Durante as duas semanas que fiquei em casa recebi a visita da senhora Hae, do Chen e até da Luana, sem contar o KyungSoo, a Amber, o JongHyun e XiuMin. Dona Hae e JongHyun trouxeram os remédios que Tao me recomendou. Mesmo que eu tenha insistido que não precisava, eles não me deixaram escolha.
Hoje seria o primeiro dia que eu voltaria a trabalhar, assim como ir à faculdade. Acordei cedo e me levantei, preparando um café reforçado e uma roupa que escondesse um pouco minha barriga, que já estava saliente por conta do quarto mês.
Minhas pernas não estavam doendo mais, assim como minhas costas, mas... Não sei, alguma coisa estava errado dentro do meu peito. Um mal estar me apossava, mas ainda tentei ignorar e saí de casa.
Assim que cheguei ao ponto o ônibus chegou e eu fiquei surpreso ao ver o Jong lá dentro. Novamente a condução estava lotada, por isso o moreno me deu o lugar dele.
- Bom dia, KiBummie – sorriu calmo.
- Bom dia, Dino.
Retribui o sorriso, mas acabei pensando em algo.
- Jong, posso perguntar uma coisa?
- Claro.
- Porque você pega esse ônibus de vez em quando?
- Eu o pego quando fico na casa da minha avó, que mora a algumas ruas daqui.
- Ah... Entendo.
Nós conversamos sobre coisas normais e logo chegou minha parada. Fiquei chateado, mas tinha que descer. Me despedi de Jong e desci do ônibus.
Caminhei lentamente, já que ainda estava cedo, mas assim que cheguei próximo a casa, estarreci. Tinham três carros de polícia e dois de paramédicos. Um terror tomou conta de mim e eu passei a andar rápido, já tendo lágrimas nos olhos.
Quando estava no quintal da casa, vi Amber e seus irmãos aos prantos. Um policial não queria me deixar passar, mas Amber autorizou. Ela me abraçou forte e eu tentei conter as lágrimas, para ajudá-la.
- O que houve, Amber?
- M-Minha omma... E-Ela...
Ela não precisou terminar para eu saber. Dona Hae estava morta.
...
Depois de algumas horas a casa foi liberada. Dona Hae sofreu um ataque cardíaco enquanto dormia, o que causou sua morte imediata. Não estava acreditando nisso. Os meninos estavam acabados, assim como os outros funcionários. Todos nós gostávamos da senhora Lee e saber desta perda foi lastimável.
Fiz café e entreguei para os garotos, que estavam sentados na sala. Eu não sabia o que fazer, sem falar que estava me sentindo mal. Os garotos nada diziam, somente suas lágrimas caíam. A cozinheira não aguentou permanecer aqui e ligou para o marido vir buscá-la. Ela não deixou de chorar um minuto sequer. Dona Hae a ajudou muito quando chegou à cidade e sua amizade era de anos.
Me sentei em um dos sofás e acariciei meu ventre, secando meu rosto com a outra mão. Eu precisava me acalmar, para não machucar o bebê, mas estava impossível. Ouvi a campainha tocar e fui lá atender, me deparando com KyungSoo, XiuMin e JongHyun. Dei passagem para que entrassem e logo fui abraçado por XiuMin, enquanto KyungSoo e Jong foram falar com os outros.
- Eu sinto muito, Hyung... – sussurrou em meu ouvido.
O abracei forte e deixei que minhas lágrimas voltassem a escorrer. O abraço dele era reconfortante, exatamente como abraçar uma criança: você sentia paz. Com esse sentimento, me deixei embalar pelo mais novo. Estava me sentindo esgotado.
...
Nos reunimos na sala. Fiquei ao lado de XiuMin no sofá de dois lugares e acabei descansando meu corpo um pouco, estando encostado no menor. Jong estava com Amber em seus braços, enquanto Kyung confortava Luna. Chen estava sentado no chão, com o olhar vago.
- Eu não vou... Aguentar ficar aqui... Não depois disso...
Amber disse entre soluçares. Todos olharam para ela, por isso continuou:
- Primeiro: nosso appa. Agora, nossa omma? Eu não vou conseguir acordar todos os dias, olhar para essa casa e me lembrar dos dois. Já era difícil ter de lembrar de um... É demais pra mim.
Não tiro sua razão. É realmente complicado pensar nisso.
- Pense nisso depois, com calma – Jong disse acariciando-lhe os cabelos. – Suba e tome um banho para se deitar. Deixe que eu cuido de tudo.
Ele sorriu fraco para ela, que assentiu mecanicamente. Kyung levou Luna para o quarto, já que a menor dormiu, devido o cansaço de tanto chorar. Chen se levantou também e o vi secar as lágrimas. XiuMin, que tem o coração mole, se levantou e abraçou o mais velho.
Chen ficou surpreso, mas logo retribuiu o abraço, enlaçando a cintura do mais novo com os braços. Ele engatou em um choro contido, mas sofrido. Xiu ficou fazendo carinho em suas costas, para acalmá-lo. Mesmo que nunca tenham se visto antes, o coração bom de XiuMin foi maior que tudo, sendo capaz de dar conforto ao mais velho.
...
Eu disse que dormiria ali hoje, para ajudá-los no que fosse preciso. KyungSoo disse que ficaria comigo, assim como XiuMin. Jong foi cuidar do enterro da dona Hae, mas disse que voltaria à noite.
Os garotos ficaram o dia todo no quarto. Os chefes de Chen e Amber ligaram, mas quando expliquei o ocorrido, deram-lhes uma semana de folga para o luto. Liguei na escola de Luna e também disse o que ocorrera, tendo a falta desta anulada, assim como as dos próximos dias.
Fiz algo para eles comerem durante à tarde, já que não quiseram almoçar. Eu fui me certificar de que Amber comeria, assim como Kyung ficou responsável pela Luna e MinSeok por Chen. Com muito custo todos comeram.
Já estava no final da tarde quando Jong chegou, trazendo o jantar. Ele também estava acabado, mas tentava a todo custo permanecer bem, pelos outros. Os Lee tomaram banho e voltaram para a cama, já que não quiseram jantar. Nos sentamos no sofá e ficamos um tempo em silêncio. Era coisa demais...
- Acho melhor... Você se deitar, KiBum – XiuMin disse um pouco perdido.
- Vá na frente, Jong – falei calmo. – Você passou o dia fora, deve estar cansado... Tome um banho e se deite um pouco.
Ele sorriu fraco.
- Pode ir, KiBummie. Você que tem que descansar. Esse estresse todo não faz bem nem a você e muito menos ao bebê.
Tentei protestar, mas ele não cedeu. Subi então e fui até o banheiro. Tirei minhas roupas e parei um pouco em frente ao espelho. Minha barriga já estava visível e isso me alegrou um pouco, me distraindo de todo o resto. Acariciei com cuidado e me virei de lado, passando a imaginar como ficará daqui alguns meses.
Resolvi começar meu banho logo, já que os outros também querem descansar. Soube por XiuMin que Amber ligou para Jong e este avisou os outros dois, hoje mais cedo. Ele mesmo não tendo muito contato com Amber e seus irmãos, quis vir ajudar no que podia.
Enquanto sentia a água morna relaxando meus músculos tensos, relembrei tudo que se passou até hoje: o estupro, a briga com meus pais, minha vinda para cá... Dona Hae foi um anjo em minha vida e não consigo acreditar que a perdi assim.
...
Depois que todos nos banhamos, fomos jantar. Não estávamos com fome, mas precisávamos comer, principalmente eu. Estava tentando não pensar nisso tudo, senão começaria a chorar novamente.
XiuMin disse que lavaria a louça, por isso me pediu para ir me deitar. Assim fiz, já que me sentia esgotado.
Depois de escovar os dentes e entrar em um dos quartos de hóspedes, me sentei na cama e respirei fundo. Amber venderia a casa, isso é fato, mas não é isso que me chateia. Me chateia saber que não verei mais dona Hae todos os dias de manhã, com seu humor tão contagiante. Não poderei mais ouvir sua risada gostosa, enquanto contava alguma história maluca. Ela foi uma omma pra mim e sentirei saudades dela...
- Bummie? Está tudo bem?
Acordei de meu devaneio e vi Jong parado na soleira da porta. Só agora me dei conta de que estou chorando novamente. Ele caminhou até mim e se sentou ao meu lado, me aninhando em seus braços. Escondi meu rosto em seu pescoço e deixei as lágrimas silenciosas me abandonarem uma a uma.
- Não fique assim, Bummie... Ela está bem, tenho certeza disso.
Sussurrou enquanto fazia carinhos em meus cabelos. Apertei um pouco mais o abraço.
- Sinto falta dela, Dino...
- Ela está olhando por todos nós. E tenho certeza que não iria querer te ver chorando assim.
Me afastei dele lentamente e depois limpei meu rosto. Ele acariciou meu rosto e sorriu de forma mínima. Se levantou e eu me deitei, ficando descoberto. Sentou-se ao meu lado e acariciou meus cabelos.
- Posso tocar? – disse apontando para minha barriga.
Assenti e levantei um pouco a blusa, descobrindo meu ventre. Afagou de forma suave, causando um atrito gostoso entre nossas peles quentes. Mesmo que estivesse envergonhado, o sono já começava a pesar meus olhos. Ele sorriu mais uma vez e desceu minha blusa, me cobrindo em seguida.
- Durma bem, Bummie – falou baixo e selou minha bochecha.
- Durma bem, Jonggie...
Acabei apagando logo depois.
Na tarde do outro dia...
Eu fui para casa de manhã me arrumar e agora estávamos no enterro da senhora Hae-Won. Alguns parentes próximos vieram para o enterro, além dos funcionários. Não consegui conter as lágrimas, tendo que ser amparado por XiuMin. SeKyung também estava presente, o que não agradou muito a Amber.
Amber pediu para que nós, funcionários, fossemos para casa dela, pois queria conversar conosco. Assim que chegamos, ela disse-nos:
- Eu sei que trabalham conosco há bastante tempo e temos muito carinho por vocês, mas tenho que informar que decidimos vender a casa. Meus irmãos e eu não nos sentiríamos bem morando aqui e por isso chegamos a essa decisão.
Já sabia que isso iria acontecer, mas mesmo assim me senti mal. Chen garantiu que todos nós teríamos outro emprego garantido, como por exemplo, o motorista da família já tinha um emprego na empresa de um primo deles. A cozinheira trabalharia em um restaurante da tia dos meninos, o novo faxineiro trabalharia como auxiliar de escritório para um amigo da família e quanto a mim...
- Consegui pra você um emprego como professor de Inglês, em uma escola particular de uma amiga minha – Amber disse sorrindo. – Sei que tem curso na área e ela achou perfeito.
- Obrigado, Noona.
- Não precisa agradecer. Isso é o mínimo que poderíamos fazer.
- Além disso, ainda receberam por mais três meses, como forma de recisão – Chen disse calmo.
Agradecemos por tudo, afinal, eles foram os melhores patrões até hoje. Algumas pessoas ainda ficariam ali, mas eu não estava me sentindo bem. Tudo isso acabou comigo e só o que eu quero é um momento sozinho.
Fui até Amber e disse que precisava ir.
- Fique mais um pouco, KiBum.
- Desculpe, Noona, mas não estou me sentindo bem.
- Tudo bem, eu entendo. Não faz bem mesmo que fique aqui – sorriu minimamente.
- Eu venho aqui amanhã, ajudar vocês com o que puder.
- Obrigada.
Abracei-a forte e depois fui me despedir de seus irmãos. Luna me abraçou forte e pediu para que eu aparecesse, que não a deixasse. Garanti que não faria isso. Quando fui falar com Chen, o encontrei sentado na escada, aparentando estar perdido em pensamentos.
- Chen? – chamei baixo.
Ele se virou pra mim lentamente e depois forçou um sorriso. Me sentei ao seu lado e suspirei forte. Logo ele deitou a cabeça em minha perna e eu fiquei fazendo carinho em seus cabelos.
- Você acha que ela está bem, KiBum? Acha que ela está em um bom lugar? – perguntou com a voz embargada.
- Claro que sim, JongDae – sorri calmo. – Quando eu cheguei aqui e conheci vocês, senti que finalmente minha vida estava nos eixos. Vocês foram importantes na minha vida, mas sua omma serviu para cobrir a falta que sinto de minha mãe. Tudo o que eu queria era minha mãe ao meu lado, mas... – uma lágrima minha escorreu. – Sua omma foi a melhor pessoa que eu já conheci, a melhor mãe que existe. Por isso, com toda a certeza ela está em um ótimo lugar, garanto.
Ele sorriu, mas seu rosto estava molhado por lágrimas. Sequei-o e voltei a afagar seus cabelos.
A dona Hae foi uma verdadeira mãe pra mim, como eu queria que a minha tivesse sido. Não consigo mensurar todo o bem que ela me fez me dando esse emprego e sei que sentirei bastante falta dela. É difícil dizer adeus...
- Eu tenho que ir, Chen...
- Precisa mesmo? – perguntou tristonho.
- Preciso, meu bem. Fiquei muito tempo em pé e minhas costas estão doendo.
- Compreendo... Você precisa mesmo descansar, a gravidez já está avançada, não é?
- Sim e agora começa a pesar um pouco, sem falar nas dores. Me desculpe por não poder ficar.
- Tudo bem. Eu nem posso pedir mais a você, já que fez tanto por nós.
Ele levantou e depois me abraçou.
- Vai ficar tudo bem – sussurrei em seu ouvido.
Eu não sei se realmente tudo ficará bem, mas me contenta saber que ele ficou melhor. Só o que me resta agora é esperar pelos próximos dias e torcer para que nada mais saia dos eixos...
...
Depois que voltei pra casa só tomei um banho e dormi o resto do dia. Não ia aguentar ir para a faculdade e eu só queria descansar.
No outro dia acordei com dores em meu ventre e costas, sem falar na vontade louca que eu estava de comer pão de queijo. Me sentei no intuito de me levantar para tomar um banho, mas as dores aumentaram. Não eram como da vez em que quase tive um aborto, era dores... Como posso explicar? Como se meus ossos estivessem alargando.
Ia me deitar de novo quando alguém bateu na porta. Me levantei com muito esforço, sentindo meus olhos marejarem, e abri a porta. JongHyun estava sorrindo, mas ao me ver chorando, logo entrou e me enlaçou a cintura.
- KiBum, o que aconteceu?
- Meu corpo dói... E eu quero pão de queijo, mas não tem...
Meu rosto já estava molhado e pequenos soluçares escapavam por minha garganta. Ele pareceu confuso, mas logo me levou de volta pra cama.
- Esses dores devem ser normais, o bebê deve estar se ajeitando. Como ele está crescendo, precisa de espaço.
- Mas porque tem que doer tanto? Porque ele não pode ficar pequeno mesmo? – falei com manha e um pouco irritado.
Jong sorriu e se sentou ao meu lado, acariciando meus cabelos.
- Ele precisa crescer, KiBummie. Você não quer que seu bebê fique forte e saudável?
- Quero... – minha visão embaçou por causa das lágrimas.
- Então, pra isso ele precisa crescer – ele secou meu rosto com as pontas dos dedos. – Ele precisa de um espaçinho ai dentro, por isso dói. Mas quando ele arrumar, não vai doer tanto, está bem?
- Tudo bem...
Ele sorriu e acariciou meu ventre. Depois se levantou e foi até cozinha, voltando com uma xícara de chá e um pratinho com pães de queijo, distribuídos em uma bandeja. Me surpreendi e me sentei, encostando meu corpo à cabeceira da cama.
-De onde... Como... – não consegui formular a frase.
- Eu vim porque fiquei preocupado com você, devido seu esforço e preocupação ontem. Por isso, acabei passando em frente à uma padaria e achei que seria bom te trazer alguns pães de queijo – sorriu.
Fiquei sem palavras. Peguei um dos pãezinhos e me deliciei com ele. Depois beberiquei um pouco do chá e estava divino.
- Obrigado por tudo, Jonggie – senti minhas maças do rosto esquentarem.
- Não precisa agradecer, Bummie.
Coloquei a bandeja em cima da mesinha ao lado da cama e senti um nervosismo. Ele me causa essa sensação de calor e euforia.
- Posso tocar, Bummie?
Ele perguntou um pouco baixo, evidenciando sua voz grave. Assenti e levantei um pouco o tecido da blusa, deixando meu ventre exposto. Jong se aproximou, ficando com o corpo quase colado ao meu, e tocou sutilmente meu ventre, causando um atrito entre nossas peles. Podia sentir o bebê mexer dentro de mim, mas nem isso me distraia do nervosismo cada vez maior que se instalava em meu peito.
Desceu a mão pela lateral de minha cintura, me fazendo arrepiar. Deus! Como ele me enlouquecia! Minha respiração começou a ficar pesada e ofegante, mas tentei respirar fundo e me acalmar.
Quando seus olhos focalizaram nos meus, vi todo o sentimento refletido ali. Não sei dizer se eram os mesmos dos meus ou da mesma intensidade, mas havia algo em seu olhar. Eu já não aguentava mais.
- Me desculpe por isso...
Sussurrei antes de colar meus lábios aos seus. Meu coração batia acelerado e o medo dele me rejeitar sumiu, quando senti suas mãos em minha cintura, me trazendo para mais perto dele. Enrosquei seu pescoço com meus braços e dei permissão para que intensificasse o ato, quando solicitado.
O beijo foi suave, uma dança harmônica e carregada de sentimento. Senti-me completo estando em seus braços, sentindo suas carícias e compartilhando de seu beijo tão doce. Ele partiu o contato pela falta de ar, mas logo tomou meus lábios novamente, mas dessa vez com fervor. Minha mente nublou com tamanha paixão e desejo que me corroia por dentro, mas logo minha sanidade voltou em um rompante e eu empurrei Jong, mesmo que sem muita força.
Não consegui olhá-lo nos olhos. Inevitavelmente as lágrimas voltaram a escorrer por meu rosto. Isso é errado, não posso continuar.
- E-Eu... J-Jong, eu não... Vá embora...
- KiBum, eu-
- Não, Jong – finalmente o olhei. – Mesmo que eu ame você, eu não posso... Você tem a SeKyung e logo terá seu filho...
- KiBum, eu amo você.
Aquilo me surpreendeu. Eu não esperava ser correspondido e ouvir isso só aumentou ainda mais as minhas lágrimas, mas eu tinha que ser firme.
- Eu não posso te fazer escolher, Jong. Mesmo que me ame, não posso querer que abandone sua... Namorada...
Ele fechou os olhos, deixando as lágrimas escorrerem silenciosas por seu rosto.
- Eu não queria que fosse assim, KiBum... – disse baixo. – Quando eu te vi, eu... – sorriu e tocou meu rosto. – Eu fiquei encantado com você. Tão doce, tão gentil, tão amável... Me apaixonei na primeira vez que lhe vi e só o que eu queria era estar com você...
- Mas eu não posso, Jong. Não posso te ter pela metade, não seria justo – sequei inutilmente as lágrimas de meu rosto. – Ter você aqui comigo, mas sabendo que não posso tê-lo... Me machuca... Me dói a ideia de você enganar a SeKyung...
- Eu daria tudo para estar com você – tentou conter as lágrimas em vão. – Não a amo e ia terminar com ela, mas...
- Você não pode abandonar seu filho – completei com pesar.
Ficamos em silêncio, apenas ouvindo nossos pensamentos conturbados. Não tenho o direito de fazê-lo escolher, mas é verdade que tê-lo por perto dessa forma me machuca.
- Não quero magoá-lo mais, Bummie, nunca quis – acariciou meu ventre com carinho. – Só o que eu queria era proteger vocês. Sinto que o bebê que cresce em você é mais meu do que o que o da SeKyung. Eu queria poder estar ao seu lado, te ajudando em tudo: nas dores, nos enjoos, nos desejos... Em tudo – disse com a voz embargada.
- Eu também queria isso, mas... A realidade é outra, Jong. Você deve amar o seu filho, pois ele dependerá de você. Não pode odiá-lo e amar o meu filho, não seria certo... Por isso, me dói pedir isso, mas não venha mais aqui – meu choro intensificou. – Eu te amo muito e sei que me ama também, mas não podemos... Você deve se empenhar e ser um bom pai para seu filho, além de um esposo bom para a SeKyung. Você a amava antes e pode renovar esse sen-
Ele me interrompeu com um beijo, que não tive forças para impedir. Suas mãos ficaram novamente em minha cintura e eu entrelacei meus dedos em seus cabelos. O beijo era intenso e calmo ao mesmo tempo, sendo regado por nossas lágrimas.
Quando nos separamos, ele encostou nossas testas e um soluçar sofrido era proferido de ambas as partes. Esse era o fim, de algo que nem teve início...
- Eu te amo, KiBum – disse baixo e sofrido. – Nunca senti por ela o que sinto por você. Todo o amor e desejo que me consome toda vez que te vejo, nunca iram se comparar ao meu sentimento pela SeKyung. Ela não me causa nem a metade do efeito que você tem em mim.
Ele me deu mais um selar demorado e depois beijou minha barriga. Toquei seus cabelos enquanto ele ainda acariciava meu ventre e tentei conter minhas lágrimas.
- Me prometa que irá encontrar alguém que realmente ame você, KiBum – disse com pesar na voz. – Não se prive da vida. Ame e seja feliz. Me promete?
- Eu prometo... – acariciei seu rosto. – Me prometa que fará o mesmo.
- Eu prometo – nos abraçamos, tentando retardar o inevitável. – Acho melhor ir embora. Vou me afastar por um tempo, para não lhe causar mais dor ainda... – sorriu triste. – Fique bem.
Com um último selar, ele se levantou, pegou sua mochila e foi embora. Desabei em um choro sofrido. A dor de perdê-lo me assola o peito, mas não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Ele precisa ser feliz e eu preciso tentar achar outra forma de felicidade..
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