Atender essa katilune me trouxe boas lembranças, lembranças que me trouxeram ainda mais saudades da minha família e de Tenner. Os katilunes tem famílias enormes e como são um povo hospitaleiro e gentil, sempre tem grandes festas, comemorações com muita dança, canções e risadas. Já fui a algumas delas, me diverti bastante, mas nada nem se compara a passar o natal com a minha família.
A alguns anos tive o melhor natal de toda a minha vida...
Quase posso escutar meus pais conversando e rindo com seus amigos na sala, enquanto músicas natalinas tocavam ao fundo. A casa estava toda decorada, o vermelho e o verde se destacavam por todo lugar, meus irmãos e alguns de nossos primos corriam pela casa e se escondiam pelos cantos enquanto brincavam de pic-esconde. Tudo estava perfeito, mas mesmo assim eu estava mais nervosa do que nunca. Era a primeira vez que Tenner iria vir a casa dos meus pais e conheceria toda a minha família. Eu não conseguia parar de sorrir e cantar.
- A todos um bom natal, a todos um bom natal, a todos um bom natal e um ano... – Fui interrompida por alguém que me cutucava as costas, estava tão distraída que tive que respirar fundo para me recuperar do susto.
- Ei Arien – Ele diz abrindo os braços para me abraçar.
- Eduardo – Estico meus braços para ele e damos um grande e apertado abraço – A quanto tempo não nos vemos?
- Sei lá, desde que tínhamos 13 anos, mais ou menos? – Ele ri.
- É acho que sim, primo, mas que bom ver você – Faço uma pausa e sorriu – Você parece ótimo.
Ele ri novamente.
- Ao contrário de você prima. Quer dizer, você está linda, mas não consegue parar quieta, o que aconteceu? Parece muito nervosa.
- Está tão na cara assim? – Levo as mãos ao rosto e balanço a cabeça – É que meu namorado vem aqui hoje pela primeira vez.
- Uauuu, quem é esse cara? Porque né, para namorar com você deve ser um guerreiro! - Diz rindo da piadinha que fez.
- Ha ha, muito engraçado, já não estou nervosa o bastante?
- Desculpe, só não podia deixar isso passar. Ele é um cara de sorte e deve ser alguém muito importante também para você trazer ele aqui, estou certo?
Sorriu.
- Sim, ele é muito especial.
Nessa hora a campainha toca e sinto meu estômago borbulhar.
- Deve ser ele, vá atendê-lo prima – Ele diz já se afastando, indo em direção a sala.
Respiro fundo e checo o meu vestido e cabelo, tudo no lugar, então sigo para a porta. A abro devagar e meu sorriso surge assim que o vejo.
- Tenner! Que bom que você chegou.
- Cheguei sim meu amor, estou atrasado? – Ele me beija antes que eu possa responde-lo.
- Claro que não, está no horário, entre.
Entramos e o levo até a sala.
- Pessoal – Digo chamando atenção da minha família - este é Tenner.
- Oi – Ele diz sorrindo e levantando uma das mãos em comprimento a eles – Boa noite família da Arien.
- Boa noite – Um coro retribui o comprimento.
- Sente-se aqui, rapaz – Meu pai pede a ele apontando para o sofá ao seu lado e Tenner obedece.
Eles dão a mãos em comprimento e todos tornam a conversar e rir outra vez.
A noite toda foi muito agradável, minha família adorou Tenner, principalmente Eduardo que praticamente virou seu melhor amigo de infância. Certa hora ele me olhou e com um sorriso malicioso começou a contar algo a Tenner, que ria a cada frase dele. Então resolvo me aproximar.
- Ela fez isso? A minha Arien? – Tenner diz as gargalhadas como se não acreditasse em o que meu primo havia lhe dito.
- Sim, sim, ela fez – Ele ri e confirma.
Pigarreio. E eles me olham.
- Fiz o que? Deve ter sido algo incrível pelas risadas de vocês - digo rindo, como se fosse entrar na brincadeira.
- O Eduardo estava me contando sobre um guri que era apaixonado por você quando vocês eram pequenos – Tenner me diz mais sério, mas ainda sorrindo.
- A não Eduardo, o que você contou? Está querendo assustar o Tenner né? – Digo fingindo preocupação, mas eu sabia melhor que eles dessa história.
- Só contei da serenata que ele te fez – Ele começa a rir por lembrar da situação.
- Aram sei, ele contou o que aconteceu depois? – Pergunto a Tenner.
- Sim – Ele começa a rir novamente imaginando a cena do menino coberto de barro que eu lhe toquei.
- Aquele garoto me atormentou por semanas, eu precisava dar uma lição nele – Dou risada e lhe mostro o punho fechado, como quem diz que ele teve o que mereceu.
- Mas você realmente encheu um balde de barro e jogou no pobre menino? – Ele diz ainda rindo.
- Sim – Sorriu com cara de inocente.
- Bom, vou tomar cuidado com declarações de amor que virei a fazer – Eduardo explode uma gargalhada com o que Tenner diz e dou um soco em seu braço.
- Calem a boca vocês dois, vamos falar de algo que não me envolva por favor, né?!
Eles riem ainda mais e passam a falar das coisas que aprontavam com os amigos quando eram pequenos. Eu acompanho a conversa e as vezes acrescento algo as histórias de Eduardo, já que éramos inseparáveis quando crianças.
Ao final da noite quando Tenner me levou para casa, ele me abraçou apertado e após um longo beijo me disse:
- Gostei muito dessa noite Arien.
- Também gostei Tenner, me diverti bastante.
- Esse é o primeiro de muitos natais que passaremos juntos, meu amor – Diz passando a mão pelos meus cabelos.
Se ele soubesse como eu guardava todas essas coisas importantes que ele me dizia.
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