Enquanto Creusa alimenta Miguel, Stênio tenta ligar para a esposa. O advogado digita mais uma vez o número da delegada, porém só chama e ele resmunga quando a ligação cai. Já estava prestes a ligar novamente, quando a porta da sala se abre de repente e a esposa entra.
– Amor, estava te ligando.
De cara fechada, Helô solta a bolsa no sofá, guarda as chaves do carro no lugar de sempre e fingindo não ter ouvido o marido, se dirige ao filho.
– Aí Creusita, ele já está almoçando?
– O menino tava com fome, não quis esperar a senhora. DotoStênio não conseguia ligar, achei que havia desistido de almoçar em casa, Donelô.
– Precisei passar no shopping para pegar o relógio que deixei no conserto. Por isso demorei. – diz, beijando a cabeça do pequeno.
– Helô, se você preferir, eu deixo o Miguel na escola hoje. Assim depois do almoço você descansa um pouco.
– Essa semana a responsabilidade é minha, não é? Não se preocupe, meu querido, costumo ser responsável com as pessoas que gosto. – ela dispara em tom de raiva.
Percebendo a nuvem cinza surgir sobre a cabeça do casal, Creusa se apressa em tentar amenizar.
– Donelô, por que a senhora não vai tomar seu banho? Deixe que termino de dar a comidinha do Miguel e depois coloco a fardinha nele.
– Obrigada Creusita. Preciso mesmo de um banho, estou exausta.
– Helô? – Stênio chama, mas é ignorado.
Ele e a fiel escudeira se encaram, sem entender nada.
– O que deu nela, DotoStênio?
– Não entendi, Creusa. Você viu como a Helô nem olhou na minha cara?
– É melhor o senhor descobrir logo o que está acontecendo.
– Eu não fiz nada errado, fiz?
– E o senhor pergunta pra mim? Como vou saber?
– Estava tudo tão bem. Agora a Helô finge que não existo?
– Oh DotoStênio, vá logo saber o que está acontecendo.
– É isso que farei, Creusa. É isso que farei agora mesmo.
Preocupado, Stênio caminha em direção ao quarto e encontra a esposa tirando as joias e colocando tudo na bancada do espelho.
– Amor, você está bem?
– Ótima Stênio.
– Se preferir, posso levar o Miguel hoje.
– Não precisa. – ela responde em tom seco.
– Helô, você está chateada comigo?
– Parece que estou?
– Parece!
– Stênio, se poupe.
– Helô... – ele chega por trás, tentando abraçar a esposa que se irrita e o afasta.
– Mantenha a distância! Mantenha a distância!
– Amor que é isso?
– Não me chama de amor, não me pega. – ela se irrita mais uma vez e se livra do marido.
– Helô, você está brincando, é isso? O que aconteceu? Estamos tão bem e...
– Eu estava muito bem até encontrar sua amiguinha Bianca no shopping.
– A Bianca voltou?
– Não precisa fingir que não sabia, Stênio.
– Eu não sabia, Helô.
– Ela te contou, não contou? Aliás, foi boa a conversa de vídeo com ela? Stênio, até quando tu ia me esconder isso?
– Conversa de vídeo?
– Não adianta fingir que não sabe do que estou falando, ta? Guarde seu teatro para outra pessoa, comigo não cola mais.
– Não sei o que a Bianca falou para você, mas posso explicar?
– Eu pedi explicação? Não! Então, me deixa.
– Helô, para de bobagem. – ele fala, tentando mais uma vez tocar a esposa que se esquiva.
– Bobagem? Se era bobagem porque tu não comentou comigo? Chamada de vídeo, Stênio?
– Eu não fiz chamada nenhuma.
– Ah não?
– Não! A Bianca queria fazer, mas dei uma desculpa.
– A intimidade de vocês é impressionante. Passam um tempão sem se falar e quando ela aparece já vem com chamada de vídeo. Se é que ficam sem se falar, não duvido de mais nada.
– Você ouviu o que eu disse, Helô? Não teve chamada de vídeo nenhuma.
– Sabe o que tenho mais raiva? Não é o fato de vocês se falarem, é você esconder de mim.
– Eu não escondo nada de você, pelo contrário.
– E por que não me disse que ela ligou pra você e que fizeram uma porcaria de chamada de vídeo?
– Nos falamos sim, mas não rolou vídeo.
– Por que você não me contou, Stênio?
– Para evitar uma briga desnecessária, Heloísa.
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