Ao entrar no barco, Helô sente a garganta travada, a respiração descompassada e o sangue correndo mais rápido nas veias. Havia um sangramento em seu braço, mas não tinha tempo para parar e verificar melhor. Ela tenta não fazer barulho ao avançar pela embarcação, pois não sabia o realmente encontraria ali. A chefe de polícia desce alguns degraus que davam acesso aos fundos do barco e o coração dispara de forma abrupta. Sentado em uma cadeira, sujo e amarrado com as mãos para trás, o marido parecia dormir. O advogado estava com a barba por fazer, um olho machucado e resquício de sangue ressecado próximo ao canto dos lábios. A cabeça pendia para o lado, como ele estevesse dormindo ou... os pensamentos a fazem sentir um tremor. Com o barulho dos passos dela se aproximando, ele tenta abrir os olhos, mas parecia sem forças.
– Stênio! Stênio é você, Stênio. – emocionada, a delegada corre até ele com as lágrimas turvando sua visão. – Stênio, tu tá vivo. Tu ta vivo, meu amor – diz, beijando-o por todo rosto.
– Helô!?
– Sou eu.
– É um sonho... todo dia eu sonho com você entrando aqui... é só um sonho. – Ele lamenta em voz sussurra.
– Não é sonho, Stênio. Eu vim te resgatar. Como você está se sentindo? O que eles fizeram com você?
– Eu tô feliz que você veio. – O advogado cochicha com voz arrastada os olhos fechando por alguns instantes.
– Meu amor, acorda... nós precisamos sair daqui, Stênio.
– Helô... Eu... amo... amo você.
– Eu também te amo, Stênio. Esses dias eu descobri que meu amor por você é muito maior do que imaginava que fosse.
– Muito maior? – ele questiona, os olhos fechando como se quisesse dormir.
– Muito maior, muito maior.
– Eles... os ... bandidos ... eles...
– Stênio, eu sei que tu deve ter muita coisa pra me falar sobre esses bandidos, mas... tenta me ajudar, não tem como cortar essas corda... então, preciso quebrar a cadeira e você...
– Tem uma faca... – ele diz em tom lento.
– Onde, Stênio?
O advogado não responde, voltando a cair em um cochilo, como se estivesse dopado.
– Xxxxtênio fica acordado. Não dorme. Você falou que tem uma faca por aqui, onde? Xxxxtênio??? – batendo de leve no rosto do marido, ela desiste de acordá-lo e começa a procurar algo que pudesse ajudar a tirar as cordas que o prendiam. – Droga... droga...droga... –blasfema ao ouvir passos vindo do lado de fora.
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