— Finalmente nos encontramos, então. — O ninja franze as sobrancelhas em intimidação, exalando uma confiança que nem sequer sabia que conhecia. Trajava um Kenpo Gui nas cores roxo e branco, simbolizando de qual Reino era. Eblan. Havia um véu leve cobrindo sua boca, mas nada que abafasse os sons que saiam da mesma enquanto discursava.
Tudo bem que ele era treinado por ser do Reino e tudo o mais... mas será que ele não tinha a mínima noção do perigo?
— Me desculpe, — O outro homem profere com uma calma surpreendente. Ele era um vilão, parte do Círculo dos Quatro... Onde estava toda aquela malvadeza que deveria ter? — mas eu deveria te conhecer de algum lugar?
O ninja engole a seco ao ouvir tais palavras, terrivelmente acanhado. Sua determinação e confiança haviam desaparecido tão rápido quanto vieram, mas mesmo assim ele continua, dando alguns passos a frente:
— Eu sou o Princípe Liam... — Algo imediatamente passa pelos olhos do homem na capa vermelha; algo que o garoto de cabelos castanhos não consegue identificar. — De Eblan.
Então as peças do quebra—cabeça finalmente estavam se juntando, afinal.
— Eblan? — Rubicante indaga, fingindo estar distraído. — Nunca ouvi falar.
E aquele é o pingo d'água para Liam, uma vez que ele sabia que Rubicante estava mentindo.
Quer dizer, a criatura na capa vermelha literalmente havia destruído o Castelo e raptado seus pais. Por mais importante e badalada que sua vida fosse, era impossível o outro nunca ter ouvido falar de seu Reino. Custava ser um pouco honesto?
— Então lhe darei algo para refrescar sua memória! — O garoto balbucia, sacando alguns shukirens e katanas de sabe-se lá onde.
E é em um piscar de olhos que seu corpo voa para frente, com o garoto tentando deferir golpes contra a criatura na capa não muito tempo depois. Consegue fazer algum tipo de dano por pura sorte, já que estava totalmente cego de raiva. O sentimento era algo que embaçava sua visão e o fazia ver tudo distorcido.
Após um tempo na mesma estratégia, finalmente percebe que todo seu esforço estava sendo em vão: Rubicante não havia movido nem um dedo sequer para impedi—lo; e, quando finalmente o fez, foi com um feitiço fraco de Fogo, mas que obviamente deixou Liam bastante debilitado.
— Será que deveríamos ajudá—lo? — Louis sussurra para o namorado, realmente preocupado. Estavam literalmente parados em frente a cena, assistindo um espetáculo em um circo de horrores.
Sua decisão final então foi usar uma técnica que só Eblanianos sabiam sobre.
Ninjutsu.
Mas a coisa era que Liam não era o cara com o raciocínio lógico mais rápido e eficiente do mundo, e também ainda não havia aprendido técnicas de gelo, água ou eletricidade, ou qualquer coisa que fosse de fato ferir Rubicante — e não curá—lo.
Mas era tarde demais para pensar e refletir sobre isso, uma vez que Liam percebeu que a merda já estava feita quando viu Rubicante apenas ficar mais forte com seu Ninjutsu de fogo.
Pelos Cristais, o que ele havia feito?
— Trágico. — O adversário profere, sorrindo de canto. — Deixe que eu te mostre o que é uma chama de verdade! — Continua, formando uma bola de energia com suas mãos no mesmo instante em que sua capa se abre, tornando a caverna um verdadeiro inferno de quentura e faíscas.
— Inferno!
E é nesse momento que Liam caí em um baque absurdo no chão, totalmente debilitado.
— Porra... você!
— Sua força é digna de orgulho, mas não o suficiente para se dar o luxo de me desafiar. — A criatura o interrompe com uma calma de outro mundo, quase como se não tivesse tentado matar o garoto a sua frente a poucos segundos atrás. Sinceramente, Liam nem o resto do grupo conseguia entender o homem trajando a capa vermelha. Ele era um vilão... diferente, para não se dizer ao contrário. — Trabalhe em suas habilidades. Ficarei ansioso em te encontrar novamente quando você o fizer.
E, tão rápido quanto Liam o viu aparecer bem na frente de seus olhos, a criatura se vira para trás, formando um redemoinho de fogo e se teletransportando para sabe—se lá onde em questão de segundos.
— Volte... — O garoto berra de dor, pressionando um de seus braços com força. — já aqui!
Então é aí que o grupo finalmente decide que essa é sua deixa para entrar em cena, correndo apressadamente para perto do garoto em preto e vermelho.
— Você está bem? — É Harry quem toma coragem para iniciar a conversa.
— Eu perdi, e ele fugiu. — O outro cospe. — É óbvio que não estou bem.
Tá bom. Por essa Harry definitivamente não esperava.
— Nós viemos procurar por Rubicante também, — Niall tenta. — e os Cristais que ele mantém consigo.
— O Rubicante é meu! — Ele sacode a cabeça em negação. Se vingar era a coisa mais importante para o garoto no momento, mas Harry sabia muito bem que o sentimento negativo não levava a lugar nenhum, a não ser que você quisesse ser enterrado a sete palmos do chão e tudo o mais. — Vocês tem que ficar fora disso. Eu colocarei um fim em tudo... — Ele tosse. — com as minhas próprias mãos!
— Mas o seu inimigo é um do Círculo dos Quatro, — É a vez de Zayn suspirar. Aquele garoto até que o lembrava de si mesmo quando era mais novo. Ele e Harry viviam discutindo, era algo realmente cômico. — Sua Majestade.
— Você mesmo viu a força que ele possui. — O homem de olhos azuis e cabelos castanhos adiciona, esperando que aquilo fosse o suficiente para convencê—lo.
Mas não era, no final das contas.
— Heh... — Liam ri baixo, encarando os olhos de Louis. — Não me confundam com algum príncipe mimado. A Realeza de Eblan é herdeira dos segredos mais antigos dos ninjas. Não preciso de ajuda de ninguém.
Era isso. Niall não ia conseguir ficar ali, parado, enquanto escutava toda aquela baboseira de um simples semi—adulto. Ele podia ser da Realeza e tudo o mais, mas pelos Cristais, precisava se colocar em seu lugar!
— Basta! — Niall berra, cerrando os punhos. — Eu não vou ficar aqui e assistir mais uma pessoa morrer de modo idiota! Primeiro Elizabeth e Marina... E agora Ed também... todos eles, todos!
— H—Hey, — O outro garoto fraqueja em suas palavras, surpreso por ter sido atacado por palavras tão fortes. Ele não fazia ideia de que ajudar era algo tão importante para o grupo a sua frente. — Eu não queria...
— Niall... — Louis murmura, se aproximando do amigo a fim de conforta—lo.
O garoto de cabelos castanhos loiros se virou para o outro lado da caverna, de modo que o grupo não conseguiria perceber que estava derrubando algumas lágrimas em seu casaco de algodão verde.
— Rubicante é o mais forte do Círculo dos Quatro. — Harry adiciona, observando toda a cena. — Se conseguiremos derrotá—lo, eu realmente não sei. Mas a coisa é que nós não temos escolha se não pegar os Cristais de volta.
Há um silêncio por alguns breves momentos, com o ninja se perdendo em seus pensamentos de modo profundo e tentando tomar uma decisão rápida. Se ele fosse sozinho... conseguiria se vingar e ainda sair orgulhoso, mas também tinha enormes chances de morrer enquanto lutava — tal coisa era algo que ele não podia de modo algum ignorar, por mais que tivesse uma auto estima bastante alta. Mas agora... se ele fosse com o resto do grupo, talvez, só talvez, eles teriam uma chance.
Mas será que seria o suficiente?
Há algo em seu coração que diz que sim. Ele não consegue identificar o que é, mas é como se fosse uma espécie de sexto sentido — por mais que não acreditasse nessa baboseira toda.
Ele por fim chega a uma decisão: resolve apostar todas as suas fichas nessa chance.
— Parece que eu não tenho muita escolha. — Ele murmura, rindo baixo para tentar aliviar a tensão que havia se instalado ali. — E eu também não posso deixar um garoto bonito chorando. — Adiciona.
— Vamos fazer isso juntos, então... — Ele continua, dirigindo seu olhar para suas mãos machucadas. — Mas só dessa vez.
— Hmph. — Zayn solta um risinho irônico de verdade. — Muito fraco para sequer ficar de pé, mas ainda assim com uma arrogância de outro mundo. É algo realmente cômico de se ver. — Ele se vira na direção do garoto de olhos azuis. — Louis... você acha que pode...?
O Arqueiro concorda com a cabeça, se aproximando do Ninja e fazendo um gesto rápido com suas mãos, formando um breve círculo no ar.
— Cura! — Ele sussurra para si, observando faíscas de luz irem na direção do garoto a sua frente.
— Obrigada, meu querido! — O Ninja de repente se levanta, apertando as mãos do garoto em um gesto de agradecimento. — Você também não é muito feio aos olhos de quem vê. Agora que somos todos melhores amigos, — Ele continua, abrindo um sorriso quadrado e que faz com que Harry sinta uma pontada de ciúmes. Ei, só ele podia chamar Louis de bonito! — vamos invadir aquela Torre e acabar logo com isso!
— Essa foi uma recuperação horrivelmente rápida. — Niall murmura para si, enquanto observa o garoto liderar o caminho em direção a saída da Caverna.
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A Torre de Babil em seu topo não era muito diferente de seu subterrâneo: sua decoração era quase a mesma, toda tecnológica e no mesmo esquema de cores. A entrada também se fazia por uma ponte de metal, o que faz com que Harry instantaneamente tenha flashbacks de como os pedaços da mesma cairam bem abaixo de seus pés.
Sinceramente, ele esperava que essa experiência nunca mais voltasse a acontecer. Pensar que você está caindo num abismo sem poder fazer nada para impedir tal coisa é tremendosamente assustador.
O grupo segue até o que parece ser o fim da longa e estreita ponte, com seus passos ecoando pelo local, até que finalmente chegam a uma passagem sem saída.
Isso mesmo. Era literalmente uma parede.
— Está bem... — Zayn suspira, confuso. — Como entraremos, então?
— Heh. — Liam limpa a garganta, instantaneamente chamando a atenção dos outros para si. — Vocês se esqueceram que estão com um Ninja?
E em um piscar de olhos, Liam joga alguma coisa que Harry não consegue identificar no ar. De repente, ele se sente girando mas não sabe exatamente como e nem porquê, mas, quando torna a abrir seus olhos, sabe que definitivamente havia sido teletransportado.
— Porra! — Louis exclama, arregalando os olhos ao mesmo tempo em que limpa a poeira que havia se instalado em suas roupas, tamanha curiosidade. — Como você faz isso?
Liam dá uma gargalhada tão alta que chega a fazê—lo tombar sua cabeça para trás, orgulhoso de si.
— Um mágico nunca revela seus segredos. — Ele pisca, tornando a liderar o caminho. Conhecia todo o local de cor e salteado, uma vez que estava planejando invadir a Torre faz um bom tempo. Agora, era só questão de seguir sua memória, matar os monstros que muito provavelmente encontrariam, resgatar os Cristais, e tudo ficaria bem.
Ah, mas se ao menos as coisas fossem tão fáceis assim, não é mesmo?
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— Como você consegue andar com tantos... — Niall divaga, chicoteando um dos monstros rapidamente. — dessas coisas nos seus bolsos sem ser devagar?
— Primeiramente, são shukirens. — Ele explica, dando um golpe em uma criatura azul com uma de suas katanas. — E, segundamente, fala sério, seus amigos usam armaduras super pesadas e mesmo assim conseguem lutar. — Ele pausa, olhando para o outro garoto de canto de olho. — Tem certeza que essa dúvida é dirigida a mim?
— Tudo bem, você me pegou. — Niall responde, irônico. Fala sério, ele só estava tentando socializar. — Só vim aqui roubar seus segredos de Ninja mesmo.
— Bem, quem sabe se sairmos daqui vivos... — Ele pausa, como se estivesse em uma batalha interna contra si mesmo. — talvez eu te ensine um pouco de Ninjutsu.
— Jura? — Os olhos de Niall brilham. Realmente não achou que o outro garoto iria ceder tão fácil assim, por mais que esse não fosse seu objetivo inicial.
Liam dá de ombros, sem saber o que dizer enquanto torna a caminhar em direção de sabe—se lá o quê. Será que era seguro compartilhar segredos de Eblan com um garoto que ele mal conhecia? Ele realmente não conseguia pensar mais afundo sobre o assunto naquele momento, uma vez que tinha coisas mais importantes para se preocupar com, mas a coisa é que os pensamentos não deixam sua mente uma vez sequer pelo resto do caminho.
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— Você contou tudo para a sua mãe? — Harry coça a parte de trás de sua cabeça, confuso, enquanto observa Louis guardar algumas flechas em sua Aljava. Ele não havia comentado nada sobre sua visita, algo que era um tanto estranho comparado as outras vezes.
— Tudo... tipo? — Louis olha para os lados brevemente, como se estivesse se esquecendo de algo.
— A Guerra, o fato de você estar metido em tudo isso. — Harry suspira relutante, não conseguindo não demonstrar como ele não queria que o namorado estivesse envolvido em toda essa confusão. Sinceramente, só queria o melhor para o outro, por mais que isso significasse que sua pessoa não estaria dentro desse pacote. — Golbez... o fato de você ter sido raptado.
— Eu contei brevemente sobre tudo que está acontecendo, é claro. Ela ficou triste por causa de Ed, mas incrivelmente acha que ele deve estar bem. — Louis bufa, exasperado. — Se eu explicasse como as coisas realmente estão indo, ela provavelmente me trancaria a sete chaves dentro de casa e nunca mais me deixaria sair. — Harry solta uma gargalhada, por mais que tivesse um pouco de verdade em tais palavras eufêmicas ditas pelo outro.
— Mas sobre a Torre de Zot... — Louis pausa, colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. — eu não tive coragem.
Harry fica em silêncio por breves instantes, sem saber o que responder. Ele poderia insistir no assunto, mas será que não seria muito intrusivo de sua parte?
Quer dizer, Louis havia sido raptado pelo vilão da história e por seu melhor amigo — ele não estava totalmente consciente nesse meio tempo, mas os fatos não podem ser ignorados: o que aconteceu, aconteceu.
Harry não conseguia saber como ele se sentiria se estivesse no lugar de Louis. Raiva? Angústia? Esperançoso? Calmo?
Ele odeia não saber, e se sente um completo inútil por causa disso.
— Tome o seu tempo, então. — O homem de olhos verdes solta uma lufada de ar.
— Eu sei que você está preocupado, mas tudo vai ficar bem. — Louis murmura, meneando com a cabeça ao ver que estava pronto para seguir viagem. — Minha mãe sempre me incentivou a seguir meus instintos; droga, ela mesma o fez quando tinha minha idade.
— E é por isso que eu acredito que o meu lugar é aqui, não junto aos outros curandeiros em uma Vila por aí. Não que ser um deles seja vergonhoso, de verdade. — Ele abre um sorriso a medida que as palavras rolam de sua língua. — Mas a coisa é que eu sinto, ou, como minha mãe diria, são meus instintos.
— Eu nasci para ser um Arqueiro, Harry. — Ele profere com confiança, e uau, de onde havia saído todo aquele discurso? — Nasci para matar monstros e viver grandes aventuras, então não pense nem por um segundo que eu não tenho que estar aqui, porque eu sei que é o que você está fazendo.
— É o meu destino. — Louis completa, e sim, talvez ele estivesse passando tempo demais com Niall, mas as palavras não deixavam de ser verdade.
E, naquele momento, enquanto Harry olhava nos olhos de Louis no meio de toda aquela Guerra e dentro da famosa Torre de Babil, aquilo era tudo que importava.
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