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História Good Enough - 1 - All I want is you - História escrita por MMMJoi - Spirit Fanfics e Histórias
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História Good Enough - 1 - All I want is you


Escrita por: MMMJoi e dearchanbaek

Notas do Autor


Olá Pessoal!
Vindo aqui com uma nova fanfic, mega ansiosa para mostrar para vocês.
Pelo terceiro ciclo, estou tendo a honra e o prazer de participar do Dear ChanBaek, não só como autora, mas como ADM desde o ciclo passado. Esse fest tem um lugar muito especial no meu coração e espero que possamos perdurar juntos por muito tempo.
O plot foi doado por @celenapcy. Pamo, linda, além de ser uma afilhada perfeita, capista e escritora talentosa, ainda me deu o prazer de poder escrever esse plot. Espero que você goste!
Meus agradecimentos vão para a equipe fantástica, todos foram incríveis, Ana, Clara, Lui, Darcy e principalmente, a alma pensante por trás de tudo, Lua, vc é grande garota, se esse fest existe é por você. Parabéns.
E novamente, meus maiores agradecimentos, do fundo do coração para a Darcy(Darcynikov) que beta tudo pra mim, que me ajuda, me inspira e me puxa as orelhas quando precisa. Obrigada por tudo gatona, a amizade e parceria que eu vou levar pra toda a vida.
A capa e banner, eu que fiz, espero que tenham gostado. E é isso aí.
Essa é toda fofinha e doce, espero que gostem. Boa Leitura!!

Capítulo 1 - 1 - All I want is you


Fanfic / Fanfiction Good Enough - 1 - All I want is you

GOOD ENOUGH

CAPÍTULO 1 - All I want is you

 

Naquela área empresarial, cheia de prédios altos e espelhados, no caminho em frente a elas, que separava os prédios da avenida, havia uma praça muito bonita, com muitas árvores, canteiros de flores e bancos, onde os trabalhadores da área podiam aproveitar um momento de descanso e comer algo admirando a bela e refrescante paisagem. Havia alguns carrinhos de comidas de rua, que eram sempre apreciados pelos transeuntes, com cafés, cachorro-quente no palito, tteokbokki, entre outros.

Park Chanyeol tinha uma sala privilegiada em um daqueles prédios, com a parede toda de vidro e uma vista belíssima, que dava para o lado de fora da empresa. Porém, sua visão estava concentrada em um único ponto, o carrinho de doces. Ou melhor, em uma única pessoa, Byun Baekhyun, o jovem que vendia os doces mais deliciosos que ele já havia provado em sua vida.

— Chanyeol. Chanyeol! — Ouviu alguém chamá-lo, mas estava tão absorto em sua contemplação que não conseguiu focar na voz, até receber um cutucão em seu ombro e virar o corpo com pressa, se deparando não com uma, mas com três pessoas. O Diretor Financeiro e seu melhor amigo, Oh Sehun, entre eles — Cara, a gente te chamou algumas vezes, tá no mundo da lua?

Chanyeol revirou os olhos para a frase do amigo e foi em direção às poltronas que haviam na sala, sem precisar convidar os demais a acompanhá-lo, porém, suspirou quando Kim Minseok, seu secretário, falou em seguida.

— Mundo da lua não, mundo de Baekhyun. — Ele brincou, rindo, mas não levantando o olhar para o chefe, que o fuzilava.

— Qual é Chanyeol, tu tá secando esse menino tem quase dois meses, convida ele para sair de uma vez. — Kim Jongin, também seu amigo de longa data e secretário de Sehun, se manifestou.

— Eu não tô… — Ele tentou iniciar sua defesa, mas sabia que naquele tema, era um soldado abatido no campo de batalha.

— Não tenta negar que fica feio. Convida ele pra sair — Sehun incentivou.

— Não é simples assim, vocês sabem. Não quero que ele aceite por gratidão ou qualquer outra coisa. Ele ainda me chama de senhor, ele não me vê como alguém interessante.

— Você é meu chefe, mas às vezes você viaja muito — Minseok falou, com um olhar repreensivo — Ele tá caidinho também. Qualquer um pode ver que ele brilha quando você se aproxima.

— Eu não tenho coragem, ele é tão… — começou a dizer, suspirando ao lembrar da beleza de Baekhyun e de como seu coração flutuava quando recebia um sorriso dele. Desfez a cara de bobo quando ouviu risadas em sua volta — Afinal, o que vocês querem aqui? — perguntou, tentando se concentrar no trabalho.

— Nós temos uma reunião marcada, lembra? — Sehun falou e ele olhou para os dois secretários, que riram cobrindo os lábios.

— Certo, vamos trabalhar.

 

♥️ ♥️ ♥️ ♥️ ♥️ ♥️ 

 

Park Chanyeol era o Diretor de Operações das Indústrias Park de Alimentos. Futuro CEO, pois seu pai estava o treinando desde novo para assumir aquele cargo. Gostava de seu trabalho, era dedicado a ele, e essa paixão floresceu de uma necessidade.

Chanyeol foi uma criança gordinha, que sofreu muito na escola pelas brincadeiras dos colegas. Porém, gostava demais de doces para se importar com o que os outros pensavam de si, mas principalmente porque vinha de uma família rica, o que lhe dava certa proteção. Preocupados com sua saúde e futuro, sua mãe o levou a médicos, que propuseram dietas restritivas de açúcares e atividades físicas. Chanyeol odiava, chorou noites a fio por não poder comer seus doces favoritos e sempre que visitava os avós, sua avó preparava sua sobremesa favorita e lhe dava às escondidas da nora.

Sua maior paixão era a cozinha. Amava ver a avó cozinhando e em casa, passava o máximo de seu tempo livre na cozinha com as empregadas, fugindo sempre que a mãe chegava.

A mãe não brigava com ele, não era restritiva, só ficava preocupada com sua saúde e principalmente quando ele não emagrecia. A preocupação acabou quando Chanyeol entrou na puberdade e cresceu muito rápido, emagrecendo no processo e sentindo nos ossos a necessidade de se movimentar. Começou praticando esportes na escola, como vôlei, basquete, corrida e fazia aulas de natação nas tardes depois da aula. Gostou tanto, que manteve os hábitos saudáveis de exercícios físicos e academia para manter o corpo magro e bem estruturado que possuía. E todo esse esforço, permitia que ele pudesse aproveitar dos seus amados doces. Porém, mesmo sendo uma pessoa magra e ativa fisicamente, não podia exagerar com o consumo de açúcar e tentava se controlar ao máximo.

Sua perdição era os docinhos da vovó Byun, que os vendia em um carrinho extremamente fofo, naquele espaço em frente a empresa, há anos. Consumia diariamente os docinhos desde que era gerente geral de produção, hábito que manteve desde que havia sido promovido para a diretoria há mais de dois anos.

Ele gostava muito da senhorinha e sempre se detinha por alguns minutos conversando com ela enquanto saboreava os doces. Ela sempre lhe falava do neto, Baekhyun, em como ele era um jovem incrível, talentoso e bonito. Chegou até a lhe mostrar uma foto do rapaz, fazendo Chanyeol se encantar à primeira vista.

Sempre que tinha um tempinho, sentava ao lado dela e a ouvia contar as histórias sobre o neto. Chanyeol não conseguia conter o sorriso e um calor no peito, desejando um dia conhecer o jovem rapaz.

Há pouco mais de dois meses, a Sra. Byun não apareceu e aquilo deixou o Park preocupado, acionando sua ansiedade. Atacou o pote de biscoitos que havia na copa do andar da diretoria e tomou tantos cappuccinos docinhos, quanto foram possíveis. Aquela foi uma semana alarmante, até chegou a perguntar para algumas pessoas se alguém sabia o que havia acontecido com a Sra. Byun e quando não conseguiu nenhuma informação, pediu a seu secretário, Kim Minseok, que investigasse o caso por ele.

Minseok veio com as informações que ele queria dias depois.

— Descobriu algo?

— Sim. A Sra. Byun ficou doente. Na verdade, ela teve um infarto — ele disse e Chanyeol arregalou os olhos. — O neto a levou para o hospital e está cuidando dela há alguns dias. Aqui, o nome completo e onde ela está internada — ele complementou, lhe esticando uma folha com os dados.

— Como você conseguiu?

— Eu perguntei nos estabelecimentos em volta e não demorou para me mandarem até um restaurante tradicional na outra esquina, a dona é uma senhorinha também. Ela me disse que a Sra. Byun sempre deixa o carrinho lá. Quando ela não apareceu para buscar, ligou para ela e o neto atendeu, informando o ocorrido. Ela me passou praticamente todo o resto.

— Estou pensando em ajudar. Você consegue ver a situação da família?

— Conheço um detetive que pode ver isso. Vou falar com ele.

— Obrigado, Min — ele agradeceu e pegou o papel, com vários dados, enquanto o Kim saía de sua sala.

Chanyeol passou a tarde pensativo, olhando de soslaio para o papel em mãos e antes que desse o fim do expediente geral, pegou suas coisas e saiu, avisando Minseok que estaria ocupado nas próximas horas, dispensando o secretário, que sorriu feliz por poder ir para casa mais cedo.

Levou pouco mais de trinta minutos até o hospital, estacionando em uma das vagas de visitante. Quando entrou no grande saguão, foi até a recepção e perguntou sobre os horários de visita, sorrindo largo quando lhe informaram que estavam permitindo a entrada de visitantes naquele momento. Passou o nome de Byun Youngok para a atendente com seu documento e não demorou a ser direcionado para a emergência. Estranhou, quando entrou, achando que seria encaminhado para um quarto. Parou no meio do cômodo, olhando em volta em busca da senhorinha e não reconhecendo ninguém.

Pediu licença para uma enfermeira que passava e ela lhe indicou uma das macas, que estava com a cortina puxada. Foi até o local apreensivo e foi com o coração na mão que puxou uma parte da cortina e viu a frágil senhora deitada na cama, com um acesso de soro e remédios em um braço e vários fios saindo por baixo da bata hospitalar, ligados ao monitor cardíaco. Sentiu uma dor no peito por vê-la tão debilitada e uma urgência em fazer algo que pudesse ajudá-la.

Olhou em volta, se surpreendendo por ela estar sozinha e sentou na cadeira de plástico que havia ao lado da cama. Ela parecia estar dormindo, mas assim que o barulho da cadeira foi ouvido, seus olhos se abriram.

— Baek? — chamou, esticando a mão. Chanyeol sabia que ela buscava pelo neto, mas mesmo assim, esticou sua mão, segurando a palma enrugada da senhora.

— Olá, Sra. Byun, Baekhyun não está aqui.

Assim que ela ouviu a voz diferente, virou o rosto para ele e abriu um sorriso.

— Menino Park, o que faz aqui? — perguntou, curiosa, apertando os dedos que seguravam sua mão.

— Soube que a senhora estava doente e fiquei preocupado. Vim visitá-la.

— Não precisava, meu querido. Você é um menino ocupado… — Antes que ela pudesse continuar, ambos olharam para a cortina que havia sido aberta novamente e Chanyeol parou no lugar, com o ar preso no peito. O garoto que entrou e se aproximou da cama da avó, com um olhar confuso, era o ser mais lindo que o Park já havia colocado os olhos. Ele já era bonito pelas fotos que a avó lhe mostrava, mas pessoalmente, Chanyeol sentiu o peito agitar descompassadamente e levantou, com medo de ser o próximo a ter um ataque cardíaco.

— Tudo bem, vovó? — o rapaz perguntou, checando a mais velha, que riu e lhe chamou a atenção — Desculpe ter sumido, fui ao banheiro — ele falou.

— Baek, esse é Park Chanyeol. Ele trabalha no prédio onde fico com o carrinho e sempre compra seus docinhos — ela apresentou, com um sorriso no rosto.

— Oh, sou Byun Baekhyun, muito prazer, Senhor Park. Vovó já havia me falado muito do senhor. Obrigado por vir visitá-la — ele disse, fazendo uma reverência demorada para si.

— O prazer é meu, Baekhyun. Sua avó também me falou muito bem de você — disse, sorrindo e recebendo um sorriso envergonhado de volta. Ele olhou em volta, parecendo desconcertado e sem saber o que fazer, até se voltar para a avó.

— Vovó, como está se sentindo? — ele perguntou, preocupado.

— Estou bem, querido. Não precisa ficar assim, preocupado — ela pediu, com um sorriso gentil, fazendo o neto retribuir o belo sorriso. Novamente foram interrompidos, dessa vez por um enfermeiro.

— Olá, Sra. Byun. Precisamos fazer mais uma bateria de exames. Vamos? — ele chamou, retirando os fios com os monitores e arrumando tudo para levá-la na própria maca que ela ocupava.

— Chanyeol, meu querido, foi muito bom te ver. Se cuide.

— Pretendo esperar a senhora voltar, então, podemos conversar mais um pouquinho — ele falou, antes da pequena senhora ser levada por alguns enfermeiros. Quando estavam sozinhos, direcionou o olhar para Baekhyun e convidou — Quer tomar um café?

Após assentir, Baekhyun o guiou para fora da emergência, andando ao seu lado, de cabeça baixa, com um semblante cansado e apertando as mãos em frente ao corpo. Perguntou se havia alguma cafeteria no hospital e ele o guiou, como um robô. Ficou preocupado que a situação da Sra. Byun fosse mais grave do que parecia. Pegaram o elevador e foram até o terraço. Quando saíram, Chanyeol se deparou com um ambiente grande e bonito, cheio de mesas ocupadas por médicos e enfermeiros em sua maioria.

— Tem uma cafeteria no térreo, mas é bem ruim e uma máquina de cafés em cada andar, mas no andar da emergência ela está estragada — ele falou, e Chanyeol sorriu pela voz gostosa que ouviu, mesmo que com algumas notas de tristeza.

— O que gostaria de beber? — o Park perguntou, após escolherem uma mesa. 

— Nada não, obrigado.

— Quando foi a última vez que você comeu? — Insistiu, vendo o rapaz olhar para si com surpresa.

— Eu não lembro. Acho que comi hoje de manhã.

— Certo, eu já venho. — Levantou, mas parou se virando para o rapaz que o chamou.

— Sr. Park, não se incomode comigo — ele pediu, suplicante.

— Não estou incomodado — Chanyeol respondeu, com um sorriso gentil e seguiu caminho até o balcão. Olhou para trás algumas vezes, percebendo que Baekhyun estava com o olhar concentrado no lado de fora, onde o dia estava bonito, com um céu azul e límpido. Ele só reparou em si quando colocou a bandeja na mesa, chamando sua atenção. Não falou nada enquanto Chanyeol pegava um prato de bolo e um dos copos de café para si, e colocava a bandeja em frente a ele, com um suco, uma sanduíche e outra fatia de bolo.

— O quê?

— Coma. Não faz bem ficar o dia inteiro sem comer e ainda terá que cuidar da sua avó — disse, e focou sua atenção no seu doce. De canto de olho, viu o rapaz olhar para a bandeja por alguns instantes antes de pegar o copo de suco e levar até os lábios. Quando ele pegou finalmente o sanduíche e deu uma mordida, Chanyeol levantou o rosto e o admirou comendo. Ele parecia faminto, mas estava comendo devagar. Quando olhou para frente e o pegou em flagrante, pareceu perceber que não estava sozinho e devolveu o lanche para o prato.

— Vovó me contou que o senhor é um executivo importante. Por que veio vê-la? — perguntou, com a voz calma.

— Não precisa me chamar de senhor, não sou tão velho assim — disse, rindo, tentando descontrair.

— Quantos anos tem?

— Vinte e seis. E você?

— Fiz vinte há algumas semanas.

— Parabéns! — Chanyeol falou, com um sorriso genuíno.

— Não respondeu a minha pergunta — Baekhyun alertou e Chanyeol suspirou.

— Continue comendo e vamos conversando — disse, apontando para o lanche no prato. Só voltou a falar quando Baekhyun voltou a comer. — Gosto muito da sua avó. Ela e seus doces são um sopro de alegria nas minhas tardes. Sempre fico de olho quando ela aparece e desço para pegar algo. Você é muito talentoso.

— Obrigado. — Chanyeol viu as bochechas do rapaz ficarem avermelhadas e ele terminar de mastigar, antes de agradecer envergonhado.

— Me diga, como ela está? O que aconteceu? — perguntou e Baekhyun lhe contou enquanto comia.

— Ela passou mal no começo da semana. Eu estava preparando os doces antes de sair para minha aula e vovó estava deitada. Ela me disse que estava um pouco cansada naquele dia e ia deitar um pouco antes do almoço. Quando fui vê-la, ela estava desmaiada. Não acordou e eu me apavorei. Chamei uma ambulância. Eles me disseram que ela teve um ataque cardíaco e por sorte eu consegui chamá-los a tempo. Eu poderia tê-la perdido — ele disse, enxugando uma lágrima solitária que desceu pelo rosto.

— Ainda bem que você estava lá e agora ela está aqui, recebendo atendimento adequado — Park falou, esticando a mão sobre a mesa e apertando a de Baekhyun, com carinho. Viu o rapaz arregalar os olhos surpreso e retirou sua mão, envergonhado — Por que ela não está em um quarto? Vocês já estão há dias aqui — perguntou, tentando disfarçar o desconforto de ambos.

— Ah, eles falaram que não tem quartos vagos e não temos plano de saúde para pagar por um. Eles estão vendo se ela vai precisar de cirurgia e daí, quem sabe, ela seja transferida para um.

Chanyeol sentiu a dor do rapaz, com um fundo de indignação e sentiu-se mal por eles. Tinha condições para não se preocupar com nada, mas sabia como a saúde era precária para a grande parte da população. Quando voltasse ao trabalho, falaria com Kim Junmyeon, seu primo e Gerente de Marketing da empresa, que estava abaixo da Diretoria Comercial da própria mãe e sua tia Park Jiyoung. Queria ver quais os projetos beneficentes que a empresa apoiava. Mas, enquanto não podia fazer algo em grande escala, poderia ajudar quem estava ao seu alcance.

— Vai ficar tudo bem, tenho certeza — falou, e voltaram a ficar em silêncio, enquanto ele comia. Chanyeol reparou em como ele estava magro, pálido e com olheiras aparentes. — Que horas você vai para casa descansar? — perguntou. Baekhyun demorou para levantar o olhar.

— Não vou. Como vovó tem mais de 65 anos, ela precisa de um acompanhante o tempo todo. 

— Não tem mais ninguém pra revezar com você?

— Somos só nós dois. Tem meus amigos, mas todos trabalham e estudam — disse, terminando de comer e ficando em silêncio, de cabeça baixa, até arrastar a cadeira para trás — Muito obrigado pela refeição, Senhor Park. Preciso voltar — disse, levantando e fazendo uma breve reverência ao mais velho. 

Chanyeol quis pedir que ele ficasse um pouco mais, mas não conseguiu encontrar uma desculpa rápida, então só acompanhou as costas do rapaz se afastando. Assim que se viu sozinho, pegou o celular e discou o número de Minseok. 

— Oi Chan, tá tudo bem? — Minseok perguntou assim que atendeu. Não era comum seu chefe ligar depois do horário.

— Tô bem. Queria pedir um favor pessoal. 

— Claro, fala.

— Conhece alguém que possa ficar de acompanhante em um hospital? Remunerado. 

— Hmmm, você busca para a Sra. Byun?

— Sim. O neto dela tá aqui direto, sem conseguir descansar. 

— Peraí, vou perguntar pra Omma — ele falou, e Chanyeol pode ouvi-lo se afastar até chamar pela mãe — Omma, conhece alguma pessoa que possa ficar de acompanhante para uma senhorinha muito querida no hospital?

— Hmm, a sra. Choi, a irmã da nossa vizinha, lembra? Ela é viúva, não tem filhos e costuma pegar trabalhos assim. É pago? — Sorriu ao ouvir a mãe dele falar, sentindo-se esperançoso. Ouviu Minseok responder — Sim, será remunerado. Pode falar com ela?

— Chan, tem uma pessoa. — Voltou a falar consigo quando ela confirmou e eles se afastaram.

— Será que ela pode vir hoje? — pediu, e o Kim notou a preocupação e urgência na voz do chefe. Chanyeol escutou mais um pouco a conversa de seu secretário com a mãe e a confirmação que queria. Sorriu feliz por ter conseguido ajuda tão rapidamente e voltou para a emergência. Baekhyun estava mexendo em algumas bolsas e não o viu se aproximar.

— Menino Park, o que ainda faz aqui? — a sra. Byun perguntou quando o viu.

— Vim perguntar algo para a senhora. Se importaria de ter uma pessoa lhe acompanhando nas próximas noites que ainda precisar ficar aqui no hospital? — perguntou, e teve a atenção do neto que se aproximou.

— Como assim, sr. Park? — Baekhyun perguntou, confuso, olhando dele para a avó.

— Com a ajuda do meu secretário, Minseok, a senhora lembra dele? — Chanyeol perguntou, segurando na mão da pequena idosa. Ela confirmou e ele sorriu — A mãe dele indicou uma senhora que poderá ficar lhe acompanhando para o Baekhyun poder descansar.

— Oh, que maravilha — ela falou, mas foi interrompida pelo neto.

— Não. Senhor Park, eu posso cuidar da minha avó, não precisa disso.

— Deixe disso, Baek. Isso é muito bom. Obrigada, menino Park. Baek precisa mesmo descansar, ele está há dias aqui comigo, dormindo mal, comendo mal. E você também precisa ver os doces, querido.

— Vovó, não posso deixá-la sozinha.

— Ela não ficará sozinha — Chanyeol prontamente falou.

— Mas, senhor… — Tentou argumentar, mas parou quando Chanyeol levantou da cadeira que havia sentado, em toda sua altura, e colocou a mão em seu ombro.

— Eu vou até a recepção cuidar de tudo e esperar pela sra. Choi e nos encontramos mais tarde — ele falou, deixando um carinho na mão da velha senhora e saindo da emergência. 

Baekhyun ficou com as bochechas coradas por toda atenção que estavam recebendo daquele homem, que mal conheciam. Se sentia envergonhado. Sentou resignado na cadeira desocupada e olhou para a avó, que tinha um sorriso largo.

— Eu te disse, querido, ele é um doce, tão gostoso quanto os doces que você faz.

— Vovó! — ele a repreendeu e ela gargalhou.

— Baekhyun, meu amor, sabe que precisa descansar. Daqui a pouco quem entra em colapso é você, e daí, quem vai cuidar de mim? — ela falou, fazendo um drama, e mesmo que Baekhyun soubesse, pois ela era ótimo nisso, caiu como um patinho, sentindo os olhos lacrimosos.

— Eu me sinto tão mal por estar dependendo de um estranho — ele disse, deitando a cabeça na mão da avó, enquanto a outra acariciava os cabelos macios.

— Ele é um bom moço, gentil, bondoso. Se ele quer ajudar, deixe-o. Fico muito agradecida por ele querer cuidar de você também. Aproveita, e convida ele para sair, vá se divertir um pouco.

— Não seja assim, vovó. Não pode querer ficar me empurrando para todo homem bonito e gentil que aparece.

— Ah, consegui fazer você admitir que ele é bonito.

— Ele é lindo, não tem como negar, mas… é um empresário, vovó. O que ele iria querer com alguém como eu? — perguntou, não vendo o sorriso triste que perpassou o rosto da mais velha. Sentia-se culpada por não conseguir dar uma vida melhor para o neto, por ele não poder se divertir como os jovens da idade dele, pois precisava trabalhar para os dois poderem sobreviver.

— Você é maravilhoso, meu querido. Lindo, com um coração puro, a pessoa que mais merece encontrar a felicidade.

— Obrigado, vovó, mas sabe que o mundo não é assim tão lindo como a senhora pinta. Ele só está sendo gentil, não fique vendo coisa onde não tem — falou, resoluto, deixando um beijo na testa dela e voltando a arrumar as coisas na bolsa.

Na recepção, Chanyeol deixou o nome que Minseok havia lhe passado, falando que seria a troca de acompanhante para Byun Youngok e aproveitou para verificar as questões financeiras da estadia da Sra. Byun. Assim que perguntou como funcionava, foi direcionado para o primeiro andar.

Descobriu que as despesas médicas para uma semana já estavam bem altas e verificou como poderia quitá-las. Também queria enviá-la para um quarto e acertou tudo que precisava. O processo todo demorou, mas saiu de lá sorrindo, quando eles confirmaram que ela seria transferida ainda naquela noite.

Quando passou novamente na recepção, soube que ela já havia sido transferida e que a sra. Choi já havia subido. Pegou o caminho do quarto e foi encontrá-los. Desceu no andar da Cardiologia e seguiu pelos corredores até achar a porta que buscava. Deu duas batidas na porta e colocou a cabeça para dentro, vendo que estava tudo certo e entrou.

— Boa noite, sra. Choi? — ele perguntou, para uma senhora na casa dos 50, que conversava sorridente com a paciente. Ela confirmou, lhe dando atenção — Obrigado por vir tão rapidamente, fico imensamente grato. Vou acertar seus honorários amanhã, mas aqui, para as despesas da noite — ele falou, pegando um envelope do bolso do paletó.

— Ah, não se preocupe, é um prazer ajudar. Vivo sozinha, assim me distraio. Podem contar comigo o tempo que precisarem — ela falou, toda simpática.

— Está bem acomodada, vovó? — Chanyeol perguntou, e se aproximou, sentando na poltrona confortável que havia ao lado. Porém, antes que a senhora falasse algo, um Baekhyun com o olhar assustado entrou no quarto.

— Sr. Park! — ele chamou, com urgência e Chanyeol levantou, preocupado — Podemos conversar um instante? — pediu, e saiu novamente. Chanyeol olhou para a mais velha, que sorriu amarelo.

— Assim como eu, meu neto está muito agradecido, mas também, preocupado com toda essa mudança súbita.

— Ele vai brigar comigo? — Chanyeol brincou, fazendo-a rir.

— Não, Baekhyun não briga com ninguém, mas ele está envergonhado, tenha paciência com ele — ela pediu. Chanyeol confirmou e saiu do quarto, vendo Baekhyun com os braços cruzados, um pouco afastado da porta. Foi até ele, mas assim que se aproximou e teve o olhar caindo sobre si, ele voltou a andar. Só o seguiu, até uma área externa. Um pequeno jardim, com algumas mesas e cadeiras.

— Sr. Park, o senhor foi o responsável por tudo isso? Não temos como pagar um quarto desse, eu mal vou conseguir arcar com as despesas diárias, ainda mais uma pessoa para cuidar dela e pelo quarto. Por favor, desfaça o que fez — ele pediu, e Chanyeol pode ver o desespero na voz e no olhar dele.

— Baekhyun! — Chanyeol chamou, colocando as mãos nos ombros do rapaz e o virando para si — Fica calmo.

— Mas…

— Não precisa se preocupar com nada, com nenhuma despesa do hospital e nem com a sra. Choi. Fiz isso para que você possa descansar…

— Não, isso não está certo. Senhor Park, eu não posso aceitar.

— Escuta, olhe para mim como um amigo, eu quero ajudá-los. Me deixe fazer isso, por favor?

Baekhyun queria perguntar porque ele estava fazendo aquilo, mas estava tão cansado, tão sobrecarregado com tudo que só queria chorar. Sabia que dormir também o ajudaria bastante.

— Eu… — começou a dizer, mas Chanyeol foi mais rápido em virá-lo em direção ao quarto.

— Vá arrumar suas coisas. Vamos nos despedir da sua avó e vou te dar uma carona até em casa.

— Senhor…

— Tsc, tsc… — resmungou, tendo o Byun virando o rosto para trás, o olhando espantado —, nada de reclamações, só vai — ele falou, com um sorriso gentil, o empurrando delicadamente para dentro do quarto.

Baekhyun entrou, andando mecanicamente até o armário onde havia deixado as bolsas e Chanyeol entrou e sentou ao lado da senhorinha. Segurando a mão enrugada, sorriu e se aproximou.

— Ele aceitou — Chanyeol falou, e a mais velha abriu um imenso sorriso.

— Muito obrigada por isso, menino Park.

— Não há o que agradecer. Espero que a senhora seja bem atendida e se recupere logo. Sinto saudades dos seus doces e das nossas conversas — ele falou e ela riu. Se levantou e deixou um beijo na bochecha da senhora. Virando-se, encontrou Baekhyun parado no meio do quarto, encarando os dois como se estivesse longe.

Após pegar sua mochila e colocá-la nas costas, Baekhyun virou para a cama, e viu que Chanyeol estava sentado ao lado de sua avó, segurando a mão dela. Olhou bem para aquele homem, que era tão jovem, mas parecia carregar um mundo nas costas. Ficou tão deslumbrado em sua contemplação que não prestou atenção em nada, como se seus ouvidos estivessem bloqueando todo o som externo e pudesse escutar somente as batidas de seu coração, retumbando em seus tímpanos, cada vez mais rápido.

Colocou a mão fechada no peito e apertou, sentindo uma pontada. Arregalou os olhos, pensando que não poderia ter um infarto também. Acordou quando o homem levantou e veio em sua direção.

— Está pronto? — ele perguntou e Baekhyun resmungou uma confirmação. Quando foi até a avó, viu o Park sair do quarto com a sra. Choi.

— Vovó, vai ficar bem mesmo?

— Claro, meu amor, eu vou dormir a noite toda. Vá, descanse e não se preocupe comigo, sim. Você precisa voltar a fazer as encomendas e vender os doces na praça, as pessoas vão sentir falta.

— Agora eu não vou conseguir, mas quem sabe quando a senhora melhorar. Eu volto amanhã de manhã cedo, depois de passar no curso e ver o que consigo recuperar.

— Aqui é bem confortável e a sra. Choi disse que vai ficar comigo até depois do almoço, então, não se preocupe.

— Ok, se comporta, vovó, faça tudo que os médicos e enfermeiros disserem — ele cobrou e ela riu. Ele sabia como aquela senhorinha com carinha de inocente poderia ser arteira. Deixou um beijo na testa dela e saiu do quarto, encontrando o Park e a sra. Choi um pouco mais afastados, conversando. Ele logo percebeu a sua aproximação e sorriu, deixando Baekhyun novamente com as pernas bambas.

— Podemos ir? — Chanyeol convidou, e Baekhyun assentiu, seguindo-o até os elevadores. Ficaram em silêncio até chegarem na garagem e o Park abriu a porta de um carro de luxo para o mais novo. Quando entrou e sentou no banco do motorista, se virou para o rapaz, com um sorriso no rosto — Pode colocar seu endereço aqui? Seguirei o GPS e quando estiver perto, você me guia.

Baekhyun novamente assentiu, colocando o endereço conforme pedido. Seria uma viagem de mais de trinta minutos de carro, já que naquele horário, estava um pouco mais calmo do que no horário de pico de Seul. Baekhyun achou que ficaria nervoso de estar no carro com o executivo, mas, não sabia explicar, se sentia bem estando ao lado dele, calmo. Pensou em como sua avó estava confortável com o novo quarto e com a companhia daquela senhora simpática e de lambuja, poderia descansar o corpo e a mente, só por um tempo, para planejar a própria vida e voltar a cuidar dela. Queria chorar de emoção por toda a ajuda que recebeu. Vovó já tinha garantido que ele era uma boa pessoa e a vovó Byun era uma ótima julgadora de caráter. Então, pensou que não seria ruim baixar suas barreiras e interagir melhor com ele.

— Hmm, senhor Park? — Chamou, e Chanyeol pareceu espantado quando olhou para si rapidamente e sorriu, voltando a atenção ao trânsito — Obrigado por tudo que está fazendo. Ver minha avó bem acomodada e com companhia… fiquei muito feliz, de verdade, mesmo que não tenha demonstrado na hora.

— Oh, eu realmente fico feliz em poder ajudar. Gosto de verdade da sua avó, ela merece todo o cuidado.

— Infelizmente, eu não consigo fornecer isso a ela… — ele falou, com a voz entristecida. Chanyeol ficou preocupado e parou o carro em um acostamento, se virando para o mais novo assim que parou.

— Não foi isso que eu quis dizer, me desculpe se soou errado. Sei como a vida funciona e sinto muito. Mas já que posso ajudar, espero que você aceite.

— Tudo bem, eu aceito. Qualquer coisa para ver minha avó feliz. Ela é… — começou sorrindo, mas logo sentiu sua garganta embargada —, ela é tudo para mim.

Chanyeol queria abraçá-lo, consolá-lo, mas sabia que estava sendo muito apressado, então, só falou: — Ela vai ficar bem logo, tenho certeza. Baekhyun sorriu para si e Chanyeol sentiu seu mundo iluminado com aquele sorriso. Queria vê-lo mais vezes, não queria ainda se despedir. — Você só comeu aquele sanduíche no início da noite. O que acha de jantarmos? Confesso que estou com fome. Por minha conta.

— Ok, podemos ir, sim.

Chanyeol voltou a dirigir sem conter o sorriso nos lábios e os levou a um restaurante que conhecia, muito bom, mas nada muito chique, não queria que Baekhyun o achasse um esnobe. Introduziu assuntos diversos para não falarem mais sobre hospitais, porém, quase tudo os levava à sra. Byun, que foi citada e Chanyeol ouviu histórias da avó de Baekhyun e deles juntos por algumas horas com toda a atenção.

Quando estacionou o carro em frente a casa que foi orientado, não queria acabar a noite ali, mas não sabia o que fazer para prolongá-la mais, e seu coração quebrou quando Baekhyun bocejou ao seu lado, demonstrando o quanto estava cansado.

— Desculpe por segurá-lo por tanto tempo, vá descansar e não se preocupe com nada, a Sra. Choi ficará com a vovó até amanhã às 13h e vou providenciar outra pessoa para apoiar. — Chanyeol recebeu um sorriso de volta.

— Obrigado por tudo, senhor Park. Estarei no hospital amanhã às 13h. Dirija com cuidado — falou, saindo do carro e fazendo uma reverência de 90° para o Park, antes de virar as costas e correr para dentro da casa.

Chanyeol foi para casa flutuando. Parecia besteira admirar alguém só pelos doces que fazia e pela foto que tinha visto pela vovó Byun, mas agora que havia conhecido Baekhyun pessoalmente, parecia que seu coração não pegaria leve consigo. Estava totalmente caidinho pelo rapaz. Agora, será que teria coragem de convidá-lo para um encontro? Pensaria nisso depois, por aquele momento, estava mais que realizado.

 

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Baekhyun só percebeu como estava cansado quando entrou em casa e viu sua cama. Ela parecia tão aconchegante. Porém, não poderia se jogar nela como gostaria. Tirou toda a roupa e foi para o banheiro, deixando a água quentinha lhe acariciar o corpo dolorido e cansado, levando de si o cheiro do hospital.

Já estava acostumado a viver em ambientes esterilizados, extremamente limpos, para poder fazer seus doces, mas, hospitais, não gostava deles. Teve sua cota de momentos desagradáveis e inesquecíveis em hospitais quando sua mãe ficou doente, passou dias internada até falecer. Tinha apenas 10 anos, mas se lembrava vividamente. Não conheceu seu pai, que era filho da vovó Byun, pois ele morreu quando era bebê, em um acidente de carro.

Quando seus pais se casaram, foram morar com a vovó Byun, que vivia sozinha, até ele nascer. Sua mãe amava a vovó Byun e a tratava como uma mãe. Quando seu pai faleceu, foi difícil para as duas mulheres, mas elas superaram juntas. As duas trabalhavam bastante para poderem sobreviver, já que, além da casa, não tinham mais nada para garantir um futuro. O dinheiro era contado, porém, sua mãe se esforçava para guardar um pouquinho para seu futuro. Mas quando ela ficou doente, precisaram usar aquele dinheiro com o tratamento dele. Quando ela se foi, vovó fez de tudo para cuidar de Baekhyun, mesmo já sendo uma senhora idosa, e continuou trabalhando enquanto o neto estudava.

Baekhyun aprendeu a cuidar da casa e cozinhar para poder ajudar a avó e se interessou muito pelos doces que a senhora fazia para vender, de onde vinha o sustento dos dois. Aprendeu a fazê-los com ela aos 15 anos, e a ajudou desde então, e há dois anos, era o responsável pela produção praticamente sozinho. Quando se formou no Ensino Médio, procurou um curso de Confeitaria para melhorar suas técnicas, e após virar a noite estudando e testando pratos, fez uma prova que o concedeu uma bolsa parcial para um dos melhores cursos da capital.

Tinha uma rotina bem regrada, de manhã saía para comprar algum ingrediente que faltasse, o que não acontecia sempre, e ficava até a hora do almoço cozinhando ou confeitando os que precisavam de tempo de geladeira ou descanso. Seu curso era na parte da tarde, enquanto sua avó vendia os docinhos no centro empresarial, e à noite, voltava a preparar outros ou os de encomendas para o dia seguinte.

Até um ano atrás, só vendiam os docinhos no carrinho da vovó, mas com as ideias e ajudas de seus amigos de infância e vizinhos, Doh Kyungsoo e Kim Jongdae, havia dado uma alavancada nas vendas.

Kyungsoo, que estava fazendo faculdade de Marketing com uma bolsa de estudos que havia conquistado com muito esforço, o ajudou a criar uma conta no Instagram e batia foto dos docinhos, que pareciam profissionais. Agora, aceitava encomendas e Jongdae era o responsável por fazer as entregas. O Kim nunca gostou muito de estudar e havia passado pelo Ensino Médio com muita luta, mas concluiu, só que fazer uma graduação não estava nos planos do rapaz, já que ele precisou trabalhar desde cedo para ajudar a família. Baekhyun agradecia por ter os dois amigos, eles eram o cérebro e os braços do Byun.

Já era quase meia-noite quando saiu do banho e ouviu um barulho no andar de baixo da casa, indo em direção às escadas, averiguar. Estava só com uma toalha enrolada no quadril quando ouviu a voz estridente do amigo o chamando. Ficou bem mais aliviado e quando desceu, encontrou Jongdae e Kyungsoo parados no meio da sala. Os dois foram em sua direção e o abraçaram.

— A vovó tá bem?

— Como ela tá? Você podia estar aqui essa hora? — os dois perguntaram juntos.

— Vovó tá bem — ele falou, tranquilizando os dois, mas vendo que a curiosidade se mantinha.

— Mas Baek, como ela ‘tá? Ela podia ficar lá sozinha? — Kyungsoo perguntou, mas antes que Baekhyun pudesse responder, Jongdae falou, fazendo os dois arregalarem os olhos.

— Omma disse que o Baek desceu em um carro chique. Quem era? — ele perguntou, com um sorriso malicioso, empurrando os ombros do amigo.

— Como assim? — Kyungsoo perguntou, animado.

— Pera gente, eu vou contar, acabei de chegar, me deixem respirar — ele falou, se afastando dos dois e indo até o sofá. Esperou os amigos se acomodarem também e riu da cara de curioso dos dois — Vovó está muito bem, fez exames hoje de tarde e amanhã o médico dirá se ela vai precisar de cirurgia ou não. Mas acho que será preciso, pela cara que ele fez quando me falou…

— E como você tá aqui? Achou alguém para ficar com ela? — Kyungsoo perguntou.

— Bem… ela está acompanhada, mas não fui eu que achei.

— Baekhyun, tá misterioso demais pro meu gosto, desembucha logo — Jongdae, ansioso como sempre, apressou o amigo.

— Vocês lembram de uma cara que a vovó vive elogiando? Um executivo, ela sempre chama de menino Park — ele perguntou, se inclinando para frente e colocando os cotovelos nos joelhos.

— Claro, ela sempre fala dele. O cara compra doces todos os dias — Jongdae confirmou — Mas o que tem?

— Conheci ele hoje. Não sei como ele descobriu que vovó estava no hospital, foi lá, pagou as contas, trocou ela de quarto, contratou uma pessoa para acompanhá-la pelo tempo que ela precisar, me levou para jantar e me trouxe em casa — Baekhyun falou tudo em um rompante só, vendo as caras espantadas dos amigos, que estavam de boca aberta.

— Uau!

— Uau mesmo. Muitas coisas para um dia só — Kyungsoo disse.

— Tá, mas ele é bonito?

— Isso não interessa, Jongdae — Kyungsoo ralhou com ele.

— Claro que interessa, você esqueceu que Baek é gay? Se ele arranjar um namorado rico, resolve todos os problemas dele.

— Credo, Jongdae. — Kyungsoo socou o amigo, que só riu e deu de ombros.

— Não fala assim que começo a me sentir mal. Hesitei muito no começo, acho que devo ter soado até rude em alguns momentos, mas ele foi tão gentil — Baekhyun contou, quase suspirando.

— Nossa, já tá mesmo apaixonadinho? — Kyungsoo provocou, vendo o amigo revirar os olhos.

— Não viaja Kyung, o cara é um executivo de altos voos, tava todo de terno e sobretudo lá na emergência do hospital. Nunca teria nenhuma chance com ele.

— Não viaja você, já viu como tu é lindo? — Jongdae falou, levantando e sentando do lado do amigo, o puxando para um abraço — O cara seria cego de não tentar nada.

— Ele poderia até tentar, mas seria o quê? Só me comer às escondidas e tchau. Não sei se quero me envolver pra depois sair machucado.

— Você tem um ponto — Jongdae finalmente concordou — Mas, você é lindo e a pessoa mais maravilhosa que a gente conhece, não feche essa porta totalmente, vai que… — Kyungsoo concordou com um resmungo.

— Gente, eu nem sei se ele é gay pra começo de conversa. Isso não tem sentido nenhum. Ele tá sendo gentil e está ajudando, e sabe, não estou em condições de negar nada, mesmo que sinta meu orgulho um pouco ferido.

— Nem deve mesmo, Baek. As contas de hospital são assombrosas. Vou pagar por muitos anos os empréstimos que fiz para pagar as dívidas da vez que omma ficou internada e precisou de cirurgia. O mundo é injusto e não podemos nos dar ao luxo de negar ajuda — Jongdae falou, e os dois concordaram.

— Vou tentar dormir o máximo que puder, preciso voltar lá amanhã durante o almoço. A senhora que está ficando com ela vai ficar até as 13h.

— Quando você acha que volta com os doces?

— Não sei ainda. Preciso ir até a escola amanhã ver como posso me recuperar dessa semana de folga. Quero muito voltar com as encomendas, mas não sei mesmo. E tem o carrinho da vovó, ela tá mais preocupada com isso. São clientes fiéis que ela atende há anos.

— Se ela vai ficar mais dias, talvez você consiga voltar para preparar as encomendas, pelo menos algumas, posso te ajudar.

— Sim, verei como as coisas vão ficar amanhã, daí planejo minha agenda e te aviso — ele disse, colocando a mão no joelho do amigo ao seu lado.

— Queria muito poder te ajudar a ficar com a vovó, mas com a faculdade e o trabalho na conveniência, não sobra tempo nem para respirar. Se ela ainda estiver lá semana que vem, eu fico com ela na minha folga, para você poder descansar — Kyungsoo explicou, se aproximando também. Sabia como os amigos eram ocupados em suas próprias vidas. O Doh tinha uma bolsa de estudos, mas ainda precisava comer e se locomover, por isso, trabalhava em uma conveniência. E Jongdae, cuidava de uma mãe doente em casa, fazendo todos os tipos de trabalhos possíveis com sua lambreta.

— Não se preocupe, Soo, você já me ajuda muito com o perfil. Vamos dar um jeito — ele falou, e bocejou longamente. Os amigos viram como ele estava cansado e se olharam, se comunicando silenciosamente. 

— Você precisa descansar, Baek — Jongdae falou, assim que se levantou, fazendo o Byun se levantar do sofá também.

— Sabe que pode sempre contar conosco, não é? — Kyungsoo reafirmou, abraçando o amigo, que sorriu.

— Obrigado, vão vocês também, amanhã o dia começa cedo. Vamos nos falando por mensagem.

Assim que os amigos foram embora, voltou a subir, colocando somente uma camiseta e uma cueca e se jogando em sua cama. Passava um pouco da meia-noite, então, colocou o celular para despertar às 10h da manhã seguinte e se deixou levar pelo cansaço.

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Assim que acordou com o despertador, percebeu como estava exausto, dormindo toda a noite sem interrupções. Acordou faminto, mas tinha outras prioridades. Foi até o quarto da avó que ficava no térreo, separando algumas mudas de roupas para ela e alguns itens de higiene que precisava repor. Voltou para o próprio quarto e separou algumas peças para si em sua mochila. Tomou um banho rápido e se arrumou, saindo com as bolsas cheias.

Pegou o ônibus para ir até a escola, e lá, conversou com a secretária e com seus professores, explicando o que havia acontecido. Saiu muito agradecido por eles serem bem compreensivos, e prometeu que voltaria o quanto antes para recuperar os dias perdidos. Teria que se esforçar o dobro para dar conta, mas valeria a pena.

Saiu dali pensando em ir direto para o hospital, mas estava faminto, por isso parou em uma barraquinha de rua e comprou alguns petiscos, que comeu no local. Foi para o hospital em seguida, pela primeira vez indo para os elevadores, que o levariam às áreas dos quartos, ao invés de ir para a emergência.

 Quando entrou no quarto, sua avó estava almoçando junto da sra. Choi e elas estavam rindo de algo que passava na televisão.

— Baek, meu amor, descansou bem? — ela perguntou, risonha, esticando o braço na direção do neto, que se aproximou e abraçou a pequena senhora, deixando um beijo na testa.

— Muito bem, vovó, e a senhora? Bom dia, sra. Choi, como passaram a noite?

— Super tranquilo, querido. Essa cama é bem confortável. Estava conversando com as enfermeiras e parece que aqui, eles não pedem acompanhante no período da noite — ela disse, e Baekhyun arregalou os olhos.

— Será? Vou verificar, obrigado.

— Eu já vou indo, amanhã, estarei aqui cedinho e vou embora no início da noite — ela disse, após deixar um abraço em sua avó e um beijo em sua testa.

— Como foi? — Baekhyun perguntou, após sentar ao lado da avó e segurar a mão dela.

— Tá tudo bem, meu querido, eles cuidaram muito bem de mim. Agora, vá lá ver sobre o que a sra. Choi disse e depois venha aqui ficar comigo para planejarmos o que fazer.

Baekhyun levantou rapidamente, indo até a recepção daquele andar para falar com as enfermeiras, abrindo a boca em espanto com as explicações de como aquela área, que era considerada uma área VIP, funcionava. Durante o dia, eles pediam que alguém fizesse companhia para o paciente, mas durante as noites, todos eram auxiliados pelos inúmeros enfermeiros, que visitavam os quartos com frequência, não necessitando de acompanhante. Aproveitou para questionar sobre os exames, sendo informado que logo o médico passaria para falar com eles. Voltou também correndo, com um sorriso no rosto. 

— É verdade, vovó. Não vai precisar de companhia a noite, porque terão enfermeiros o tempo todo com a senhora. 

— Isso é ótimo, meu querido. Assim, você pode voltar a trabalhar.

— Mas, acho que vou ficar por aqui, não quero deixá-la sozinha.

— Bobagem, não estarei sozinha e vou dormir a noite toda. Você precisa de descanso, e precisa voltar ao trabalho.

— Mas… como virei vê-la, ou ficarei sabendo como a senhora está e sobre a cirurgia? — ele perguntou, com um biquinho triste nos lábios. Estava sentado na cama, com as mãos entre as palmas quentes e enrugadas da avó. Antes que ela pudesse falar algo, ouviram o barulho da porta se abrindo e olharam para lá. Baekhyun desceu da cama e olhou para o médico que entrava acompanhado por um casal de médicos mais jovens.

— Boa tarde, jovem Byun, sra. Byun — ele cumprimentou ambos, com um sorriso gentil.

— Boa tarde, doutor — avó e neto responderam juntos.

O médico explicou que a sra. Byun havia sofrido um infarto agudo do miocárdio, e que depois do cateterismo que realizaram nos últimos dias, não conseguiram desobstruir as veias entupidas, então, fariam uma cirurgia em 10 dias. Infelizmente não poderiam fazer antes, pois havia exames e uma dieta seria administrada para manter a paciente em condições para uma cirurgia tão importante. Fariam a colocação de bypass, a princípio, substituindo dois enxertos de veias, o que poderiam chamar de pontes de safena. A recuperação de duas semanas seria realizada no hospital e quando ela recebesse alta, passariam as recomendações de cuidados necessários.

Assim que eles saíram, Baekhyun foi atrás do médico e seu time.

— Doutor, um minuto, por favor. Não queria perguntar na frente da minha avó.

— Imaginei quando não fizeram muitas perguntas. Pode falar — ele encorajou, gentil.

— Com a idade dela e tudo o mais, qual o risco desta cirurgia?

— Pequeno. Apesar do infarto, sua avó é uma mulher muito saudável para a idade. É lógico que toda cirurgia tem seu risco, mas posso lhe garantir que temos a melhor equipe cardíaca cuidando dela.

— Obrigado, Doutor — Baekhyun agradeceu, curvando o corpo várias vezes em respeito. Voltou correndo para o quarto e ficou fazendo companhia para a avó pelo resto do dia e da noite, mesmo ela insistindo que não precisava. Voltou para casa quando a sra. Choi chegou, deixando muitos beijos e abraços na avó antes de voltar para casa. 

Passou no mercado onde comprava os ingredientes para seus doces e voltou para casa saltitando. Chegou, tomou um banho e se pôs a trabalhar. Assim que concluiu o preparo dos recheios e coberturas, deixando-os na geladeira, passou a preparar as massas. Havia comprado frutas frescas para o que tinha em mente.

Ligou para Jongdae, verificando se ele poderia lhe ajudar e não demorou para o amigo aparecer, com um sorriso que cobria a cara. No início da tarde estava com uma remessa grande de cupcakes prontos e decorados. Bateu fotos e enviou para os contatos dos clientes de encomendas, informando ter os doces a pronta-entrega. Menos de uma hora depois, já estava com todos embalados e com Jongdae na porta, com uma lista de entregas e diversos pacotes na caixa da moto. Assim que o amigo saiu, pegou o restante dos doces, devidamente embalados e partiu em direção à estação de metro.

Tinha um objetivo em mente e um sorriso que não lhe abandonou, desde que havia voltado para casa. A casa de sua avó, que já fazia parte da família Byun há gerações, era uma casa bonita e grande, em um bairro bom, com fácil acesso. Boa parte dela era ocupada pelos espaços usados para a produção dos doces, que era o sustento deles desde sempre. Desde que vovó ficou viúva, antes mesmo de Baekhyun nascer, a forçando a precisar se sustentar sozinha.

Fez uma caminhada de alguns minutos até a estação de metrô, fazendo somente uma baldeação para finalmente descer na estação do centro empresarial. Às vezes vinha com a vovó até o restaurante da sra. Kang, ajudá-la a colocar os doces no carrinho e levar até o ponto onde ela ficava para vendê-los, então, conhecia aquele caminho muito bem.

Ouviu o barulho do sininho na porta quando abriu e olhou em volta, procurando a dona do local. Assim que ela o viu, limpou as mãos em um pano de prato que trazia no ombro e veio apressada em sua direção.

— Baekhyun, meu querido! — ela o cumprimentou, o abraçando no processo — Como está a Youngok? Ela me deu um baita susto.

Foi levado pela pequena senhora até uma das mesas vagas e sentou, colocando as sacolas que trazia ao lado.

— Vovó está bem agora, sendo bem cuidada no hospital. Deixarei aqui o quarto que ela está, pode receber visita a qualquer hora — falou, anotando os dados em uma folha do bloco que trazia na bolsa a tiracolo.

— Graças a Deus, fiquei tão preocupada. E você, o que faz aqui?

— Vou voltar ao trabalho aos poucos, vovó está com companhia. Ela fará uma cirurgia em 10 dias — falou, vendo o espanto da mulher à sua frente. — Mas os médicos garantiram que vai dar tudo certo, não se preocupe — ele disse, apertando as mãos da senhora. — Aproveitei e trouxe alguns doces.

— Ah, que maravilha, amo seus doces, vão sair rapidinho. Vai levar o carrinho?

— Hoje não, mas venho depois de amanhã, preciso me organizar primeiro.

— Já almoçou, querido?

— Não, sra. Kang, acabei me envolvendo com a produção e não me lembrei de comer.

— Então, me espere, vou preparar um prato reforçado para você.

Logo uma tigela fumegante de sopa de porco apimentada era posta à sua frente, com uma porção de arroz e uma jarra de água.

— Muito obrigado, sra. Kang.

— Fique à vontade, querido. Se quiser qualquer coisa mais, é só chamar — ela falou, voltando para a cozinha em seguida.

Baekhyun só percebeu como estava faminto quando levou a primeira colherada do ensopado aos lábios. Não havia comido nada desde que havia saído do hospital naquela manhã. Comeu com muito gosto a refeição, recebendo a atenção da senhora e da equipe, sempre com muito carinho. Agradeceu a todos, após pagar e acertar as contas dos doces. Saiu de lá satisfeito e foi para sua última missão antes de ir para o curso de confeitaria, que conseguiu trocar para o turno da noite.

Foi até a praça onde sua avó sempre ficava com o carrinho, cumprimentando algumas pessoas nos carrinhos próximos. Parou onde ficaria nos próximos dias e olhou para cima, para os prédios altos de vidros espelhados que refletiam o sol e o céu azul. Respirou fundo e foi até o prédio em frente. Entrou no grande hall e olhou para o painel com logotipos de várias empresas, vendo que a Park Alimentos ocupava do segundo até o sexto andar do edifício. Andou até o balcão da recepção e sorriu para a jovem que estava ali.

— Boa tarde, eu gostaria de falar com o sr. Park Chanyeol. Pode me informar qual o andar?

A moça pediu seu documento e digitou algo no computador, até devolver seu documento e lhe entregar um crachá de visitante, informando que deveria ir até o quinto andar. Agradeceu e foi para os elevadores, passando o crachá na catraca que ficavam separando-os do saguão. Recebeu alguns olhares das pessoas em volta, mas não quis dar muita atenção a isso. Estava nervoso demais pensando na coragem que teve para ir até o Park, para prestar atenção às pessoas que o olhavam enviesado, como se ele fosse um entregador que estivesse no lugar errado. Sabia que a sociedade era elitista e preconceituosa com tudo que não concordassem ou conhecessem, e sua mãe e a avó sempre o ensinaram a respeitar as pessoas, principalmente os mais velhos, mas nunca a baixar a cabeça para gente arrogante e mal-educada.

Quando chegou ao quinto andar, desceu sozinho, mas nem se dignou a olhar para trás, com medo de tropeçar nas próprias pernas. Andou por um corredor com paredes de vidro que davam para a praça, até chegar em uma recepção grande com dois rapazes concentrados em seus computadores. Porém, assim que se aproximou, ambos olharam para si e sorriram.

— Olá, você deve ser o Baekhyun? — o rapaz loirinho perguntou, deixando Baekhyun encabulado — Está procurando pelo Chanyeol?

— Bem, sim. Eu… me desculpe chegar sem avisar. Se ele estiver ocupado, eu posso esperar ou voltar outro dia.

— Não se preocupe, ele já está terminando uma reunião. Quer se sentar ali e esperar um pouquinho? Temos café e água se desejar.

— Não, obrigado. Vou esperar — falou, indo até os sofás próximos e se acomodando. Olhou em volta, percebendo algumas salas com placas de metal e os nomes gravados. Não viu o nome do Park ali e ficou com vergonha, pensando que havia vindo até o lugar errado, mas o rapaz que o recebeu não lhe corrigiu, então, só uniu as mãos e baixou a cabeça, concentrando no movimento dos seus próprios dedos inquietos. Ouviu algumas risadinhas dos dois rapazes e ficou mais apreensivo ainda. Quase deu um salto no assento quando o rapaz loiro se aproximou sorridente.

— Baekhyun, pode me acompanhar — ele falou, e o esperou levantar e pegar a sacola que carregava antes de começar a andar. Eles foram para um corredor ao lado, que passava pela parede de vidro do prédio e ele parou em frente a porta dupla. Baekhyun olhou para frente e arregalou os olhos, vendo finalmente que ali na placa estava o nome do homem que havia vindo ver — Fique à vontade — ele falou, abrindo a porta e o esperando entrar, fechando atrás de si em seguida.

Baekhyun entrou, ressabiado e olhou em volta. Seu olhar congelou na mesa que havia em uma das pontas da sala e no homem sentado atrás dela, que parecia bem concentrado na tela do computador à sua frente.

— Min, pode falar, só vou terminar de revisar esse relatório — ele falou, sem olhar para frente. Baekhyun ficou envergonhado e sem saber o que fazer. Por isso, deu alguns passos próximos e pigarreou.

— Boa tarde, sr. Park — falou. Quis rir da cara de espanto que o Park fez quando desviou o olhar da tela para si, arregalando os olhos e levantando da cadeira abruptamente.

— Baekhyun? — ele perguntou, saindo de trás da mesa e vindo em sua direção — Nossa, o que faz aqui?

— Eu… desculpe vir sem avisar. Achei que aquele rapaz havia lhe falado que eu estava aqui.

— Ah, o Minseok, ele é meu secretário. Ele me disse para avisar quando liberasse da minha reunião, que ele queria falar comigo. Não falou nada de você.

— Desculpe novamente, eu posso ir embora, não quero atrapalhar.

— Não, imagina. Vem, senta aqui. Eu que peço desculpas, não imaginava receber uma visita tão boa — ele falou, com um sorriso largo e gentil, o direcionando para os sofás. Baekhyun sentou na ponta de um deles e colocou a bolsa sobre a mesa de centro, enquanto via Chanyeol sentar na poltrona quase ao lado — Ao que devo a honra da sua visita? — ele falou, brincalhão e ficou sério de repente, como se tivesse lembrado de algo — Tá tudo bem com a sua avó?

— Está, sim, sr. Park, eu vim para lhe agradecer por tudo que fez por nós, e continua fazendo — ele falou e se levantou, se afastando um pouco e se curvando em 90°. — Sou realmente muito grato por toda a sua ajuda. Muito obrigado — Baekhyun falou, ainda abaixado, e Chanyeol se levantou também. Queria ir até ele e pedir que não fizesse aquilo, o deixava envergonhado, mas não queria deixar as coisas mais estranhas, então, só aceitou.

— Fico feliz em poder ajudar no que for — falou, emocionado e teve finalmente o rapaz olhando para si, com os olhos marejados. Apontou o sofá novamente, pedindo que ele se sentasse. — Me conte as novidades.

— Vovó precisará de cirurgia, que ocorrerá em 10 dias. O quarto que providenciou não exige acompanhante na parte da noite, mas tentarei passar algumas noites com ela e o máximo de tempo que eu puder — disse, contando os pormenores médicos e falando que mesmo sendo um caso grave, a cirurgia tinha grandes chances de sucesso e ela ficaria muito bem depois.

— Fico muito feliz em saber disso. Ela ficará bem logo.

— Sim, assim espero. Como pude voltar para casa, me coloquei a trabalhar e fiz uma remessa grande de doces. Trouxe alguns — Baekhyun falou, tirando finalmente as caixas da sacola que carregava. Havia duas caixas com tampas transparentes e seis cupcakes coloridos em cada uma. Três com cobertura rosa e morangos de enfeite e três com cobertura azul e mirtilos no topo.

— Uau, que lindos!

— Espero que goste.

— Não tenha dúvidas — Chanyeol falou, sentando mais na frente da poltrona. Baekhyun riu quando o viu lamber os lábios em expectativa — Posso?

— Claro, são seus — ele disse, e sorriu novamente com o mais velho avançando nos doces e pegando um dos azuis, levando aos lábios e dando uma mordida cheia de vontade. O gemido que ele deu ao saborear o doce, levou Baekhyun para outro lugar, o fazendo flutuar na contemplação daquele homem bonito e todo chique na roupa social, sujando os lábios com o chantilly de um cupcake. Precisou se controlar para não suspirar na frente dele e mordeu os lábios para se conter, porém, não tinha como negar o quanto ele era lindo e totalmente o seu tipo de cara.

— Deliciosos — Chanyeol falou, quase gemendo de prazer — Não sabe o quanto eu estava com saudades desses doces. Tem bastante aqui — ele constatou, sorrindo.

— Bem, sim, eu trouxe alguns a mais para a sua equipe. Fiquei com um pouco de vergonha de deixar lá fora para eles — falou, coçando os fios da nuca.

— Ah, muito atencioso da sua parte, tenho certeza que eles irão adorar. Vou sentir falta dos meus doces depois do almoço.

— Eu pretendo voltar a vendê-los com o carrinho da vovó, mas não todos os dias. Consegui transferir meu curso para o período noturno e passarei aqui alguns dias na semana, no horário do almoço até o meio da tarde. — Quis sorrir com a felicidade estampada no rosto de Chanyeol com aquela novidade, mas se conteve, baixando o olhar e mordendo a parte interna da bochecha — Isso tudo graças ao senhor. 

— Já me agradeceu o suficiente. Obrigado por lembrar de mim — falou, apontando para a caixa — Quanto eu lhe devo?

— Nada. Nem pense nisso. Tem um estoque vitalício de doces sempre que quiser, sr. Park.

— Assim eu ficarei intimidado e não conseguirei pegar mais nenhum.

— Pois, eu deixarei os seus sempre reservados. Se não descer para buscá-los, eu subo aqui para lhe entregar.

Os dois ficaram se olhando com sorrisos bobos nos rostos, sem reparar no tempo, só contemplando a feição bonita um do outro. Foram interrompidos em um rompante, os assustando e fazendo ambos se ajeitarem nos assentos, olhando para a porta. Baekhyun se prostrou em pé em um pulo.

— Chanyeol, trouxe os relatórios que você… — A pessoa não olhou enquanto entrava e só parou quando levantou o rosto e se deparou com os dois — Opa, interrompi alguma coisa?

— Cadê o Minseok para te impedir de entrar na sala dos outros sem bater, Sehun? — Chanyeol levantou, olhando para o homem com um olhar repreensivo.

— Ah, foi mal — ele falou, sem um pingo de remorso, com um sorriso sacana despontando no rosto. — Não vai me apresentar ao seu amigo?

Chanyeol olhou para ele com os olhos em chamas, mas era Sehun ali e nada o abalava de sua curiosidade. Sabia que ele tinha aparecido com uma desculpa esfarrapada apenas para sanar a própria ânsia por fofoca.

— Boa tarde, me chamo Byun Baekhyun — o rapaz se apresentou, após alguns minutos de olhares trocados entre os dois executivos.

— Ah, Oh Sehun, colega de trabalho e melhor amigo do Park aqui — ele disse, sorrindo galanteador para o jovem — Hmm, doces. De onde eles vieram? — Sehun não se fez de rogado e sentou em uma das poltronas, pegando um dos cupcakes de morango e abocanhando o topo de chantilly.

— Sehun, não seja inconveniente. Já matou a sua curiosidade, agora pode ir — Chanyeol pediu, ao se aproximar.

— Mas… nossa, isso daqui é muito bom, me lembra dos doces da sra. Byun — ele falou, ignorando Chanyeol, concentrado no bolinho que tinha em mãos.

— Conhece minha avó?

— Você é o neto da sra. Byun? Wow, é um prazer te conhecer. Ela sempre fala muito bem de você. Você quem faz?

— Sim — Baekhyun confirmou, com um sorriso e Chanyeol novamente se perdeu no brilho daquele rapaz. O Byun olhava para baixo, parecendo envergonhado, mesmo que sorrisse, e o Park olhava para ele. Essa dinâmica não passou despercebido para o Oh, que sorriu enviesado.

— Delicioso Baekhyun. Desculpem por interromper, eu falo com você depois, Chanyeol — falou, saindo porta afora em seguida. Byun e Park ficaram novamente em silêncio, desviando os olhares sem saberem o que dizer.

— Bem, acho que já está na minha hora. Preciso ir até a minha escola, ver todas as atividades que posso repor — Baekhyun falou, pegando a bolsa onde havia trazido as caixas de doces, dobrando-a e colocando dentro da bolsa que colocou no ombro. Chanyeol acompanhou os movimentos do rapaz, mas nada disse — Muito obrigado por me receber, sr. Park — ele agradeceu novamente, andando até a porta, devagar, como se esperasse que fosse acompanhado. Quando ele estava quase com a mão na maçaneta, Chanyeol acordou de seu transe, se apressando a ir até ele e abrindo a porta antes.

Andaram devagar, como se inconscientemente quisessem mais um tempo um ao lado do outro. Porém, a bolha estourou quando chegaram na recepção e Baekhyun assustou-se com a quantidade de pessoas lá. Além dos dois secretários e do sr. Oh, havia mais dois homens no balcão. Parou e se curvou, cumprimentando a todos, que lhe deram tchau em meio a sorrisos e continuou seguindo o Park até os elevadores.

— Foi um prazer receber sua visita. Me mantenha informado sobre a vovó Byun, e qualquer coisa que precisar, só me ligar — ele falou, levando a mão até o bolso interno do paletó e retirando de lá um cartão de visita.

— Obrigado, sr. Park — ele falou, fazendo mais uma reverência antes das portas do elevador se fecharem.

Chanyeol ficou alguns minutos parado no meio do hall, com um sorriso bobo no rosto. Suspirou e voltou para sua sala, estranhando o vazio da recepção. Quando abriu a porta de sua sala, se assustou com todos os intrusos que ocupavam o espaço e comiam seus preciosos cupcakes.

— Eu não acredito! Vocês não têm modos? Isso é meu — ele falou, correndo até a caixa que ainda continha dois cupcakes e a levando para longe daqueles esfomeados.

— Você não ia dividir conosco? — Junmyeon perguntou, fingindo indignação — Egoísta.

— E aí, Chan. Como foi com o gatinho? — Minseok teve a pachorra de perguntar e Chanyeol fez sinal de que iria esganá-lo.

— Por que não me falou que ele estava aqui? Levei um susto.

— Queria te fazer uma surpresa. Como a avó dele está? — Minseok lhe respondeu, com um sorriso travesso.

— Está bem, dentro do possível. Fará uma cirurgia cardíaca na outra semana — ele contou, ouvindo as exclamações dos amigos e companheiros de trabalho. Sentou na sua cadeira, atrás da mesa grande e levou um dos sobreviventes cupcakes de morango até os lábios. — Hmmm.

— O garoto é muito bom com as mãos, hein? — Ouviu a voz de Sehun insinuar e se engasgou com o doce. Tossindo em seguida e ouvindo as risadas deles — Ele é um bom confeiteiro.

— E lindo! — Jongin completou, sem olhar para os demais, saboreando seu doce.

— Por isso o Chan tá caidinho assim — Minseok constatou e os outros deram risadinhas cúmplices.

— Chega, todos vocês. Vamos voltar ao trabalho — ele falou, levantando e espantando aquele bando de cacatua de sua sala. Assim que se viu sozinho, voltou para a mesa e respirou fundo, lembrando de Baekhyun sentado ali, todo tímido e com o sorriso mais lindo que já havia visto em sua vida. Estava mesmo caidinho pelo rapaz lindo de mãos mágicas.

♥️ ♥️ ♥️ ♥️ ♥️ ♥️

 


Notas Finais


E aí, curtiram esse primeiro cap?
Se gostaram, deixem um oi para fazer essa autora feliz. E sigam o fest, já saíram fics fantásticas e ainda tem muita coisa boa vindo por aí.


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