Não foi difícil deixar o templo em Trost, o Grão Sacerdote, pediu a seus subordinados que não comunicassem ao povo sua partida, seria melhor que sua saída fosse ocultada, para evitar maiores transtornos e temores por parte de seu povo. Usando uma capa verde com o símbolo da liberdade nas costas ele montou seu cavalo e saiu pelos portões secretos do templo. Eren se esquivou para não ser visto e saiu também, caminhando a passos largos para acompanhar o galope do alazão negro que transportava o grão-sacerdote.
A caminhada pelo bosque foi longa e silenciosa, muitos youkais apareceram e tentaram atacar o religiosos que até os teria eliminado, se um certo meio youkai sob a forma humana, não tivesse destruído todos sem nem ao menos se cansar. Era admirável a força de Eren, que mesmo sob a forma humana ainda era forte o suficiente para eliminar os monstros com youki mais fracos.
Quando chegaram ao sopé do monte Hakurei, a noite já estava caindo. Levi desceu de seu cavalo e prendeu o arreio em uma árvore próxima. Ali era solo sagrado e não eram permitidos nenhum ser que não fosse os sagrados servos de Ymir. A caminhada até o santo templo deveria ser feita a pé, uma forma de penitência praticada a anos.
— Eu vou com você!
— Você espera aqui! Não há razão para me seguir.
As palavras de Levi foram duras e fizeram o jovem hanyou se encolher um pouco. Sentindo se alguém indesejado. Talvez seu belo sacerdote não gostasse de sua companhia. Infelizmente foi impossível não pensar assim.
Percebendo que havia sido desnecessariamente ríspido, o sacerdote resolveu reformular a frase.
— Por favor me espere aqui Eren, prometo que não demoro. Este local é sagrado e se você se aproximar do templo dos eremitas o poder espiritual deles pode te machucar e eu não quero isso. — ele subiu o monte sem olhar para trás. Sabia que se fizesse isso veria um garoto lobo com um sorriso alegre a lhe admirar e preferia não sentir novamente aquelas malditas “borboletas” em seu estômago.
A subida até o topo não foi demorada, era um caminho conhecido que o baixinho já havia cruzado antes, na companhia de sua mentora. Ao alcançar o exuberante Templo dos Eremitas ele dobrou um dos joelhos em sinal de respeito e colocou o punho direito sobre o peito, pouco antes de adentrar no local.
— Seja bem vindo!Oh Pilar deste Mundo! — veio a voz de uma velha sentada próximo ao santo altar assim que o baixinho cruzou as portas. - Que bons ventos o trazem aqui?
— Mestra Genkai! Preciso de orientação, os youkais tem tentado destruir a paz a milênios conquistada por Ymir. — de joelhos ele pronunciou as más notícias para a mulher de baixa estatura e cabelos rosados completamente cacheados. Ela era a mais velha do grupo de eremitas, alguém que provavelmente teria mais de 400 anos de vida.
— Talvez tenha algo a ver com "a maldita canção!" — mencionou o homem com cabelos vermelhos como fogo, que segurava em sua mão uma bela rosa. Levi só percebeu a presença dele ao desviar o olhar. Vislumbrou também que naquele momento mais quatro eremitas estavam sentados próximos ao altar.
— Sobre o que estás falando Kurama? — questionou outro eremita com cabelos castanhos e cacheados. Uma face comprida que lembrava a Levi de seu pupilo Jean.
— Acaso se esqueceu Kwabara? — Falou o jovem chamado Kurama, a quem Levi reconheceu como o Eremita da Terra. — Aquele youkai que eliminamos nos arredores da nossa montanha, a algum tempo atrás, parecia enlouquecido e balbuciava algo sobre a " maldita música" . Lembro-me bem dessa situação, por estranhar youkais ao redor desse monte. O ar é rarefeito para eles. Somente sacerdotes podem pisar aqui. Seria suicídio para qualquer youkai vir. Eles podem ser criaturas bestiais na maioria das vezes, mas mesmo eles, possuem algum senso de sobrevivência.
— Acha que alguém está criando canções que possam manipular youkais?
— É provável que sim. E eu sei de apenas um ser que poderia estar fazendo isto. — a afirmação de Kurama aumentou os batimentos cardíacos de Levi, sua boca secou ao imaginar alguém controlando essas criaturas por algum propósito.
— De quem estão falando? — questionou Levi ainda de cabeça baixa em sinal de respeito aos sagrados Eremitas.
— Suzaku. — a voz imponente não soou dos outros três que já estavam a dialogar com o sacerdote. A voz veio de outro homem de cabelos negros com mechas brancas, olhos vermelhos como fogo. Ackerman conhecia aquele homem. Ele havia ajudado Mikasa a lhe treinar da última vez que esteve ali. Hiei, o eremita que dominava o fogo.
— Suzaku, filho de Biako? O Tennin que eliminei logo quando me tornei grão-sacerdote? — questionou se lembrando do poderoso youkai que havia eliminado anos atrás. Geralmente tennins eram inofensivos, mas aquele em particular estava causando alvoroço e instigando uma rebelião. Por isso Levi o matou, lembrou-se de poupar seu filho a época.
— Tennins tem o dom de criar canções hipnóticas. Eles podem usar instrumentos musicais ou a própria voz. Geralmente usam para atrair pequenos animais e devorá-los. Jamais soube de algum tennin se revelando e usando outros youkais em proveito prórprio.
— Quando lutou contra Biako, você provavelmente percebeu que havia outros youkais o servindo e dispostos a lutar por ele?
A velha Genkai tentou trazer a memória do jovem sacerdote, sua primeira luta como o Pilar.
— Eu realmente achei estranho eles estarem tão empenhados em salvar a vida daquele homem. — Aquilo a época me pareceu estranho, mas achei que tivesse adquirido a total fidelidade daquelas criaturas por meio de um bom discurso. Vendo sob a ótica citada por Kurama-sama, talvez seja realmente um estado de hipnose. Provavelmente já estavam sendo manipulados. E agora o filho está seguindo os passos do pai, porém em uma escala ainda maior.
Levi não pode deixar de se arrepender de não ter "cortado" o mal pela raiz. Se não tivesse agido de forma emocional e eliminado o problema , tantas vidas não teriam se perdido.
— Se tivesse matado a criança não teria esse tipo de problema. — Exclamou Yusuque. O último eremita que ainda não havia se pronunciado. E Levi sabia que a coincidência em suas palavras era proposital. O eremita leu seus pensamentos através de sua atitude fracassada. — Aquele que perde a batalha não é digno de viver. Sabes disso não é? Creio que já lhe afirmaram isto antes.
— Sim senhor. — a vergonha e o arrependimento eram visíveis no semblante de Levi. Ele poupou uma vida e isto lhe custou outras tantas. Talvez no fundo ainda fosse uma criança com pena de eliminar coelhos.
— Não devemos ferir uma cobra e dar-lhe a chance de voltar para nos picar. Você é o Pilar deste mundo Levi. Confiamos a você a sagrada jóia de Ymir. Não permita que seus erros custe a vida daqueles que confiam em ti.
— Sim Mestra Genkai. Não voltará a acontecer.— respondeu com o olhar determinado. — Há algo mais que eu precise saber? Receio que não possa voltar aqui até que tudo esteja terminado.
— Suzaku provavelmente planeja lhe desgastar e baixar sua força. Sua energia espiritual está abaixo do habitual.. O uso constante de sua magia irá lhe consumir logo, mesmo com a ajuda da Jóia de Ymir, batalhas constantes podem causar sérios danos. Porém acredito que seja capaz de colocar um fim nestes combates. na verdade não espero menos de um discípulo de Mikasa. — a face firme e determinada do eremita do fogo fez Levi se sentir revigorado. Hiei sempre fora o eremita que mais admirava. O homem que havia lhe ensinado muitas coisas através de Mikasa-Sama, a grã-sacerdotisa que lhe antecedeu.
Todos aqueles eremitas em algum momento haviam sido grão-sacerdote, assim como Levi, apesar da face jovem da maioria, todos possuíam mais de 100 anos de vida e se tornaram conselheiros após passarem a jóia para o próximo a suceder. Eram serem experientes e por isso tão respeitados e consultados sempre que uma batalha crucial se aproximava.
— Lembre-se Levi, não importa o caminho que siga. Desde que saiba onde quer chegar. Não foi escolhido como pilar por acaso. — aconselhou a velha Genkai fazendo o sacerdote menear a cabeça em concordância.
— Cumprirei o propósito de minha existência senhora. Agora que sei quem é meu inimigo não perderei tempo. Não exitarei novamente em eliminá-lo.
— É o que esperamos.
A velha manteve um olhar intenso sobre Levi , que permaneceu imóvel até outro eremita se pronunciar.
— Agora vá antes que teu "namorado" invada nosso monte. — Exclamou Yusuque de forma divertida, fazendo Kurama esconder o riso, Hiei revirar os olhos e Kuwabara olhar de um lado para o outro sem entender nada.
— Obrigado pela orientação. — foi tudo que ele foi capaz de responder. Não havia no mundo qualquer justificativa que ele daria para aquelas criaturas sábias, que fossem convincentes o suficiente para eles entenderem que Eren não era seu namorado. Ele sequer poderia ter um sendo o Pilar.
“ Era só o que me faltava, lidar com o deboche vindo de criaturas sagradas."
Levi deixou o templo sagrado com um novo propósito em mente. Eliminar a criatura que estava usando os youkais para enfraquecer os seus poderes. O plano de Suzaku estava sendo eficaz, pois o grão-sacerdote estava realmente esgotado diante de inúmeras batalhas. Mesmo tendo os outros discípulos a lhe apoiar as piores batalhas eram destinadas a ele.
Ao descer a montanha o dia já estava nascendo. A luz do sol começava a se refletir timidamente por detrás dos cumes das montanhas. Era um belo cenário, ele teria que admitir.
Quando chegou ao local onde seu cavalo e um impaciente Jaeger lhe aguardavam ele finalmente descansou.
— Você demorou, levou a noite toda. — falou o hanyou que o abraçou assim que estava fora dos limites sagrados, a calda agitada refletindo o alívio.
— Sua impaciência chegou até o conhecimento dos Eremitas. E eu pedindo para ser discreto. — falou se afastando delicadamente do abraço.
— Fiquei preocupado contigo. — falou tentando recuperar o toque perdido.
— Eren, eu estou cansado. Temos todo um caminho pela frente e eu ainda preciso bolar um plano contra um maldito Tennin.
— Tennin?— questionou ao grão-sacerdote. — Essa fadinhas são criaturas inofensivas.
— Não existem criaturas inofensivas Eren. Todos são capazes de fazer o mal, mesmo os mais dóceis.
Jaeger não disse nada, apenas seguiu o sacerdote que soltou seu cavalo e começou a caminhar a passos vacilante. O cansaço visível a cada passo dado.
— Para onde vamos? — perguntou o moreno.
— Sei que por aqui existe algumas fontes de águas termais. Preciso de um banho e preciso me alimentar antes de partirmos. Os petiscos de Petra já acabaram. Sendo assim eu…
— Eu irei caçar para você! — exclamou com mais euforia do que devia. — Volto logo, termine seu banho enquanto eu cuido de sua provisão.
E assim o garoto lobo desapareceu na floresta escura ainda escura. Levi queria dizer que ele não era uma maldita fêmea com filhotes e ele podia buscar sua própria comida, mas estava cansado demais para isto. A viagem de um dia sob o lombo de um cavalo não foi nada fácil. Isto sem acrescentar o uso constante de sua magia.
Por essas razões, mais do que nunca ele ansiava por um banho quente.
~*~
Conseguir frutas e alguma carne para Levi não foi tarefa difícil. Eren era ágil e logo ele estava com tudo que precisava se alimentarem adequadamente. Sabendo como seu humano era exigente com limpeza, o moreno fez questão de limpar o animal que caçou, deixando-o pronto para assar no fogo. Ciente de outra limitação tola do religioso, que era comer apenas carnes bem passadas.
“ Não me admira que não tenha crescido muito sendo tão exigente com o que come." Pensou enquanto se dirigia para as fontes mencionadas por Levi. O moreno não conhecia bem o local, mas seu faro apurado permitiu encontrar Levi sem problemas.
Quando localizou a fonte o homem de baixa estatura já estava devidamente vestido. Os únicos indicativos de que havia se banhando eram o perfume de flores que exalava de seu corpo e os cabelos molhados sobre os olhos.
“ Lindo…” a imagem etérea de Levi após o banho sob a luz da aurora era sem dúvida alguma algo sagrado. Aquele era o Pilar do mundo, a mais bela criatura sobre a terra.
O ser que mantinha o equilíbrio entre homens e youkais.
— Vejo que acendeu uma fogueira. Bem típico de você. — brincou o moreno deixando a caça próxima do fogo.
— Vá se banhar antes de comer. Eu cuido do resto.
Eren não discutiu retirou as vestes e pulou na água de temperatura agradável. Ele aproveitou para se perfumar com as especiarias de Levi. Sabia que não era bom ter algo tão cheiroso próximo de seu olfato sensível, mas o perfume de Levi sempre o deixava feliz.
Quando o banho terminou ele vestiu outras vestes que o baixinho havia lhe trazido. Eren se permitiu sorrir um pouco, ver como o Sacerdote se preocupou que ele também estivesse limpo. Após se arrumar seguiu para perto de seu companheiro de viagem.
— A carne ainda está mal passada Eren. — falou ao ver o moreno pegar um pedaço da caça sob o fogo.
— Felizmente cheguei antes de você me servir carvão. — resmungou retirando um naco grande de carne e levando a boca. — Não sei como consegue comer essas coisas fritas.
— Prefiro nem responder. — falou mexendo um pouco na carne para virar o lado que já havia assado para cima.
O moreno observou um pouco mais a criatura diante de si, mesmo após o banho Ackerman, parecia esgotado. As intensas olheiras e a respiração pesada indicava isto. Uma onda de preocupação tomou o hanyou ao imaginar seu Levi em combate estando tão fragilizado.
— Deveria descansar um pouco mais antes de retornar a vila. Está visivelmente desgastado. Podemos relaxar o restante do dia e partir amanhã bem cedo.
O homem parou de mexer na carne sobre as chama para dar atenção a fala do outro.
— Realmente não tenho tempo para descansar. Suzaku está destruindo vilas inteiras apenas para me afrontar Eren. Meu dever é salvar vidas.
O moreno deu outra mordida generosa no pedaço de carne em suas mãos. Por alguns instantes ele não disse nada. Apenas pensou bem no que iria dizer. Ele sabia de um ritual antigo que poderia fazer Levi recuperar as forças, mas temia que o grão-sacerdote não aceitasse suas orientações.
— Suzaku é o Tennin de quem falou há alguns instantes?
— Sim, ele é alguém que está manipulando os youkais para que ataque as vilas. Ele desenvolveu uma técnica fenomenal de hipnose. Algo que geralmente os tennins não possuem.
— Agora entendo o que quis dizer, quando mencionou eliminá-lo.
Levi apenas anuiu finalmente iniciando sua refeição.
Eles permaneceram em silêncio enquanto se alimentavam e após satisfeitos deitaram sob o céu lado a lado.
Apesar dos vários momentos sem dizerem uma palavra sequer, o silêncio não era desconfortável. Havia uma cumplicidade ali. Os olhos de Levi deslizavam de um lado para o outro como se tentasse acompanhar as nuvens brancas deslizando sob o firmamento.
— Vou lutar ao seus lado.
A voz do hanyou saiu como um sussurro contido, mas foi o suficiente para fazer os olhos cinzentos se voltarem para ele
— Eren, não posso permitir…
— Não estou pedindo sua permissão Levi, mas antes preciso que saiba que existe uma forma de você recarregar suas energias.
— Uma forma de recuperar minha energias? Levaria meses sem combate ou o uso do poder total da jóia para isto. Essa é a razão do plano de Suzaku ser perfeito. Eu não tenho tempo para repor a magia que gasto lutando freneticamente e constantemente.
Eren ouviu o pequeno discurso, mas apenas uma parte verdadeiramente lhe chamou a atenção.
— O que quer dizer com usar o poder total da jóia? Isso não me cheira bem…
— A Jóia de Ymir possui grande poder, mas se ela é usada em toda sua glória ela consome a vida de seu detentor. Esta foi a razão da morte de nossa Sacerdotisa. Ele é o próprio coração dela, consumido pelo excesso de magia. Por isso os sacerdotes são substituídos a cada 50. A jóia os consumiria até a morte se a utilizassem por um período mais longo que este. Isto sem contarmos batalhas como a que eu terei que enfrentar. São cinquenta anos em tempos de paz.
Eren sentia que seu próprio coração iria parar. Além de ser privado de ter qualquer emoção, a maldita jóia impunha a "seu" Levi uma morte prematura caso lutasse demais.
— Temos a opção de devolver suas forças. — falou rolando sob o homem santo, fazendo o suspirar com o peso do hanyou sobre seu corpo. — Deixe-me ajudá-lo sobre isso Levi. Juro que será o melhor, mas preciso que me siga até um certo local. Farei isso por você, não se sacrifique. Não mais...
O grão-sacerdote sentiu seu coração se aquecer, ver como o outro se preocupava. Como se oferecia, era tão terno que tornava impossível ao outro não se comover pela devoção.
— Eren…
- Eu vou ajudá-lo. Confie em mim.
- Eu não quero te envolver. Eu fui criado para resolver esses dilemas sozinho. É minha missão.
A mão pequena tocou a pele morena com ternura e gratidão.
— Não faça isso Levi. — suplicou unindo suas festas como se pedisse para que selassem um pacto. — Por que tem que ser sua responsabilidade? Por que não pode ter uma vida normal? Imagine como seria.
— Eu gostaria disso.
O grão-sacerdote focou seus olhos novamente, nas nuvens. O moreno ergueu o olhar na mesma direção. — Penso no que diriam todos se eu desistisse da minha missão?
— Por que não vem morar comigo na floresta? — questionou fazendo o baixinho se surpreender. - Você poderia simplesmente abandonar essa vida de sacerdote após eliminar esse Suzaku. Existem inúmeros sacerdotes e eles poderiam cuidar de tudo. Poderia viver comigo em minha toca.
— Sua toca? — piscou surpresa. Levi sabia que suas obrigações iam além de Suzaku, mas não fazia mal sonhar não é mesmo? Ele não poderia ignorar suas responsabilidades, mas poderia sonhar. Pelo menos um pouco. — Viveríamos no meio da floresta?
— Claro! — respondeu Eren subitamente feliz. — Você conheceria as outras pessoas do meu bando. Seria parte da minha pequena família.
O moreno estava radiante ao imaginar o cenário hipotético.
— Eles me aceitariam?
— Claro que sim. Sempre dizem que sei julgar bem as pessoas. Poderíamos ir para o oceano. Observar o sol se pôr e tingir as ondas de vermelho vivo. Observar as primeiras estrelas brilharem no céu deitados na areia ainda quentinha. Seria perfeito Levi! Eu sei que você iria gostar…
— Eu gostaria de ver algum dia…
— E você pode. Ambos podemos Levi. Juntos!
Foi então que a primeira lágrima escorregou pela face pálida molhando a mão do meio youkai que estava depositada ao lado do belo rosto. A umidade repentina chamou a atenção do moreno que focou no mais jovem sob o seu corpo
— Eu não posso...Sinto muito Eren...Eu não posso ir.
O choro copioso transbordou. Horas de cansaço, desgaste e o peso do mundo sob os ombros fizeram o sacerdote desmoronar. Ele não sabia o quanto ansiava por essas coisas até voltar a se relacionar com aquele hanyou. Eren era como um nascer do sol em sua vida. Ele lhe dava esperanças e para Levi ter esperança era doloroso.
Tentando ocupar a própria fraqueza o baixinho cobriu o rosto com um dos braços, sabia que isso não iria impedir os soluços que subiam em garganta, mas provavelmente impediria o olhar repleto de pesar que o outro lhe enviava.
Cansado de ver o sacerdote chorar Eren, decidiu que não esperaria mais. Daria a ele tudo que ele merecia. Lhe daria amor, devoção e acima de tudo, protegeria aquela criatura que sempre lhe fora sagrada. Não por um motivo religião tolo, ele o protegeria apenas por ser Levi, o humano que lhe tratou como igual.
— Levi… Olhe para mim!
O homem não cedeu , apertou ainda mais o braço sobre os olhos e tentou se esconder, mas foi em vão. Eren retirou o membro com muita facilidade, mas sem machucá-lo.
— Abra os olhos e me dê sua mão.
O moreno tomou a mão menor e levou até seu coração. Depositando-a cuidadosamente e cobrindo-a com a sua.
— Você sente meu coração batendo? Cada batida é um juramento de que jamais deixarei você lutar sozinho. Você pode ser o que quiser ser Levi e eu estarei lá ao seu lado para lutar por aquilo que acredita. E principalmente para garantir que entre as pessoas salvas por sua determinação, esteja você mesmo.
— Eren…
— Eu não acredito em destino Levi, mas acredito que meu mundo se tornou muito mais belo no dia em que te salvei. Você não precisa ser o Pilar do mundo para ser especial. Você me salvou naquele dia sendo apenas um garotinho.
Mais lágrimas rolaram pela face pálida. As mãos do hanyou colhendo uma a uma com ternura.
— Deixe-me lhe ensinar sobre amor Levi!
A súplica chegou ao coração do outro sem precisar transpor qualquer barreira. Eren já havia quebrado todas. Sem mais receios os dois mundo se uniram, sob a metáfora de seus lábios.
A doçura e a maciez da boca jamais beijada fez o hanyou suspirar. Quando sua língua deslizou sobre os lábios virgens, Levi lhe concedeu passagem, suspirando quando músculo quente e úmido mergulhou para dentro. Inicialmente discreto, vasculhando cada recanto inexplorado. E se permitindo provar o doce sabor daquela boca.
Levi suspirava sob o corpo másculo prendendo o seu sob a grama macia da floresta. A sensação desconhecida de forma alguma lhe causava temor, longe disso, lhe fazia ansiar por mais. O calor em seu baixo ventre se intensificando à medida que Eren vasculhava seu interior. Com maestria, com experiência.
Levi se sentiu ciumento, imaginar seu hanyou sendo tocado por outra pessoa era incômodo, doloroso. E assim um beijou ainda mais apaixonadamente o moreno, puxando corpo do youkai contra o seu.
Jaeger se lembrou de como o baixinho gostou de ser beijado no pescoço e deixou a boca alheia, rindo um pouco ao ouvir o outro protestar e buscar sua boca ainda com os olhos fechados. Levi estava tão entregue, quase entorpecido de paixão.
Quando a boca tocou novamente aquele ponto perfumado próximo da orelha o sacerdote não conteve seu gemido, se contorceu e murmurou palavras desconexas a medida que tinha a pele castigada pelos lábios e dentes de Jaeger.
— Levi, eu quero saber se posso ir além. Não quero que se arrependa de nada, mas se continuarmos assim, beijos não serão suficiente.
O Pilar estava perdido em seus próprios sentidos e demorou para compreender as palavras do meio youkai, mas assim que o entendimento lhe alcançou foi capaz de responder.
— Apenas hoje, serei Levi. Só hoje vou deixar de ser um sacerdote. — sua mão foi até seu peito e retirou a jóia de tonalidade verde pendurada em seu pescoço e a depositou cuidadosamente ao seu lado. — Está feito. Agora , sou apenas eu. Por algumas horas, não pensarei em nada além da alegria que sinto em estar aqui com você.
Os lábios de Eren encontraram os dele, gentis mas exigentes. A cada toque, a
cada movimento da língua dele, o menor estremecia com pequenos espasmos de desejo
que só faziam crescer.
– Eu amo sua boca. Você tem um sabor tão perfeito. Nem o mais puro mel se igual a doçura dos teus lábios. Já lhe disse isto? – sussurrou ele.
– N-não – respondeu com o constrangimento tingindo sua face.
– Eu amo isso – murmurou o moreno passando os dentes pelo lábio inferior de Levi e contornando seus lábios com a língua.
O youkai sorriu e tomou para si novamente os lábios macios e rosados, saboreou sem reservas aquela boca quente e faminta. O sacerdote o surpreendeu, segurando o ombro forte e puxando-o de volta para que seus corpos estivessem ainda mais próximos. Aquela fera fazia seu coração bater desesperadamente e ansiar por experiências jamais vividas.
Os lábios do moreno deixaram a boca faminta e deslizaram pela pele alva do pescoço, local que despertava um desejo intenso no homem sob seu corpo. Já havia tido inúmeras provas disso.
— Não tenha medo Levi… vou levar você até as estrelas. Vou te ensinar sobre o prazer e o amor nesta manhã. Você confia em mim?
A pergunta fez os olhos cinzentos se mostrarem por detrás das pálpebras que ainda estavam cerradas devido ao estímulo em sua jugular.
— Sempre…
A resposta foi curta, mas ambos sabiam da intensidade que ela continha.
— Faça tudo que seu corpo pede. Deixe seus instintos assumirem.
Aos poucos Levi foi relaxando e acomodando o outro entre suas pernas, permitindo que seus instintos, há muito contidos, assumissem o controle de suas ações.
Tudo que diversas vezes imaginou em seus pensamentos mais profanos, mais hereges tomaram forma.
Timidamente suas pernas se abriram e envolveram a cintura fina do meio youkai ao mesmo tempo que seus quadros ondulavam em busca de atrito. Os movimentos eram tímidos e desajeitados, mas repletos de luxúria.
Eren, que por alguns instantes apenas observava, rosnou levemente quando ouviu o outro choramingar, fazendo sua respiração ficar presa na garganta. De certa forma aquilo era novo para ele também. Afinal nunca chegou perto de sentir algo tão profundo por um humano, sequer havia se aproximado de qualquer outro homem que não fosse Levi. Porém sabia que não havia no universo alguém mais adequado que aquele "santo" em seus braços. Tudo naquele ser era perfeito. Seu perfume, o gosto em seus lábios, o zumbido suave do seu pulso acelerado, à medida que o moreno maculava sua pele. Era como se Ackerman fosse feito para ele.
Dessa vez o beijo não foi suave. Ele não fez cócegas, foi intenso e devorou completamente o homem de cabelos pretos. Eren não o provocou, ele o possuiu. Deslizando as mãos embaixo do corpo musculoso, acariciando as nádegas firmes e redondas, ainda escondidas sob as vestes.
– Hoje – sussurrou ele, com a voz rouca e calorosa –, você será meu.
O grão-sacerdote arfava cada vez mais alto, a proximidade com Eren o deixava completamente perdido. Podia sentir cada centímetro do corpo do hanyou cobrindo-o completamente. Levi havia imaginado essa cena mil vezes deitado em sua cama enquanto ainda estava cursando o seminário para se tornar um sacerdote. mas nunca havia lhe ocorrido que o simples peso do moreno sobre ele seria tão excitante.
Eren era grande, firme e musculoso na medida certa. Seus olhos verdes eram mais belos que uma esmeralda recém lapidada. Não havia outra alternativa a não ser se apaixonar por aquela criatura tão rara que o tocava com tanta paixão.
Lembrando-se do que Jaeger havia lhe dito a respeito de deixar seus instintos assumirem, mais uma vez fez seus quadris se arquearem para ir ao encontro ao do moreno, e quando as mãos de Eren se desfez de suas vestes, as pernas musculosas do sacerdote se enroscaram nas do meio youkai, colidindo as ereções de ambos, provocando espasmos em seus corpos..
– Levi – arquejou ele, apoiando o corpo trêmulo nos cotovelos.
Ele nunca se sentira tão grato pelo controle que havia aprendido a exercer sobre si mesmo. Todo o seu corpo ansiava por mergulhar em Levi e possui-lo, mas ele sabia que aquela manhã– a primeira manhã nos braços um do outro – pertencia ao sacerdote, não a ele.
Era a primeira vez que aquela criatura era amada e fazia algo para si mesmo. Eren seria seu primeiro amante – seu único amante. Gostava de pensar assim. Por isso tinha a responsabilidade de garantir que Levi fosse adorado em todos os sentidos.
Beijou-o em todos os lugares ignorou o desespero que sentia toda vez que o ouvia arfar.. Depois, quando enfim, quando Levi se contorceu e gemeu embaixo dele, deixando como o desejava. O sacerdote quase não soube o que fazer quando um dos dedos de Eren tocou seus lábios, mas não precisou perguntar. Basta deslizar sua língua sobre ele e ver o hanyou se perdendo, para descobrir que era isso que ele desejava. Que ele umidecesse seus dedos. Os movimentos de sucção demoraram alguns instantes e quando o mais velho percebeu que seus dedos estavam úmidos o suficiente deslizou a mão para o meio das pernas de Levi e o tocou. Delicadamente forçando pouco a pouco sua entrada naquele local quente e apertado. Deslizando o dedo para dentro,testando seu calor, tocando-o intimamente. Onde jamais havia sido tocado.
– Eren! – arquejou, remexendo-se embaixo dele. Assim que os dígitos tocaram em algo sensível que sequer sabia possuir.
Os músculos de Levi já estavam apertando-o fazendo o saber que estava quase no
clímax. Retirou abruptamente a mão, ignorando o lamento do baixinho.
– Isto pode doer um pouco – sussurrou ele com a voz rouca. – Mas eu prometo...
– Só venha Eren. Eu já lhe disse que confio em você! – implorou e, jogando a cabeça loucamente de um lado para outro.
E ele foi. Lentamente e respeitando o que o rosto abaixo do seu tentava dizer. Levi arfava a medida que o falo do outro preenchia pouco a pouco, fazendo o moreno parar sempre que percebia seu desconforto.
– Está tudo bem? – murmurou ele, tensionando todos os músculos para evitar se
mover.
O sacerdote apenas assentiu com a cabeça, a respiração totalmente ofegante.
– A sensação é estranha – admitiu um pouco constrangido.
– É ruim? – perguntou o moreno. Eren estava verdadeiramente incomodado com o fato de ter machucado o companheiro.
– Nem um pouco – sussurrou . – Me sinto completo. Feliz...
Ele começou a se num ritmo propositalmente lento e constante. A cada impulso, arrancava-lhe uma arfada. Gemidos de prazer ecoando pelas floresta, como uma música para os ouvidos do hanyou que se via perdido entre prazer das estocadas e a ardência causada pelas unhas de Levi.
Ackerman se sentia tão desesperado, seu coração batia forte enquanto Eren desfrutava de sua pele alva sem cessar os movimentos. Mordendo, deslizando as presas não tão salientes, mas ainda sim afiadas. Seu corpo estava trêmulo, fazendo o enlouquecer pouco a pouco. Gemendo novamente quando Eren o beijou, suas presas beliscando seus lábios antes de sua língua forçar seu caminho entre eles. A língua quente dançava com experiência, sabendo quais pontos explorar para dar prazer ao outro.
— Já beijou outra boca não é?
A pergunta soou ofegante devido ao beijo intenso. Havia ciúmes nos olhos cinzentos.
— Nessas centenas de primaveras que já vivi, beijei inúmeras bocas e possui mais corpos do que posso contar. Entretanto, nenhum amante se compara a você. Nenhum é tão belo, perfeito. Você é único Levi.
As palavras eram verdadeiras e ambos sabiam disso. Não havia necessidade de provas e logo o ciúme se perdeu em meio a luxúria que se espalhava, intensa, avassaladora e sem precedentes.
Quando o clímax chegou ambos se perderam no mar de sensações em ondas turbulentas que entorpeciam os sentidos.
Naquele momento tudo pareceu mais belo e pela primeira vez na vida de ambos, eles se sentiram completos.
Continua….
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