Após alguma horas de paixão intensa o casal finalmente decidiu que era hora de partir. Eren que havia proposto uma nova forma de renovar as energias de Levi seguia em frente mostrando o caminho ao religioso.
— Chegaremos em breve. — afirmou o moreno afastando alguns galhos do caminho.
— Acha que realmente vai funcionar?
— Sim, mas isso vai me unir a você para sempre. Na minha espécie isto é muito comum. Se chama Marcação. Alfa e ômega se marcam para poderem partilhar a alma e seus youkis durante toda a eternidade. — Jaeger já havia explicado tudo para Ackerman um pouco antes de partirem. O baixinho ainda se mostrava reticente em partilhar sua alma com um hanyou, principalmente porque sua própria vida não lhe pertencia mais, mas era necessário tomar tal decisão. E por mais que o jovem desejasse negar, sua alma já pertencia aquele mestiço que o guiava pela mata até o território sagrado dos youkais.
— Já estamos perto? — questionou pensando no tempo excessivo que ele estava passando fora de seus domínios. Levi temia que seus servos estivessem em perigo e ele não estivesse lá para os defender.
— Estamos perto!
Exclamou o moreno, num tom desnecessariamente balto, ouvindo em seguida o som de passos em meio a mata. Imediatamente ele se colocou à frente de Levi. Que revirou os olhos, diante da postura protetora de Eren, alinhando em seguida seu arco e flecha na direção de onde havia emanado o som.
— É melhor sair antes que ataquemos! — gritou o homem de olhos cinzentos. — Não farei um novo aviso!
Após alguns instantes dois homens se mostraram por detrás dos arbustos. Um loiro visivelmente musculoso e um homem muito alto de cabelos negros.
— Reiner e Berthold! — falou Eren reconhecendo as duas figuras imediatamente. — o que fazem aqui?
— Nosso plano inicial era resgatar nosso líder, mas falhamos miseravelmente. — a fala do mais alto, chamado Berthold, fez Eren franzir o cenho antes de iniciar uma gargalhada escandalosa.
— Me resgatar? De que? — questionou firmando as mãos nos joelhos logo após a crise de riso.
Levi observava a interação do trio e aquela altura já havia devolvido sua flecha ao cesto que trazia em suas costas.
— Deste sacerdote que o aprisionou! — o dedo inquisitivo de Reiner apontava para Levi que abriu os olhos de forma cômica.
— Não! Não, Reiner! Levi é meu amigo. Lembra do humano gentil que eu sempre mencionava durante as nossas conversas?
— Ele é o humano gentil? Eren esse homem já matou mais youkais que qualquer um!
Levi não pôde deixar de se ofender com a fala do loiro que o observava com os olhos desconfiados e com um vislumbre de mágoa.
— Ele só atacou os youkais que feriam as pessoas. Isso não é algo ruim. A legítima defesa é um direito de qualquer um Reinner!
O moreno estava irritado ao ver que seu amigo fez seu pequeno humano se entristecer.
— Tudo bem Eren. Eles têm seus próprios motivos. — interferiu o baixinho. — Agora vamos, nosso tempo é curto e preciso destruir Suzaku antes mais criaturas sofram com sua vingança.
— Sim … — respondeu o moreno iniciando os passos, mas sendo impedido por um de seus amigos.
— Eren? — a mão de Reiner segurou o braço do moreno. — Tanana avisou sobre um youkai enfeitiçando os demais. Não sei qual é a sua missão, mas temos trabalho a fazer! Não pode continuar seguindo esse humano enquanto teu povo perece
— Meu povo?! Reiner eu sempre fui desprezado pelos youkais por ser um Hanyou.
— Sim, mas nós nunca os desprezamos. Somos seus amigos, assim como Armin e Annie. Por essas pessoas que devemos lutar, mais cedo ou mais tarde esse som das trevas irá nos alcançar e seu "amiguinho" ali irá enfiar uma maldita flecha em nossos cérebros.
O moreno percebeu os ombros de Levi se encolher com a afirmação de Reiner. Ele sabia como era difícil para o grão-sacerdote carregar sobre as costas a responsabilidade do mundo.
— Levi e eu estamos exatamente tentando impedir isso. Ele está lutando para acabar com esse maldito ao preço de sua própria vida se precisar. Então Reiner respeite ele ou eu mesmo irei enfiar algo em seu cérebro.
— Chega Eren! Apenas vamos! Não vou chamar outra vez. Se continuar a protelar eu partirei para minha vila sozinho e esquecerei a sua ajuda.
O moreno não discutiu mais. Seguiu o baixinho sem dizer uma única palavra, sob os olhos preocupados dos amigos, que permaneceram parados até verem o casal sumir entre a folhagem da floresta.
Após algumas horas os jovens chegaram ao local determinado. Um belo bosque florido e repleto de vida. Levi nunca havia visto um lugar tão belo em sua vida e era uma pena que o momento não lhe permitisse desfrutar mais. Sob um clima agradável caminharam pelas trilhas cheias de flores e frutos. Alguns animais curiosos os observavam passar, alguns pássaros piavam alegremente, enquanto outros animais escondiam os filhotes que chegaram naquela primavera.
Eren continuou a guiar Levi até que chegaram a uma enorme pirâmide de degraus.
— Isso é incrível! Eu não sabia da existência deste lugar!
— É normal que não saiba, esse local é sagrado para nós, youkais. É aqui que fazemos nossas preces aos espíritos da floresta e realizamos as cerimônias de marcação. Esta é Pirâmide de Tenochtitlán*.
— Por Ymir! Isso é mais do que eu esperava.
Os olhos cinzentos deslizavam por toda a enorme construção com admiração. O templo era enorme, mas permanecia oculto na mata de árvores gigantescas. Ele não se cansava de observar o imponente templo. Sua análise só parou ao vislumbrar uma velha senhora no topo da escadaria o observando com curiosidade.
— Tanana! — gritou Eren correndo para a parte superior das escadas..
— Vejo que trouxe um convidado. — os olhos castanhos da idosa pousaram na pedra que Levi trazia pendurada em seu pescoço. A youkai tinha longos cabelos grisalhos divididos ao redor dos ombros levemente caídos. Uma enorme pena de pavão adornava o topo de sua cabeça. E a julgar pelos olhos Levi concluiu que a mulher era algum tipo de youkai ave.
— Este é Levi.
— Eu sei quem ele é "criança". Ele é o sacerdote supremo dos humanos.
Imediatamente o grão-sacerdote imaginou que seria mais uma vez rechaçado, entretanto a velha não o repreendeu ou julgou. Apenas continuou a observá-lo com curiosidade.
Eren explicou a velha youkai a situação. Levi, que observava o par, descobriu que a mulher se tratava de uma Shaman. Uma figura respeitada por todos os youkais. Representante dos sagrados espíritos da terra a quem os youkais cultuavam.
Ao final do diálogo entre trio, Tanana aceitou o pedido de Eren e deu início ao cerimônia de marcação. Aquela seria a primeira vez que ela realizaria a ligação entre um hanyou e um humano. Entretanto em nenhum momento exitou.
“ Talvez seja isso que precisamos. União entre as duas raças." Pensou enquanto iniciava o tiro.
A cerimônia foi feita. Versos e palavras antigas mencionadas pela shaman. Que queimava incensos e agradecia aos espíritos antigosnpela dádiva da vida. Em meio ao ritual uma espécie de cipó repleto de flores foi colocado ao redor de Eren e Levi. Ele simbolizando a união de ambos. O entrelace entre suas almas.
Ackerman achou a cerimônia perfeita, era belo saber que a partir daquele momento ele e Jaeger seria uma única alma. Que dividiriam a própria existência. Não havia cerimônias assim entre os humanos.
— E agora vocês podem consumar o ato.
Havia chegado o momento de se marcarem. Provariam o sangue um do outro como forma de selar o pacto de união.
Para isto, ambos se posicionaram, estavam parados frente a frente. Em seus olhos refletindo uma emoção ímpar. Aquela união não era apenas para repor as forças de Levi. Era muito mais que isso. Estavam celebrando o amor ágape que os unia. E isto os alegrava infinitamente mais. Independente da luta que que estava por vir, a certeza maior era que eles estariam juntos.
Como prova de sua felicidade, Eren capturou os lábios macios de Levi antes de marcá-lo. Queria saborear aquela boca um pouco mais e foi retribuído com paixão. O grão-sacerdote parecia mergulhar em uma sensação de paz tão intensa, que se a morte o alcancesse ali ele partiria feliz.
Quando se sentiram saciados se afastaram. Levi ofereceu ao hanyou seu pescoço. O baixinho já sabia o que fazer. Eren aceitou a oferta de bom grado e afundou os caninos na pele imaculada do religioso. A dor atingiu os sentidos de Ackerman, mas logo ele sentiu sua alma ser libertada. Naquele momento algo se partiu e ele sabia que eram seus votos de servir unicamente a humanidade. Ali, perdido nos braços de Eren, ele percebeu que seu mundo ia além dos seres humanos. Eren era a outra metade de seu mundo. Devia a ele devoção e amor, e não se negaria a lhe entregar o que era devido.
Levi também marcou o moreno causando-lhe a mesma sensação de poder e liberdade.
Estava consumado. As forças de Levi voltaram instantaneamente. O baixinho não estava apenas recuperado estava infinitamente mais forte.
~*~
Longe da Pirâmide de Tenochtitlán, a Vila Trost está enfrentado o maior ataque de youkais de todos os tempos. Hanji e os outros sacerdotes estavam esgotados e não podiam mais lutar. Felizmente o povo havia conseguido escapar da vila e apenas os sacerdotes permaneciam lutando.
— Enquanto vocês sofrem nas minhas mãos, seu líder está como uma cadela no cio acasalando com um hanyou no meio da floresta.
A frase venenosa foi dita por Suzaku que havia chegado a vila há poucas horas instaurando o caos. O Tennin havia sido informado por Aya sobre Eren e Levi e aproveitou a oportunidade para destruir a vila do seu pior inimigo. A ave havia partido para contar as novidades ao seu mestre assim que percebeu que o sacerdote e o hanyou estavam mergulhados em momentos de paixão ao invés de buscando meios deter Suzaku.
— Levi jamais se corromperia desta forma! — foi possível ouvir Jean. Ele estava se levantando mais uma vez para lutar. Devido a batalha constante sua energia espiritual estava se esgotando rapidamente.
Uma nova multidão de youkais enlouquecidos atacou o grupo. Hanji estava fazendo o possível para que seus feitiços e fórmulas não permitissem o avanço das criaturas, mas infelizmente tudo estava falhando. O Tennin era forte demais para eles.
Os outros sacerdotes também tentaram ajudar mas, foi em vão logo os seguidores de Suzaku estavam avançando e destruindo tudo pela frente.
— Levi onde está? — murmurou Hanji sentido as forças lhe deixar pouco a pouco.
— O Pilar do Mundo não passa de uma vadia. Que decepção e eu achando que teria dificuldades em meu plano.
— Você é o melhor Sr. Suzaku! — exclamou a ave pousando sobre a cabeça de Jean que finalmente havia esgotado suas forças e estava desacordado no chão.
Todo o grupo de Levi havia falhado e a aldeia estava em chamas. Felizmente os habitantes haviam saído, mas não teriam mais um lar para onde voltar.
— Me ajudem a levar esses vermes para dentro. Se conheço aquele “nanico” ele não deve demorar a chegar.
— Sim senhor.
Alguns youkais sobre o feitiço da flauta pegaram os sacerdotes desmaiados e levaram para dentro do templo, onde aguardariam a chegada de Levi.
~*~
O casal correu por diversas horas sem parar. Eren acompanhava o galope do cavalo de Levi sem se cansar ou diminuir o passo. Sabiam que o tempo era curto e que precisavam voltar logo para Trost. Seu povo precisava de si e ele não suportava a ideia de não estar lá para eles. Este era seu dever.
Felizmente após receber a marca de Eren, ele se sentia forte e revigorado. Um poder infinito que fortalecia sua alma. Ackerman sabia que com a ajuda de Eren, ele venceriam o inimigo e enfim devolveria a paz aquele mundo.
Em algum momento em sua corrida frenética ambos avistaram uma espessa fumaça negra vindo do norte.
— Não…
Ao vizualizar a intensa fumaça o homem logo soube do que se tratava. A cidade onde cresceu estava em chamas.
— Levi!
— Eu sei! Só espero que não seja tarde demais, eu não devia ter demorado tanto.
— Não é sua culpa!
O baixinho não respondeu permaneceu silencioso em seu galope rumo a cidade sendo devorada pelas chamas.
Nas proximidades de Trost Levi avistou os aldeões, assustado e encolhidos em um bosque!
— Levi-sama! Que bom que chegou!
Uma das aldeãs se aproximou do cavalo negro para saudar o religioso que mantinha os olhos nas pessoas que o recebiam. Logo ele percebeu que os olhos se voltaram para o Hanyou que o acompanhava.
— Senhor ele é seu prisioneiro. — mencionou um dos homens apontando uma foice para Jaeger que rosnou em resposta.
— Eren! Não temos tempo para isso! — advertiu fazendo o meio youkai recuar. — E respondendo a vossa pergunta ele não é meu prisioneiro é meu companheiro. Lutará ao meu lado e exijo que o respeitem.
O grão-sacerdote não precisou olhar para trás, os murmúrios de espanto e perplexidade o alcançaram, mas ele não estava preocupado com isto. Sua atenção estava voltada em ajudar seus amigos, que provavelmente pagaram caro para proteger os aldeões.
Eren ainda trazia um sorriso bobo no rosto e tardou a perceber que seu companheiro já estava avançando novamente. Ele teria seguido imediatamente se não fosse por uma voz conhecida que o chamou pelo nome.
— Eren!
— Armin, o que faz aqui?
A jovem raposa se aproximou com cautela e Jaeger pode ver que ele não estava só. Todo seu bando estava com ele. Eram poucos, mas eram seus amigos.
— Tanana nos falou sobre sua luta. Viemos ajudar.
As palavras de Reiner fizeram o moreno sorrir. Ao lado de Reiner estavam, Berthold e Annie. A loira era uma naiade uma espécie de youkai sereia de longos cabelos loiros e uma calda azul brilhante.
Assim que a felicidade em rever os amigos se apaziguou Eren retornou a posição se líder. Dando ordens e raciocinando sobre a melhor maneira de ajudar seu humano.
— Armin, quero que fique aqui e proteja os aldeões, os outros venham comigo!
— Sim! — responderam em uníssono.
— Esperem! — gritou Armin. — Coloquem isto em seus nos ouvidos. Assim não serão dominados!
O quarteto tomou em suas mãos uma mistura de lama e musgos que Armin coletou e colocolatam em seus ouvidos, abafando o som da flauta de Susaku.
Esta foi a estratégia do loiro para proteger os amigos e permitir que se aproximassem sem que isso lhes custasse o controle de seus atos.
O moreno correu o mais rápido que pode, sua pequena reunião o afastou de Levi e ele esperava que o baixinho não tomasse nenhuma decisão precipitada.
Quando o pequeno grupo chegou a aldeia, Reiner e Berthold começaram um combate corpo a corpo com alguns youkais enfeitiçados que tentavam detê-los. Annie usava seus poderes espirituais para mover a água do riacho rumo ao fogo que consumia as casas na tentativa de conter o incêndio e salvar a vila.
— Levi! — Gritou Eren em meio a multidão de youkais enlouquecidos. O moreno não teve resposta. O som dos rugidos das criaturas era ensurdecedor, não havia meios do baixinho lhe ouvir caso estivesse longe.
Fechando seus olhos e em busca de pistas através de sua marca, ele se concentrou em localizar seu companheiro. Não demorou até que seus instintos o guiasse para o sagrado Templo. Local onde o clero de Trost residia. Assim que passou pelo salão principal encontrou o motivo de sua busca.
O baixinho estava lutando contra um youkai de cabelos loiros. O homem se esquivava dos golpes a medida que tocava uma sinfonia irritante. Felizmente ele não ouvia com tanta nitidez e por isso não teve suas faculdades mentais alteradas.
— Preciso ajudar Levi. — Exclamou para si atacando um youkai sapo que estava usando sua enorme língua para atrapalhar os movimentos de Ackerman durante o combate.
— Como diabos recuperou seu poder? — questionou Suzaku aparentemente cansado após receber os inúmeros golpes.
— Isso não é da sua conta! Farei com que pague pelas vidas de youkais e humanos que se perderam graças a sua ambição!
— Não seja hipócrita. Não se importa com os youkais!
— Talvez não me importasse antes, mas agora vejo que devo mudar algumas coisa por aqui. E essa mudança começará com o seu extermínio.
Levi usou a espada que trazia consigo para golpear o Tennin que se esquivou imediatamente, mas visivelmente mais cansado que antes.
Eren ainda enfrentava os youkais que tentava se aproximar do baixinho atrapalhando sua luta. Após eliminar o enorme sapo, teve que lidar com um youkai serpente, que também não era nada agradável e envolvia sua calda fria ao redor de Eren, diminuindo seus movimentos. Nada que ele não pudesse lidar.
Quanto a grão-sacerdote, este se sentia forte e revigorado. Um poder desconhecido queimava em seu ser e lhe dava esperanças de que a vitória já lhe pertencia.
— Não poderá me exterminar. Não sem destruir minha flauta. E ela não é algo que possa ser destruído por um simples humano. Mesmo com suas forças renovadas não poderá destruir a flauta. Ela é a fonte de todo meu poder, quase tão poderosa quanto está jóia que carrega!
— É aí que se engana Suzaku. Não sou um simples humano! E não pretendo terminar está luta sem usar todo o poder que possuo. Sei que não poderia destruir esse instrumento demoníaco sem o real poder de Ymir, mas antes preciso acabar com você!
Com um golpe bem elaborado e uma velocidade acima das espectativas o sacerdote atravessou o coração de Susaku com sua espada. O youkai demorou uns instantes para entender o que havia acontecido e mesmo com a morte iminente sorriu de forma desafiadora para Levi. Buscando uma forma de revirar ele tentou usar o poder espiritual de sua flauta para deter o sacerdote, mas o grão-sacerdote foi mais sábio e usou seu maior trunfo. Tocou a jóia sagrada em seu pescoço e então um poder intenso consumiu o enorme salão.
O poder de Ymir havia sido liberado.
A medida que a luz iluminava a noite escura, levava consigo a cura aos youkais escravizados pela flauta. Pouco a pouco as criaturas começavam a recuperar os sentidos, olhando atorduados sem entender como chegaram ali.
Levi sorriu.
Aquele era o único jeito dele se desculpar por matar aquelas criaturas que agora ele sabia que eram inocentes. Ele precisava retirá-las do domínio de Susaku e não lhes tiraria a vida por algo que não mereciam.
Pouco a pouco o poder da jóia foi se ampliando iluminado todo o tempo, consumindo a alma do sacerdote que a possuía. Aquele era o preço pago por ser o Pilar. Sua vida era a moeda de troca a ser entregue pelo grandioso poder que lhe foi dado.
O grão-sacerdote não se arrependeu em nenhum momento de tomar aquela decisão. Afinal ele pode ter alguns momentos com Eren e foi o seu hanyou que possibilitou que aquela batalha pudesse ser vencida. Ele sabia que não teria chegado ali sem a marca de Eren. Sua fraqueza humana não permitiria isso. E este era mais um motivo para que ele se sacrificasse. Eren era um meio youkai, graças a ele os humanos estariam salvos da vingança de Suzaku.
Quando a vida começou a se esvair de seu corpo ele sentiu a mão de Eren tocar a jóia.
— Eren não!
Tentou impedir, mas não tinha forças para isto.
— Estamos juntos Levi, eu vou ajudar a carregar seu fardo. Não precisa mais fazer isto sozinho.
Os olhos cinzentos mergulharam em lágrimas.
— Não quero que se machuque Eren, é meu dever!
— Nosso dever! Somos companheiros!
— Levi!!! — a voz de Hanji chamou a atenção do sacerdote que já estava fraco demais para lutar. A jóia ainda o consumia, pois o poder de Suzaku não havia sido extinto ainda.
A mulher havia conseguido se libertar após matar a maldita ave que seguia Susaku. Hanji e seus companheiros então seguiram rumo a saída. Local onde encontraram Levi já quebrando a flauta e liberando todo o poder da jóia.
— Hanji precisamos ajudá-lo!
Foi a vez de Jean se manifestar e correr na direção de seu mestre.
Todos fizeram o mesmo e em questão de segundo todos os sacerdotes e o hanyou estavam partilhando suas almas para a jóia. Num esforço sem precedentes de salvar seu pilar, ou melhor, de salvarem seu amigo.
“ Não importa o caminho que siga, desde que saiba onde quer chegar"
Essas foram as últimas lembranças do grão-sacerdote antes de perder a consciência.
Levi sabia onde queria chegar. Ele queria a paz e o direito de ser feliz com aquele que amava.
~*~
Seis meses se passaram desde que a luta com Suzaku aconteceu na Vila de Trost. Em algumas casas ainda era possível visualizar os sinais do enorme incêndio, marcas negras como uma lembrança da fatídica noite em que Levi não esteve lá por seu povo. Felizmente aquela noite e suas lembranças já não incomodavam mais, principalmente ao observar as vielas de Trost repletas de youkais ajudando os humanos na reconstrução da cidade.
A batalha contra Suzaku fez ambas as raças perceberem que a desunião pode ser um terreno fértil para o caos. Todos perderam muito com a ambição do Tennin. Por isso, após Eren e Levi se anunciarem como parceiros e Armin fazer um discurso comovente relatando sobre seu sonho de união e paz, todos decidiram tentar. E não perderam com isso.
A vila que levaria anos para se reerguer estava de pé graças a uma “mão de obra" muito mais forte.
A paz reinava em Trost e todos não poderiam estar mais felizes.
— Vejo que no final tomou a decisão acertada como esperávamos. — a voz da velha mestra Genkai fez os olhos cinzentos do grão-sacerdote se erguer em sua direção. Ele estava preparando um chá para ambos no templo, a velha eremita havia ido a Trost verificar a nova forma de atuação do Pilar e se orgulhou ao ver que ele trilhou seu próprio caminho de paz.
— Confesso que temi não ser assim. — mencionou entregando a velha uma tigela de chá. — Eu não devia ter distrações que não fossem relacionadas ao meu sacerdócio. Entretanto, se eu não amasse Eren e ele retribuisse eu não teria força para enfrentar nosso inimigo. Foi uma decisão arriscada, mas teria dado errado se fosse de outra forma.
— Essa regra de afastamento era imposta ao pilar por que a maioria não saberia tomar as decisões como você tomou. Como disse não importava a sua decisão desde que soubesse onde queria chegar. E você chegou exatamente onde foi destinado, a paz e a felicidade de todos a sua volta. É um homem sábio Levi. Nós os Eremitas, ficamos orgulhosos e tranquilos em deixar nosso legado com você.
— Me sinto honrado mestra. — falou curvando a cabeça diante da idosa que sorriu com a reverência. E o homem de cabelos negros continuou a falar quando ergueu a face.— Devo muito a meus amigos também, graças a eles e a sua devoção Eren e eu sobrevivemos.
— Sim, há quem diga que “os amigos verdadeiros são aqueles que vêm compartilhar a nossa felicidade quando os chamamos, e a nossa desgraça sem serem chamados”**.
— E eu concordo plenamente senhora.
O diálogo entre ambos não demorou a terminar e a velha mestra seguiu sem caminho de volta para o monte Hakurei.
Eren que aguardava a saída da eremita entrou no salão onde Levi estava assim que viu o homem sozinho.
— Reinner e Annie já terminaram de reforçar a ponte sobre o rio. — falou para o sacerdote que recolhia as tigelas usadas no chá que havia servido.
— Seus amigos estão sendo muito gentis.
— Os seus também, aquele com cara de cavalo está ajudando Armin com a reconstrução da escola e eu acho que estão se aproximando muito nos últimos dias.
O moreno sorria alegremente ao se lembrar do olhar intenso que viu os dois homens trocando enquanto discutiam a arquitetura do novo prédio que seria utilizado como escola para as crianças humanas e youkais.
Levi não demorou a terminar sua tarefa. Assim que se viu livre se seus afazeres ele tomou a mão do moreno e o levou para o jardim de inverno do Templo. Ali apreciaram a presença um do outro sentados e observando o canto dos pássaros pousados sobre a cerejeira florida.
Os olhos cinzentos estavam perdidas nas pétalas que caiam da árvore a medida que o vento balança sua copa. Ele estava tão mergulhado no cenário que não percebeu que outra pessoa o observava com a mesma admiração.
Eren nunca havia se sentido tão feliz, pela primeira vez ele se sentia aceito e se alegrava com a dádiva de ter um lar.
— Eu te amo Levi. Obrigada por me permitir partilhar essa vida com você.
Os olhos verdes idolatravam a figura diante de si enquanto sua cauda envolvia a cintura do menor que passou a acariciar a pele morena do rosto de Eren retribuindo o toque recebido.
— Não me agradeça, foi você quem me salvou. De todas as formas que alguém poderia ser salvo. E eu também te amo meu belo hanyou.
Ambos se envolveram em um beijo apaixonado, saboreando o gosto um do outro sem medo e sem receios. Todos ali sabiam que eles era ligados por um pacto além de suas próprias vidas. Suas almas estavam seladas uma a outra e nada poderia os deixar mais felizes.
Fim!
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