Changkyun entrou em desespero ao ver o seu "sogro" correr pra cima de si com o olhar assassino que ele tinha. Mesmo assim, respirou fundo e deixou que a calma fluísse pelo seu corpo, tentando estar com a mente limpa pra poder se livrar do homem acima de si. Ele tentava esfaqueá-lo mas Changkyun conseguia segurar seu braço e num momento de distração seu, o homem enfiou o pedaço de vidro na lateral do seu corpo, bem no abdomen. O Im suprimiu o grito de dor, o homem sorriu, Changkyun não deixou barato, acertando-lhe três socos em sequência e em seguida uma cabeçada. Sirenes foram ouvidas mas o homem completamente imerso em sua missão genocida, nem notou. Apenas quando a porta foi arrombada e por algum motivo, Shownu entrou no local, apontando a arma pros dois rolando no chão.
Hyukjae sorriu imperceptívelmente para Changkyun e se jogou pro lado levantando as mãos no alto e desfigurando o rosto numa expressão crível de dor. Changkyun permaneceu incrédulo no chão. Ele acabou de ser pedido em namoro pra logo no dia seguinte ser quase morto pelo pai do namorado, essas coisas só podiam acontecer com ele. Suspirou audívelmente e se sentou no chão da sala, só agora percebendo Jooheon desmaiado no chão e Hyejin apoiada na parede por outro policial algemando suas mãos. Hyunwoo os encarou com toda a calma do mundo.
- Existe algum ferido? - Ele perguntou para Changkyun, que assentiu e apontou para si mesmo e sua camisa preta empapada de sangue. - Além de você?
- Não sei. Jooheon está demaiado. - Sua voz saiu entrecortada e ruim. Ele mal conseguia falar, doía demais.
- Não se esforce. - Hyunwoo aconselhou antes de checar o pulso de Jooheon. - Ele está bem. Não se preocupe. A ambulância já está chegando.
- Obrigado. - Ele diz. Sentado no chão esperando o outro policial aparecer para pegar Hyukjae deitado ao seu lado, ainda gemendo de uma dor que ele não sentia. Changkyun sentiu nojo daquele homem, mas não tinha provas de que ele estava mentindo, então deixou por estar.
- Como a briga começou? - Hyunwoo perguntou calmamente, olhando para os dois indivíduos ensanguentados.
- Eles entraram aqui e tentaram bater no Jooheon depois de insultyar a gente. Sabe como é, típico caso de homofobia. - Changkyun disse, comprimindo a ferida numa tentativa pra fazer parar de doer. - Mas você não deveria perguntar essas coisas, deveria?
- Eu estou tentando te ajudar. Então é bom que fique quieto.
Changkyun sorriu de cabeça baixa. O outro policial chegou e pegou Hyukjae pelo braço. O mesmo soltou um gemido de dor falso e Changkyun revirou os olhos.
- Já pode parar, Hyukjae, ninguém tá acreditando.
- Cala a boca, putinha. Eu não sei como não te matei ainda.
- Eu sei, você ficou todos esses anos no exército mas ainda é a porra de um incompetente até pra isso.
- Cala a porra da sua boca. - Hyukjae tentou se soltar. - Você levou meu filho pra esse caminho pecaminoso, você vai pro inferno e eu vou gostar.
- Pois saiba que seu filho que me trouxe pra esse caminho, ele já gosta e faz tempo, meu senhor. E outra, eu não vou pro inferno por gostar de alguém. Já você tentando esfaquear alguém e fazendo o terror psicológico com o seu próprio filho todos esses anos? É, acho que só o Inferno mesmo. - Changkyun continuou a sorrir. A ambulancia chegou e o policial saiu arrastando Hyukjae pra fora, que ultrajado, gritava coisas sem sentindo.
- Você sabe que tudo o que você disse aqui pode ser usado contra você no tribunal, né? - Hyunwoo perguntou algemando-o.
- Claro que sim. Não que eu me importe, eu não menti. - Ele leva Changkyun para dentro da ambulancia e avisa o enfermeiro do Lee desmaiado. O mesmo sai correndo com uma maca para dentro, colocando o Lee ali sem muito esforço.
Não muito tempo depois eles estão indo para o hospital e Jooheon acorda. Ao ver Changkyun ao seu lado, seu corpo tensionado de toda briga relaxa e ele sente alívio imenso ao poder tocar seu rosto.
- Deus do céu, achei que tinha te perdido.
- Ainda não. - Changkyun deu seu meio sorriso e Jooheon riu, incrédulo.
- Idiota.
- É, mas você me ama. - Ele piscou pro Lee, que cercado pelo olhar dos enfermeiros e de Hyunwoo, corou. - Olha ele, coradinho. Que fofo, Hyunwoo, meu namorado não é lindo? - Shownu não disse nada, apenas balançou a cabeça e sorriu discretamente.
Eles chegaram ao hospital e Jooheon foi enviado para um check-up de ferimentos enquanto Changkyun era encaminhado para o ponto-socorro. Ainda havia pedaços de vidro presos em seu corte nada superficial no abdomen. Ao ser levado pra dentro, a enfermeira começou seu trabalho, ela era cuidadosa e inspecionava o ferimento com real zelo, Changkyun não sentiu nenhuma dor lascinante, apenas soltando caretas de dor. Ela também cuidou da sua testa, deixando um curativo enorme, na opinião do Lim. Quando ela terminou, a mesma deixou o Lim descansar por alguns segundos. E saiu silenciosamente do comodo, dando lugar para Hyunwoo que provavelmente o esperou do aldo de fora.
- Vocês vão prestar queixa contra ele? - Ele perguntou e Changkyun respirou fundo.
- Não sei. Isso depende do Jooheon. Eu não sei se ele quer isso.
- Bom, ele já chamou o advogado. - Hyunwoo olhou para as próprias mãos. - Eles querem internar Jooheon, estão tentando colocá-lo como louco.
- Eu imaginei que eles fariam algo do tipo. Eu vou precisar de um advogado?
- Se prestarem queixa, sim.
- Merda, eu não acredito nisso, eu só queria ficar numa boa com a porra do meu namorado. - Changkyun desabafou, deitando no travesseiro e bufando em frustração. - Eu nem avisei os hyungs, pode ligar pra eles?
Hyunwoo assentiu e se retirou do quarto, deixando o Lim com os próprios pensamentos. Changkyun fechou os olhos de novo e se permitiu, pelo menos um pouco, chorar de frustração. Ele estava cansado e toda a montanha-russa emocional pelo qual ele estava passando não o ajudou em nada. Pensou em encolher-se para um sono menos pior, mas devido ao ferimento, não conseguia, então simplesmente deixou-se cair no sono na posição mais desconfortável possível, amaldiçoando mentalmente o Lee mais velho.
Acordou com um peso sobre si. Reconheceu o cabelo preto e riu de leve. Kihyun estava jogado em cima de si como se fosse seu filho precioso. Ele chorava, mesmo que pouco. Talvez estivesse convencido de que o Im estivesse dormindo profundamente ou morto, ele nunca o tinha visto chorar.
- O que está fazendo, hyung? - Changkyun perguntou divertido.
- SEU LESADO, IDIOTA, SEM ESCRÚPLOS, IMBECIL, COMO PODE ME DEIXAR PREOCUPADO ASSIM? EU VOU TE MATAR SEU DESGRAÇADO. - Kihyun avançou sobre ele e Hyunwoo apareceu do além para segurá-lo e lembrá-lo de que estavam em um hospital. - EU SEI QUE ESTAMOS NUM HOSPITAL, JUSTAMENTE POR ISSO QUE EU VOU ACABAR COM A RAÇA DESSE FILHO DA PUTA. VOCÊ SABIA QUE VOCÊ PODIA TER MORRIDO? SE ELE FURASSE MAIS PRO LADINHO E ATINGISSE ALGUMA COISA VITAL EU NUNCA MAIS IA TE VER COM VIDA SEU ESCROTO DO CARALHO. - Kihyun parou de lutar com a força do policial e simplesmente deixou seus braços caírem ao lado do corpo como as lágrimas. - Eu te odeio. - Ele disse antes de sair do recinto, deixando Hyunwoo pra trás com um olhar culpado.
- Er... O que aconteceu aqui?
- Reação de pânico. Kihyun nunca pensou que pudesse te perder, Changkyun. Não como hoje. Ele não ia saber o que fazer sem o melhor amigo dele. Sabe, perder os pais dele como ele perdeu, ele encontrou em você um jeito de ter uma família. E saber que ele podia perder você fez ele ter uma crise. Mas não se preocupe, ele vai ficar bem, você também. - Hyunwoo disse por fim, sentando na poltrona. Chnagkyun ainda encarava a porta, preso em seus próprios pensamentos.
- Você parece conhecê-lo bem. - Disse ele por fim. Hyunwoo lançou um sorriso fraco.
- Kihyun é um bom amigo, sempre foi. Ele é muito forte também. - Ele deu mais um sorriso. - Quando éramos pequenos, morávamos na mesma rua. Eu era grande, alto e gordinho, ainda usava óculos. As pessoas costumavam me zoar muito e eu não fazia nada, eu não entendia direito porque elas faziam aquilo. Mesmo com essa estatura de anão, ele sempre me defendeu, ficou do meu lado e brigou por mim. Ele dizia que odiava injustiças. Que elas eram a pior coisa que poderia acontecer com uma pessoa boa. Irônico, porque foi o que aconteceu com ele. Quando os pais dele morreram, Kihyun trocou de bairro. E eu nunca tive a coragem de ir atrás dele. Mas eu jurei que ninguém iria ter o mesmo destino que os Yoo, não enquanto eu estivesse vivo. Então cá estou eu, na polícia e tudo mais.
Changkyun sorriu ao terminar da história, Hyunwoo sorriu de volta. Não demorou até que a porta fosse praticamente arrombada. Hyungwon entrou como um furacão, logo em seguida abraçando o Im que ainda estava confuso. Hyunwoo sorriu e continuou no seu canto.
- Meu deus, você tá bem? - O mais alto perguntou tocando seu rosto.
- Sim, hyung. O que houve pra vocês estarem tão melosos hoje? Sentiram saudades? - Changkyun brincou com ele, empurrando-o levemente. Hyungwon encarou Hyunwoo de um jeito perdido e o mesmo não disse nada apenas olhando-o com um rosto neutro, impassível. Depois da troca de olhares estranha, Hyungwon riu de nervoso.
- Não, haha, não é nada. - Ele deu um sorriso estranho antes de deixar um beijo no topo da cabeça de Changkyun. - Que bom que você está melhor. Eu tenho que falar com o Kihyun agora, tudo bem? Não faça nada tão estúpido assim nunca mais, entendeu? Quase matou a gente do coração. - Ele sorriu.
- Eu sei, eu sei. Desculpe. Eu precisei, ou então ele ia matar o Jooheon. E eu não queria perder meu namorado no dia seguinte de desencalhar. - Ele disse em tom brincalhão, mas o outro não riu, apenas sorrindo nervosamente. - Hyung, está tudo bem? Você e Kihyun estão estranhos.
- Não é nada, kyun. Eu vou indo agora. Eu volto com os outros mais tarde. Minhyuk ainda não veio, ele está no trabalho com Hoseok. Eles devem passar aqui a noite.
- Ah, tudo bem.
Hyungwon e Shownu trocaram reverências e o mais alto se retirou. Não muito tempo depois, Changkyun virou o rosto para o policial ao seu lado.
- Você sabe o que aconteceu, não sabe? - Hyunwoo manteve-se impassível.
- Não sei do que está falando.
- Você claramente sabe. Por que eu não posso saber também?
- Evitar pânico. Agora vá dormir. - Hyunwoo diz, levantando e se encaminhando pra saída. Changkyun bufa.
- Eu posso pelo menos pegar meu celular pra jogar Candy Crush.
- Não. Você também está sobre investigação, Changkyun.
- Merda. - Ele se emburra deitado na cama de qualquer jeito, Hyunwoo sorriu, ele parecia uma criancinha mimada.
- Até mais tarde. - E saiu.
Changkyun, sozinho naquele quarto, simplesmente deitou pensando em como Jooheon deve estar agora. E com o pensamento no namorado, ele calmamente deixou-se entrar no mundo do sono, entrando na inconsciencia mais uma vez naquele dia.
Do lado de fora, dois policiais estavam a sua porta resguardando-o. Kihyun se encontrava aos prantos nos braços de Hyungwon no final do corredor enquanto Hyunwoo e Hoseok conversavam num canto mais afastado. Minhyuk afagava os cabelos de Jooheon, que cansado de chorar, apenas encarava o nada. Sua feição cansada o entregava. Ele parecia nem mesmo ter dormido. O coração do Lee mais velho apertava ao ver um dos seus melhores amigos naquele estado, apertou mais o corpo de Jooheon contra o seu.
- Você não vai contar o que aconteceu pra ele? - Minhyuk perguntou baixinho.
- Contar pro cara que eu amo que meu pai tentou matá-lo mais uma vez enquanto ele dormia? Que ele quase conseguiu acabar com ele? Você acha realmente que eu quero fazer isso, Minhyuk? - O garoto dos fios platinados se calou e Jooheon voltou a chorar apoiado em seus próprios braços. Ele mal tinha lágrimas, e ainda assim continuava a sentir aquela dor.
- O que houve? - Hoseok perguntou para Hyunwoo quando eles já estavam mais afastados. - Detalhadamente.
- O pai de Jooheon, Hyukjae, ele conseguiu se infiltrar no quarto e tentou trocar a bolsa de soro com uma substância que iria matar Changkyun. Na ficha médica dele, estava escrito que ele era alérgico a essa substância e sendo ela relativamente comum, ele iria colocá-la no soro e fazer parecer algo "natural". Kihyun entrou no quarto a tempo de vê-lo e começou a gritar. Pelo o que parece, ele já tinha sedado ele, por isso ele nem acordou. OS médicos fizeram o possível e ele não parece ter percebido nada de diferente.
- Puta merda. O que Jooheon tá sentindo com tudo isso?
- Não faço ideia, mas o pai dele vai precisar ser preso. Ele parece ser um perigo pra esses dois. - Hyunwoo suspirou. Hoseok deixou seu olhar cair sobre Jooheon chorando nos braços do outro Lee. - Eu espero que Jooheon consiga se recuperar de tudo isso.
- Eu também.. - Hoseok disse, com pesar.
Jooheon levantou-se de modo abrupto dos braços do Lee e Minhyuk olhou para os outros amigos, alarmado. Todos os olhos grudaram às costas de Jooheon, que determinado, seguiu para o quarto do namorado, abrindo a maçaneta com uma expressão assustadora e não-natural para o garoto geralmente doce que ele era. Ao entrar no quarto, as cortinas estavam fechadas e tudo um escuro aconchegante. O Im reconheceu sua silhueta de longe e sorriu ao vê-lo se aproximar da cama. Jooheon lhe abraçou forte, como se aquilo fosse a última vez. Mesmo surpreso, ele lhe devolveu o abraço.
- Changkyun... - A voz baixa e grossa de Jooheon chegou aos seus ouvidos. Ela estava de tal forma pelas horas de choro incessante. Changkyun se arrepiou mas continuou como estava. - Precisamos terminar.
- O QUE?! - Changkyun tentou se afastar, mas Jooheon o puxou para mais perto, prendendo seus corpos, ele ouviu o Lee segurar o choro e continuar a falar.
- Me escuta. Não vai ser por muito tempo, eu prometo. Eu realmente gosto muito de você. Mas meu pai tentou te matar hoje, mais uma vez. E eu preciso que ele esteja preso pra gente poder ficar junto. Eu preciso de você inteiro pra mim, pra eu poder ser inteiro seu. - Jooheon sorriu, mesmo sabendo que ele não poderia ver seu rosto agora. - A gente nem vai realmente terminar. Eu só tenho que arrumar essa bagunça pra eu poder cuidar de você. Me desculpa por tudo isso. - Ele não conseguiu segurar suas lágrimas. - Me desculpa por tudo isso, Kyun. - Ele agarrou a camisa de Jooheon sentindo que iria chorar, um bolo de palavras não ditas formando em sua garganta.
- Não, Jooheon, por favor, não. - Ele começa a chorar e isso machuca ainda mais Jooheon que se afasta para olhar seu rosto. - Eu não quero isso, por favor. Por favor, por favor, eu gosto tanto de você.
- Eu sei, eu também gosto tanto, tanto, tanto de ti. - Jooheon segura seu rosto entre as mãos. - Mas eu preciso fazer isso, sozinho. Eu to cansado de te machucar quando tudo o que você tenta fazer é bem pra mim. - Ele contorna o rosto de Changkyun com a ponta dos dedos, como se tentasse memorizá-lo. Changkyun põe a mão por cima da sua e fecha os olhos, tentando controlar as lágrimas.
- Não, você não tem que fazer isso sozinho. Eu não vou te deixar sozinho. Não faz isso. Eu aguento isso com você. Eu falo com os hyungs, eles vão ajudar a gente. Por favor, não quero ficar encalhado depois de conseguir o melhor namorado do mundo. - Changkyun implora baixinho, o que faz Jooheon soltar uma pequena risadinha entre as lágrimas.
- Como você consegue me fazer rir num momento como esse?
- Não sei, é um dom. - Changkyun olha Jooheon os olhos, eles estão tão próximos que os narizes se tocam. - Pode parar com esse papo de terminar comigo e me beijar?
Jooheon sorri antes de encostar seus lábios nos dele. O beijo é calmo, sentimental, caloroso. E entre lágrimas salgadas, aquele é um beijo doce. Changkyun segura a cintura do Lee e faz um pequeno carinho ali, as mãos de Jooheon no cabelo do amado. Quando eles se separam, é lento, como se nunca quisessem isso. As respirações descontroladas, os cabelos desgrenhados. Eles se olham mais uma vez.
- Não diz que vai terminar comigo mesmo depois de um beijo assim. - Changkyun sussurra contra a boca de Jooheon como se quisesse outro beijo. - Vamos, a gente consegue passar por isso, mas juntos. - Jooheon sorri, ainda de olhos fechados.
- Eu acho que não consigo dizer não pra você.
Eles se beijam mais uma vez.
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