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História Hold me Tight - Um lado seu que desconhecia - História escrita por KiitaT - Spirit Fanfics e Histórias
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História Hold me Tight - Um lado seu que desconhecia


Escrita por: KiitaT

Notas do Autor


Oláaaa~ como vão?
Alguns de vocês devem ter percebido que eu mudei a capa da história. Bem, a capa atual foi me dada de presente pela linda, maravilhosa e cheirosa gabi_worsnop. Muito obrigada viu, gata? Titia ama você. ♥
Também queria agradecer à todos que favoritaram e que cedem um cadinho do seu tempo pra comentar nessa história. Já passamos de 100 comentários. WOW~ Nunca imaginaria uma coisa dessas. Vocês me deixam tão feliz, que nem sei explicar. >//////< Enfim, obrigada, de coração. <33333
Anyway, de volta ao capítulo. A música que eu tentei descrever na hora da apresentação (e falhei miseravelmente) é School of Tears, cantada pelo RM, Suga e Jin. Caso alguém aqui curta ouvir música enquanto lê, tá ai. q
Agora ao que interessa. Estão todos preparados para o momento mais aguardado do ano? 8D qn
Que rufem os tambores!

Ah, e boa leitura. <3

Capítulo 20 - Um lado seu que desconhecia


Fanfic / Fanfiction Hold me Tight - Um lado seu que desconhecia

- Jimin POV -

O suor encharcava minhas roupas e meus músculos doíam. Eu precisava clarear a mente, então aproveitei a manhã de sábado pra malhar um pouco na academia. Fazia algum tempo desde que eu me exercitava assim, então meu corpo estava um pouco desacostumado; podia sentir meus braços tremendo sob o peso da barra que eu erguia. Os acontecimentos da noite anterior somados à ressaca me deixaram com um péssimo humor. Eu erguia os pesos com determinação queimando nos olhos, pensando que seria ótimo descontar todas as minhas frustrações em exercício físico. Trinta e um, trinta e dois. A cena da noite anterior se desenrolava diante dos meus olhos. A intensidade com que Suga – Suga não, Yoongi – me olhava, sua voz rouca e arrastada com um leve sotaque de Daegu, seu sorriso. Ah, seu sorriso. Trinta e oito, trinta e nove. O hálito quente que acariciava minha pele, seus lábios úmidos e tão convidativos, tão próximo e ao mesmo tempo tão longe, o frio que arrepiou minha pele quando ele se afastou. Por que ele se afastou? Quarenta e quatro, quarenta e cinco. Sua mão firme no meu pulso, o arrependimento estampado nos seus olhos, seus lábios em contato com a minha testa. Era errado desejar que aqueles lábios estivessem em contato com os meus próprios? Quarenta e nove, cinquenta.

Meu celular começou a vibrar dentro do bolso da bermuda esportiva, despertando-me. Coloquei a barra no seu respectivo apoio e me sentei, alcançando o aparelho com a mão livre. Sorri quando vi o bico de Hoseok no visor.

- Hobi-hyung? – chamei, minha respiração pesada e voz falhada devido ao esforço físico.

- Estou atrapalhando alguma coisa, Jiminie? – a pergunta pingava malícia. Não consegui conter uma risada.

- Claro que não, hyung! Estou na academia agora. – esclareci, ainda sorrindo. – Quem faz esse tipo de coisa pela manhã, de qualquer forma?

- Você ficaria surpreso, Chim-Chim. – sua resposta me intrigou, mas Hoseok não deixou que eu perguntasse o que ele queria dizer. – Tem planos pra hoje à noite?

- Sim, hoje eu tenho um encontro com a minha cama. – brinquei. – Por quê?

- Quer ir à um encontro comigo, ao invés disso? – fui pego de surpresa pela sua natureza espontânea mais uma vez. Eu não sabia como ele conseguia falar esse tipo de coisa com tanta confiança. Parte de mim o invejava, pra falar a verdade. Ouvi-o pigarrear, provavelmente ainda esperando uma resposta minha.

- Hã... E-eu... Hm... Onde? – gaguejei.

- Hoje à noite terá uma apresentação de rap underground, e eu gostaria muito que você fosse comigo. – disse num tom animado. – O clube é incrível, terá ótimo som, ótimas bebidas, pessoas bonitas... Eu. – acrescentou com sensualidade na voz. – O que me diz?

- Rap underground, é? Isso parece interessante. – respondi com sinceridade, antes de franzir o cenho. – Mas estou indo apenas como amigo, entendeu? Nada de gracinhas. – acrescentei firme, talvez um pouco mais rude do que o necessário. Ouvi sua risada alta do outro lado da linha.

- Claro, Chim-Chim. Já disse que não vou fazer nada que você não queira que eu faça. – ele parecia se divertir às minhas custas, traços do riso ainda presentes na voz. – Passo na sua casa às seis, pode ser?

- Pode. Até mais, hyung. – despedi-me num tom alegre, animado com a oportunidade de sair e me divertir pra variar. Hoseok-hyung podia ser um completo sem vergonha, mas não podia negar que ele sabia como me fazer rir. Me dirigi até o vestiário da academia, a fim de tomar uma ducha fria e trocar a roupa suada. Saí de lá com roupas limpas e cabelo molhado, bolsa de academia pendurada no ombro, quando mandei uma mensagem pra Tae-Tae convidando-o para almoçar comigo no restaurante de rámen que Jackson me apresentara. Sua resposta chegara segundos depois, dizendo que traria Jungkook consigo.

Sentado numa das mesas próximas à janela, acenei quando avistei os dois entrando no estabelecimento, olhando para os lados um pouco perdidos. Jungkook foi o primeiro a me ver, lançando-me um sorrisinho contido enquanto puxava Taehyung até onde eu estava. Ao sentar-se, Tae me agraciou com seu sorriso retangular enquanto apoiava o queixo nas mãos.

- Você vai pagar? – perguntou, piscando os cílios da forma mais encantadora que conseguia.

- Por que eu deveria? – perguntei por cima do menu que tinha nas mãos, tentando escolher entre as inúmeras opções, cada uma mais atrativa do que a outra.

- Você é mais velho e tem dois empregos, consequentemente, mais dinheiro. – listou, correndo os olhos sobre o menu que tinha à sua frente.

- Você só esqueceu do detalhe que eu não recebo nenhuma ajuda dos meus pais, então seu argumento é inválido. – rebati, tentando esconder o sorriso atrás do cardápio.

- Aish, vocês dois são demais. Deixa que eu pago. – Jungkook reclamou ao meu lado, cansado de assistir calado.

- Claro que não, você é o maknae! – brandi, arregalando os olhos em indignação para o mais novo. – Hyung vai pagar. Eu só estava brincando.

- Por que não fazemos o seguinte: cada um paga sua parte, e todo mundo fica contente. – Taehyung sugeriu, ganhando um aceno afirmativo da parte de Jungkook.

- Tudo bem por mim. – o mais novo concordou.

- Você só estava sendo um pestinha antes né, Tae-Tae? – apertei os olhos pra ele, ganhando mais um de seus sorrisos. Que droga, eu não podia nem ficar bravo.

Fizemos nossos pedidos e quando a comida finalmente estava disposta à nossa frente, comemos como os três garotos em fase de crescimento que éramos. Contei-lhes sobre a apresentação de rap, convidando-os pra ir junto, certo de que Hoseok não se incomodaria. Taehyung me lembrou que trabalhava naquela noite e Jungkook, com uma careta de irritação no rosto, disse que não queria atrapalhar meu encontro – dando extra ênfase na palavra. Revirei os olhos e prendi sua cabeça numa chave de braço, bagunçando seus fios negros enquanto mandava-o respeitar seu hyung e parar de falar asneiras. Jungkook me afastou com um empurrão, arrumando seus cabelos, mas a expressão no seu rosto suavizara um pouco.

Ao final da refeição, dividimos a conta por três e resolvemos caminhar até o apartamento, visto que não era muito longe. No caminho fomos conversando sobre coisas triviais do dia-a-dia, sobre nossos piores professores, os amigos que fizemos no campus – Taehyung era o que mais falava sobre esse tópico, obviamente – e sobre as matérias que mais nos davam sono. Eu gostava de momentos assim, só eu e meus dois melhores amigos conversando, já que depois de arranjar um segundo emprego eu não tinha muito tempo pra passar com eles. Eu ria das brincadeiras de Taehyung, e ficava contente de ouvir a risada de Jungkook se juntar à minha. O garoto era um pouco fechado e revoltado, mas no fundo não passava de uma criança. Estendi minha mão para lhe bagunçar os cabelos, recebendo uma reação chocada; seus olhos grandes arregalam-se ainda mais, encarando-me sem compreender meu gesto, seus lábios levemente entreabertos dando-lhe a aparência de um coelhinho indefeso. Ri da sua expressão, o que trouxe rubor às bochechas do mais novo. Cerrando o cenho, Jungkook afastou minha mão com um tapa e desviou o olhar para o chão, me fazendo rir ainda mais.

No caminho Taehyung quis parar numa sorveteria, sendo a formiga que era. Saímos de lá cada um com um picolé em mãos: eu com morango, Tae com limão e Kookie com melão, nossos favoritos. O resto do percurso foi feito cheio de brincadeiras e risadas. Quando Taehyung tentou melar a bochecha de Jungkook com seu picolé, este acabara caindo no chão, acarretando muitas risadas no mais novo, que estava distraído o bastante pra não notar que eu roubava um pedaço do seu picolé de melão. Taehyung só faltou chorar pela perda de seu picolé, então, como bom hyung que era, dividi o meu com ele pelo resto do caminho. Chegamos ao apartamento nos sentindo mais leves, e de alguma forma, mais próximos. Sentei-me na sala com eles pra algumas partidas de videogame; Taehyung e Jungkook eram melhores nos jogos de tiro e corrida, mas eu sempre os vencia nos jogos de luta.

 

Eu estava terminando de me arrumar quando ouvi batidas na porta. Pedi para Tae atendê-la enquanto eu terminava de passar lápis nos olhos. Eu nunca admitiria, mas talvez estivesse tentando impressionar Hoseok com a minha aparência. Eu usava uma calça preta de couro que apertava todos os lugares certos, uma regata preta com uma camisa branca de abotoar por cima, alguns acessórios dourados pra acompanhar, além da maquiagem nos olhos e a franja estilizada pra cima, longe dos olhos. Eu até estava usando lentes de contato ao invés do habitual óculos quadrado, coisa que eu raramente fazia por simplesmente detestar lentes de contato.

- Jiminie, seu amigo chegou. – Taehyung chamou da sala.

- Já vou! – respondi, dando uma última checada no espelho antes de sair do quarto. Assim que pisei na sala, três pares de olhos se fixaram em mim, todos arregalando-se em diferentes medidas. Taehyung tinha os lábios puxados pra baixo em aprovação, Jungkook tinha os dele apertados numa fina linha, e Hoseok apresentava a boca um pouco aberta. Tossindo um pouco no punho pra disfarçar o constrangimento, me aproximei um pouco mais do último, certificando-me de que tinha a carteira e o celular nos bolsos da calça. – Vamos?

- Hã... claro. – Hoseok balbuciou, o que me deixou intrigado. Nunca o vira perder a fala desse jeito. Sorri satisfeito comigo mesmo. No hall de entrada, coloquei Jordans brancos nos pés e despedi-me dos outros dois, prometendo não voltar muito tarde pra casa. Durante a viagem de elevador Hoseok parecia um pouco nervoso, girando a chave do carro nos dedos sem parar. Só quando ambos estávamos dentro do veículo ele criou coragem pra me analisar melhor e sorrir. – Você tá muito bonito, Chim-Chim. É bom te ver sem aqueles óculos.

- Alguém um dia me disse que eu fico bem melhor sem eles. – brinquei, dando-lhe a língua de forma brincalhona.

- Essa pessoa sabe do que fala. – ele riu, dando partida no carro e acelerando pelas ruas de Seoul. Hoseok não dirigia tão imprudentemente quanto Yoongi, mas chegava perto. O sedã chegava a ronronar sob seu comando, e ele parecia gostar bastante daquilo. Eu me agarrava ao banco e fechava os olhos cada vez que ele pisava no acelerador e ultrapassava um sinal amarelo, rindo e dizendo que tinha tudo sob controle. Quando ele parou o automóvel, notei que estávamos em alguma parte de Hongdae, o som alto de hip-hop ecoando abafado do lado de fora do clube, que agora já estava cheio de gente. Entramos na fila pra comprar os ingressos do evento, e antes que eu pudesse pegar a carteira, senti seu braço rodear meus ombros. – Deixa que hyung paga dessa vez, ok? – pediu, um sorriso radiante adornando seus lábios.

- Tem certeza? – perguntei, procurando seu olhar com olhos incertos.

- Absoluta. – assegurou-me.

- Mas... – comecei a protestar, porém apenas um olhar mais severo de sua parte me calou. Suspirei, derrotado. – Eu sei, eu sei. Você não aceita não como resposta.

Satisfeito, Hoseok pagou por nossos ingressos e me conduziu clube adentro, e um pouco surpreso notei que o local era uma espécie de porão, o palco e a pista de dança localizados no subterrâneo, acessados somente por uma estreita escada de ferro. O local era espaçoso e dava a falsa impressão de ser arejado, já que a distância entre o chão e o teto era de dois pavimentos, mas o prédio não possuía nenhuma janela. Do outro lado do clube, contrário à entrada, havia outra escada – similar à que eu descia no momento – que conduzia até o mezanino onde ficava a área VIP. A batida forte da música que ecoava através dos alto-falantes chegava a reverberar dentro do meu peito, e eu podia ver o DJ brincar com seus instrumentos na cabine enquanto a apresentação não começava. Assim que nos misturamos com a multidão que já se formava em frente ao palco aguardando o início do evento, Hoseok gritou no meu ouvido que iria pegar bebidas, elevando a voz para que fosse ouvido apesar da música alta. Respondi com um aceno de cabeça e enquanto via ele se afastar, notei que ele também se esforçara pra parecer bonito. Estava vestido todo de preto, calças justas com rasgos nos joelhos, uma camisa de abotoar de manga longa, uma corrente fina e dourada que adornava seu pescoço, pendurada até metade de seu peito, tênis de couro nos pés e um snapback com detalhes dourados com a aba virada para trás, emoldurando sua franja vermelha. Hoseok estava incrivelmente bonito, e pelo modo como andava, sabia muito bem disso.

Ele voltou bem a tempo da primeira apresentação começar, trazendo consigo duas latas de cerveja. Aceitei uma de bom grado e voltei minha atenção para o garoto que se apresentara como S. Coups. Ele não parecia muito mais velho que eu, e estava um pouco nervoso, mas seu rap era bom e suas letras melhores ainda; logo toda a plateia balançava a cabeça junto com a batida. Conforme outros rappers se apresentavam, notei que as coisas eram um pouco diferentes da minha competição de dança. Não havia ninguém para enunciar o nome das pessoas que subiam ao palco, deixando todo o trabalho para os rappers em si. Mas percebi que eu gostava disso, pois tudo fluía de forma mais orgânica e descompromissada, como se fosse algum tipo de show íntimo só pra amigos próximos. Numa das pausas pra troca de apresentações, corri para jogar as latinhas vazias fora num dos latões que ficava no canto, retornando com uma dúvida martelando minha cabeça.

- Hyung. – chamei, atraindo sua atenção. – Por que você não se apresenta?

- O quê? Tá brincando? – ele riu. – Eu seria comido vivo por esses caras.

- Claro que não. – protestei, o fã dentro de mim falando mais alto. – Seu rap é muito bom.

- Obrigado, Chim-Chim. – sorriu. – Mas sério, eu só coloco um pouco de rap nas minhas apresentações porque eu acho divertido. Eu não seria presunçoso o suficiente pra me comparar com esses caras, porque eles vivem pro rap.

- Eu não concordo. – insisti, vendo uma garota que se apresentou como LE subir ao palco e enlouquecer a plateia com seu rap. Virei meu rosto de modo que Hoseok pudesse me escutar, mas mantinha meus olhos grudados nela. – Eu acho que você é tão bom quanto qualquer um deles, talvez até melhor.

- Isso é apenas seu fanboy interior falando. – brincou, mas pareceu aceitar o elogio. – Porém, a maioria deles me vê como um dançarino, não como rapper. E pra falar a verdade, é o que sou. – deu de ombros, querendo encerrar o assunto. Contive meus protestos, não querendo aborrecê-lo com o assunto, e dei total atenção à rapper que agora terminava sua apresentação. Aplaudi como todo mundo, ouvindo diversos assobios de incentivo pela plateia. De repente, o clube todo ficou escuro e a voz do DJ ressoou nos alto-falantes.

- Agora, o momento que todos vocês esperavam. No palco, Rap Monster e Suga! – meu coração parou quando ouvi o nome ecoar pelas paredes do clube. Todos ao meu redor entraram em estado de euforia, ansiosos pela atração principal. Apenas Hoseok estava quieto ao meu lado, sorrindo de canto com os olhos grudados no palco. Pude ver duas figuras se moverem até o centro, e quando os holofotes se acenderam, apenas confirmei o que já sabia: lá estava Yoongi, cabelos loiros espreitando por debaixo do gorro preto, lambendo os lábios em nervosismo, microfone em mãos. Ao seu lado estava Namjoon, cabelos prateados impecavelmente estilizados, e uma expressão séria no rosto enquanto observava a enorme plateia que se reunira pra vê-los. Nenhuma palavra fora trocada, e antes que eu me desse conta, uma batida lenta e constante ressoava no ambiente, fazendo com que todos imediatamente balançassem a cabeça de acordo.

Quando a música começou, duas vozes gravadas soavam como se estivessem conversando entre si, enquanto Namjoon e Yoongi andavam pelo palco balançando as cabeças conforme a batida junto com a plateia. Ao fim da gravação, Namjoon – ou melhor, Rap Monster – aproximou o microfone da boca e começou a cuspir suas letras, num ritmo descontraído, quase casual, como se estivesse conversando. Aos poucos seu rap foi tomando velocidade, algumas palavras em inglês foram surgindo, e em pouco tempo me vi maravilhado com o talento que ele possuía. Meus olhos estavam grudados nele, no modo como ele andava pelo palco como se fosse dono do lugar e de nossas mentes. Talvez fosse, visto que todos prestavam tremenda atenção às letras. O refrão era cantado, a gravação de uma terceira voz masculina saindo pelos alto-falantes, e por algum motivo ela me soava estranhamente familiar. Antes que eu pudesse descobrir a quem pertencia, Yoongi rosnou um Suga no seu microfone e seu rap começou. Sua voz estava um pouco diferente de quando falava, um pouco mais aguda e ríspida, e eu podia ouvir quando ele puxava o ar pela boca bruscamente entre cada verso. Assim como Namjoon, ele pegava velocidade aos poucos, chegando a tal ponto que era difícil compreender as palavras que ele cuspia e rosnava no microfone. Tudo em sua figura gritava swag, desde o modo como segurava o microfone, como seus lábios se moldavam ao redor das palavras, como ele fechava os olhos em concentração num determinado verso, como seu corpo se movia de acordo com a batida, ou como sua mão livre gesticulava com as letras. Não havia como negar: eu estava hipnotizado.

O refrão tocou novamente e a música acabou com aquelas duas vozes do começo. A multidão ao meu redor ficou histérica, todos aplaudindo, assobiando e pedindo por mais. Os dois se retiraram do palco com um aceno e tudo ficou escuro de novo antes que as luzes baixas da pista de dança se acendessem, ao passo que o DJ colocava outra música pra tocar, anunciando o fim das apresentações. Eu ainda estava em estado de choque, sem saber como processar o que acabara de ver. Suga era um rapper underground, e um incrível por sinal. Por que ele nunca mencionou isso antes? Sem perceber, eu havia vocalizado minha indignação.

- Você o conhece? – Hoseok perguntou, me sobressaltando um pouco; eu havia esquecido totalmente de sua presença ali.

 - Hã, sim. Nós somos amigos. – respondo meio sem jeito, envergonhado por ter pensado em voz alta.

- Vamos lá falar com ele então. – o ruivo sorriu e me arrastou pelo pulso até a área onde ficavam os bastidores, ignorando completamente meus protestos e minhas tentativas de interromper o percurso. Quando o encontramos, ele estava conversando com um dos outros rappers. Assim que me viu, seus olhos se arregalaram em espanto; porém, assim que migraram pra Hoseok, se tornaram duas fendas cheias de ódio. – Yoongi! – o dançarino cumprimentou ao se aproximar, assim que o outro rapper se afastara. O sorriso em seu rosto não podia ser mais largo.

Yoongi estremeceu ao ouvir seu nome verdadeiro, mas sua expressão séria estava de volta em pouco tempo. Era óbvio que ele estava se contendo, mãos fechadas em punho ao lado do corpo e voz controlada. – Hoseok.

- Vocês se conhecem? – olhei entre os dois, observando sentimentos distintos tingirem o rosto de cada um.

- Sim, nós éramos amigos lá em Daegu. – Hoseok me respondeu de forma animada. A carranca no rosto de Yoongi só se intensificou. – Você tinha que ver como ele era fofo quando era mais novo; grudava em mim como um coala, mesmo sendo o hyung. – riu. – Pena que nós perdemos contato...

- O que você tá fazendo aqui? – perguntou o loiro.

- Ora, vim assistir à apresentação. – Hoseok respondeu como se constatasse o óbvio.

- Eu não perguntei pra você. – vociferou, cravando os olhos em mim.

- E-eu, hm... – gaguejei, nervoso com a intensidade de seu olhar.

- Ele tá comigo. – respondeu o ruivo, apoiando o braço ao redor dos meus ombros. – Estamos num encontro.

Por um segundo, eu podia jurar que ouvira um barulho grave e animalesco ressoando dentro do peito de Yoongi, como um rosnado. Antes que eu me desse conta, estava sendo arrancado dos braços de Hoseok, o loiro me puxando pelo pulso, abrindo caminho entre a multidão com passos duros. Subimos as escadas e só paramos dois quarteirões depois, com Yoongi me puxando pra um beco escondido e mal iluminado.

- Que droga é essa? – perguntei, exasperado, quando finalmente consegui tirar meu pulso de sua posse. Yoongi se virou lentamente pra me fuzilar com os olhos. – Por que fez isso?

- Eu não suporto a visão das mãos dele sobre você. – respondeu rispidamente, seu olhar tão intenso que eu sentia como se fosse entrar em combustão a qualquer momento.

- Do que tá falando? – franzi o cenho, incrédulo. – Ele é meu amigo. Você não precisava ter sido rude daquela forma.

- Ele não é seu amigo. – rosnou, seu rosto mais perigoso do que nunca. – Eu não permito.

- Há, que piada. – ri com escárnio. – Deixa eu te contar uma novidade: você não tem que permitir nada. Não sou seu brinquedinho. – rebati com raiva, pronto pra virar as costas e ir embora, quando sinto sua mão no meu pulso novamente, puxando meu corpo de encontro ao seu.

Tudo acontecera tão rápido que eu mal tive tempo de processar. Seus lábios estavam movendo-se contra os meus, e tudo que eu conseguia fazer era encarar com olhos arregalados suas pálpebras fechadas e seus cílios terrivelmente escuros contra sua pele clara. Levou um tempo até meu corpo reagir; meus olhos fecharam-se de súbito, e meus lábios começaram a se mover contra os dele, adaptando-se ao ritmo que ele estabelecera. Nossas bocas moldavam-se ao redor uma da outra, num beijo lento, mas ardente. Minhas mãos encontraram o caminho para seu pescoço sozinhas; uma puxava os fios curtos de sua nuca que escapavam do gorro enquanto a outra apertava seu ombro com firmeza. As mãos dele também pareciam ter vida própria: uma deslizava no meio das minhas costas enquanto a outra estava plantada firme no meu cóccix, mantendo nossos corpos colados um ao outro. Tomado por uma súbita onda de calor e desejo, deslizei minha língua por seu lábio inferior, sentindo gosto de álcool e tabaco. Yoongi entreabriu os lábios com um arrepio, me garantindo acesso ilimitado ao interior de sua boca. Mais do que depressa invadi a cavidade úmida com a língua, notando que o gosto de seus lábios era três vezes mais acentuado em sua língua. O controle do beijo fora meu por um instante, até que Yoongi nos virou e me empurrou de encontro com a parede, apoiando ambas as mãos na superfície ao lado da minha cabeça. De repente era a língua dele que estava invadindo a minha boca, aprofundando o beijo – que agora se tornara apressado e necessitado – esbarrando contra dentes e explorando o máximo que podia, pausando pra chupar minha língua vez ou outra. Uma de minhas mãos foi de encontro com a parte inferior de suas costas, enquanto a outra mantinha-se firme na sua nuca. Pressionei seu corpo contra o meu, querendo me sentir rodeado por Yoongi, sentir o gosto de Yoongi, respirar Yoongi. Não consegui conter um choramingo quando senti sua perna meter-se entre as minhas, esfregando a ereção que se formava aos poucos na minha calça com a coxa. Yoongi engolia de bom grado todos os sons que escapavam da minha boca, sorrindo entre beijos quando o volume ficou mais alto.

Um som de lamúria escapou de meus lábios quando senti ele se afastar. Mantendo a testa encostada na minha, Yoongi encarava meus olhos como se pudesse ver minha alma, nossas respirações ofegantes confundindo-se no espaço entre nós. Assisti ele passar a língua nos lábios e sorrir. Inclinando-se para plantar um beijo leve nos meus lábios, se distanciou alguns passos enquanto olhava pra mim de forma predatória.

- Você é meu. – vociferou, voz rouca de desejo. Senti minhas pernas tremerem, meus joelhos ficarem fracos. Joguei todo o meu peso na parede às minhas costas na tentativa de manter o equilíbrio. Sim, eu queria ser dele. E muito.

Porém, Yoongi não esperou que eu respondesse. Esticou a mão para passar o polegar nos meus lábios, sem dúvida inchados e vermelhos devido ao beijo. Então algo pareceu clicar em sua mente, antes nublada pela luxúria. Seu rosto se fechou numa careta, abaixou a mão e deu as costas, afastando-se sem nem mesmo se despedir. Enquanto eu assistia sua silhueta ficar cada vez mais borrada, sem fôlego e com o coração martelando na garganta, não percebi uma figura que observava tudo de longe, meio sorriso estampado no rosto.


Notas Finais


Falem a verdade: se antes de vocês começarem a ler essa história, alguém avisasse que a autora ia demorar 20 fucking capítulos até o primeiro beijo, vocês ainda leriam? Porque eu não. 8D


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