? — Assenti e ele sorriu torto. — E eu acho que você é a que não consegue demonstrar sentimentos, sabia? Você fica nessa, demonstrando que me odeia, que me quer longe pra caralho, dizendo que está namorando em vez de facilitar tudo e apenas dizer "beleza Justin, vamos ficar juntos!". E então, fica chorando no quarto. É isso que eu acho de você, Phoebe. — Abri a minha boca, pronta para xingá-lo de tudo que é possível, mas não dá pra xingar quando os outros estão dizendo a verdade que você não quer que seja dita, não é?
— O que você quer aqui, Justin? Já me viu chorando, já pode seguir pra sua festa! — Resmunguei, me deitando na cama e virando-me para o lado.
— Eu vim aqui fazer justamente o que você já fez por mim. Te livrar de qualquer merda. Lembra de quando foi me buscar em casa para que eu pudesse ir pra festa na casa do Ryan? — Colocou a mão sobre a minha perna e me encarou.
— Lembro também que você me xingou de tudo. E nós brigamos feio.
— Okay, isso acontece bastante. — Riu fraco. — Mas é isso, apesar de tudo, Phoebe, eu só quero a merda do seu bem, garota! E ficaria muito feliz se você viesse pra uma festa foda comigo e com todos os seus amigos.
— Eu sei que você quer que tudo esteja bem entre nós, mas, Justin, não está. — Falei me sentando na cama e ficando de frente para ele,, vendo ele concordar. — Podemos fingir por bastante tempo que somos amigos e não vai passar disso, se duvidar até o fim do ano, mas, você sabe, não estará bem. Não posso ir para uma festa, ver você ficar com várias, foder várias e ter que sorrir enquanto isso. Não posso te ajudar a arrumar garotas pra você foder. Não dá! — Senti mais lágrimas caírem e dessa vez, pouco me fodi, deixei que caíssem.
— E o que nos impede de ficar juntos, Phoebe? Hein? — Levantei o olhar para ele, o encarando. — Me diga! Você acabou com Dave, eu estou solteiro há décadas e nós gostamos um do outro! Me diga, merda, o que te impede.
— A quantidade de problemas que vem junto de você. — O encarei fixamente, vendo que seus olhos brilhavam, mas nada haver com lágrimas, só tinha um brilho.
— Isso é pouco e é apenas um motivo seu para não deixar você mesma ser feliz! Só isso! — Abriu os braços, nervoso e se levantou da cama, se afastando. Eu me levantei também e fui até ele.
— Eu era muito feliz até você vir se declarar pra mim! Eu era muito feliz até você aparecer, sabia? — Ele congelou. — Aí você chegou, bancou o engraçado e fodeu com meu namoro... Me fodeu, literalmente e agora me faz sofrer muito! Se eu pudesse, Justin, eu juro, nunca teria dado papo pra você naquela merda de jogo e agora você seria da turminha da Dianna e nós nos odiaríamos! — Berrei e ele continuava congelado.
— Quando você perceber o que você acabou de dizer, eu juro, vai ser tarde demais. — Ele passou pelo meu lado e saiu, batendo a porta do quarto. E eu não achei nada errado nas minhas palavras.
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