Phoebe
— Phoebe! Aonde você vai? — Karen saiu do seu quarto, ao mesmo tempo em que eu deixava o quarto de Justin, carregando minhas bolsas. — Pra que as malas? Você está indo embora? — ela dizia, espantada, me encarando de baixo à cima. Ouvi passos atrás de mim e vi que Justin havia parado na porta, de braços cruzados e me observava e era como se dissesse porque você não foi embora? — Justin, que merda você fez? — Karen gritou, jogando-se para cima do irmão. Eu larguei as bolsas e a puxei de volta para perto de mim, vendo Johnny aparecer no corredor.
— O que tá acontecendo aqui? — ele disse, confuso, encarando cada um de nós. — Você tá indo embora, Phoebe? Porque? — disse, colocando Karen ao seu lado. Os dois me olhavam curiosos esperando uma resposta. Justin então suspirou e pegou minhas bolsas do chão.
— Eu ajudo você. — resmungou, saindo com as bolsas na frente. Segurei a lágrima que tentou cair e então abracei Karen e Johnny. Os dois ficaram petrificados me olhando ir embora.
Encontrei Justin lá fora, ao lado do meu carro segurando as bolsas. Destravei as portas e então ele as colocou no banco de trás. Depois, bateu a porta e se afastou do carro. Segurei seu braço, antes que ele pudesse passar reto por mim.
— Não faça isso... — supliquei, sentindo meus olhos lacrimejarem novamente. Ele me encarou por segundos, que pareceram horas, então depositou um simples beijo na minha cabeça e saiu. Foi o estopim para que as minhas lágrimas começassem a cair. Andei até o carro e então entrei nele, vendo Justin parado na frente da porta, me observando.
Merda, Phoebe. Merda. Merda. Merda. O que eu fiz? Eu o amo tanto e fui tão burra à ponto de perdê-lo? Eu sou estúpida!
Dei partida no carro e sai do quintal dos Bieber, deixando a sua rua em segundos. Justin, assim que eu sai, entrou de volta em casa.
Quando eu cheguei em casa, acontecia alguma coisa na cozinha. Segui direto para lá, deixando minhas bolsas no carro. Meu pai com toda certeza me ajudaria com elas depois.
Minha mãe colocava um bolo na mesa, enquanto meu pai ocupava o lugar da ponta e ao seu lado, minha avó estava sentada, enquanto na sua frente estava meu avô. Bethany ria de alguma coisa enquanto lavava pratos.
— Phoebe! — Kim, minha mãe, comemorou ao me ver. — Eu te liguei mil vezes... Porque não me atendeu? — questionou, parecendo irritada por dentro, mas sem querer demonstrar.
— Eu não percebi mãe, desculpa. — falei, indo para perto dos meus avós. Samantha, minha avó, só me percebeu ali quando eu a dei um beijo e um abraço. Ela continuava com o mesmo cheirinho de campo, alfazema e pomada.
— Minha netinha! — sorriu, retribuindo meu beijo e meu abraço. Corri até o meu avô, William, depois, fazendo a mesma coisa. — Como está grande! E linda! — me olhava encantada, usando um guardanapo para limpar a boca. — Porque não me disse que ela estava tão linda, Kim? — disse, olhando para a minha mãe que sorria incomodada.
— E eu, vovó? Não estou bonita? — Bethany disse, parando do meu lado e colocando seu braço ao redor do meu pescoço. Ela parecia uma anã ao meu lado. — Ou Phoebe continua sendo sua neta preferida? — vovó estalou a língua e negou.
— Não fale bobagens, Bethany! — repreendeu. — Eu amo as duas com todo meu coração. Minhas únicas netas!
— Não se esqueça de Tom e Mirella, mamãe. — nossa avó desviou o olhar para Kim. — Filhos do Julian. — vovô apenas ria do esquecimento dela.
— O que faz em casa, Phoebe? — meu pai perguntou, me olhando desconfiado, talvez percebendo pelos meus olhos inchados que eu havia chorado. — Pensei que estivesse na casa daqueles irmãos, os ajudando enquanto ninguém da família vinha vê-los...
— Eles não precisam mais de mim. — sorri, segurando as lágrimas, mais uma vez. Bethany me encarou de soslaio e percebeu que havia algo errado, apertando mais seu braço contra mim. — E eu senti saudades da minha família! Quando vocês chegaram? — perguntei, me sentando ao lado do meu avô.
— Ontem à noite. — vovô respondeu, colocando sua xícara de café novamente no pires. — Ficamos surpresos por não te encontrar em casa, Phoebe... — virou-se na cadeira, me olhando com um sorriso malicioso no rosto. — Algum namoradinho? — então, encarou meu pai, que deu de ombros. — Largou aquela garota dos cabelos bonitos? Ela era tão bonita! Fiquei encantado por ela... tão alegre.
— Abby e Phoebe não se pegam mais faz tempo, vovô. — Bethany respondeu por mim e eu a encarei furiosa. Ela sorriu debochada e se sentou ao lado da nossa avó. Nossa mãe sentava na outra ponta da mesa. — Ela está enrolada com um garoto agora. — falou, passando rapidamente o olhar por mim. Vovô ficou com um ar de surpreso.
— Ainda podemos ver a garota dos cabelos bonitos? — perguntou e todos rimos.
— Claro que podem. Eu peço para ela vir aqui mais tarde ou amanhã... estarão aqui amanhã? — questionei, mordendo uma maçã e deixando a mesa.
— Eles estão aqui para o aniversário da mamãe, Phoebe. Tio Julian vai vir também. — se tio Julian vem, nosso primo Tom também vem.... e Tom não é boa companhia. Nem pra mim, nem pra ninguém.
Justin, no outro dia, de manhã.
Cheguei na escola e parecia que todas estavam no CIO. Quando estacionei meu carro, quase atropelei uma garota que havia parado atrás do carro, me esperando sair. Mandei ela longe no momento em que pisei fora do veículo. A guria saiu chorando.
Vi Kayla pelo caminho e apenas sorri para ela, que conversava com um garoto que eu não conhecia. Não era eu que ia atrapalhar. Vi então Ryan, Chris e Chaz perto dos nossos armários. Chaz tinha um curativo no nariz e ele estava inchado. Senti muita vergonha. Eu soquei a cara de um dos meus melhores amigos.... e tudo por causa daquela vagabunda. Que tipo de irmão eu sou?
Me aproximei e vi que eles rapidamente ficaram quietos. Então eu fui o primeiro a falar.
— Mano, me desculpa. — pedi, o encarando de maneira penosa. — Eu sou muito otário.
Os três riram e Chaz me abraçou, ainda rindo. Era como se tudo fosse uma piada. CARA, EU QUEBREI TEU NARIZ! fiquei com vontade de gritar.
— Tudo bem, JB. Eu tava bêbado e sei que com toda certeza devo ter sido muito idiota pra você me soquear, mas é isso, manos sempre, cara. — sorri de volta, sentindo a tristeza que eu havia prometido deixar em casa, trancada, junto da raiva de Karen e Johnny voltar quando Phoebe cruzou o corredor, passando do nosso lado e me lançando um longo olhar. Os três perceberam, mas ficaram quietos.
— Festa hoje no Diggles. — Ryan anunciou, animado. — Vai bombar! O melhor DJ de Toronto vai estar lá. A gente tem que ir. — afirmou, nos encarando.
— O Z-Skank? — Chris perguntou, interessado, conferindo junto de Ryan no telefone a página do evento. Ryan assentiu.
— Eu tô fora. Meu nariz hora dói, hora não dói e eu não tô afim de pagar mico com essa merda. — Chaz resmungou e eu me senti culpado, mas fiquei calado.
— Partiu, JB? — Ryan perguntou, me encarando enquanto íamos caminhando em direção à sala de aula. Os três me olharam, na verdade. Eles pareciam querer algum tipo de confirmação. Sabiam que se eu ainda estivesse com Phoebe diria que não, mas...
— Claro. Faz tempo que eu não festejo como nos velhos tempos. Eu tava sempre ocupado com uma puta chata do meu lado. — falei isso, no exato momento em que passamos por Phoebe. Ela pareceu afetada, mas eu não vi porque a porta foi fechada logo depois que ela entrou.
Phoebe
Justin agia como se nada tivesse acontecido. Como se não tivéssemos nos apaixonado, nos beijado, transado, como se não tivéssemos sido namorados. Eu não queria vir para a aula hoje, minha mãe deixou eu ficar em casa quando eu menti que estava com cólica. Mas eu havia contado tudo para Bethany de madrugada e ela me deu um dos melhores conselhos que eu poderia ter ouvido "Vá e mostre pra ele que você não vai fugir assustada só porque ele terminou com você. Você é Phoebe, a pessoa mais forte que eu conheço." pena que metade era mentira. Eu não era nem de longe forte.
Eu era como um esqueleto no fundo do armário, só esperando alguém me achar e mexer para que eu desmoronasse e virasse nada além de pedaços sem sentido de algo que um dia foi algo importante.
Eu vi ele chegando, vi ele conversando com várias meninas, vi ele brincando com o cabelo de algumas e jurei ter visto ele beijando algumas. Como se não existisse a possibilidade de eu ver, de eu sentir alguma coisa. Éramos namorados ontem. E ele parece não dar a mínima.
Sei que errei. Mas todo mundo erra. Como dizem, errar é humano. Ele errou tantas vezes... e eu o perdoei em todas. E quando eu erro, sou apedrejada, escorraçada, mal tratada. Eu deveria sentir raiva, de mim, de Charles pelo plano estúpido, de Justin por falar tantas besteiras pra mim, mas eu só sentia pena de todos e tentava ver o melhor lado da situação.
Nenhum.
Quando eu e Bethany chegamos em casa, o lugar parecia um cemitério. Havia me esquecido que minha mãe e meu pai continuava trabalhando o dia todo. Quando cheguei ao andar de cima, na sala de estar, vi meu avô e minha avó rindo assistindo algum programa na tevê. Os cumprimentei, conversei e depois me tranquei no meu quarto. Bethany estava dormindo, então não foi me incomodar.
Peguei meu celular e BAM. A primeira coisa que vi, meu papel de fundo, eu e ele, sorrindo, com os olhos brilhando, claramente bêbados na praia em Malibu. Ainda não éramos namorados, só amigos. Só quase inimigos, eu deveria dizer. Alguma coisa assim.
Desisti de mexer no celular porque eu sabia que só ia encontrar mais e mais fotos e chorar mais e mais e me deprimir mais e sofrer e o pior, sofrer por alguém que não dava a mínima pelo que havíamos sentido e vivido. Ridículo. Estúpido. Idiota. Imbecil. Insensível. Otário. Traidor. Drogado. Bebê. Amor. Meu.
As lágrimas então, caíram mais uma vez. Parecia uma cachoeira em dia de chuva. Lembrei de Dave. Havíamos namorado, havíamos terminado e eu havia ficado bem. Claro, Phoebe, aquilo não era amor. Era uma foda boa. Muito boa...
Lembrei de Abby. Havíamos namorado, revolucionado o colégio, revolucionado nossas vidas, surpreendido todos e havíamos acabado. Nesse eu fiquei arrasada. Fiquei um caco, mas Justin foi de algum jeito a cola que descola depois de um tempo e não funciona muito.
Eu acabei pegando no sono e acordando só perto das sete, quando já era escuro e tomando um susto ao ver que era de noite. Eu tinha coisas para fazer.
Desci para a cozinha para pegar alguma coisa para beber e achei a casa toda escura e em silêncio. Meus avós devem estar dormindo, deduzi. Todos gostavam de tirar um cochilo durante a tarde. E o clima estava tão bom. Só o quarto de Bethany que tinha um barulho de tevê alto.
Abri a geladeira e peguei um suco de laranja e o bolo de ontem que estava ali. E tomei um susto, virando tudo, quando senti uma mão na minha cintura. E claro, berrei.
Coloquei a mão sobre o peito, tentando diminuir as batidas quando vi que era Tom atrás de mim, rindo feito um camelo e se afastando. Filho da puta.
— Seu desgraçado...
— Isso é jeito de dar boas vindas para o priminho, PH? — balancei a cabeça, juntando as coisas que eu havia virado. — Oh, então você não está para brincadeiras hoje? — brincou e eu bufei irritada. — Naquele dia você estava para brincadeiras, PH.... Muitas. — me levantei e voei para cima dele, colocando as mãos na sua boca e arregalando aos olhos só de pensar em alguém ouvindo aquilo. Ele lambeu as minhas mãos e eu tirei, limpando-as na sua camiseta cinza. Como sempre, ele tinha um cheiro muito bom.
— Cala a porra da sua boca! — falei exaltada, virando de costas para ele. — E se alguém ouve? Se Bethany ouve? Se meu pai ouve?
— Bethany está vendo tevê e seu pai não está em casa, assim como a sua mãe e assim como o meu pai. Só a vovó e o vovô e vamos ser sinceros, os velhos são mais surdos do que uma porta. — pegou uma maçã da cesta e a mordeu. Voltei a limpar o chão. — Você está muito mais gostosa, PH... — sentia o seu olhar na minha bunda e me lembrei que eu usava o pijama mais curto possível, que mostrava pelo menos um terço da minha bunda. — E usando esse pijama fica difícil resistir. — bateu na minha bunda e eu virei, dando um tapa no seu rosto no mesmo segundo.
— Nem pense em me tocar. Eu não te dei essa liberdade, Tomas.
— Tom. — corrigiu e eu ignorei, lavando as mãos e fechando a geladeira. — E você me deu sim, priminha, naquele dia... naquela festa... bem aqui na sua casa... Bethany era tão novinha. Ela tem dezesseis agora né? Ela tinha só onze aninhos e você treze. Realmente, você é precoce.
— Você cala essa merda de boca antes que eu te meta a porrada, Tomas! — ameacei, ficando peito à peito com ele, o encarando irritadíssima. Se esse filho da puta acha que vai ficar falando assim comigo, ele está MUITO enganado. E cadê o pai dele? E que horas eles chegaram? Como eu não ouvi? Porque Bethany não me avisou? Será que ele havia se aproveitado da minha irmã? — Sim, nós transamos. Sim, você tirou a minha virgindade. Sim, se pararmos para pensar, foi bom, mas isso não te dá direitos de ficar me tocando e fazendo piadinhas sujas. Ainda somos família. Prima e primo. Irmãos pra toda vida, algo assim, entende?
— Eu adoraria ser seu irmão, linda. — disse, se abusando de novo e eu o empurrei contra o balcão, tentando machucá-lo nem que fosse só um pouquinho. Quando eu tentei sair ele me puxou de volta e quando percebi nossas bocas já estavam grudadas. Cedi ao beijo, sentindo sua língua nojenta explorar cada canto da minha boca como se soubesse exatamente do que eu precisava.... Escorregou as mãos pelo meu corpo e teve diversos sorrisos durante o beijo. Então, quando eu percebi a merda da qual eu estava participando, o empurrei e sai correndo, não sem antes, tapeá-lo a cara com muita força.
Se eu estivesse mais vulnerável com toda certeza eu tinha feito uma merda muito grande...
Graças à deus ele só vai ficar aqui por uma semana.
É o que eu espero, pelo menos.
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