Já se passou uma semana desde a noite em que me vinculei com o alfa, ele não tem mais aparecido na Torre, se supõe que ele queria um ômega para ter sua prole, certo? Já não sei mais.
Bruce tem cuidado de mim, o pirralho ficou de aparecer ainda hoje. Parece estar empolgado com seu traje de homem-aranha, vive me mandando mensagem, sugestões sobre possíveis alterações, algumas realmente muito boas. Pretendo trabalhar com ele nos próximos dias, mas no momento estou sem forças.
— Tony, você deveria estar na cama... — Disse Bruce entrando no Taller, imagino que tenha vindo buscar o prato de comida que havia deixado mais cedo — A Dra. Cho disse que precisa comer para se recuperar ou seremos obrigados a te fazer tomar soro.
— Não estou com fome, Bruce.
— Não adianta fazer essa cara, mesmo que não queira comer, tem que manter as forças. Como andam as dores de cabeça?
— Desde... desde que a marca de Steve sumiu, as dores pararam. — Ele pegou o prato de cima da mesa, a comida já estava fria, voltou a deixar no lugar.
— Ele não apareceu mais? — Neguei com um movimento de cebeça, sem direcionar minha atenção a ele.
Parece que a marca realmente deu certo... não há mais nada de Steve em mim ou na minha vida, acho que a única coisa que ainda sobrava era a cicatriz da marca desfeita, agora que ela se foi...
Seria mentira se dissesse que não sinto mais nada por ele, mas não o amo mais, não como antes. Acho que ainda nutro certo carinho por ele. Apesar de tudo, o que vivemos foi muito bom. Se ignorarmos toda a mentira e a forma infantil com que pedi o término.
Me pergunto se o alfa não planeja mais vir, ele me marcou e sumiu, justo quando havia aceitado o laço. Toquei a mordida inconscientemente, ela parece ser feita para estar ali, quando Steve me mordeu, doeu. Foi bom porque estávamos no meio do sexo, estava em êxtase, mas doeu pra caramba.
Entretanto, quando Strange mordeu, o sexo foi horrível, mas senti como se meu corpo recebesse uma dose extra de afrodisíaco, foi tão bom, eu perdi a consciência depois e me entreguei a ele. Quando acordei não havia dor no local como a de Steve, ela só estava ali, como parte do meu corpo. Sem cicatrizes ou demora para criar o vínculo.
Quando acordei com a mordida de Steve havia dor, mas também havia Steve. Agora com a mordida do mago, não havia dor e não havia alfa. Apenas vazio. Irônico, não?
Os alfas são tão arrogantes e impulsivos, talvez nossas idéias de vínculo se oponham, ele disse que só me queria para que tivesse seus filhos... tão egoísta. Ele parecia tão obstinado que intuí que ele não me deixaria ir facilmente, sinto como se não tivesse cumprido com suas expectativas, assim como não cumpri quando estava com Steve, por isso ele optou por me trair, optou por esconder coisas e principalmente, optou por me deixar, mesmo podendo ficar.
Strange disse que queria ter filhos, talvez tenha percebido que não sou o ômega adequado para isso, ele sequer aparece para transar... o que é o esperado quando se quer ter filhos e não funciona da primeira vez. Embora eu não queira transar com ele, esse alfa me deixa tão confuso.
Parece que vai me rejeitar, assim como Steve... eu sei que foi eu quem pediu para que ele fizesse isso, mas uma hora isso ia acontecer, certo? Ele me traiu. Era isso ou o início de um ciclo de traições.
A maioria dos ômegas que se libertam de seus laços morrem, suas mentes acabam sendo consumidas por sentimentos negativos, a sensação de desespero crescerá diariamente, mesmo que seu parceiro não sinta amor por eles. Esses instintos ômegas são um porre.
Apenas pensar sobre isso me dá calafríos, eu já havia acostumado em ser rejeitado uma vez, não sei se consigo superar uma segunda.
Para a maioria dos alfas, a vida dos ômegas é apenas brinquedo, algo com que podem brincar e manipular de acordo com sua vontade, eu achei que nunca toparia com esse tipo de alfa. Não desejo aumentar o ego de um alfa idiota, mas não quero ser rejeitado novamente.
— Tony... — Chamou Bruce, direcionei minha atenção a ele — Tony, você está chorando? — Ele se aproximou, abrupto.
Neguei e ele limpou uma lágrima solitária, sequer percebi que estava chorando.
— Não estou com fome, Bruce.
— Tudo bem... — Ele me puxou gentilmente, me forçando a levantar, me guiou até o sofá, se sentando e fazendo sinal para que eu deitasse em seu colo. — Pode chorar se quiser, amor. Prometo não contar para o seu alfa que esteve chorando por ele.
— Ele não é meu alfa... e não estou chorando por ele.
— Tudo bem... não contarei mesmo assim. É para isso que servem os ScienceBros.
— Dr. Banner, receio que o sr. deva subir ao andar superior, Peter deseja falar com o senhor. — A voz de Friday soou chamando minha atenção.
— Ele já chegou? — Ouve silêncio por uns instantes até ela voltar a responder.
— Ainda não, apenas Peter.
— De quem estão falando? — Perguntei sem entender.
— Ninguém... vou lá ver como Peter está. — Disse, levantei minha cabeça levemente e ele se levantou, logo colocando uma almofada no lugar. — Volto logo. — Ele pegou o prato da mesa e foi em direção à saída.
Fechei os olhos e inspirei fundo, levando ar aos meus pulmões, odeio deixar que esses sentimentos do meu lado ômega tomem conta de mim.
— Esqueceu alguma coisa, Bruce? — Questionei, ao ouvir a porta se abrindo novamente. Não obtive resposta. — Bruc-? — Parei ao ver que não era ele — Já se passou muito tempo, hein? Sentiu vontade de-
— Levante. — Disse, como se nada.
— O quê?
— Você deveria estar descansando na cama, não torne as coisas mais difíceis, por favor. Trouxe comida.
— Não estou com fome. — Ele abriu um portal e fez sinal para que eu levantasse.
— Tudo bem, tenho todo tempo do mundo, só irei depois que você comer. — Estreitei os olhos, o encarando. Ele parece tão obstinado quanto da primeira vez.
— Tudo bem. — Cedi, me levantando. — Tenho que passar por isso aí?
— Sim.
— Não sei se quero fazer isso... acho que podemos andar até lá.
— Você está com medo? Não se preocupe, é seguro.
— Não gosto muito de magia... — Admiti.
— Você já passou por alguns antes, vai ser rápido. — hesitei alguns instantes — Eu estou bem atrás de você... quer ajuda para atravessar?
— Não... — Fechei os olhos brevemente, dei uns passos a mais, para ter certeza de que havia atravessado antes de voltar a abrir os olhos.
— Viu? Foi fácil. — O ignorei, indo em direção à cama e me sentado, escorando na cabiceira. Lhe lancei um olhar inquisidor. Uma cadeira surgiu ao lado da cama, ele se sentou e abriu o pacote. — Que fique claro que é a última vez em que trago algo assim, você passará a comer coisas saudáveis. — Arqueei uma sombrancelha, o encarando. Ele segurou o hambúrger em minha frente, sem a intenção de me dar.
— O que está fazendo?
— Nada... — Disse, finalmente me passando.
— Eu realmente não estou com fome... não consigo comer.
— Rápido, imagino que não goste de comida fria. — Deixei um suspiro escapar.
— Sabe, se quer tanto que eu coma, é só me ordenar. Você consegue fazer isso, certo? Dizem que os alfas conseguem controlar os ômegas que marcaram...
— Não pretendo te controlar... ou prefere que eu te dê na boca?
— Vou comer quando me deixar em paz.
— Vou embora assim que terminar de comer.
Desde então ele tem vindo todos os dias, não falamos mais do que o necessário, ele apenas se senta ao meu lado e espera até que eu coma tudo, vai embora logo em seguida.
Me pergunto o que tem de divertido em encarar um homem comendo... não veio durante dias, agora vem no mínimo três vezes por dia, em todas as refeições.
— Se você tem tempo de vir aqui, deveria usar para dormir.
— O quê?
— Você tem olheiras embaixo dos olhos, deveria usar o tempo que tem para vir aqui para dormir.
— Farei isso quando você estiver melhor. — Disse simplesmente.
Que irritante...
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