23 de Novembro de 2018
Eram 6 horas da manhã e enfrentávamos uma fila gigante no meio daquele frio de novembro, nem as 4 blusas de frio, as 2 calças e a bota de cano longo, o cachecol e o capuz das duas blusas, estavam dando conta do recado, parecia que íamos congelar a qualquer momento.
-Aqui está, vê se vocês não morram de frio. –disse Alice entregando copos de papel e colocando o café com leite neles. Alice tinha trago algumas garrafas térmicas com café e chá mate. Nunca fui muito fã de café, mas naquela altura, aceitava qualquer coisa para espantar o frio.
-Essa loja vai abrir que horas mesmo? –perguntou Kim impaciente e tomando um gole do café com leite. Já era a terceira vez que ela perguntava deste que chegamos.
-Daqui à 1 hora. –dessa vez Cody respondeu. Praticamente a família toda estava lá, só alguns tios, a Emma por estar gravida, e os avôs da Kim, que ficaram em casa, Emma até que queria vir, e tentou convencer que ela poderia ser conveniente para eles passarem na frente na fila, mas todos acharam muito arriscado ela ir, pois o bebê estava prestes a nascer, e o tumultuo era grande nesse dia.
-Repassando mais uma vez, já sabem o que vão pegar? –disse Alice pela segunda vez deste que saímos de casa. Ela nos fez fazer uma lista do que iriamos pegar e nos dividiu em pequenos grupos para assim irmos mais rápidos. No meu pequeno grupo era composto pela Ruby, Kim e Cody. E como a Emma não pode vir o marido dela, Michael, que iria fazer as compras, e grande parte que estava escrito na lista era para o bebê. Grandes partes das lojas daqui continham de tudo, deste, móveis, eletrodomésticos, roupas e qualquer acessório para casa, contando claro, a parte alimentícia. Essa loja que estávamos era a maior da região, e uma das poucas de Sacramento, que deixava tudo muito barato, sem contar que a loja vendida de um pouco de tudo, então as pessoas fazia uma fila gigantesca, uns até acampavam.
-Eu não aguento mais ficar em pé! –Kim reclamou mais uma vez e já estava deixando todo mundo louco principalmente a sua mãe. Ela se escorou na parede e se sentou no chão. Devo confessar que minha perna também estava doendo, já fazia 1 hora e meia que estávamos de pé, e cada vez a fila ia aumentando atrás de nós. A sensação do calor do café tinha passado, dando espaço para o frio, o meu queixo começou a se bater de frio.
-Nossa que roupa é essa que não consegue ti aquecer direito? –perguntou Cody do meu lado, ele estava vestindo um casado preto, bem grande. Eu me olhei vendo a minha escolha de vestuário. Eu estava vestindo um sobretudo preto, com capuz, que ia até o joelho, por debaixo estava usando um moletom do Harry Potter, e dois suéter, um preto escrito New York e o outro rosa escrito “I’m a mermaid” (eu sou uma sereia), estava de calça jeans azul escura e uma calça segunda pele por baixo, e ainda estava usando duas meias nos pés.
-Acho que minhas roupas não são tão apropriadas para o frio nesse país.
-Ainda bem que você não está em Nova Iorque, por que lá neva e você estaria congelando se estivesse com essas roupas lá, mesmo que estivesse usando 10. –ele disse soltando uma risada anasalada.
-Pois é, ainda bem que a bolsa foi para Los Angeles e não Nova Iorque, mas se fosse, eu adoraria ver a neve...
-Você nunca viu? –eu não sei o do por que ele estar um pouco surpreso.
-Pessoalmente não, por que, sabe, no Brasil não existe...
-Você não está perdendo muita coisa... – eu fiz uma cara de indignação e ele tratou de se explicar. –Tipo, as estradas ficam cobertas de neves, muitas vezes a luz acaba e por conta disso o aquecedor não funciona e a casa fica um completo freezer, além que muitos animais de rua morrem por causa do frio e pessoas também. A neve é linda, disso eu concordo, mas com ela sempre causa acidentes e algumas mortes no caminho.
-Como a chuva causa enchentes, o calor causa queimadas nas florestas, e o vento destrói algumas casas, sem contar dos tornados e tsunami. Mas isso é tudo parte da natureza, e também o homem contribui e muito para isso acontecer.
-Eu sei, não precisa me dar uma lição de biologia. –ficamos em silêncio e eu comecei a me tremer de frio de novo. –Vem cá. –ele disse se aproximando abrindo o casaco e me abraçando e passando a roupa em volta de mim, sem reclamar do seu ato passei os meus braços ao seu redor e ficamos assim por um tempo sem falar nada.
-Ai que bonitinhos vocês dois, se casem e tenham gêmeos. –ouvi a voz da Kim um pouco irônica, eu não conseguia vê-la por causa do casaco do garoto.
-Você está com ciúmes priminha querida?
-Eu com ciúmes?! Por favor, não me faça rir... –pelo o seu tom de voz, ela estava com ciúmes do primo. Afastei-me um pouco para poder ver a Kim, que estava sentada no chão de braços cruzados, nem dava para vê-la muito, ela estava em um lugar que estava totalmente escuro, se não fosse pela luz do celular em seu rosto nem conseguiríamos ver a garota.
-Então por que está com essa cara, eu conheço você melhor que ninguém, e sei quando fica com ciúmes... Você está com ciúmes de mim por estar com a sua amiga, ou está com ciúmes da sua amiga por estar comigo? –a vi revirando os olhos sem responder a pergunta.
-Kim... –disse me afastando dos braços do garoto e sentindo falta do calor ao sentir o frio bater no meu rosto, eu agachei, ficando na altura da garota sentada, que parecia uma criança emburrada e eu a mãe tentando resolver aquele problema. –O que foi, e por que você está com essa cara?
-Vocês estão tendo alguma coisa que eu não estou sabendo? E outra pergunta quem foi que ti mandou a mensagem? Foi o Cody? Por que se fosse a Vic, Ryan, Mason, ou até alguma pessoa do Brasil você teria falado alguma coisa e até agora nada... –ela parecia muito chateada. Mas no meu contrato tinha uma clausula que tudo que envolvesse o Justin e eu, deveríamos ficar entre nós e como a família da Kim não tinha conhecimento do meu estagio, eu não sabia o que falar...
-Não, não foi o seu primo... –disse baixo para ninguém escutar.
-Então quem foi?
-O meu futuro chefe... Por favor, não fala o nome dele! –disse ao ver sua boca se abrindo. –Olha aqui a mensagem. –disse pegando o meu celular no bolso do meu casaco e indo em mensagens, dei meu celular para ela e começou a ler. –Eu só não podia falar nada, pois ninguém da sua família sabe, e por causa da clausula melhor nem arriscar...
-Você poderia ao menos ter me contado quando fomos dormir... –ela disse me entregando o celular.
-Como? Se você desmaiou de sono na sua cama! –ela não disse nada, parecia que tinha ficado sem jeito com a minha resposta. –E hoje de manhã nem tivemos muito tempo sozinhas... –ela pareceu concordar e não disse mais nada. Sentei- me no seu lado, pois não estava aguentando ficar de pé.
-Então as duas amigas já fizeram as pazes? –disse Cody se aproximando e pedindo com as mãos para abrirmos um espaço.
-Nem é folgado... –disse Kim e afastando e ele se sentando no meio de nós duas. Ela mais uma vez não respondeu a pergunta feita pelo seu primo. E também nem tinha o que falar, nós não brigamos!
–Não precisa ficar com ciúmes do seu primo querido, a Angel não aceitou o pedido de casamento mesmo... Mas se ela aceitasse, você estaria mais que convidada para o casamento.
-O QUÊ?! –ela gritou fazendo os meus ouvidos doerem. Cody lógico começou a rir pela reação da garota e todos em volta olharam para ver se tinha acontecido alguma coisa.
-O que aconteceu? –Ruby perguntou assustada, se aproximando e ficando de frente para nós.
-Que historia é essa de casamento? –Kim estava claramente confusa e dava para perceber que tinha uma pitada de ciúmes também.
-Casamento? Quem vai casar? –ao contrario da Kim, Ruby perguntava calmamente.
-Ninguém vai casar aqui... –respondi já que o Cody não parava de rir. –É uma brincadeira sem graça que o Cody fez, ao ouvir a conversa da mãe dele com a Alice, e fez essa brincadeira ridícula para assustar a mãe dele e a mim também.
-Ah, hahahahaha... –Ruby também começou a rir achando graça da situação. –Nossa Kim, todo esse desespero por um casamento falso de seu primo e de sua melhor amiga?! E se fosse verdade, você iria ficar assim, toda emburrada com ciúmes dos dois?
-É-é... Claro que não... –ela não estava sendo convincente.
-Pare de mentir... Olha o seu estado! Nós sabemos quando você está mentindo... –disse Cody, parando de rir.
-Kim eu já disse, eu e o Cody não temos nada, e essa historia de casamento só foi para irritar.
-Eu sei Angel... É que sabe...
-Ele é como um irmão para você, e eu sou sua amiga, e por isso você está com ciúmes? Você está com medo de nós ele e eu termos alguma coisa que não pode dar certo, e sobrar para você depois, tipo eu deixar de ser a sua amiga e ele por minha causa, evitar vir para cá. É isso?
-Odeio o fato de você fazer psicologia...
-Ela está certa Kim? Você está com medo de que isso aconteça? –Cody disse serio, olhando para a prima. Ela só balançou a cabeça afirmando. –Você não precisa se preocupar... Como a Angel falou, nós não temos nada! Poderia acontecer algo entre a gente? Lógico, é só olhar para mim, que mulher resiste a um cara lindão como eu?! Mas, nós somos adultos, acho que nem eu e nem a Angel iriamos deixar que isso acontecesse, caso houvesse algo entre nós. E além do mais, eu moro em Londres esqueceu?! Relacionamentos a distancia quase nunca funcionam. Então não se preocupe com isso ok? –ela só assentiu e ele passou os braços ao redor do pescoço dela dando um abraço de lado.
-Você é um idiota! –ela disse em tom de brincadeira e se afastando do abraço.
-Eu também amo você priminha. –ele deu um beijo rápido em sua bochecha, que a fez revirar os olhos e em seguida soltar uma risada anasalada.
Depois que algum tempo que pareceram ser séculos, o mercado finalmente abriu, e era uma correria de pessoas entrando, parecia uma cena de The Walking Dead, quando os zumbis ouvem algum som e vão todos juntos até o lugar que tem o barulho, só que em vem de barulho era a promoção. Antes de entrarmos Alice disse que de jeito nenhum era para nós separarmos e por isso que fomos divididos em pequenos grupos, e íamos todos nos encontrar no estacionamento depois das compras.
-Relaxa, parecem monstros, mas só são pessoas doidas por promoção. –Cody disse ao ver minha expressão, tinha duas mulheres brigando por causa de uma boneca. –Vem vamos... –ele disse ao colocar uma caixa no carrinho, o empurrar em seguida. Algumas horas depois chegamos em casa, mas só foi para deixar as compras do supermercado, e em seguida as mulheres iriam nas lojas de roupas, e dessa vez ninguém impediu a Emma de ir.
Estávamos na loja “Love’s Summer”, a mesma loja que eu e as meninas fomos antes do feriado, e a Victoria também estava presente. Eu cedi à tentação, e comprei algumas roupas, já que por causa do meu estagio na turnê, eu teria que ter algumas peças extras na minha mala. Depois de um dia exaustivo de compras, finalmente chegamos em casa para descansar. Emma era a única com energias, claro, ela não acordou 4 e meia da manhã para ficar em uma fila de quase 3 horas, isso por que não foi por falta de vontade da parte dela...
Na hora do almoço, Kim e eu, fomos na casa da Victoria, grande parte dos parentes já tinham ido embora, só restaram os seus avós, donos da casa, os seus pais, e a família do Sebastian. Eu levei o pudim, que todos adoraram. Kim sumiu com o Sebastian como na primeira vez, enquanto eu fiquei conversando com a Vic, e os pais delas.
-No que os senhores trabalham mesmo? A Vic comentou que vocês tem uma empresa de exportação...
-Ah sim, é no ramo alimentício. Nós trabalhamos na exportação de produtos orgânicos para algumas cidades. Mas antes disso eu trabalhava fazendo algumas pesquisas em química e biologia. E Anne era aeromoça, nos conhecemos quando eu tinha 30, e ela 27...
-E como vocês se conheceram? –perguntei curiosa e Anne respondeu.
-É uma historia interessante... Em um voo, ele estava indo para alguma conferência e tinha vários papeis que ele estava olhando, e isso estava incomodando tanto o homem que estava no lado dele, que esse moço pediu para mudar de lugar. E Ian não prestava muita atenção no que esse homem falava. Ao ver algumas palavras escritas, percebi que aquilo que ele estava tentando ler era importante, então eu pedi para o Ian me acompanhar. Ele ficou assustado e disse que não ia mais incomodar, eu pedi para ele ficar tranquilo, e o levei para a primeira classe. Depois que o voo aterrissou, todos os passageiros desceram e fomos verificar se ninguém tinha se esquecido de nada. Ao passar pela poltrona dele vi que tinha um pequeno bloco com várias anotações, e o levei comigo para deixar nos achados e perdidos. No caminho eu acabei o encontrando e o entreguei, ele já estava desesperado ao ver que aquilo tinha sumido. Nós começamos a conversar até a saída do aeroporto e ele me chamou para tomar um café, e depois disso, vocês já devem saber o que tenham acontecido. Casamos, e tivemos essas duas meninas. –ela disse olhando com carinho para as duas filhas que estavam no meu lado no sofá.
Ficamos algum tempo conversando sobre várias coisas. Vic disse que já tinha contado sobre o Ryan para os pais e que eles ficaram felizes ao saber do namoro da filha, ela também disse que eles não eram daqueles pais que ficam de cara feias quando a filha está namorando. Kim apareceu depois de um tempo, e fomos para a sua casa.
-E ai, o que achou? –Kim perguntou pela décima vez. Ela estava provando todas as roupas que comprara e agora estava experimentando um vestido estilo camiseta azul com listras e tinha algumas flores grandes e vermelhas na barra.
-Ficou ótimo... –disse sorrindo, mas sem muita animação, estava muito cansada para pensar em roupa naquele momento, as minhas roupas ainda estavam nas sacolas, no chão, do lado da minha cama. Kim pegou outras peças de roupas e voltou para o banheiro. Ouvi uma batida na porta.
-Entre. –eu disse um pouco alto e o garoto de olhos verdes entrou.
-Que cara de acabada é essa? –Cody disse antes de sentar na ponta da “minha” cama, eu estava sentada, encostada na cabeceira, e cobertor azul escuro com várias estrelas cobria as minhas pernas que estavam esticadas.
-Você ainda pergunta, depois de um dia como hoje? –disse completamente se animo.
-Ué, porque não vai dormir?-apontei com a mão para o banheiro e em poucos segundos a Kim saiu, dessa vez estava com um shorts jeans de cintura alta azul escuro e uma camiseta escrito “Good girls go to heaven. Bad girls go to backstage” (Boas meninas vão ao céu. Meninas más vão aos bastidores). O garoto olhou para mim e levantou as sobrancelhas como se entendesse o porquê da minha cara de cansaço.
-Com jaqueta ou sem jaqueta? –ela disse tirando e colocando a jaqueta, ignorando a presença do primo, já que ela olhou para ele por alguns segundos e depois voltou a sua atenção somente para mim. Ela estava com uma jaqueta jeans clara, com os dizeres na manga “feminism” (feminismo) com uma estampa de uma mulher cantando e algumas pessoas a olhando no fundo.
-Sem... –ela pareceu concordar, pegou um vestido e voltou para o banheiro.
-Ela ainda está brava? –ele perguntou cochichando.
-Não, mas acho que só deve estar desconfortável por você estar aqui... –ele fez uma cara de decepcionado.
-Que pena, lo... –Kim saiu antes que ele pudesse terminar a frase.
-E agora? –ela estava usando um vestido branco liso, que tinha um pequeno babado na parte de cima, ele marcava um pouco a cintura, ela deu umas viradinhas e colocou a jaqueta.
-Ficou bem melhor... –ela sorriu e fez o mesmo processo de antes. –O que você ia falar?
-Caramba, depois dessa... –ele se levantou a foi até mim. –Logo quando eu disse que você não iria fugir de mim... E agora por causa dela... –ele disse olhando para a porta. –Acho que já vou, aproveite o desfile tortura... – ele se abaixou, e me deu um selinho rápido, que me pegou desprevenida. Eu suspirei desaprovando o ato, e ele sorriu, saindo imediatamente do quarto.
-Ele já foi? –disse Kim ao sair do banheiro, eu assenti. –Sabe... Antes que você fale qualquer, eu não estou brava com ele, é só que... Às vezes ele me deixa louca com essas brincadeiras! –ela disse se sentando em sua cama.
-Por quê? Ele não é só o seu primo e como você mesma disse quase um irmão? –ela se virou de lado, e olhou para mim.
-Sim, mas... Ele foi o único “irmão” que eu tive, e quando eu estava na escola, era ele quem implicava com os outros garotos por minha causa. Só que quando se trata dele, ele nunca falava nada, e eu sempre descobria quando eu ouvia a minha mãe conversando com a mãe dele, e quando ele começou com essas brincadeiras com você, foi como se ele estivesse escondido esse lado dele o tempo todo, e do nada a ficha caiu e a verdade de como é ele com as outras garotas vieram a tona, e isso de uma certa forma acabou me chocando. Foi demais para processar em poucos segundos. –eu fique sem saber o que dizer, e me lembrei de que até aquele momento não disse nada, sobre o que aconteceu entre eu e o Cody ontem à tarde. Com certeza depois da reação da Kim e do que ela acabou de dizer, eu sabia que ele não iria contar nada e eu preferi fazer o mesmo.
-Por um momento pensei que você tinha um sentimento a mais pelo Cody... –disse sem jeito, aquilo realmente passou pela minha cabeça hoje de manhã.
-Hahaha, não, não se preocupe, eu nunca pensei nele dessa forma, é apenas um amor de irmã mesmo. –ela disse se levantando da cama. –Desculpa por estar ti torturando...
-Não se preocupe. –disse sorrindo.
-Você está cansada, dá para ver isso só de olhar para você. Vamos fazer assim, descansa e mais tarde nós provamos a nossas roupas juntas?! –ela parecia empolgada em fazer um pequeno desfile entre nós. Eu concordei com um aceno de cabeça.
Depois de ter dormindo a tarde toda, vi que já estava de noite, olhei as horas no meu celular e marcava 7:29 da noite, sentei na cama e vi que a Kim também estava dormindo na sua cama. Levantei-me indo em direção ao banheiro, olhei no espelho vendo o meu rosto com pequenas marcas causadas pelo travesseiro, levei o rosto, depois de escovar os dentes. Sai do quarto e a garota ainda permanecia adormecida, sai do quarto, em seguida descendo as escadas, a casa estava estranhamente silenciosa a não ser pelo barulho da TV. Fui até a cozinha, a avó da Kim, Bernadete, estava sozinha na cozinha, ela parecia estar tomando algum remédio.
-Boa noite... –disse, e a senhora olhou para mim sorrindo.
-Boa noite, querida. Estava dormindo? –eu assenti, e ela deu uma risada fraca. –Todos ficam cansados depois do feriado, e principalmente depois das compras. Você deve estar com fome...
-Sim... –disse ouvindo a minha barriga roncar pedindo por comida.
-Têm tortas ainda, fizemos várias extras. E ainda tem um pouco de peru desfiado que dá para fazer um lanche. Fique a vontade de preparar o que você quiser. –ela disse simpática e se retirando em seguida.
Abri a geladeira e peguei o potinho com o peru desfiado e temperado, queijo, maionese, alface e tomate. Esquentei o peru no micro-ondas, e depois comecei a fazer o meu sanduiche. Peguei um suco de uva que tinha na geladeira e coloquei no copo, nesse momento ouvi passos, vindo para a cozinha, e o garoto de olhos verdes apareceu, usando apenas uma calça de moletom preta.
-O que você está fazendo? –não o respondi, pois estava de boca cheia, só mostrei o sanduíche dando outra mordida em seguida. –Nossa, parece que você não come há dias! –ele disse rindo, e indo em direção da geladeira, e pegando uma travessa redonda de porcelana com torta de amora, uma das tortas extras que a avó da Kim falou. Ele pegou um pedaço e colocou no prato, e se sentou do meu lado na bancada. Comecei a pensar sobre o que a Kim disse, e sobre o que aconteceu nessas quase 48 horas, deste que eu cheguei aqui.
-Cody... –dei uma pausa procurando as palavras certas. Ele ficou olhando para mim, paciente esperando que eu continuasse. –... Sobre o que aconteceu... Eu preferia que... O que aconteceu entre nós... –dei um longo suspiro ao ver que as frases não se completavam, e um nó se surgiu na minha garganta impedindo de continuar.
-Você está preocupada de que eu conte o que aconteceu entre nós para alguém, para a Kimberly? Se for isso não precisa se preocupar, eu sei guardar segredos...
-Não é exatamente isso... Mas depois que tudo que aconteceu hoje, é melhor não rolar nada entre nós... –ele parecia surpreso por levar um fora. Afinal, o que poderia acontecer se continuássemos com isso? Ele voltaria para Londres e eu continuaria aqui por mais algum tempo. E tem o caso Kim, eu não poderia ficar com ele, sem que ela soubesse, e se ela descobrisse, a nossa amizade poderia ir por água a baixo.
-Olha Angel... Não que pense que depois de termos ficado nós vamos namorar. Pois não sou um cara que leva compromisso a sério, e está na cara que você é uma garota que merece alguém especial. E além do mais, eu moro em Londres, não acredito em relacionamentos a distancia... –ao dizer isso me lembrei das palavras do William, no dia do nosso termino. –Você é linda, isso eu não posso negar, e quando eu vi você só de toalha, eu não sei o que deu em mim, não consegui me segurar. E para ser sincero ainda não consigo... –ele olhou no fundo dos meus olhos. –Eu nunca fiquei com nenhuma amiga da minha prima, sempre achei que se eu fizesse isso, eu iria machuca-la, mas com você foi diferente, você tem uma energia totalmente oposta de todas as garotas que eu já conheci, e isso me deixou louco, e não resisti à tentação, e não sei como eu estou me segurando tanto para não ter beijado você ainda! –ele acariciou a minha bochecha com o polegar.
-Cody... Nós não podemos... –ele estava muito aproximo, eu sentia a sua respiração pesar. Minha cabeça me mandava correr, mas minhas pernas não se moviam. Mais uma vez senti os lábios quentes do garoto de olhos verdes, nos meus. –Cody e se alguém aparecer?!-disse parando o beijo, e me afastando poucos centímetros da boca do garoto. Ele pareceu pensar por alguns segundos, ele entrelaçou nossas mãos, e me puxou, passando pela sala, que estava totalmente escura, e a pouca luz que a iluminava era do poste da rua, e depois para um corredor, onde ficava 2 quartos e 1 banheiro, pelo que a Kim me falou, a primeira porta era do banheiro, o segundo quarto servia para guardar bagunças, e o último era o quarto que o Cody abriu a porta. Parecia que ele estava dormindo ali, tinha uma mala aberta, e uma cama, que por incrível que pareça estava arrumada, ao contrario da pobre mala, o ouvi trancando a porta.
-Antes que você pergunte, ninguém pode nos escutar aqui. –olhei para ele franzino o cenho, e sentindo o meu coração se acelerar. –Ele foi feito para ser aprova de som, o meu tio tem uma banda, ou tinha, sei lá, isso não importa agora. –ele passou o braço em volta da minha cintura e me puxando contra ele, e ele passou a outra mão ao redor da minha nuca, entre os meus cabelos. -Angel... Eu estou louco por você! Seja minha, só por essa noite... –ele disse com uma voz rouca, sussurrando no meu ouvido. Ele tomou os meus lábios novamente, e deixamos nos levar pela a tentação só por aquela noite.
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