03 de Junho de 2019
Los Angeles- Auditório da Ucla
Aplausos
-Próximo grupo a se apresentar…-disse a professora.
Eu tinha viajado o mundo, me apresentado para uma plateia mais julgadora que essa, porém eu continuava odiando apresentar trabalhos.
Eu estava tão nervosa que quase não consegui comer naquela manhã.
Assim que instalamos tudo ao monitor, estávamos prontos para a apresentação.
-Prontos?-perguntou Devon
-Sim!-Respondemos em uníssono.
Enquanto isso anda em Londres…
“Semanas já tinham se passado desde da visita da Angelique… e eles não conseguiam tirar a baixinha da cabeça deles.”
-As vezes me pergunto o porquê escolhi essa profissão!- Cody entrou cansado na copa do hospital, depois de atender vários pacientes em uma única noite.
William que também estava na copa não falou nada, apenas respirou profundamente, e continuou tomando seu café. Já tinha escutado o seu colega de quarto várias vezes reclamar sempre quando estava de plantão.
-As vezes sinto falta de quando estava na África, apesar da situação precária, não era tão monótono assim. -só tinham os dois naquela sala grande, e o William continuava em silêncio.
Cody pegou um copo de papel e encheu de cappuccino, e sentou na frente do amigo, ou pelo menos eles eram, até a chegada da moça de cabelo comprido.
-Hey, está tudo bem cara?-perguntou Cody que deu um gole em sua bebida logo em seguida.
-Cody, você conhece a Angelique de onde mesmo?-perguntou William, na lata mesmo, olhando fixamente para o moço que engoliu um pouco seco.
-Ela é amiga da minha prima, nos conhecemos no dia de ação de graças…-o ex da garota tinha um olhar um tanto frio para o garoto em sua frente.
-E vocês ficaram no dia de ações de graça, não foi?- O ciúmes estava estampado na cara do William, cody só coçou a cabeça e de cabeça baixa respondeu…
-Sim… Ela é aquela garota que eu te falei que eu fiquei na casa da minha tia. -Cody tinha mencionado cada detalhe de como foi a noite dele com a Angelique para o William, só que tinha esquecido de um detalhe, ele não mencionou o nome da moça.
William estava quase aceitando a sua antiga amada a seguir em frente com outro alguém, mas por alguma razão não conseguia aceitar que o seu amigo, tinha ficado com ela.
-Cara, eu não sabia que ela era sua ex, se eu soubesse, eu te juro, nunca teria ficado com ela.- as palavras nunca soaram tão verdadeiras na boca de Cody em toda a sua vida, uma parte dele realmente se sentia culpado, e a outra parte o consolava dizendo que não teria como ele saber disso, afinal, William quase nunca mencionava sobre a Angelique.
E afinal, quantas Angeliques existem no mundo?
William continuava pensativo.
E Cody, se calou por um momento.
William respirou profundamente e se levantou da mesa.
-Sei que não é a sua culpa, talvez seja até um pouco minha por ser tão reservado, e nunca iríamos imaginar que no meio de várias pessoas, você iria encontrar logo a minha ex. Mas por agora, é melhor eu procurar outro lugar para ficar. -William disse, e o coração de Cody se apertou pela culpa mais uma vez. Ele gostava muito do amigo, o considerava quase um irmão.
-Se é assim que você realmente quer, não há nada que eu possa fazer, não é?
-Não.-respondeu William secamente. -Só preciso de uma semana para achar um lugar para ficar, e você já pode alugar o meu quarto para outra pessoa. -Cody suspirou profundamente antes de responder, era sua forma de tentar ficar relaxado.
-Tudo bem!- disse o primo da Kimberly e logo em seguida o ex da Angelique saiu.
-Doutor William? -chamou a enfermeira Alicia, uma senhora de meia idade.
-Sim?
-Precisamos urgente do senhor na sala de cirurgia.
-E qual é o caso? -perguntou enquanto caminhava rapidamente junto da moça.
-Uma moça sofreu um acidente de carro, ela estava no banco de trás junto com os pais e foi arremessada quando um outro carro colidiu com o deles, os pais estão bem, mas como ela estava sem cinto…
-Entendi. Quantos anos ela tem?
-vinte e quatro. - assenti e continuei andando enquanto olhava o seu prontuário, que apontava vários machucados externos e internos.
William lavou as mãos e se paramentou de acordo com as normas e entrou naquela sala de cirurgia, onde o médico chefe o aguardava. William olhou para o rosto daquela moça ruiva que tinha vários ferimentos em seu rosto e alguns pedaços de vidro. Ela era linda, mas o seu rosto iria carregar marcas durante toda a sua vida.
-Tudo certo doutor Andrei- disse a enfermeira. -E assim começaram os trabalhos.
De volta a Los Angeles…
Nos apresentamos um a um, e o Daniel começou falando sobre o projeto.
-Vamos passar um vídeo, e ao longo dele vamos comentar um pouco sobre cada situação que vivenciamos. Vão ter pacientes e relatos de pessoas que nos cercam, por conta disso, os nossos pacientes terão a imagem cortada, tendo apenas o áudio e sua voz alterada para a preservação de identidade, enquanto as pessoas que aparecerem daqui, serão pessoas do nosso convívio, que assinaram um contrato prévio autorizaram a sua imagem para o trabalho de hoje. -A mãe do Daniel era advogada e fez questão de fazer essa documentação, assim evitando qualquer confusão futura. -E o primeiro vídeo é sobre o sentimento da raiva. -Daniel soltou o vídeo e apareceu uma imagem preta, era o seu paciente que tinha síndrome de borderline.
Ao longo do vídeo, o paciente explicou que estava lá, depois de uma crise muito forte, onde acabou ferindo sem querer o irmão mais novo. Ele se sentia totalmente sozinho, se auto denominava exagerado, que não sabia que se poderia confiar nas pessoas,e isso acabava afetando sua relação com as pessoas, e que não via o mundo bonito como todos. Por várias vezes ele se machucou, estava sofrendo de bulimia e se afastou de tudo e de todos, pois sempre esperava o pior de tudo. Ele questionava várias vezes para o Daniel se ele era louco, se estava louco, e o meu colega falava várias vezes que não.
O vídeo chegou a sua segunda parte, a última sessão, o paciente estava tomando medicamento e era o último dia dele no hospital psiquiátrico. A voz do paciente parecia até mais alegre comparando a primeira sessão. Ele dizia que estava feliz, ele tinha encontrado uma namorada no hospital que era uma ex ninfomaníaca.
-E uma última pergunta, para você o que é raiva? - perguntou Daniel.
-Raiva era um sentimento escuro que me preenchia, e que me controlava por inteiro. Por conta das minhas inseguranças, eu desconfiava até da minha própria sombra, e hoje entendi que não é isso, que às vezes as pessoas se afastam não é por minha causa, elas tem os seus próprios problemas e que eu não posso jogar toda a culpa do que elas fazem para mim.O mundo não é tão cinza como eu pensava. Então, por mais que a raiva possa tomar conta do meu ser diante de uma situação, eu sei que eu posso controlar ela.E antes que eu pensava que não tinha nada para me amparar, hoje eu tenho, eu mesmo!
A entrevista se encerrou e logo em seguida familiares e amigos do Daniel deram a suas versões do que era a raiva. Daniel explicou um pouco mais ao final do vídeo e qual conclusão e aprendizado ele tirou de tudo.
-... E por conta disso, sempre o nosso melhor amigo vai ser nós mesmo, pois só nós vamos ter o poder de controlar nós mesmos diante das situações.
Logo em seguida Dylan começou a apresentar, ele ficou com o “medo” e seu paciente tinha esquizofrenia, era uma moça de apenas 13 anos, o pai dela tinha,e acabou sendo hereditário.
-E o que é o medo para você?-perguntou Dylan ao final do segundo vídeo.
-O medo é quando as vozes na minha cabeça surgem, me falando várias coisas, desde que não sou boa em algo, até ter medo das pessoas ao meu redor, do que elas podem fazer comigo, por simplesmente não me entender. As vezes é o meu refúgio para não tentar algo, por mais que eu queira muito fazer. Acho que é isso.
Dylan falou que a paciente continuava em tratamento, agora com outros especialistas que entendiam mais sobre o assunto, mas que sempre que podia estava acompanhando ela.
Chegou a vez do Devon que ficou com a “tristeza” e seu paciente tinha depressão. Era uma moça que tinha se divorciado jovem, depois de ter tido um abordo espontâneo, e o ex marido não queria mais ela e tinha arrumado uma amante. Ela estava com dificuldades de encontrar um emprego e não conseguia sair de casa.
-O que é tristeza para mim? Bom, é quando bate aquele vazio, que você não sabe onde e nem como vem, ele só vem. Ai sua cama,sua coberta, seu quarto escuro te abraça e você fica lá, as vezes sem sentir nada, ou sentindo tudo, e quando se sente tudo é quando as lágrimas vem. É basicamente um vazio que parece interminável e você nunca sabe quando vai sair dele. Isso para mim é a tristeza, às vezes você só aceita ela, e sem ao menos ter força para lutar contra ela.
Assim que todos os vídeos do Devon passaram e ele deu a sua conclusão, chegou a minha vez. Meu coração parecia que ia sair pela boca.
-Vocês sabem o que é o amor? O amor vem do latim, “amore”, e segundo o dicionário, o amor é uma forte afeição por outra pessoa, podendo ele ser um laço amoroso ou de afeto. Nessa última etapa do projeto, iremos ver o que é o amor da visão de cada pessoa. Afinal o amor tem várias formas, pois ele é sentido de diferentes maneiras. -soltei o play do vídeo, e logo começou a entrevista com o Justin, a nossa primeira sessão.
Ele falava que estava cansado e com medo de como iria ser a turnê dele, e como os fãs iriam reagir. Nessa parte parecia que ninguém do ambiente respirava direito, acho que queriam identificar a voz, mesmo estando distorcida. E acreditem ou não, até hoje ninguém tinha descoberto quem era a garota misteriosa com quem o Justin Bieber se encontrou na estação de esqui. No show eu usei uma máscara na hora da performance e me passei como qualquer bailarina substituta. Tirando o reitor, e meus amigos mais próximos, ninguém mais sabia que eu estava ajudando aquele garoto.
–”Para você o que é o amor?”
-”Amor... Uma palavra tão pequena, mas com tantos significados. Eu já amei, isso é certeza e hoje eu estou amando. O amor é um sentimento puro, sincero, e só é sentindo verdadeiramente quando se é recíproco, se não for, não vai ser 100% verdadeiro, e por conta disso você vai estar impedindo de seguir em frente.”
Perguntei mais algumas coisas até chegar na parte final do primeiro vídeo
-”Então resumindo o amor em uma frase, seria?”
-”O amor tem que ser livre, puro. Se ele for assim, você alcançou o sucesso. Ambas as partes têm que se amar, não pode depender de apenas um lado.”
Depois dessa frase começou a passar os outros depoimentos, alguns por questão de privacidade, como o scooter, não mostraram o rosto, então imagens aleatórias passaram no lugar. Passou alguns dos músicos,segurança,amigos do Justin e até a senhora que encontramos em Londres, cada um disse a sua versão do que é o amor. E voltamos para o Justin novamente.
-”Então, você lembra quando eu te perguntei sobre o que era o amor, na nossa primeira sessão?”
-”Sim, eu lembro”- lembrei do seu sorriso no mesmo instante, parecia que eu estava vivendo um flashback.
-”E o que mudou da nossa primeira sessão para essa última?Em relação ao amor?
-”As vezes quando se ama alguém, e não dá certo, machuca, dói, parece que tem algo sempre faltando e parece que nunca vamos amar novamente. E o que nos resta é começar tudo de novo, e eu não falo de começar com outro alguém, mas com nós mesmo. Isso é a parte difícil, nos amar! Pois encontrar alguém que nos ama, é até que fácil, tenta adotar algum cachorro, ele vai te amar incondicionalmente. O amor ele tem que começar de dentro para fora, para assim você saber escolher alguém que vale realmente a pena passar a eternidade juntos. Pois o amor vai muito além daquela paixão avassaladora, além daquelas borboletas no estômago. O amor é uma construção do dia a dia, e construído da forma certa, com as médias certas, pode se construir qualquer coisa com uma boa estrutura. Então eu não tiro nada do que eu disse da primeira vez, apenas acrescento essa última parte. Essa é minha visão sobre o amor.”
O vídeo se encerrou. Respirei fundo e me dirigi aos alunos e professora.
-Às vezes a gente romantiza um amor como o da Julieta e Romeu, mas o amor deles durou menos de uma semana, e foi tão intenso, que a gente até sabe para onde ele os levou. Mas aquilo não era amor, era uma paixão, uma paixão tão intensa que conseguiu ser eterno. O amor não é paixão, você não sente frio na barriga, ele é confortável e lindo. É como se fosse aquele pijama que a gente adora, que se deixarem a gente vai até para o shopping com ele. O amor não dói. A paixão dói!O amor não! A mãe ama um filho antes mesmo dele nascer e continua assim, até que um dia a morte os separe.Vimos ao longo do vídeo que existem vários tipos de amor, pois cada um teve sua experiência com ele, pois ele nunca é o mesmo. Podemos compará-lo a um floco de neve, ele é único! E ele faz parte de nós, antes mesmo da gente nascer. E eu poderia continuar falando sobre ele, mas todos aqui sabem como ele é, pois cada um aqui carrega um amor diferente dentro de si. Mas fica aqui uma última reflexão, quando tentarem te servir paixão, falando que é amor, você pode até aceitar, mas não deixa que ele te consuma por inteiro. Você merece um amor para a vida inteira, e não um romance de uma semana.Obrigada.
Todos da sala se levantaram e aplaudiram.
E uma sensação de trabalho cumprido se instalava no meu corpo.
4 Hora depois…
-Um brinde ao nosso 10!- disse Devon.
E todos presentes brindaram com a jarra de cerveja. Estavam presentes,Dylan,Daniel Kimberly,Victoria, Ryan e Mason, em um pub perto da faculdade.
-E a volta da Angel!-gritou Kimberly. Eu tinha voltado já fazia alguns dias, mas parecia que eu tinha desembarcado do avião hoje.
Mas a sensação que eu tinha, não era que eu tinha saído há alguns meses, mas anos. Kimberly tinha pintado o cabelo de rosa e estava namorando o Devon. Ryan pediu a mão de Victoria em noivado, e ela aceitou. Daniel tinha terminado com a namorada, pois descobriu que ela estava o traindo. Dylan, tinha terminado com o namorado de Houston, e estava ficando com três meninos ao mesmo tempo. E Mason, eu não tinha falado muito com ele desde que eu cheguei, mas a Kimberly me disse que ele quase não passou nas matérias naquele final de semestre.
Algumas coisas tinham mudado, mas a alegria deles não, e isso me confortava.
Eu estava feliz por estar de volta.
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