Ren andava pelos corredores do colégio olhando incessantemente a sua volta, procurava por Min-suh que não havia lhe esperado sentado no mesmo banco onde sempre estava.
O garoto estranhava a sua reação, já que na véspera ele estivera bem estranho, perguntava-se se poderia ter acontecido algo com o amigo.
_Min-suh.
Ele finalmente avistou o menor mexendo em seu armário, imediatamente aproximou-se. Quando o viu Min-suh abriu um meio sorriso, e Ren observou sua aparência por alguns instantes dizendo:
_Nossa, você tá péssimo, o que foi?
_Nada, apenas não dormi muito bem.
_Por quê?
_Não sei, estava sem sono.
_Hm, e o seu machucado de ontem?
_Ah já melhorou_ Suh sorriu sem jeito, lembrando-se do mico, e da ingenuidade de Ren em acreditar em uma desculpa tão esfarrapada_ Eu vou lavar a sua calça e depois eu te devolvo, ok?
_Tá, se quiser pode ficar com ela para você, assim pelo menos você usa umas roupas com mais estilo.
Ele apontou para o uniforme do menor, que fez uma careta dizendo:
_O que você quer dizer com isso?
_Nada,_ Ren deu de ombros, se fazendo de desentendido_ Apenas que você deveria comprar roupas do seu tamanho, e não dois números maiores.
Ele deu um peteleco na testa do menor, e então saiu dizendo:
_Vamos para a aula.
Suh assentiu, fechando o armário, e ajeitando a mochila nas costas. Ren ia mais a frente com um discreto sorriso nos lábios, quando não viu Min-suh no pátiorealmente achou que algo tivesse acontecido, mas agora que viu o menor e que tudo parecia bem, ele estava mais aliviado.
Mal sabia que ao seu lado, a garota vestida de garoto, mexia as mãos nervosamente, pensando que a qualquer momento a amizade dos dois poderia ser abalada. Ela não queria contar a verdade, mas será que Aron lhe daria outra opção?
Ela duvidava muito que ele não contasse a todos o que descobriu, e isso a deixaria em graves problemas.
Engoliu em seco, pensando que talvez fosse melhor contar para Ren antes de Aron.
_Ren, você…
_Hyung.
Ren disse interrompendo Suh repentinamente, então encarou o menor com um sorriso dizendo:
_Esqueceu? Quero que me chame de hyung.
_Ah tudo bem, hyung. É que eu estava pensando… e… eu tinha uma coisa para te contar.
_O quê?
Suh mordeu o lábio, não podia contar aquilo no corredor do colégio, não daquele jeito…
_O que foi Min-suh?_ Ren perguntou, vendo a apreensão do mais jovem_ Aconteceu alguma coisa? É isso que você quer me contar?
_É que… eu… é que…
_Para de gaguejar garoto, fala logo.
_É que… hyung,_ Suh olhou para o chão, pensando numa maneira de descobrir qual a seria a reação de Ren ao saber a verdade. Será que reagiria como no sonho?_ O que você acha de mentiras?
_Mentiras…_ Ren fez uma careta ao repetir a palavra_ Como assim mentiras?
_Seila,_ Min-suh deu de ombros, tentando demostrar desinteresse_ Apenas… o que faria se soubesse que alguém mentiu para você?
Ren parou de andar repentinamente, fazendo com que a menor o olhasse confusa. O loiro virou-se para ela e perguntou seriamente:
_Suh… você não mentiu para mim, não é?
Ela arregalou os olhos um pouco assustada com a pergunta. O que ele queria dizer com mentir? Será que Aron havia contado algo? Não, ele havia prometido a Suh que não contaria, pelo menos por enquanto.
_Por que acha que eu menti para você?
Ela perguntou receosa, e Ren completou:
_Não sei, você perguntou o que eu faria se descobrisse que alguém mentiu para mim, diante disso eu supus que fosse você que tivesse mentido.
Ren virou a cabeça para o lado, a olhando de uma maneira estranha, como se estivesse chateado. Suh percebeu sua reação, e vendo que ele já ficava incomodado com uma possível mentira, como ficaria se soubesse a verdade?
Com certeza sua reação não seria boa. E diante disso Suh teve medo de dizer a verdade, e afirmou com convicção:
_Mas eu não menti para você.
_Sério?
_Claro que sim,_ ela engoliu em seco, tentando fazer com que sua mentira parecesse real_ Eu nunca mentiria para você. Apenas perguntei isso porque tinha curiosidade em saber como você reagiria diante de uma mentira.
_Hm,_ ele fez bico pensando_ Mentiras nunca são legais, eu odeio quando mentem para mim. Sabe, eu acho uma falta de consideração e respeito.
_Ah…_ ela mordeu o lábio, pensando em tais palavras_ Você odeia mentiras… então nunca perdoaria quem mentisse para você, né?
_Muito dificilmente, acho que a partir do momento em que não há confiança não é possível ter mais nada, e a mentira quebra a confiança. Mas afinal_ ele cruzou os braços_ Por que está perguntando isso Suh?
_Eu já disse,_ ela respondeu nervosa, enquanto voltava a andar, com o menor atrás de si_ Era apenas curiosidade. Sabe, eu também não gosto de mentiras e foi por isso que perguntei.
_Hm, tem certeza que não está me escondendo nada, né?
_Claro que não._ ela voltou-se para encara-lo, e acabou dando de cara com Ren, ficando bem próxima_ Eu não mentiria para você… jamais.
Engoliu em seco com suas palavras, boba com a sua capacidade de mentir.
Ren sorriu parecendo mais aliviado com a afirmação, não que ele desconfiasse de Min-suh, não era isso. Mas o fato dela fazer essa pergunta o deixou confuso, já que, ás vezes, ele desconfiava mesmo que o seu amigo escondesse algo.
_Tudo bem Suh, eu acredito em você, sei que não mentiria para mim. Você é meu amigo, confio em ti.
Ele bagunçou o cabelo da menor, e se virou voltando a andar em direção a sala.
Suh ainda ficou algum tempo parada, pensando nas palavras dele: “Você é meu amigo, confio em ti.”
Confia… confiança.
Ela suspirou desanimada, achando que não merecia tal sentimento.
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A aula passou depressa e durante todo o tempo Suh ficou apreensiva, não conseguia parar de pensar em Ren, na mentira, e principalmente que não podia contar a verdade a ele. Pois caso contasse poderia dar adeus a sua amizade.
O sinal de saída tocou, e Suh ainda estava perdida em seus pensamentos. Ren precisou chama-la, e enquanto eles saiam da escola o maior perguntou:
_Você ficou distraído o dia todo, parece que a sua alma não está nesse planeta, o que foi?
_Nada.
Suh negou sem se quer prestar muita atenção no que ele dizia, e Ren percebeu isso, fazendo um bico e dizendo:
_Eu estou pensando em me jogar da ponte do rio Han, o que você acha?
_Legal.
Ela respondeu desanimada, e Ren revirou os olhos, vendo que realmente sua alma não estava naquele planeta.
Quando os dois chegaram ao portão Ren se despediu dizendo:
_Meus pais vieram me buscar hoje,_ ele olhou para um carro prata estacionado a alguns metros de distância_ Coisas de família. Bem, a gente se vê amanhã?
_Ah sim, até mais hyung.
Ela assentiu fazendo uma leve reverência, Ren fez o mesmo, e logo correu até o carro dos seus pais, entrando em seguida.
Min-suh ficou um tempo parado no meio dos alunos, apenas olhando enquanto o carro sumia no horizonte.
Tentou lembrar quando seus pais haviam buscado ela na escola, talvez tenha sido quando era bem pequena, antes mesmo de sua irmã nascer:
“naquela época as coisas eram mais fáceis.”
Suh pensou dando um pequeno chute no chão. Ajeitou a mochila nas costas e suspirou, começando a andar em direção ao dormitório atrás da escola, para se trancar no seu pequeno quarto. O seu único refúgio naquele momento.
Estava andando tranquilamente, quando de repente sentiu seu braço sendo agarrado por alguém. Antes mesmo de olhar seu rosto e ouvir sua voz, sentiu seu cheiro.
O perfume forte que o vento levava em sua direção, fazendo com que seu corpo se inebriasse com a fragrância.
Afinal o que ele poderia querer?
_Precisamos conversar.
Aron anunciou com a voz séria. Min-suh virou para encará-lo, e assim que o viu o achou muito bonito, vestia uma calça jeans clara, uma camisa azul, e um tênis allstar. Estava de óculos escuros, e os cabelos eram bagunçados pela leve brisa que havia.
Ali a olhando seriamente, e com um ar de: eu-sei-que-sou-bonito-e-você-está-caidinha-por-mim. Suh não pode evitar de pensar no seu sonho, e o modo como o Aron a seduzia nele.
Por que ele tinha ser tão bonito?!
Suh mexeu a cabeça em negativa, não podia ficar pensando essas coisas, aquele cara estava prestes a ferra-la, realmente não podia acha-lo… atraente.
Aron era o seu carrasco. Jamais ela poderia se apaixonar por ele.
_Eu não achei que fosse me procurar.
Min-suh disse soltando-se do aperto de Aron, que não ofereceu resistência e a soltou.
_Eu disse que queria uma explicação, não é?
_É, mas não achei que fosse tão rápido.
_Por quê?_ ele cruzou os braços, a olhando acusador_ Queria mais tempo para pensar em outra mentira.
_Eu não vou mentir Aron!_ Suh exclamou irritada com a sua acusação_ Você quer a verdade, eu contarei a verdade.
_Então conte.
Suh olhou em volta reparando no movimento de alunos, ali no meio da rua e com Aron chamando atenção, não seria o lugar para aquela conversa.
_Aqui não.
Aron também olhou em volta, e acabou concordando:
_É, você tem razão. Vamos para outro lugar.
Ele fez um sinal para que o seguisse, e Suh assentiu indo atrás dele.
Aron a guiou até o lugar onde seu carro estava estacionado, ele abriu a porta e indicou que ela deveria entrar. Suh encolheu-se pensando no que Minhyun dissera:
“Min-suh se você tem amor a vida não entre num carro com o Aron ao volante.”
_O que foi?
Aron tirou os óculos escuros e perguntou, de dentro do carro, ao ver a sua hesitação:
_Os meninos disseram que você dirige mal.
Suh respondeu com um fio de voz, e Aron revirou os olhos dizendo:
_Não vamos para muito longe, duvido que eu consiga te matar no caminho.
_É, mas…
Suh se abraçou, e ficou ainda mais hesitante ao pensar que estaria num carro sozinha com ele. Não queria ficar sozinha com Aron, ainda mais num ambiente fechado.
_Eu não quero ficar sozinha num ambiente fechado com você.
A garota disse olhando para o chão, e Aron riu dizendo:
_Ah para, qual o problema?
Min-suh pensou o que responder, não podia dizer que era porque, às vezes, se sentia atraída por ele. Tinha que dar outro motivo.
_Agora você sabe que eu sou uma garota, não vai cair bem se eu ficar no mesmo carro que você.
_Primeiro_ ele fez o sinal de um com a mão_ Você está vestido como um garoto. E segundo_ ele levantou mais um dedo, fazendo o sinal de número dois_ Se você pensou em algo… por favor, você nem é bonita, alguém como você não atrairia nem moscas, quanto mais um homem.
Aron bufou, se ajeitando no banco e colocando o cinto de segurança, enquanto Min-suh abria a boca surpresa, cochichando pra si mesma:
_Você me chamou de feia…
_Min-suh!_ Aron a encarou enfastiado dizendo_ Para de frescura, e entra nesse carro logo, antes que eu tenha que te fazer entrar a força.
Suh respirou fundo, e acabou entrando no carro, sentando-se no banco do carona e fechando a porta com força. Cruzou os braços, e enquanto Aron ligava o veículo disse:
_Coloque o cinto.
Suh obedeceu de má vontade, e enquanto aplicava a medida de segurança, pensava no que Aron havia dito.
“…alguém como você não atrairia nem moscas…”
Não pôde evitar de olhar seu reflexo no retrovisor do carro, não que se considerasse um símbolo de beleza, estava longe disso. Mas nunca se achou tão feia. Se bem que com aquela roupa e cabelo, ela nem mesmo parecia um garoto, quanto mais uma menina. Era apenas um protótipo de ser humano estranho.
Mexeu a cabeça em negativa, desviando o olhar do reflexo. Por que estava se importando? Nunca foi de ligar para sua aparência.
Afinal por que a opinião de Aron importava tanto para a pequena menina?
O carro deu um solavanco ao sair da vaga, e Aron passou raspando no carro ao seu lado, arranhando a pintura do veículo.
Ele fez um “ops”, e acelerou dizendo a Min-suh:
_Não fui eu quem fez isso, tá bom?
Suh apenas revirou os olhos, enquanto pensava que aquela viagem iria ser longa.
Continua…
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