Jin POV
O quarto estava colorido, tudo piscava e havia música, uma bem animada e dançante, similar as canções de hip hop que Namjoon e Yoongi cantavam no Xincham toda sexta-feira a noite. Eu estava feliz e pulava de um lado para outro. Então, tudo ficou escuro de repente e meu corpo começou a ficar repleto de cortes, o sangue escorria e as queimaduras de cigarro começaram a ficar evidentes. A voz de meu pai, bravo, tomou conta do ambiente.
- Você não aprende nada, Seokjin! - Disse vindo em minha direção com uma seringa.
- NÃO! POR FAVOR, APPA! NÃO! NÃO! - Berrei me debatendo e senti meus braços sendo segurados.
Abri os olhos.
- Fique quieto! - Um dos capangas do meu pai estava lá e segurava uma das seringas de drogas.
- Por favor. - Supliquei. - Eu não aguento mais alucinar. Eu estou ficando maluco. Por favor! Por favor não aplique mais isso em mim. Por que aumentaram as doses? Por que estão fazendo isso?
Eu estava chorando, pedindo por clemência, eu iria enlouquecer de vez se aquilo se prolongasse. O homem nada disse. As lágrimas molhavam todo o meu rosto. Senti a seringa sendo inserida em minha pele. Fechei meus olhos e pensei em Lyn, em seu doce sorriso, lembrei da nossa noite de amor, mentalmente clamei por ela enquanto sentia os efeitos da droga. Meu corpo começou a reagir, tremendo, eu comecei a sentir dores na minha musculatura. Tudo ficou preto.
E eu sabia que voltaria a alucinar outra vez.
Lyn POV
Taehyung se jogou no sofá do refúgio triste, bufando e preocupado com Jin. Eu me encontrava no mesmo estado. Jimin estava fazendo o possível e o impossível para nos ajudar, mas não estava obtendo muito sucesso.
- Cansei. Vou recorrer para a única pessoa que não queria. - Anunciei me levantando.
- Não, Lyn! Vamos resolver isso do nosso modo. - Taehyung segurou meu braço.
- Faz 3 semanas que não temos notícia nenhuma do Seokjin. Nem sabemos se ele está vivo e eu sinto em meu coração que se a gente não achá-lo logo, nós vamos perdê-lo. Jungkook é bom com isso de hackear coisas, falsificar, sei que pode dar um jeito para que a gente entre lá.
- Você sabe que ele estava na casa do Jin no dia em que tudo aconteceu, não sabe? - Taehyung me olhava preocupado enquanto me mantinha firme em seus braços.
- Eu sei, Tae. Mas ele disse que não sabia do que estava acontecendo até ver o Jin surgir na sala.
- E VOCÊ ACREDITA NESSE MENTIROSO? - Taehyung esbravejou. Nunca havia visto ele desse modo.
- Eu não sei. Eu não tenho escolha. Preciso ir!
- Não, você não vai a lugar nenhum Kang Jaemin Lyn. - Taehyung se posicionou na porta, me impedindo de passar.
- KIM TAEHYUNG! - Chamei sua atenção. - É a vida do seu melhor amigo que está em jogo. - Sussurrei sentindo as lágrimas virem.
- EU SEI! - Disse algo, bufando fraco em seguida. - Eu to tão preocupado.
Ele explodiu em lágrimas e eu fiquei sem ação. Em todo esse tempo, Kim Taehyung tinha se mantido firme, quase sem deixar suas emoções transparecerem. Diante de mim, escorado na porta, ele lamentava a situação toda. O envolvi em um forte abraço que foi correspondido. Nós dois começamos a chorar juntos. Fiz um breve cafuné em sua cabeça, tentando cofortá-lo.
- Por favor, Tae. Você sabe que é a nossa única chance. - Coloquei minhas mãos em seu rosto, enxugando suas lágrimas.
- Eu sei. Mas, não irá sozinha. Eu vou com você.
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- Então, precisa da minha ajuda? - Jungkook ergueu uma sobrancelha em completa dúvida.
- Você me deve isso, Jungkook. E se há algum caráter aí, você me ajudará. - Falei firme, o encarando.
- Acha que é possível a gente tirar o Jin de lá? - Taehyung apoiou um de seus cotovelos na mesa, repleta de livros, onde Jungkook estava estudando.
- Sim. É difícil, mas não impossível. - Respondeu, fechando seu livro e nos encarando. - Eu farei identidades falsas, duas, para que possam se passar como estudantes de medicina. Peça para Jimin arranjar uma folha dessas de anotações gerais, mas que esteja timbrada pela faculdade de medicina. Assim, eu farei autorizações falsas dizendo que precisam ver os pacientes para algum estudo. Enfim, peçam a Jimin que esquematize essa parte, porque não entendo nada de medicina. Após isso, eu faço cartões falsos da faculdade para vocês dois e, então, é com vocês. Entenderam?
- Sim! - Respondemos juntos, Taehyung trocou um rápido olhar comigo, indicando que tinha uma ideia.
- Então, corram atrás disso que eu pedi e depois voltem. - Falou voltando a abrir o livro, quando saí da mesa, Jungkook chamou minha atenção. - Obrigado por dar um voto de confiança pra mim, eu sei que não estou lhe agradando com as minhas atitudes, mas eu gosto de você, gosto muito e é de verdade. - Após dizer a última parte, Jungkook ficou vermelho, tentei não pensar muito nisso enquanto me despedia e me afastava dele.
Bastou eu sair da sala de estudos com Taehyung em meu encalço para que o mesmo me puxasse para o lado contrário da onde deveríamos ir.
- Taehyung-ah! O prédio de medicina fica para o outro lado.
- E quem disse que a gente vai pra lá agora? Temos algo importante a fazer. - Bufou. Taehyung estava com um ar de indignação e certamente estava armando algo. - Eu não confio nesse Jeon Jungkook, precisamos de alguém para ficar de olho nele enquanto executamos o plano.
- Eu não acredito... - Murmurei para mim mesma, voltando a aumentar meu tom de voz em seguida. - Para onde nós estamos indo, afinal?
- Quadras. Já contei do quanto eu amo basquete?
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Jin POV
Fazia muito tempo que eu não jogava pôquer e um doce garotinho, que aparentava ter uns 7 anos veio me visitar em meu quarto. Nós dois estávamos entretidos no duelo. Não fazia ideia do quanto já havíamos jogado, mas em todas as rodadas eu havia perdido e estava sendo um tanto quanto humilhante essa situação.
- Vai desistir, Seokjin? - Me encarou como um verdadeiro jogador e isso me assustava. Ele tinha fisionomia de uma criança, mas falava como um adulto.
De repente, um charuto surge em suas mãos e o garotinho começou a fumar no quarto, o cheiro tomando conta de tudo. Estava forte, muito forte.
Mas, eu sabia que estava alucinando. Aquele garoto não era real, nem as cartas, mas eu jogava como se fosse, como se tudo ali existisse. Eu não conseguia parar.
A fumaça começou a tomar conta do ambiente de maneira mais firme. Estava forte demais para ser apenas a fumaça do charuto e comecei a tossir com o cheiro. Como um passe de mágica, as cartas e o garoto desapareceram, mas a fumaça ainda estava lá. Pisquei meus olhos com força para fazer a fumaça sair também, mas foi inútil.
- SEOKJIN! - Ouvi uma enfermeira gritar meu nome e entrar no quarto com tudo. Elas so entravam ali para deixar comida, porque meu medicamento estava sendo dado por um dos capangas de meu pai que fingia ser médico e não me dava remédio coisa nenhuma, me dava drogas.
Me senti tonto, mas minhas mãos foram puxadas e eu fui forçado a levantar da cama, enquanto a enfermeira tentava me arrastar para fora do quarto. Tudo estava em câmera lenta. Algumas pessoas entraram no quarto que, agora, estava em chamas.
- Oh céus! O que aconteceu? - Uma outra enfermeira questionou.
- Parece que deu um curto circuito no ar-condicionado do quarto do Seokjin, mas ele não pareceu notar nada. Ele anda meio aéreo.
- Mas, é normal, se está aqui é por isso. - Falou outra enfermeira.
- Sim. Porém, eu acho estranho, ele está aqui faz um mês, nunca saiu das regras e não demonstra nenhum sinal de melhora, sei que a gente não acompanha o paciente, mas ele está pior do que o dia em que chegou aqui. - A enfermeira que me apoiava em seus braços falou e voltou a caminhar comigo em direção a outro cômodo.
- Você sabe como são essas famílias ricas, fazem o que querem. - Comentou a outra enfermeira, que era uma senhora, dando um leve tapinha no ombro da enfermeira que me carregava, como se disesse para ela se conformar com a situação.
Eu tentava regularizar a minha respiração quando chegamos em um outro quarto, ela indicou a cama e me mandou deitar.
- O médico que cuida de você não está aqui agora, como seu quarto pegou fogo, vou pedir para fazerem um check up em você só para ter certeza se não inspirou muita fumaça.
- Tudo bem. Obrigado. - Sorri.
- Você sabe o nome do seu médico? - Me olhou.
- Não.
- Ah, tudo bem. Verei na ficha, tenho que comunicá-lo.
Segurei seu braço desesperadamente.
- Por favor, não! Não faça isso! Eu imploro! Pelo menos por hoje. Ele voltará amanhã para aplicar outra dose em mim, mas se chamá-lo hoje, ele vai aplicar de novo e eu já tomei minhas doses de hoje. Por favor! - Senti um nó se formar em minha garganta.
- Tudo bem! Tudo bem! Se acalme. - Falou ela acariciando minha mão. - Aplicará doses de novo? O que quer dizer com isso?
- Ele aplica um remédio laranja em mim, eu não sei o que é. - Eu tentava explicar para ela, mas minha mente era um borrão, eu estava confuso. - Tem uma garota, uma garota que eu gosto muito, você tem que avisar pra ela. Meu pai me prendeu aqui, eu não sou louco, mas ele quer que eu seja, por isso estão aplicando isso em mim. E está dando certo! Eu estou alucinando todos os dias, eu estou tendo dificuldades para pensar direito. E não quero ficar louco! - Nessa altura eu já chorava. - Por favor! Acredite em mim!
A enfermeira se sentou na cama, ainda segurando as minhas mãos e me encarando docemente.
- Eu acredito em você, Seokjin. E não vou ligar, ok? Pode descansar tranquilo, ao menos, por hoje.
- Qual é o seu nome?
- Hee Joon.
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Lyn POV
O semblante fechado de Hoseok estava me assustando, ele estava irritado e nunca imaginei ser possível ver o garoto sorridente de cara fechada. Era tão intimidador, que nem consegui perguntar nada a ele.
- Hoseok, o suco já acabou, você tá destruindo a caixinha toda com a boca. - Namjoon fez essa pequena observação que tirou o garoto de seus devaneios.
Hoseok soltou a caixinha, mas seus pensamentos ainda estavam longe. Quando Sora apareceu na mesa, achei que a situação melhoraria, uma vez que ele é louco pela minha amiga, mas bastou ela surgir em seu campo de visão, que Hoseok pegou sua mochila e levantou da mesa fazendo um barulho ensurdecedor ao arrastar sua cadeira para trás. Ele pegou os pedaços da sua caixinha de suco e saiu sem dizer nada.
- Ok. O que está acontecendo aqui? - Moonbyul se pronunciou encarando Sora.
Minha amiga se sentou, abatida.
- Eu fiz merda. Eu magoei os sentimentos dele. Me sinto um lixo.
- Se desculpe com ele. - Falei.
- Não é tão simples. Nós dois estávamos nos divertindo pela cidade, quando o Hoseok basicamente disse que me amava, foi muito do nada, eu não esperava, então, achei que ele estava brincando e falei que não precisava do amor dele. Hoseok insistiu mais uma vez, mostrando que falava sério, mas como eu já tinha dito aquilo antes, resolvi manter e falei que não precisava do amor dele, que tinha outros planos em mente. Eu fiquei nervosa com tudo e ao invés de calar a minha boca, eu disse qualquer coisa que pudesse afastá-lo, mas acabei sendo cruel nas minhas palavras e o machuquei. Hoseok nunca vai me perdoar. Se eu fosse ele não me perdoaria.
- É. - Iniciei sem saber ao certo o que falar. - Você realmente exagerou dessa vez, Sora. Eu te disse desde sempre que o Hoseok é louco por você, mas você não me deu ouvidos. Agora, ele está de coração partido e você com a consciencia pesada. Eu realmente não sei que conselho te dar.
Namjoon passou a mão nas costas da prima tentando confortá-la.
- Eu também disse coisas que magoaram a Moonbyul e eu me arrependo profundamente de tudo o que foi dito. Se nós estamos juntos hoje foi porque eu tive coragem de ir até ela e abrir meu coração, ser sincero sobre tudo, faça o mesmo. - Aconselhou.
- Ele não vai me ouvir. - Sora enfiou o rosto entre as mãos. - Vou viver pra sempre me sentindo esse lixo humano!
- Sora, não custa tentar. - Moonbyul segurou uma de suas mãos. - Dá um tempinho pra ele, mas depois converse com o Hoseok. Claro, que a situação de vocês dois é muito mais grave em relação ao que o Namjoon me disse, mas, vocês se gostam. Isso será resolvido.
- Nunca disse que gosto de Jung Hoseok. - Sora fez bico.
- Tá vendo? - Fiz uma expressão irônica. - Para de se esconder nessa pose de que não tá nem aí pra nada. É a partir disso que tem que acontecer a mudança. Não minta para si mesma.
Sora suspirou, mexendo em suas mãos nervosamente.
- Eu sei que você tem medo de amar de novo. - Disse para encorajá-la. - E é por isso que age assim, como se não se importasse, como se só quisesse ficar com geral da universidade, mas isso é medo. Manda esse medo embora e seja sincera com você, Sora.
A garota loira fechou seus olhos, suspirando, senti ela puxar o ar com força, como se o oxigênio estivesse acabando. Ela mordeu seus lábios fortemente e abriu os olhos encarando as mãos.
- Tá legal. Eu não gosto de Jung Hoseok. Eu o amo.
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