— Não! Não! Não e não! Phoebe, você é louca? Você é idiota? — abri minha boca para responder, mas ela me impediu, colocando o dedo sobre a minha boca, a fechando. — Não, só eu vou falar agora, senta e escuta! — me empurrou pelos ombros até a árvore mais próxima e me obrigou a sentar na grama. Sorte que não havia chovido recentemente ou eu a puxaria junto comigo. Revirei meus olhos, assistindo-a voltar a discursar. — Ele te chamou de vagabunda! Te humilhou! Te expulsou da casa dele depois de tudo que você fez pra ele! E você manda mensagem, perguntando se ele quer conversar? — seu rosto estava todo franzido e suas sobrancelhas arqueadas, ás vezes ela mordia o lábio inferior talvez guardando para si algum xingamento. — Agora eu te pergunto, Phoebe McQueen, VOCÊ É IDIOTA? — ia começar a falar, mas parei antes que qualquer coisa saísse da minha boca.
Alguns alunos passavam perto de nós três, Abby estava conosco, e encaravam confusos. Kayla praticamente gritava para quem quiser ouvir.
— Sinceramente, Phoebe, até eu estou desapontada. — Abigail abriu a boca só pra piorar a situação. Virei o rosto na sua direção e ela se calou, mas Kayla parecia ter ganhado mais apoio na sua campanha.
— Obrigada, Abigail, por nos abençoar com sua bela opinião sobre a situação. Pelo menos alguma de nós, além de mim, pensa. — Kay deu voltas em volta de si mesma, encarando a grama. Os saltos que ela usava pareciam desconfortáveis e eu me perguntei pra que isso á essa hora da manhã. Desistiu das voltas e se abaixou na minha frente, encarando-me com seus olhos pequenos e verdes de uma maneira exótica. Me senti intimidada. — Me diga, PH, o que deu na sua cabeça?
— Eu só... Tom me deu a ideia de chamá-lo pra conversar, ver se ele precisava de alguns conselhos, depois que-
— Para por ai! — ela se levantou, voltando a bufar e exalar raiva. — Ver se ele precisava de conselhos? É sério que você está me falando isso? Sério mesmo, Phoebe? Depois de tudo que ele te fez passar? — sua voz saía até mesmo um pouco arrastada, como se isso a machucasse de verdade, não só a irritasse.
— Eu estava me sentindo mal por ele! Tomas disse que deveria ser porque provavelmente eu ainda me importava e de fato, eu me importo! Justin foi uma parte muito importante da minha vida, vocês duas mais do que ninguém deveriam saber! — me irritei de ficar sentada e me levantei, sentindo-me novamente igualada às duas e não inferior. Minha mochila pesava então eu a joguei no chão, sentindo meus ombros relaxarem. — Abby, eu namorei com você e com toda certeza, se você estivesse enfrentando o que Justin está enfrentando agora eu a procuraria e a ofereceria minha ajuda! Eu me importo com você!
— Mas você e Abigail são amigas. Você não falava com esse garoto até ontem. — Kay se intrometeu, cortando Abby. Revirei os olhos mais uma vez, vendo-a cruzar os braços e afastar as pernas uma da outra. — Eu não sei o que pensar, Phoebe, sinceramente.
Suspirei exausta da discussão e me apoiei no tronco da árvore, sentindo minha cabeça doer. O dia mal havia começado e eu já estava enfrentando isso.
E tudo estava pra piorar.
Justin, Chaz, Ryan e Chris se aproximavam, empurrando um ao outro, rindo e parecendo extremamente felizes. Quando Kayla colocou os olhos sobre eles eu jurei vê-la soltar fogo pelo nariz. Seu rosto ficou tão vermelho que eu temi pela vida de nós todos. Deu algumas voltas, indicou que ia embora, mas acabou voltando ao seu lugar, do lado de Abby. Chaz pareceu ter sido o único a perceber seu comportamento e me lançou um olhar. Eu apenas balancei a cabeça, sem ter o que dizer.
— Fiquei sabendo que agora somos uma turma novamente. — Ryan brincou, puxando Abby pra perto dele pelo ombro e pulando puxando-a junto. Sua cara de rabo era impassível. — Abby? Que bicho te mordeu? — ele disse, com um sorriso do tamanho do mundo na boca.
— Nada. Eu só... — murmurou, com o olhar preso sobre mim. — nada. — colocou uma mecha de cabelo que insistia em cair sobre seu rosto atrás da orelha e soltou um sorriso forçado, parecendo agradar Ryan.
Temia que não fosse ser tão fácil assim com Kayla.
— Eu senti falta de vocês garotas! Aquelas líderes de torcida não são nada comparadas à vocês! Elas riem de tudo e não reclamam de nada. — Chris disse, risonho. Jogou-se na grama perto de mim e abriu a mochila, pegando o celular. Chaz continuava de pé e com os olhos presos na minha expressão para Kay, que parecia prestes à explodir de raiva. — Baita de umas puxa-saco.
Justin continuava quieto, parecendo concentrado demais em alguma coisa atrás de nós todos. Segui seu olhar e vi Dianna parada do outro lado do campus, conversando com Melissa e algumas colegas líderes de torcida. Todas com o uniforme vermelho e seus sorrisos de miss. Voltei a olhar para ele e o mesmo parecia preocupado, como se precisasse correr.
Kayla parecia estar tão dentro da situação quanto eu estava. Eu a vi mover a boca, expressando algum tipo de alegria. Parecia estar provando sua teoria. Senti tudo dentro de mim se contorcer em algum tipo misto de raiva e vergonha. Vergonha de ser estúpida.
— Gente... ahn... eu preciso ir, a gente se fala depois, ok? — Justin disse, não surpreendendo nenhuma de nós duas e então antes mesmo que os meninos pudessem se despedir dele, ele saiu correndo para dentro dos corredores do R.H King. Kayla não disse mais nada e pegou suas coisas, saindo. Eu virei para olhar Abby e ela ria, dessa vez de verdade, junto de Ryan.
Senti vontade de chorar.
Kayla não falava comigo desde aquele momento na árvore. Abby havia se unido à Ryan e os outros e havia completamente esquecido de mim. E Justin, bem, eu nem preciso falar nada sobre ele. Sumiu depois daquele momento e até agora não o vi, mas no fundo eu sei que ele está com Dianna se agarrando por ai e pensando em nomes de filhos e claro, escondendo o fato de que voltou a falar comigo e com as minhas amigas.
A professora Quentin discutia com algum aluno que não parava de falar e havia esquecido completamente de dar aula. Ah, e também havia o fato estranho de Darion não parar de sorrir por nenhum minuto. Ele parecia exalar glitter — sem preconceitos.
Mirei Kay que desenhava nos braços algumas flores e seu próprio nome com uma caneta preta que eu reconheci como sendo minha. Chinela. Fica brava comigo e ainda usa minhas canetas. Senti que era uma chance de puxar assunto, mas me recusei a ser xingada novamente. O que ela me disse já foi o suficiente pra semana inteira.
— E agora, Sr. Kelly, espero que você fique com a boca fechada ou eu serei obrigada à levá-lo pra direção! — Andrew Kelly, nunca calava a boca. Se afastou dele, voltando para perto da lousa.
O sinal bateu e ela nos encarou, aparentemente surpresa e reuniu suas coisas, deixando a sala. O próximo era Mr. Anderson, o mais chato de todos, mas também o mais bonito. Tinha um rosto que parecia ter sido desenhado e um corpo que ficava marcado de baixo das camisetas sociais que ele usava. E uma barba por fazer que chamava ainda mais atenção pros seus olhos verdes.
— Bom dia. — sua voz rouca saudou todos na sala. Vi algumas meninas fingindo um desmaio e senti vontade de desmaiar de verdade só pra que ele prestasse atenção em mim. Já rolaram boatos de que ele havia tido um caso com Dianna, no primeiro ano, mas ela logo deu um jeito de acabar com eles e isso, talvez, o tornou rígido com todos. Mas são só boatos. E eu espero que sejam de fato, boatos. Adoraria saber que aquelas belas mãos não passearam pela pele de naja de Dianna Lafronvé. Ela não pode ter todos. — Coloquem os trabalhos sobre a minha mesa. Os que fizeram, é claro. — comentou sarcástico, sentando-se na sua cadeira e espalhando suas coisas pela mesa.
Tirei meu trabalho de dentro do caderno e eu ia levá-lo quando ele foi arrancado das minhas mãos por Jeffrey, um dos piores da sala. Ele tinha um sorriso trapaceiro no rosto e se virou, debruçando-se sobre a mesa do lado, escrevendo algo na minha capa. Senti meu rosto corar, com medo do que ele fosse escrever.
Ele devolveu o papel e eu percebi que havia sido escrito com caneta permanente. Nunca encarei alguém com tanto ódio. Ia arrancar e fazer outra, mas a voz do professor me impediu.
— É pra hoje, srta. McQueen. — disse ríspido, obrigando-me a me levantar. Chutei a perna de Jeffrey ao passar por ele e o vi murmurar um palavrão. Filho da puta. Os olhos do Sr. Anderson ou Nathan para os íntimos — com certeza, não eu — me acompanharam até colocar a folha sobre a mesa. Quando desviou os olhos, encarando a folha, franziu o rosto, pegando-a nas mãos.
Voltei correndo pro meu lugar.
— A madrinha? — sua voz saiu confusa e seu rosto indicava que ele estava mesmo confuso. — Que tipo de brincadeira é essa, srta. McQueen?
— Foi o estúpido do Jeffrey. — dedurei, sentindo vontade de me esconder. Todos entenderam a piada, é claro. Minhas bochechas ficaram da cor de uma pimenta e a única que parecia não rir era Kayla, mas eu sabia, que lá no fundo, ela estava levando aquilo como algum tipo de vingança.
— Sr. Thompson, imagino que isso tenha algo haver com a gravidez de Dianna Lafronvé, estou certo? — Jeffrey concordou, sem dizer muito. Ele parecia estar muito ocupado rindo da minha cara com seus coleguinhas. Ele deveria é estar rindo da cara da grávida, não da que se livrou da encrenca. — Então, me diga, qual a graça da piada? Porque eu não entendi. — ele está me defendendo?
Claro que sim, ele é o professor.
— A graça é que nossa querida Phoebe aqui, era a ex-namorada do pai da criança, Justin e bem... só basta um pouco de interpretação, amado professor. — revirei meus olhos.
— Eu deveria estar triste por não ser mãe com dezessete anos, é isso que está querendo dizer, Jeffrey? — retruquei, virando-me na sua direção, com os braços sobre a carteira.
Ele não me respondeu.
— Porque eu não estou. Nenhum pouquinho triste. Estou feliz. Aliviada! Eu sou livre, cara! O único idiota nessa situação é você por não entender isso. E agora eu espero que você cale essa sua maldita boca e pare de me incomodar ou eu juro que acabarei com você.
— Acabará comigo? — ergueu as mãos e abriu a boca, fingindo estar assustado. — Uhhh... como eu estou com medo! — riu.
Sr. Anderson apenas observava tudo, parecendo nos examinar.
— Pedirei que se retire, Sr. Thompson. E de preferência que vá até a diretoria explicar sua piada para a diretora. Vejamos se ela entende do mesmo jeito que você.
Jeffrey não disse nada, enquanto eu comemorava internamente minha pequena vitória. Juntou suas coisas e saiu, batendo a porta. Pude ver nos olhos do Sr. Anderson que ele queria ir atrás do moleque e quebrar-lhe todos os ossos. Mas...
Já era o último período e eu agradeci pela minha bexiga pequena me livrar de mais alguns minutos com a chatice do Sr. Larry. Sua voz me irritava e tudo isso. Parecia que ele nunca iria calar a boca.
Pedi para ir ao banheiro e ele, graças à deus, me livrou, deixando que eu ficasse passeando pelos corredores antes de ir, de fato, ao banheiro. Eu duvidava que houvesse algum líquido na minha bexiga. Mas eu iria ao banheiro do mesmo jeito. Melhor prevenir do que remediar.
— Phoebe! — gelei no corredor, esperando não ter ouvido a voz de quem eu achei ter ouvido. Me virei, vendo que não adiantava nada eu querer alguma coisa, pois sempre seria o contrário. Justin. — Eu queria mesmo falar com você.
— Ah é? E a sua namorada não está perto para você precisar se esconder? Chance perfeita, hein, JB.
— O quê? — se aproximou de mim, com a sobrancelha arqueada e uma respiração ofegante por ter corrido da outra ponta do corredor até aqui.
— Você é um idiota, Justin Bieber. Você é um otário, um ridículo, um palhaço! Você não tem a mínima noção do rídiculo, não é mesmo? E bem, parece que nem eu tenho! Eu consigo ser mais idiota do que você às vezes.
— Ei, ei, ei. — abriu as mãos, pedindo para eu parar. Respirei fundo e me calei. — O que eu fiz? Pensei que estávamos de bem...
— E estávamos! Até eu ver o quão idiota nós dois somos! — eu não podia manter pra mim mesma.
— Mas o que diabos eu fiz pra você, Phoebe? Pode ao menos me dizer? — ele parecia tão confuso. Ele nem mesmo era capaz de perceber o quão estúpido era.
— Tem medo de que sua namorada grávida te veja falando comigo, Justin? — soltou um suspiro, compreendendo. — É isso que você teme? Que ela dê um piti?
— Phoebe, você não entendeu, é que...
— Não, Justin, eu entendi perfeitamente! Eu fui burra por achar que poderíamos ser amigos mesmo depois de tudo. Fui burra por ter dado à você uma segunda chance! Eu fui burra por ter deixado tudo isso acontecer! Eu fui... fui... eu nem mesmo sei o que eu fui. — finalizei.
— Phoebe, por favor, se acalma e me escuta. — tentou tocar meus braços, mas eu me afastei, impedindo. Respirou fundo, tentando não se estressar.
— Cansei de escutar, Justin! Cansei de todo esse drama, toda essa merda de drama! Nós somos ex-namorados e nunca vamos conseguir ser mais que isso. Nem amigos, nem nada. Estragamos tudo namorando.
Ele parou por um minuto. Olhou o chão e me olhou, pensativo.
— Ok.
— Ok? É isso? Tudo que você tem pra me responder é um ok?
— Sim. Eu cansei de correr atrás de você. Como você mesma diz, cansei de todo esse drama.
— Nunca correu atrás de mim, Justin. Eu corri atrás de você! Eu fui a otária todo esse tempo!
— Se é o que você acha, não posso fazer nada. — deu de ombros.
— Tudo bem. É o que eu acho. — cruzei os braços.
— Justin! Eu quero comer abacate! — Dianna apareceu no fim do corredor, com um sorriso que logo foi desmanchado ao me ver ali junto do seu namorado. — Oh, Phoebe, eu não tinha visto você ai...
Justin me lançou um olhar que dizia tudo.
— Deve ser porque seu namorado anda me escondendo por ai. — resmunguei. — Um ótimo dia para vocês dois. Que o bebê venha com saúde. — sorri cínica e então me afastei, virando no primeiro corredor.
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