Depois de nos separamos das meninas eu levei o Bill para uma parte do shopping que havia vários tipos de jogos, tanto antigos quanto modernos.
Ficamos algum tempo jogando jogos antigos como: Pac man, Dankey Kong, Street Fighter e Space Invaders.
Nos divertimos bastante jogando todos os tipos de jogos, como não existe videogame de onde o Bill veio eu tive que ensinar ele, o que foi bem engraçado de assistir.
Depois fomos até a C&A porque segundo o Bill eu precisava de uma "reforma" no meu guarda-roupa.
– Toma, experimenta essas daqui – Bill disse me entregando algumas roupas e me empurrou na direção de um dos provadores.
Ficamos por quase uma hora fazendo aquilo, quando finalmente terminou as opções de roupas pra mim experimentar eu comecei a vestir as minhas roupas.
Quando eu terminei de me vestir eu escutei a porta do provador se fechar e senti um corpo atrás de mim.
Quando me virei eu vi que eu e o Bill estávamos muito perto um do outro e como a cabine do provador era muito pequena eu apenas dei três passos para trás e senti a parede bater contra as minhas costas.
Bill aproximou um pouquinho seu rosto do meu fazendo com que nossas bocas ficassem apenas alguns centímetros afastadas uma da outra, eu sentia sua respiração contra a minha boca.
– B-B-Bill – tentei falar enquanto sentia minhas bochechas corarem.
– Shhh – sussurrou para mim.
Vi ele fechar os olhos e fiz o mesmo, eu estava muito nervoso esse seria meu primeiro beijo.
Imagina o meu desespero, o meu primeiro beijo seria em um provador de uma loja de roupas de um shopping com um demônio dos sonhos.
"Não poderia se melhor não é mesmo?" pensei ironicamente enquanto sentia os lábios de Bill tocar levemente os meus, até que eu escuto o toque do meu celular vindo do bolso da calça jeans do loiro.
Coloco a minha mão no peito de Bill e o empurro de leve, o loiro olha pra mim emburrado e bufa, solto uma risada e ele me entrega o meu celular.
– É a Pacífica – digo olhando para o celular.
– Alô – digo atendendo a ligação.
– Oi Dipper – Pacífica fala e eu percebo que sua voz está um pouco assustada –você e o Bill pode vir encontrar comigo e com a Mabel?
– Sim, mas por quê? – pergunto curioso e preocupado ao mesmo tempo.
– Hã... – disse fazendo uma pausa – deixa eu passar pra Mabel que ela vai vai te explicar melhor.
Esperei por alguns minutos até escutar a voz da Mabel chamar pelo meu nome do outro lado da linha.
– Dipper – ela falou e fez uma pausa me deixando ainda mais preocupado com seja lá o que estivesse acontecendo com ela.
– Mabel o que tá acontecendo? – pergunto muito preocupado com ela.
– Eu encontrei ele aqui – ela fala assustada dando ênfase no ele – eu não sei como mas... ele veio para Gravity Falls.
– Mabel quem é ele? – pergunto não entendendo o motivo para ela estar tão agitada.
– Dipper, você não lembra quem é ele? – pergunta parecendo estar indignada com a minha pergunta.
– Mabel quando você fala ele a única coisa que me vem na minha cabeça é meninas super poderosas – falo lembrando de quando nós éramos crianças e a Mabel me obrigava a assistir meninas super poderosas com ela.
Escuto Bill dar risada por causa da minha fala, olho para ele e mostro para ele o dedo do meio, o fazendo parar de rir da minha cara.
– Dipper pelo amor de Deus – fala desacreditada – deixa eu refrescar a sua memória, primeiro ano do ensino médio, baile de inverno e briga no terraço.
Nesse momento todas as minhas memórias envolvendo as palavras da Mabel vieram com tudo em minha cabeça então eu lembrei do que ela estava falando.
– Você só pode estar brincando – digo e vejo Bill fazer uma careta confusa por causa da minha mudança de humor repentina.
– Não, eu não to – disse e o desespero voltou a tomar conta de sua voz.
Eu também estava um pouco desesperado por causa daquilo, se passaram dois anos desde o incidente no telhado e desde que ele se mudou de escola e eu e a Mabel tivemos paz e tranquilidade.
– Por favor vem encontrar comigo e com a Pacífica – implorou e eu pude notar que seu desespero estava aumentando a cada segundo que se passava.
– Tá, onde você tá? – pergunto preocupado.
– Hã... – murmurou fazendo uma pausa antes de falar novamente – estamos escondidas atrás de uma coluna que fica na frente da Pandora que fica do lado da Tiffany.
– Ok, já estamos indo – digo e desligo a ligação logo em seguida.
– Aonde nós vamos? – Bill pergunta, mas eu ignoro sua pergunta e o arrasto pra fora da loja depois de pagarmos pelas roupas que o loiro escolheu pra mim.
��Algum tempo depois��
Depois de algum tempo procurando pelas garotas eu as achei, Mabel estava com as costas apoiadas na coluna enquanto Pacífica estava ao seu lado com uma expressão que parecia dizer "É sério isso?" enquanto ela olhava para a Mabel que parecia mais assustada que tudo no mundo.
Nos aproximamos delas e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa Mabel me abraçou como se dissesse "Finalmente você chegou" através dele.
– Alguém pode me dizer o que tá acontecendo? – a loira fala parecendo estar impaciente.
– O que a Mabel já te falou alguma coisa? – pergunto antes de responder sua pergunta.
– Nada, ela só me falou que estava se escondendo daquele baixinho – disse apontando para um garoto que parecia ter a metade da nossa altura.
O garoto tinha cabelos brancos, que eram maiores do que o próprio garoto, apesar de ser novo e ele usava um terno azul claro.
– Tá, agora sou eu quem tá confuso – Bill fala cruzando os braços e olhando pro garoto baixinho.
– Calma que eu já vou explicar o que tá acontecendo – digo tentando acalmar os dois loiros confusos.
Respiro fundo deixando que as lembranças daquele ano virem à tona, no mesmo minuto um sentimento ruim me invadiu.
– Dipper – o loiro me chama e eu o olho – tá tudo bem? – pergunta e noto que uma expressão preocupada está em seu rosto.
Aceno com a cabeça e sorriu forçado, o loiro não insiste mas vejo que a expressão preocupada não abandona seu rosto.
– Bem é que... – respiro fundo novamente – nós tivemos alguns problemas no primeiro ano do ensino médio envolvendo aquele garoto.
– Que tipo de problemas? – Pacífica pergunta desconfiada.
Olho para Mabel e ela assente como se estivesse me dando permissão para mim contar a história.
Volto a olhar para os dois loiros que me olhavam ansiosos e preocupados ao mesmo tempo.
– Bem... – digo um pouco incerto, mas logo começo a explicar toda a história que deixou eu e minha irmã gêmea com tanto medo.
��Flashback on��
Eu estava guardando o material da última aula e pego o da próxima no meu armário, quando eu fechei a porta do armário eu vi Mabel toda sorridente vindo em minha direção.
– DIPPER! – garota praticamente pula em cima de mim e me abraça, atraindo alguns olhares para nós.
– Oi Mabel – digo desfazendo o abraço – por que você tá tão feliz? – pergunto sorrindo para ela.
– Você não vai acreditar – diz animada e riu por causa disso.
– Então me conta, vamos ver se está certa – digo ainda sorrindo.
– Eu consegui um namorado – falou animada e dando pulinhos no mesmo lugar.
– Você só pode estar brincando – digo desacreditado e completamente surpreso com a notícia.
– Eu falei que você não ia acreditar – falou sorrindo enquanto colocava as mãos em sua cintura.
– Quem é ele? Eu o conheço? – a bombardeio de perguntas, pois eu estava curioso e preocupado ao mesmo tempo, afinal Mabel era minha irmã e as vezes ela é um pouco ingênua.
– Eieieiei – falou me interrompendo – vai com calma, eu vou te apresentar ele quando for na hora da saída porque ele se ofereceu pra nos dar carona até em casa – falou contente.
– Ok, eu acho que consigo esperar até lá – falo escutando o sinal, indicando que a próxima aula já iria começar.
Fomos para nossa sala e eu fiquei o resto das aulas ansioso pra conhecer o novo namorado da minha irmã.
[...]
Algum tempo depois eu escuto o sinal tocar e a professora dispensar os alunos os desejando um bom final de semana.
Começo a guardar todo o meu material na minha mochila, me levanto da cadeira e coloco-a em minhas costas.
– Vamos? – Mabel pergunta animada, olho ao redor e percebo que só restou nós na sala de aula.
– Vamos – respondo dando um sorriso de lado.
Durante o caminho inteiro até a saída da escola a Mabel ficou tagarelando sobre o novo namorado dela.
– Gideão – fala animada, o que acaba me assustando, e corre até um garoto baixinho de cabelos brancos.
Olho para o garoto de cima a baixo antes de me aproximar deles.
Ele tinha a pele pálida, quase como papel, ele usava um terno azul claro, sua altura fazia ele ficar alguns centímetros abaixo do ombro da Mabel.
– Dipper esse é o Gideão – Mabel nos apresenta enquanto sorri animada – Gideão esse é o Dipper meu irmão gêmeo.
– É um prazer conhecer você Dipper – o garoto fala sorrindo.
– Também é um prazer te conhecer – digo e tento dar o meu melhor sorriso falso – Mabel falou que iria nos dar carona – falo colocando uma das minhas mãos em minha cintura.
– Oh sim – ele diz ainda com um sorriso em seus lábios – espere um pouco que ele já vai chegar.
Esperamos por alguns minutos e logo uma limusine parou na frente da escola, entramos nela e durante todo o caminho Gideão e Mabel ficaram conversando enquanto eu ficava escutando uma música aleatória da minha playlist.
[...]
Já havia se passado um mês desde que a Mabel e o Gideão começaram a namorar e eu percebi que a Mabel andava um pouco desanimada.
Ela não gritava mais pra me assustar, não sorria mais e toda vez que ela e aquele Gideão estavam juntos ela ficava mais infeliz do que antes.
Havia acabado de bater o sinal, indicando que era hora do lanche, e eu estava procurando a Mabel mas eu não a achava em lugar nenhum.
Num último esforço para encontrá-la eu fui pro terraço da escola.
Quando cheguei lá vi Mabel sentada em um dos bancos que tinham lá, ela estava com a mesma expressão triste e depressiva de sempre desde o mês passado.
Me aproximei dela e sentei ao seu lado, Mabel olhou pra mim e percebi que seus olhos estavam cheios de lágrimas.
Olhei pra ela preocupado, mas logo passei meu braço pelos seus ombros fazendo a cabeça de Mabel encostar em meu ombro.
Alguns segundos se passaram até ela começar a chorar, mas logo as lágrimas começaram a deslizar por suas bochechas as molhando no processo e alguns soluços escaparem de sua garganta.
– Dipper... eu... to... com medo – fala entre soluços esganiçados que saiam de sua garganta.
– Com medo de quê? – pergunto extremamente preocupado com o estado dela.
– De... terminar com... com o... Gideão – fala começando a chorar mais em meu ombro.
– Mabel me explica isso direito – peço ficando ainda mais preocupado.
Mabel limpou as lágrimas que rolavam pelo seu rosto e começou a falar.
Depois de uma semana Gideão começou a ficar muito ciumento, ele não deixava ela ir pra nenhuma festa a não ser que ele estivesse junto, não deixava mais ela conversar com os garotos e sempre que ela desobedecia ele era agressivo com a mesma.
Assim que ela terminou de falar eu a abracei pegando a garota de cabelos castanhos surpresa, mas ela logo me abraçou de volta.
Depois de alguns minutos acalmando a Mabel nós saímos do terraço e fomos comer, porque nós já estávamos famintos.
[...]
Já havia se passado dois meses desde a minha conversa com a Mabel.
Desde aquele dia ela tenta ser o mais positiva possível, ela tinha esperança de que um dia as coisas iriam melhorar.
Nós estávamos nos arrumando pro baile de inverno que teria na escola naquela semana.
Depois de nos arrumarmos nós pegamos carona com o Gideão, o caminho todo ficamos em silêncio, nem eu e nem a Mabel nos atrevíamos a falar na presença daquele ser terrível que não parava de sorrir.
Quando nós chegamos na escola nós entramos no ginásio, ele estava todo decorado, com algumas mesas que continham petiscos e refrescos pra todos os alunos.
– Vou pegar bebidas pra nós e já volto meu amor – escuto Gideão falar e assim que ele sai eu me aproximo da minha irmã.
– Vai se divertir com as suas amigas – digo sorrindo pra ela – deixa que eu converso com ele – falo me referindo ao Gideão.
– Tem certeza? – ela pergunta temerosa.
– Tenho – sorriu de olhos fechados.
– Obrigado Dipper – falou me abraçando logo em seguida – você é o melhor irmão do mundo.
Mabel se afasta de mim, andando até suas amigas que a recebem com sorrisos e abraços.
– Onde a Mabel está? – escuto Gideão perguntar e me viro em sua direção.
Ele estava com seu típico terno azul claro, que ele usava todos os dias pra ir pra escola.
"Essa criatura só tem essa roupa?" penso, pois todas as vezes que vi Gideão ele estava usando aquele terno.
– Ela tá com as amigas – digo com uma expressão séria – aliás Gideão eu preciso conversar com você.
– Claro, mas hã... – falou olhando pros refrescos em suas mãos – quer um? – perguntou estendendo uma de suas mãos em minha direção.
– Sim – digo pegando o refresco de uma de suas mãos.
– Então, quer conversar sobre o quê? – perguntou arqueando uma de suas sobrancelhas.
– Vamos pro terraço – digo tomando um gole do refresco – lá eu te conto.
– Ok, só deixa eu avisar a sua irmã – falou dando um passo pra onde Mabel estava rindo junto com as amigas.
– Não precisa – me apresso a dizer e assim que ele olha pra mim eu tomo mais um gole do refresco, pois sinto minha garganta secar – eu já falei pra ela que nós íamos conversar no terraço não se preocupa.
– Ok, então vamos – ele fala e nós logo começamos a andar pelo caminho que nos levaria até o terraço.
[...]
Quando nós chegamos lá Gideão olhou pra mim como se estivesse perguntando o que eu queria.
– Bom, Gideão eu queria dizer que a Mabel não gosta mais de você e ela quer terminar o relacionamento de vocês – me forço a dizer mesmo com o nervosismo crescendo dentro de mim – então, se puder levar isso numa boa ela irá agradecer – forço um sorriso enquanto vejo o garoto tomar seu refresco.
Após entender o que eu disse Gideão se engasga com o refresco e deixa o copo cair de sua mão.
– O QUÊ?!?!? – grita e uma expressão enfurecida tomou conta de seu rosto – não é mentira você tá mentindo – ele fala enquanto puxa seu próprio cabelo.
Ele parecia um maníaco daquele jeito e isso tava começando a me assustar, já que eu nunca havia visto alguém reagir daquele jeito.
– É isso, só pode ser isso – falou consigo mesmo – você está mentindo pra mim Dipper Pines.
Gideão pulou em cima de mim, eu estava muito assustado e apesar de tudo eu não conseguia tirar aquele projeto de maluco de cima de mim.
– E eu vou fazer com que você nunca mais minta pra mim Dipper – falou levando suas mãos até o meu pescoço e o apertando.
Sinto o ar escapar dos meus pulmões, um sorriso maligno e um olhar sombrio surgiram no rosto do Gideão.
Quando minha visão estava ficando turva senti Gideão afrouxar o aperto em meu pescoço.
Vi ele ficar mole sobre o meu corpo e cair em cima de mim.
Vi Mabel segurando um dos tacos de baseball do time da escola, ela estava com uma expressão séria e brava ao mesmo tempo.
– Isso foi por mexer com o meu irmão – falou e largou o taco de baseball no chão logo em seguida.
Empurrei o corpo inerte do Gideão de cima de mim, quando olho novamente pra Mabel ela estava com a mão estendida pra mim e com um sorriso mínimo no rosto, seguro sua mão e com a ajuda dela eu consegui me levantar.
– Você tá bem? – ela pergunta com uma expressão preocupada.
Assinto pra ela, já que minha garganta estava doendo por causa que o Gideão tentou me estrangular.
– Vem vamos falar com a diretora – Mabel fala pegando na minha mão e me levando pra dentro da escola.
Contamos tudo pra diretora, ela chamou a polícia e expulsou o Gideão da escola, depois desse dia nós nunca mais vimos o Gideão.
��Flashback off��
– E foi isso – digo e minha visão se torna turva por causa das lágrimas que se acumulavam nos meus olhos.
Olho pra Mabel e vejo que ela ficou do mesmo jeito que eu depois de eu terminar de contar a história do primeiro ano do ensino médio traumático.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.