POV Mary Katherine - Capítulo 8
Eu mal havia dormido direito, eu sentia medo de estar longe de meu pai, mas sacrifícios eram necessários nessa altura dos acontecimentos. O sol já estava aparecendo no horizonte quando decidi descer as escadas da casa aconchegante, era maravilhoso ver tudo aquilo denovo, eu costumava andar de carro por aqueles locais antes do inferno começar, eu sonhava em morar naquelas casas e ter uma família, agora tudo estava tão longe e impossível.
A cozinha cheirava bacon, meu estomago roncou alto e cheguei ao cômodo mais rápido que podia.
- Que cheiro maravilhoso é esse? – perguntei ao parar na porta, encontrei ali Carl e Daryl com a pequena Judith nos braços. Foi o suficiente, vê-lo com uma criança nos braços foi o suficiente para estacar no lugar, meus olhos grudaram em seu rosto sorridente enquanto ele falava com a pequena, senti minha boca seca e meu coração estava disparado. – Hey... – eu quase gritei descontrolada, fazendo ele parar de brincar com a criança e me olhar, Carl também me olhou sorrindo e eu pude enfim respirar.
- Bom dia Mary. – o garoto disse colocando um prato com Bacon a minha frente. – Bacon e ovos, gosta?
- Alguém já disse o contrario para você? – eu perguntei sorrindo pra ele, eu levei meus olhos até Daryl, que ainda me olhava com a pequena Judith nos braços, eu não desviei meu olhar até ele baixar o dele, e como imaginei não demorou a acontecer. – Obrigada Carl, meu pai iria adorar comer isso.
- Podemos dar alguma carne a você quando se for, temos...
- Carl! – eu ouvi Daryl cortar o garoto no meio da frase.
Senti que a conversa tinha ficado meio pesada, Daryl não me aceitava, não ali naquela casa, naquela comunidade talvez como aliada, mas nunca como alguém da família, e de alguma forma essa constatação me magoou.
Eu continuei comendo em silencio, até que a morena bonita do outro dia entrou na casa chamando Daryl, eu o observei quando ele deixou Judith nos braços de Carl e deixou o prato e copo sobre a pia, jogando o resto de comida no lixo, ele era cuidadoso e controlado. Quando ele saiu pela porta eu voltei a olhar para meu prato quando ouvi Carl.
- Daryl passou por muitas coisas, todos nós passamos. Dê um tempo a ele, ele vai aceitar você e seu pai e eu também mando aqui, sou filho do Rick então eu lhe dou Bacon para levar ao seu pai.
Eu não tive como segurar meu sorriso para ele, ele era tão jovem e mostrava tanta maturidade
- Obrigada Carl, você é muito gentil, me lembra meu irmão mais novo, vocês iriam se dar bem, quantos anos tem?
- Tenho 14 anos. – O garoto sorriu e eu pude ver a bondade de Rick nele com um sinal de altruísmo que possivelmente puxou da mãe, o garoto era forte e sabia exatamente como lidar com as situações mais difíceis.
- Meu irmão tinha 17, ele era um bom garoto. Ele se foi quando conhecemos o Negan.
- Eu sinto muito, perdemos muitos para ele também.
- Fiquei sabendo. – Eu havia terminado de comer, e levei meu prato para a pia, começando a lavar devagar cada prato, Carl terminava de alimentar a pequena em seu colo e naquele momento senti que estava em casa.
POV Daryl Dixon
Eu andava de um lado para o outro sem saber o que estava fazendo, eu odiava ficar no lugar de Rick, eu nunca me dei bem com a liderança, Rosita queria sair dos muros fortemente armada, mas todos sabiam o que ela planejava, líder errado querida, eu não permiti, e em alto e bom som.
Já estávamos perto da hora do almoço quando pude parar uns minutos para refletir um pouco, não gosto de ficar falando demais, não sou bom com palavras, mas todos vinham conversar comigo como se eu fosse o Xerife, eu sentia falta de Carol, ela que fazia às vezes de Rick quando ele se ausentava.
Eu me sentei na escada de frente com o grande portão, implorando para que ele voltasse logo e me deixasse livre para ir caçar.
- Oi...
Aquela voz rouca, eu já a conhecia de longe, ela estava ali para arruinar tudo, eu não a queria ali, ela podia ter ficado em sua comunidade e Michonne poderia estar aqui comigo me ajudando agora. Eu não respondi.
- Eu posso ficar caso você queira ir caçar.
Como ela sabia que eu queria caçar? Ah claro, ela tinha aquela coisa sobrenatural de saber o que os outros querem.
- Não use esses poderes estranhos comigo.
- Poderes? – Ela ria, e de mim, eu já estava ficando irritado.
- Pare de rir de mim, sabe bem do que estou falando.
- Não são poderes Daryl, é ciência. Você tem a mesma habilidade que eu mas no seu caso é natural. Dom de caçador. Sabe exatamente o que a presa fará e quando fará.
- Eu não faço nada disso. – se eu fizesse, se eu tivesse essa habilidade eu teria evitado muitas mortes.
- Ler as pessoas não significa você prever o futuro Daryl, se fosse assim meu irmão estaria vivo. – ela sabia o que eu pensava, era assombroso.
- O que é você? Como sabe o que eu estou pensando?
- Seus olhos Daryl, são os olhos mais verdadeiros e intensos que eu já vi, todo seu sentimento você demonstra ai. Nessas frestas azuis que você insiste em esconder atrás desses fios de cabelo, você sabe que pode confiar em mim, mas tem medo pois confiou em pessoas que te fizeram mal, mas eu disse que irei provar minha lealdade a você.
- Eu não preciso que me prove nada, eu não vou te expulsar daqui, nem atacar seu grupo. Você é aliada.
- Não quero ser sua aliada Daryl. – eu a olhei, o que ela queria afinal. – quero ser sua amiga, família e seja lá mais o que quisermos ser no decorrer do caminho. – e ela saiu de lá me deixando um gosto amargo na boca, meu coração ficou disparado e minhas mãos tremeram um pouco. O que ela quis dizer com aquilo?
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Era noite e eu podia respirar, o dia tinha transcorrido bem sem contar a conversa mais cedo com a nova hospede de Alexandria. Rick ainda não havia chegado, e eu já estava ficando preocupado me certifiquei de que Carl e Judith estavam seguros e contornei a casa pelos muros altos, foi quando avistei a morena parada olhando para o céu.
Eu me lembrei de nossa conversa mais cedo, e ponderei em aceitar sua amizade, ela era uma boa pessoa e seria de grande valia para Alexandria.
- Mary? – eu a chamei, percebi seus olhos se arregalarem em surpresa e logo depois abrir um sorriso. Ela realmente era muito bonita.
- Boa noite Daryl. – a voz dela era rouca e um pouco baixa. Aproximei-me um pouco mais, podendo ver seus olhos brilhando por baixo dos óculos de armações escuras.
Ela esperou que eu continuasse a falar, mas não consegui. Eu não era um homem bom com palavras, e depois de ver aqueles olhos denovo meu cérebro parou de funcionar.
- Você quer me falar alguma coisa? – eu a ouvi perguntar, seus pés se moveram para mais perto de mim. – Daryl...
- Você é uma boa pessoa, e espero que realmente sejamos amigos Mary. – eu vomitei o que estava sentindo, e me senti bem ao dizer, eu confiava nela, mesmo que isso pudesse nos matar, eu sabia que ela não faria nada de mal, mas minha cabeça voltava sempre para o mesmo acontecimento, o momento que conhecemos o Negan!
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