HELENA CARDOSO
Munique, Alemanha
Agosto de 2020
Leon: Que merda! - O jogador bloqueou o celular e respirou fundo.
Helena: O que houve? - Me ajeitei nos seus braços enquanto estávamos sentados em um sofazinho na sala de espera privada do hospital em que a minha amiga estava. O goleiro alemão ficou com ela lá dentro como acompanhante pois ele estava com ela na hora que deram entrada, com a Anna desacordada após uma queda de pressão.
Leon: Publicaram as fotos de ontem na saída do restaurante e falaram que nos viram juntos naquela festa também. - Arregalei os olhos pensando no que fizemos no terrado e o Leon riu. - Não aquilo, lá embaixo, conversando e dançando. Segundo o Bild, estamos namorando.
Helena: Só esqueceram de nos avisar que estamos namorando. - Me encolhi no seu abraço. - Nossa, são quase 4h da manhã e ninguém sabe de nada, eu tô exausta. Sorte eu não trabalho amanhã.
Leon: Estão esperando os resultados dos exames que ela fez. - Ele me abraçou e deixou um beijo no topo da minha cabeça. - Encosta aqui e dorme um pouquinho, quando o Manu aparecer eu acordo você, aproveita que ninguém vai nos fotografar, namorada.
Helena: Se demorar mais um pouco eu durmo sim, obrigada, namorado. - Dei um selinho nele, que segurou a minha cabeça pra aprofundar o beijo, até ouvir uma tosse.
Neuer: Desculpa atrapalhar o casal, mas a Anna quer falar com a Helena. - O goleiro apareceu na salinha. - Aliás, prazer em conhecer você, Helena. A Anna e o Leon falam muito de você. - Estiquei a mão para cumprimentá-lo. - O quarto é o 305, não se preocupe que eu cuido desse rapaz aí pra você.
Helena: O prazer é todo meu, Neuer. Leon, você vai me esperar? - Ele assentiu e eu sai em direção ao quarto 305, encontrando a minha amiga encarando o teto com lágrimas nos olhos. - Anna?
Anna: Helena, ainda bem que você está aqui. - Me abraçou forte. - Me desculpa, amiga. Me desculpa.
Helena: Calma, amiga, respira fundo, não precisa pedir desculpas por nada, só me conta o que tá acontecendo, porque você passou mal e ainda tá aqui. - Limpei as suas lágrimas.
Anna: Toda vez que eu minto pra você eu me dou mal. - Ela riu fraco e eu arqueei uma sobrancelha. - Lembra daquela vez que eu desmarquei um jantar com você porque eu ia ter que ficar até mais tarde no trabalho? - Assenti. - Então, eu menti pra você, menti e saí com o Neuer naquele dia, ele foi fazer uma campanha lá e eu saí com ele depois do trabalho.
Helena: Tá tudo bem, amiga. Por que você tá contando isso agora? Vai morrer e não quer me esconder nada. - Perguntei assustada e a Anna começou a rir. - Você tá me assustando, Anastácia, fala logo de uma vez.
Anna: Naquele dia eu transei com ele, na semana seguinte também e na outra também.
Helena: Eu já entendi isso, você não me contou que tava de caso com um jogador há três meses, tava agindo como se fosse um. Mas eu não ligo, eu só não entendi porque você tá me contando isso agora.
Anna: Porque eu tô grávida dele. - Me agarrei a uma barra que tinha ao lado da cama pra não cair. - Por isso que eu passei mal e vim parar aqui, eu tô com uma anemia por conta da gravidez, mas agora vai ficar tudo bem.
Helena: Grá-grávida?
Anna: Sim, acabamos de descobrir, eu nem sei o que pensar. - Enxugou as lágrimas que rolavam pelo seu rosto.
Helena: E o Neuer? Ele vai assumir, não é?
Anna: Pra ele foi um susto também, ele disse que assumirá todas as responsabilidades dele e que vai conversar com o agente dele para procurar a melhor forma de incluir essa criança na vida pública dele. - Segurou a minha mão. - Eu espero que você me desculpe por ter escondido algo de você, o seu apoio é extremamente necessário pra mim, você é a minha família desde a Inglaterra.
Helena: Você foi uma cretina por ter escondido isso de mim, sabe? Eu ficaria muito puta com você se não fosse o momento. - A abracei forte. - Você é a irmã que a vida me deu e eu nunca viraria as costas pra você, nem se você matasse uma pessoa. Era mais fácil eu te ajudar a esconder o cadáver do te entregar pra polícia. Eu te amo, sua vagabunda, é óbvio que eu irei te apoiar, vou até aprender a trocar fraldas porque eu serei tia do baby Hunter-Neuer, que será a criança mais fina de Munique.
Anna: Eu te amo. Obrigada por me apoiar sempre. - Nos separamos do abraço. - E como foi a sua noite com o jogador lá?
Helena: Nem em cima de uma cama de hospital você desiste de saber da minha vida? Safada. - Dei um tapinha de leve em sua perna. - Ele tá aí fora, eu estava com ele quando o Neuer me ligou e ele veio comigo.
Anna: Mentira que eu atrapalhei a sua foda? - Assenti rindo. - Me desculpa outra vez.
Helena: Relaxa, o importante é saber que você está bem. - Ouço duas batidinhas na porta. - Entra!
Neuer: Desculpa atrapalhar a conversa de vocês, mas o médico pediu pra avisar que a Anna precisa descansar. - O goleiro falou meio sem graça. - Não tem horário de visitas essa hora e ele abriu uma pequena exceção pra mim, mas já reclamou.
Helena: Certo, eu vou indo, não é só a nova mamãe que precisa dormir. - Dei mais um abraço na minha amiga. - Mais tarde eu te ligo, durma bem.
Anna: Mais tarde eu terei alta e já voltarei pra minha casa, aí você vai pra lá.
Helena: Certo, até mais tarde. Tchau, Neuer, e, parabéns, papai. - Brinquei com o goleiro que riu.
Neuer: Até mais, Helena.
Voltei pra salinha de espera e encontrei o jogador de olhos fechados, com a cabeça encostada na parede e com um moletom de capuz.
Helena: Hey, vamos embora. - Mexi nele, que coçou os olhos e me encarou.
Leon: Certo, vamos. - Se levantou de vez, sacudindo a cabeça, como se estivesse tentando despertar.
Helena: Me dá a chave do seu carro, eu dirijo, você tá com sono e fez muito por mim hoje.
Leon: Você dirige até a sua casa e eu dirijo pra minha, certo? - Assenti e ele me entregou a chave do Audi. Segurei a sua mão e o guiei até o carro estacionado. Ri fraco quando o jogador se jogou no banco do passageiro. Liguei o carro e dirigi até o meu prédio, que era próximo ao hospital. Estacionei o carro dele ao lado do meu, dentro da garagem do prédio.
Helena: Chegamos, Leon. - Desliguei o carro. - Vem, vamos subir, eu não vou deixar você dirigir assim até a sua casa. - Sem reclamar, o jogador saiu do carro, bocejando e coçando os olhos.
Leon: Eu tô acordado, Helena, não precisa. - Tentou pegar a chave da minha mão.
Helena: Você não queria subir mais cedo? Então, sobe agora.
Leon: Tá bom, você venceu, mas eu não tenho nem roupa pra dormir aí.
Helena: Dorme de cueca, ué. - Ele arqueou a sobrancelha. - Dormir, Leon, dormir.
Leon: Entendi, senhora. Dormir.
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