Daichi sentiu seu coração se apertar e seu estômago se revirar do mesmo jeito que se sentiu quando ganharam o jogo e Sugawara o encarou com raiva. Já tinha se passado alguns dias desde o jogo e Suga não estava falando com ele, quando tentava, recebia apenas silêncio como resposta.
Suspirou vendo o garoto de cabelos prateados o ignorar, não sabendo o que fazer mais. Seu humor estava muito ruim desde que perderam, principalmente depois da notícia que Yaku e Noya estavam namorando. Ele não gostava de admitir, mas sentia falta do falatório e dos abraços de Sugawara, sentia falta até mesmo de suas respostas afiadas e seu humor inconstante. Definitivamente tinha que fazer algo para que ele voltasse ao normal.
Passou mais um dia aguentando o silêncio ensurdecedor de Sugawara. Tentou falar com ele algumas vezes, mas sem sucesso, como sempre. Kageyama não estava em uma situação muito melhor que ele, seu amigo estava acostumado a conversar ou brigar o tempo todo com o ruivo então o silêncio do mais baixo o deixava mais confuso do que gostaria.
Sugawara se separou dele na hora do jantar, indo se sentar na mesa da sonserina e levando Hinata junto com ele. Kageyama fechou a cara e foi se sentar na mesa da grifinória. Yaku ficou dividide entre as duas mesas, mas sabia que era melhor ficar junto dos amigos no momento. Akaashi fez o mesmo trajeto até a mesa da sonserina e Bokuto se aproximou da mesa da grifinória sendo acompanhado de Kuroo.
— O que houve? — Bokuto perguntou se sentando ao lado de Nishinoya que estava triste por ser separado de sue namorade.
— O humor deles ainda não está dos melhores. — Daichi falou aparentando estar cansado.
— É permitido que eles fiquem separados da gente? — Tsukishima perguntou olhando de soslaio para a mesa da sonserina.
— Não sei, mas eu não gostaria de enfrentar a raiva do Sugawara novamente. — Daichi falou e Kuroo concordou rapidamente com a cabeça.
— Apenas os ignore, não precisamos deles. — Kuroo falou e deu de ombros.
Tsukishima revirou os olhos e balançou a cabeça, Kuroo adorava falar isso, mas estava sempre provocando Hinata ou comentando sobre como Kenma se exibia ao ganhar dele em algo, Tsukishima conseguia ver de longe como ele não tirava os olhos de Kenma e sabia muito bem que não era por estar preocupado que aprontasse algo.
— Eu prefiro que vocês se resolvam, assim u Yaku não vai ficar longe de mim. — Nishinoya disse suspirando dramaticamente.
— Você é muito chato com essu sue namorade. Está tão chato quanto os amigos delu. — Kuroo reclamou revirando os olhos.
— Você é chato. — Ele falou e se virou para Daichi. — Por que você não compra algo para ele? Podia perguntar para es amigues dele do que ele gosta, eu posso perguntar pru Yaku, se quiser. Eu acho que se o Sugawara estiver de bom humor, todos vão ficar também.
— Você pode estar certo, mas pode deixar que eu mesmo pergunto. Eu tenho que resolver isso.
— O Kenma-san vai te ajudar, ele é legal. — Nishinoya comentou e Kuroo resmungou algumas coisas que eles decidiram ignorar.
Enquanto isso na mesa da sonserina, Yaku olhava para os amigos com uma expressão séria.
— Até quando vocês vão continuar com isso? — Elu perguntou se referindo a encenação dos amigos. — Eu sei que não estão com raiva de verdade.
— Mas eu estava. — Sugawara comentou — E o Daichi tem que aprender a controlar essa língua dele, ele não pode vir e me falar o que bem entender, um dia ele ainda vai se arrepender de ficar falando pelos cotovelos.
— Mas você mal ficou chateado, Suga! Foi só um jogo, não pode tentar ser um pouco mais razoável? — Yaku argumentou, mas o amigo apenas balançou a cabeça.
Suga era sempre muito teimoso e muito sensível, apesar de tentar não deixar isso transparecer. Ele relevava muita coisa, tinha o coração mole, mas não era idiota. Ele não deixaria Daichi sair impune sem fazer uma chantagem antes e alguém como o grifano, que parecia ser impulsivo em suas palavras e ações às vezes, iria gerar muitos conflitos com alguém com a personalidade forte de Suga.
— Eu não vou voltar a falar com o boboyama até ele se desculpar e reconhecer minhas habilidades como jogador. — Hinata disse com a boca cheia de comida.
— Vocês poderiam só falar com eles. — Yaku sugeriu.
— Eu estou de bem com o Tsukki, ele não fala muito sobre isso. Sobre nada, na verdade. — Yamaguchi completou depois de pensar um pouco. — Ele só lê e me ignora às vezes.
— Deprimente. — Hinata comentou e recebeu um empurrão do amigo.
— Pelo menos ele não fica se gabando de uma vitória que nem é dele. — Kenma resmungou se lembrando do sorriso presunçoso de Kuroo.
— Garotes. — O diretor Ukai chamou surpreendendo elus. Yaku tinha ensinado a ele a linguagem neutra e agora ele sempre se esforçava para se lembrar disso. — Estão separades dos outros? O que houve?
— Vovô! Há quanto tempo não batemos um papo, né? Como você está? — Sugawara sorriu inocentemente, mas o diretor não se deixou enganar pelo seu rosto angelical.
— Não tente mudar de assunto. Por que não estão com os outros? — O diretor perguntou novamente e todos os sonserinos se calaram.
— Eles estão fazendo drama por causa do jogo. — Yaku respondeu. — Eu já falei para pararem com isso.
— Eu tenho que fazer drama de vez em quando, senão vai ficar fácil demais. — Sugawara comentou e o diretor balançou a cabeça.
— Dá um desconto pra ele, Sugawara. — Ukai disse.
— Ele tem que se preparar pra quando eu tiver de TPM. — Sugawara deu de ombros e o diretor deu uma risadinha.
Apesar de ser o diretor deles, elus tinham muita intimidade com ele, contavam coisas que ele nem mesmo queria ouvir por passarem muito tempo na sala dele, principalmente Suga. Quando estava longe de sua mãe, ele encontrava refúgio no diretor, que desde o primeiro ano acolheu aquele garotinho medroso e inseguro, por isso Suga não tinha medo dele. Com o passar do tempo, Ukai acabou se tornando uma figura paterna para elus, por isso ele sempre estava vigilante quando se tratava dos seis.
— Pobre Sawamura. — Ele balançou a cabeça com um lamento falso. — Eu não gostaria de estar no lugar dele.
— Ninguém gostaria. — Akaashi comentou.
— Assim vocês vão me magoar. — Suga falou com uma tristeza forçada.
— Estou velho demais pra isso. — Ukai comentou e começou a se afastar. — Se resolvam logo, não ligo desde que não arranjem encrenca.
Quando terminaram de jantar, nem se juntaram com as duplas novamente, apenas andaram com seus próprios grupos. Antes que se separassem, Daichi arranjou coragem e chamou Kenma, já que Yaku estava grudade com Nishinoya.
— Ahn… Kozume-san? — Daichi começou. Ele não sabia como falar com Kenma, eles nunca conversaram muito.
— Por favor, me chame só de Kenma. — Ele pediu olhando com curiosidade para o grifano nervoso em sua frente. — Qual o problema?
— Desculpe incomodar ou ser inconveniente… eu queria pedir sua ajuda. — Daichi coçou a nuca se sentindo envergonhado.
— Minha ajuda? Com o que? — Kenma deixou sua curiosidade transparecer mesmo já imaginando do que se tratava.
— O Sugawara não está muito… muito…
— De bom humor? — Kenma sugeriu vendo o esforço do outro para encontrar as palavras certas.
— Isso. Eu queria saber se comprar algo para ele ajudaria.
— Acho que ajudaria sim. — “Principalmente pelo fato de que ele não está mais com raiva.” Kenma quis dizer, mas se controlou.
— Do que ele gosta?
Kenma olhou para o rosto ansioso dele, se perguntando se deveria ou não ajudar de verdade. Ele decidiu que sim. Ia reconhecer o esforço dele para procurá-lo e pedir ajuda.
— O Suga não gosta muito de coisas doces, ele gosta de coisas apimentadas. Ele gosta de pelúcias e a cor favorita dele é cinza. Já tá bom?
— Ótimo. Obrigado. — Daichi sorriu e se afastou.
Kenma sabia que futuramente ia rolar algo entre os dois, ele conseguia ver nos olhos de Suga e agora Daichi tinha quase confirmado isso. Ia gostar de saber que fora ele que os ajudou a se resolverem, mesmo que fosse apenas um exagero do seu amigo. Decidiu não falar nada para Sugawara. Ele estava bem curioso para ver como aquilo se desenrolaria, sabia que eles teriam muitas dificuldades no percurso, mas Daichi parecia mesmo gostar e se esforçar para ter Suga por perto e seu amigo sorria sempre que estava ao seu lado.
Kuroo viu o loiro dar um pequeno sorriso depois de conversar com Daichi e sentiu seu coração errar uma batida. Franziu as sobrancelhas não entendendo o motivo daquela reação e nesse momento Kenma o encarou, ficando confuso com a forma que Kuroo o olhava.
Daichi voltou para perto dos amigos, com um sorriso satisfeito. Esperava que as dicas de Kenma fossem eficazes, fazendo Sugawara voltar ao seu humor habitual.
No dia seguinte, comprou algumas coisas e colocou em uma caixinha com formato de coração, ele não sabia se estava sendo exagerado, mas aquela fora a única caixa que ele tinha achado, então teria que ser. Pretendia entregar para ele na patrulha daquela noite, onde estariam a sós e teriam tempo para conversar.
Ele não conseguia montar coisas muito delicadas por causa de suas mãos grandes, então lutava para deixar tudo arrumado na pequena caixinha sem parecer desajeitado. Seus amigos o olhavam com curiosidade enquanto ele tentava manter a concentração.
— É pro Suga? — Bokuto perguntou com curiosidade.
— Sim, deve ser o suficiente, né? — Daichi coçou a cabeça olhando para o conteúdo da caixinha.
— O que você comprou? — Kageyama perguntou.
— Esses salgadinhos apimentados, chocolate com pimenta também e essa pelúcia. — Ele mostrou a pelúcia de cobra cinza e verde. — Parece ser da sonserina.
— Muitas coisas apimentadas, né? A pelúcia é fofa. — Noya comentou.
— Bom, espero que ele goste. — Daichi deu um sorriso nervoso e voltou a arrumar as coisas.
— Isso tudo é uma bobagem. — Kuroo resmungou.
— Começou. — Noya balançou a cabeça.
— Se ele não quer falar com você então deixe isso de lado. Você não precisa dele. — Kuroo falou batendo a mão na mesa.
— Falou o cara que fica o tempo todo falando do Kenma e nem percebe — Tsukishima resmungou.
— O que disse? — Kuroo tinha apenas escutado o nome de Kenma, mas seu amigo decidiu ignorá-lo.
Mas nada do que ele dizia era mentira, estavam muito bem sem eles antes e a vida deles estava muito boa, porque tinham que fazer todo esse alvoroço agora? Tudo o que tinham que fazer era ignorar a presença deles, assim como ele próprio fazia.
— Não é caso de precisar dele ou não, Kuroo. Eu aprendi a gostar da companhia dele quando resolvi dar uma chance e não ter ele falando o tempo todo é… estranho. — Daichi falou e sentiu as bochechas esquentarem.
— Eu fico assim quando não estou perto du Yaku. — Noya comentou e sorriu, achando graça da expressão que o amigo fez.
— Elu é sue namorade, é diferente comigo e com o Suga.
— Sei. — Noya falou cinismo, mas não falou mais nada.
No fim, Bokuto e Noya ajudaram ele a terminar de montar a caixa, os três com certeza não eram os mais qualificados para aquilo, mas Kuroo se recusou a ajudar, Kageyama era pior que os três e Tsukishima recusou “educadamente” com um aceno de mão, sem desgrudar os olhos do livro que lia.
Daichi passou o dia ansioso para falar com Sugawara, a ansiedade estava o deixando tão nervoso que ele nem estava se importando muito com o silêncio de Sugawara, só esperava que ele aceitasse falar com ele aquela noite. O fato dele estar inquieto não passou despercebido por Sugawara, que o olhava com curiosidade, mas não perguntou nada, só lançou olhares de canto para ele.
Quando a hora do jantar chegou, Sugawara e sues amigues foram se sentar na mesa da sonserina, como vinham fazendo durante os últimos dias.
— O que eu deveria fazer sobre o Hinata? — Kageyama estava perguntando para ninguém em particular, pegando seus amigos de surpresa pela pergunta repentina.
— Você também tá incomodado porque o baixinho não está falando com você? — Kuroo perguntou e Kageyama concordou com a cabeça.
— Parece sem graça quando não posso correr atrás dele e bater nele. — Kageyama disse.
— Isso é um pouco estranho. — Bokuto comentou.
— Por que você só não pede desculpas? Que eu me lembre, você vive falando que nosso apanhador é melhor, isso pode tê-lo ofendido. — Daichi comentou.
— Ele ficaria ofendido com uma coisa boba dessas? — Kageyama franziu o cenho, dirigindo o olhar para a mesa da sonserina.
— Eu não gostaria de ficar sendo constantemente comparado a outra pessoa ou falando que alguém é melhor que eu, ele está com a razão. — Tsukishima disse, parecendo desinteressado mas todos sabiam que era ele quem mais prestava atenção aos detalhes.
— Fale com ele depois. Tenho certeza que ele vai te entender, vocês tem um jeito estranho e único de se comunicar. — Daichi deu tapinhas no ombro do amigo e deixou que ele se perdesse em pensamentos.
Quando o jantar acabou, Sugawara falou brevemente que ia acompanhar es amigues até seus dormitórios e depois iria ajudar na patrulha. Daichi conseguiu fazer com que ele concordasse em o encontrar na torre de astronomia, lá sempre ficava vazio.
Tentou se concentrar na patrulha por alguns minutos antes de ir encontrar Sugawara no local combinado, seu coração batia acelerado e suas mãos suavam, mas ele ainda tentava conter o nervosismo. Fez o melhor que pôde para manter os passos firmes enquanto andava até a torre, Sugawara já estava à sua espera e percebeu que se aproximava.
Suspirou, com um sentimento estranho se agitando em seu peito, quando viu Suga olhando por uma pequena janela. A luz da lua iluminava seu rosto, seus cabelos pareciam reluzir ainda mais naquela iluminação e ele parecia calmo enquanto observava a paisagem, até notar a presença dele e voltar a parecer um pouco irritado.
— Achei que você tinha desistido. — Sugawara comentou levantando uma sobrancelha, lançando um olhar curioso para a caixinha que ele tinha em mãos.
— Desculpe pela demora, eu fiquei mais nervoso do que gostaria no caminho até aqui e acabei me atrasando. — Daichi deu um sorriso sem graça e se aproximou, ficando alguns degraus abaixo dele na escada. — Eu te trouxe um presente. Desculpe se não estiver bem elaborado e nem bonito, eu sou meio desajeitado com coisas muito pequenas.
Ele estendeu a caixa em forma de coração e Sugawara o olhou com surpresa. Sentiu suas bochechas esquentarem e desviou o olhar, esperando que ele pegasse. Sugawara pegou a caixa com delicadeza, sua expressão suavizou e seu coração se acelerou. Ele não entendeu que sentimento era aquele, mas estava achando Daichi muito fofo com as bochechas coradas.
— É um pedido de trégua, não quero mais que você fique sem falar comigo. — Daichi falou e esperou que Sugawara falasse algo, mas foi pego de surpresa.
Sentiu os braços de Sugawara ao seu redor o puxando para frente e o abraçando. Ele ficou ainda mais vermelho pela posição em que estavam, com seu rosto na altura do busto de Suga, mas ele parecia alheio a situação.
— Ownt, Daichi! Isso é tão fofo! Eu te perdoo dessa vez, aposto que você não aguenta mais ficar sem meus abraços. — Sugawara o apertou mais um pouco antes de soltá-lo e sorriu. — Não está tentando me comprar com presentes, não é?
— Eu só não gosto de te ver com raiva. — Daichi se deixou ser apertado, se sentindo mais aliviado pela expressão alegre no rosto dele.
— Tá tudo bem agora, mas não ouse ganhar de mim de novo. — Sugawara ficou sério por alguns segundos, mas logo voltou a sorrir, descendo os degraus que faltavam e ficando no mesmo que ele. — Eu amei a pelúcia!
— Achei mesmo que ela combinava com você. — Daichi sorriu vendo Sugawara feliz em seus braços.
— Quer ficar com ela? Assim você vai sempre se lembrar de mim. — Sugawara balançou a cobra artificial e sorriu.
— Acho difícil te esquecer muito facilmente. — Daichi falou sem pensar e sentiu suas bochechas esquentarem novamente.
— Isso foi fofo. — Suga o admirou por alguns segundos e impulsivamente se aproximou dando um beijinho em sua bochecha. — Depois vamos comer isso juntos, tá bom? Mas agora temos que acabar a patrulha.
Sugawara sorriu e saiu na frente, deixando Daichi atordoado para trás. Toda vez que se encontravam nos corredores Sugawara acenava e sorria para Daichi, como se não tivessem passado uma semana sem se falar. Nada parecia ter acontecido e nem mudado.
Mas Sugawara não estava tão tranquilo, um sentimento começou a brotar no seu peito e ele não sabia se isso era bom. Olhava e segurava a caixinha em forma de coração com mais delicadeza do que imaginava ter. Daichi tinha se esforçado para fazer aquilo para ele então iria guardá-la muito bem. No fim da patrulha ele se despediu de seus colegas e foi para seu dormitório, encontrando os amigos ainda acordados com Akaashi e Yaku.
— Ainda acordades? Vocês vão ficar com sono amanhã. — Suga comentou, de bom humor.
— Estávamos curioses. — Hinata falou, tentando alcançar a caixinha em suas mãos.
— Aparentemente você falou com o Daichi, né? — Yaku comentou apontando para a caixinha que ele segurava.
— Uh, o que é isso? — Yamaguchi se aproximou e também tentou pegar, levando um tapa na mão assim como Hinata.
— É um presente. — Suga apertou a caixinha contra o peito, ameaçando com o olhar quem tentasse tocar.
— Você por acaso tá a fim dele? — Kenma perguntou.
— Eu?! Claro que não. Somos amigos. — Suga balançou a cabeça.
— Engraçado, eu nem citei nomes. — Kenma sorriu vendo o olhar assassino que Suga lançou em sua direção.
— Nós estávamos falando sobre o Daichi.
— Ainda sim, eu poderia estar falando sobre qualquer um.
— Ei, mas por que ele te deu esse tal presente em uma caixa com formato de coração? — Hinata interveio antes que Sugawara perdesse a paciência com Kenma.
— Foi a única que ele achou.
— Pfft, conta outra. Ele não conseguiu achar uma caixa normal? — Yamaguchi o olhou com diversão.
— Como vou saber?!
— E o que ele comprou? — Akaashi perguntou.
— Alguns salgadinhos que eu gosto, aquele novo chocolate com pimenta, que eu queria mesmo experimentar e uma pelúcia de cobra. É fofo. — Suga respondeu e sorriu, olhando brevemente para a caixa.
— E como ele sabia que você gosta disso? — Yaku perguntou.
— É mesmo… nem me lembrei de perguntar isso. — Suga olhou ameaçadoramente para es amigues. — Quem falou com ele?
Kenma tentou não mudar muito a expressão para não parecer suspeito e passou despercebido por Sugawara, que estava desconfiando de Hinata.
— Nem olha pra mim. — Hinata levantou as mãos mas logo mudou de foco. — Podemos deixar para falar do namorado do Suga depois? A gente tem que falar sobre o pedaço de mapa que achei junto com o Yams.
— Primeiro, ele não é meu namorado. Segundo, a gente nunca vai a lugar nenhum só com aquela pista, se é que tem como chegar em algo.
— Precisamos pelo menos tentar! Tem um corvino entre nós, ele ama enigmas. — Hinata pegou o pedaço de papel e estendeu para Akaashi. — Vamos, vai ser legal!
Se deixaram ser contagiados pela animação de Hinata e se prepararam para resolver aquilo. Akaashi suspirou e olhou para o papel, ele virou e analisou por um tempo, tentando achar qualquer outro desenho ou algum pedaço de palavra, mas não havia nada além da frase incompleta.
— Na sala de grande valor… — Ele ficou em silêncio por alguns segundos. — Parece ser óbvio demais, então talvez não seja, mas podemos olhar na sala de troféus.
— Faz sentido! Vamos procurar lá. — Hinata estalou os dedos e se levantou.
— Amanhã. — Sugawara disse e a animação de Hinata se esvaiu. — Vamos descansar, teremos muito mais tempo amanhã.
Ele praticamente arrastou Hinata e Yamaguchi até a cama, alegando que os dois precisavam descansar e guardar energia pro dia seguinte. Os colocou para dormir com muita dificuldade, mas eles levantaram mais cedo que o normal.
Assim que acordaram já voltaram a falar do mapa, querendo matar as aulas daquele dia e ir atrás de mais pistas.
— Vamos, Suga! Você nunca teve problemas com matar aula. — Hinata falou, pulando ao redor dele.
— Hoje é sexta, temos tempo livre antes do jantar então nada de matar aula. — Suga continuou seu caminho ignorando o amigo.
— Desde quando você é tão certinho? É influência do Daichi, né? — Yamaguchi interveio.
— Você não deveria andar com ele, é má influência pra você. — Hinata o segurou pelos ombros e o balançou, fazendo-o rir.
— Não estou sendo certinho, nós temos que ser responsáveis com as aulas ou o diretor vai fazer a gente ficar amarrado com eles pra sempre e a gente nunca mais vai poder matar uma aulinha sequer. — Suga disse e o afastou enquanto ele reclamava. — E você e o Kageyama?
— Ai, não fala daquele emo pra mim. Ele é um idiota. — Hinata cruzou os braços.
— Você sente falta de brincar com ele, né? — Yamaguchi provocou, irritando Hinata.
— Vou bater em você.
— Daichi! — Suga chamou quando viu ele e os amigos no corredor. — Bom dia.
— Bom dia. — Daichi sorriu segurando Suga que praticamente se jogou em seus braços.
Suga adorava fazer aquilo, se apoiar nele sem nenhuma vergonha e ver de perto quando ele corava ou dava um sorriso tímido, era fofo.
— “Ele não é meu namorado.” — Hinata falou cinicamente, ganhando um olhar atravessado de Suga e risada de sues amigues.
— O que? — Daichi o olhou com confusão.
— Nada! Ignora ele. — Suga sorriu inocentemente, atraindo a atenção de Daichi novamente.
— Hinata. — Kageyama chamou. — Podemos… conversar?
— Não estou falando com você. — Hinata fechou a cara e cruzou os braços.
— Eu te comprei doces. — Kageyama contou, atraindo a atenção dele.
— Ok, acho que posso te ouvir um pouco, mas só um pouquinho!
— Querem que a gente espere? — Daichi perguntou.
— Se não for problema. — Kageyama disse e olhou para Hinata, que tinha se afastado um pouco.
Ele se aproximou do ruivo e o encarou, era a primeira vez que Hinata estava o olhando nos olhos em dias e isso o deixou levemente nervoso. Não sabia quantas vezes ele tinha reparado nisso, mas não deixou de pensar no quanto Hinata era bonito. Aqueles piercings posicionados de forma estranha sempre atraiam sua atenção. Era estranho, Hinata era seu companheiro para brincar e pular por aí, os dois sempre brigavam quando tentavam estudar juntos e viviam se batendo, ele nunca teve problemas em ficar perto dele, nunca tinha sentido nada além de raiva ou diversão, então não fazia ideia de como processar o fato de que o achava bonito e em como olhá-lo de perto o desconcertava tanto.
— Ei! Não vai falar nada? — Hinata balançou a mão na frente de seu rosto, fazendo-o piscar repetidamente.
— Ah, é… e-eu… — Kageyama procurou as palavras que pareciam ter fugido de sua mente.
— Fala sem gaguejar, boboyama.
— Desculpe. O Tsukishima e o Daichi disseram que não foi legal as coisas que eu te disse, você até que não é tão ruim jogando.
— Não sei isso é um pedido de desculpas decente, mas eu aceito se tiver doces. — Hinata falou e pegou o pequeno pacote de doces que Kageyama lhe entregou. — Por que você não fez uma caixinha fofa igual ao Daichi?
— Eu já te comprei muitos doces, não é suficiente?
— Sim, mas a caixa ia ser legal.
— Só isso? Eu não preciso fazer mais nada? Você passou quase uma semana sem falar comigo. — Kageyama o olhou com confusão enquanto acompanhava de volta para perto dos amigos.
— E daí? Já te desculpei. Uh, feijõezinhos de todos os sabores! — Hinata correu e se aproximou dos amigos. — Ei, cada um come um, vamos ver quem dá sorte.
— Daichi, quero falar com você e seus amigos. — Suga começou pegando a caixinha da mão de Hinata e comendo um feijãozinho. — Uh, laranja, eu acho. Enfim, sabe aquele pedaço de mapa? Nós estávamos pensando sobre.
— Ainda não desistiram disso? — Kuroo balançou a cabeça.
— Não e vocês também não vão. Vamos achar os pedaços desse mapa juntes, como um exercício de entrosamento e nem vem tentar me contrariar. — Suga falou e encarou Kuroo por alguns segundos, em uma batalha silenciosa. Ele ganhou. — Bom, no papel dizia, “na sala de grande valor”, a Akaashi acha que poderia ser na sala de troféus. Podemos ir procurar no tempo livre.
— Ainda acho que isso é bobagem. — Kuroo resmungou.
— Não corta a onda deles. — Kenma o repreendeu, olhando com ternura para os amigos animados.
Eles tomaram café normalmente e foram para as aulas daquele dia. Todos os professores estranharam o fato do Hinata estar mais energético do que de costume, mas enquanto ele não estivesse atrapalhando eles não ligariam.
Yaku e Noya estavam felizes que os amigos voltaram a se dar bem, ou quase. Yamaguchi falou no ouvido de Tsukishima durante o dia todo e Hinata só brigou com Kageyama, como sempre costumava ser. Eles mal podiam esperar para procurar.
— E como vamos fazer isso? — Kuroo perguntou para os outros, depois das aulas. — Por onde devemos começar?
— Não sabemos, temos que ir na sorte. — Yamaguchi respondeu com tranquilidade.
— Isso não vai demorar muito? — Bokuto franziu a testa.
— Nós somos muitos e eu não tenho nada melhor pra fazer, vocês tem? — Hinata perguntou.
— Sim, ler. — Tsukishima falou com uma expressão de tédio.
— Você faz isso todo dia.
— Estudar. — Daichi sugeriu.
— Hoje é sexta. Temos que viver uma aventura de vez em quando!
No fundo todes gostavam do entusiasmo de Hinata, até mesmo Kuroo se deixava levar pelo menos um pouco, mesmo que nunca fosse admitir. A sala de troféus oscilava entre o terceiro e o sexto andar e eles já estavam lá por causa da aula de defesa contra a arte das trevas, então foi mais fácil arrastar Tsukishima e Kuroo.
Procuraram por algumas horas mas não acharam nada, Hinata já estava começando a se irritar.
— Eu disse que isso não daria em nada. — Tsukishima encostou na parede e olhou com tédio para Hinata.
— Talvez não seja o que nós pensamos, podemos ter nos enganado. — Suga disse, tentando consolar o amigo. — Vocês da corvinal podiam botar a cabeça pra trabalhar.
— Por que eu deveria? — Kuroo cruzou os braços.
— Deixa de ser chato uma vez na sua vida. — Yamaguchi falou.
— Pensem. Por que vocês acham que é nessa sala? — Kuroo começou e Yamaguchi estava pronto para protestar, mas ele fez um sinal. — Sala de valor, não quer dizer que seja aqui.
— Pode estar relacionado com algum animal. — Tsukishima comentou.
— Hipogrifo. — Kenma falou. — Talvez represente alguma casa?
— Qual casa que teria um hipogrifo como símbolo inicialmente? — Suga perguntou, mas já sabia a resposta.
— Grifinória. — Akaashi respondeu.
— Isso também poderia estar relacionado com as características da grifinória, né? Tipo, a coragem, é algo de grande valor, né? — Hinata se animou.
— Isso aí. — Sugawara sorriu e se virou para Daichi. — Podemos entrar no seu salão comunal?
— Todo mundo?!
— Sim! Você tem que ter a coragem de nos levar pra lá, Daichi! — Hinata pulou ao redor dele.
— Bom, se for muita gente, eu desisto de ir. — Tsukishima sugeriu.
— Não é muita gente, Tsukki, é só a gente. — falou Yamaguchi.
— Só ele — apontou para Hinata — Já vale por mil.
— Eu acho que… não vai ter tanto problema assim, mas a gente não pode ser muito barulhento. — Daichi falou e viu sorrisos se iluminarem ao seu redor.
— Eba! Vamos logo, boboyama! Temos que achar um tesouro! — Hinata correu na frente, com Kageyama em seu encalço.
— Ele é sempre assim? Tipo, em todos os segundos de todos os dias? — Tsukishima perguntou depois de um suspiro cansado.
— Sempre. — Yaku respondeu com um sorriso.
— Você é u mais razoável, certo? — O loiro olhou para ê garote baixinhe perto dele.
— Bom, eu não gosto que falem mal dos meus amigos e sei alguns golpes de defesa pessoal. — Yaku disse e começou a andar, arrancando um sorriso de Nishinoya.
— Cara, eu tô mesmo muito apaixonado por elu. — Ele disse e foi atrás de sue namorade.
— Todos vocês me deixam tão cansado. — Tsukishima suspirou novamente e os acompanhou para fora da sala.
Tsukishima se deixou ser arrastado por Yamaguchi até o sétimo andar, onde ficava a torre do salão comunal da grifinória e seus dormitórios. Ninguém de lá ia muito com a cara dos sonserinos, mas eles não se importavam, ignoravam todos os olhares de aversão e se concentraram no seu objetivo.
— Até hoje essa decoração brega. — Hinata comentou quando entraram no salão.
— Só vamos procurar e depois falamos sobre a decoração. — Yamaguchi falou.
— Por favor, não mudem nossa decoração. — Daichi pediu.
— Tudo bem, eu aceito seu mau gosto, Daichi. — Suga deu tapinhas no ombro dele. — Vamos procurar!
Suga sorriu e bateu palmas, recebendo alguns resmungos como resposta. Elus não sabiam por onde começar, mas teriam que procurar pelo salão todo. Kuroo parecia desinteressado em ajudar, remexia alguns ornamentos sem muito entusiasmo e Tsukishima tentava se esconder em alguns cantos para ninguém perceber sua figura cansada. Hinata e Kageyama já estavam fazendo todo o trabalho, ele não tinha que gastar mais energia com isso.
— Ei, boboyama, me ajuda aqui. — Hinata chamou, apontando para a tapeçaria com o símbolo da grifinória. — Me levanta, ela tá muito alta.
— Você não tá pensando em tirar ela daí, tá? — Kageyama o olhou com desconfiança, se aproximando.
— Não… bom, sim, mas não agora. Quero ver se tem algo atrás.
Kageyama o levantou alto o suficiente para que pudesse enfiar a cabeça atrás da grande tapeçaria.
— Ei, tem algo aqui! — Hinata falou, atraindo a atenção de Suga.
— Hinata! — Suga gritou, assustando-o e fazendo Kageyama se desequilibrar, caindo no chão. — Vocês estão loucos?! Estão machucados?
— Achei! — Hinata sorriu e esticou o braço, segurando um pedaço de papel.
Algumas bolas de poeira se emaranhavam nos cabelos de Hinata, mas ele não parecia nem um pouco preocupado com isso, nem mesmo em sair de cima de Kageyama para não esmagá-lo de vez. Suga se aproximou e o ajudou a se levantar, depois tentou limpar o rosto dele e o cabelo dele, fazendo Kenma se afastar para não começar a espirrar.
— Vocês não batem bem da cabeça. — Kuroo comentou, estendendo a mão para Kageyama.
— Tivemos coragem o suficiente pra procurar ali.
— Conta outra, baixinho. — Kuroo disse, mas achou graça.
— Ei, parece que se completam. — Suga falou, se referindo ao pedaço de papel.
Eles formaram um círculo ao redor do garoto de cabelo prateado, curiosos para saber o que novo pedaço diria. Quando Suga aproximou os dois papéis, eles magicamente se juntaram como uma peça de quebra-cabeça e elus assistiram enquanto o mapa brilhava e se reconstituía, revelando mais um pedaço da frase.
— Uau! Olha se apareceu algum caminho perto do X! — Hinata exclamou, com entusiasmo.
Suga virou o papel, mas nada havia aparecido daquele lado, talvez o mapa só se revelasse quando estava completo. Virou o papel novamente, se esforçando um pouco para ler as letras levemente borradas pela ação do tempo.
— Na sala de grande valor… encontrará valores além das riquezas. — Suga leu em voz alta.
— Coragem! — Hinata exclamou.
— Na sala de grande mistério… argh! Por que esse mapa não termina suas frases? — reclamou.
— Pelo menos achamos mais uma pista. — Kenma comentou.
— E mais um enigma. — Tsukishima resmungou.
— Pelo menos sabemos que realmente leva a algo. — Yamaguchi falou com otimismo.
— Certo, podemos pensar nisso depois. Se a gente correr, conseguimos pegar o resto do jantar. — Daichi disse, mudando o foco.
— Jantar! — Hinata se levantou. — Vem, kageboboca.
Tsukishima fez uma careta ao ver os dois correndo porta afora, se perguntando como eles faziam para ter tanta estamina.
Eles conseguiram chegar a tempo para jantar e o diretor nem quis perguntar o motivo do atraso, para ele, se nada nem ninguém estivesse quebrado, era o suficiente. Todes pareciam suficientemente mais próximes e em paz agora, mas gostaria de saber até quando isso iria durar.
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