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História I Hate You - Rain - História escrita por CaroolC - Spirit Fanfics e Histórias
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História I Hate You - Rain


Escrita por: CaroolC

Notas do Autor


Acho que não adianta mais eu vim me desculpar né, porque, acho que agora é a hora certa de todas vocês se juntarem e me matarem.
Eu não vou nem contar quantas dias fiquei sem dar as caras, ou fazer algum sinal de fumaça pra vocês perceberem que eu não morri, ou que não vou vou abandonar a fic, ou algo assim.

Eu odeio a escola. Odeio ainda mais o fato de eu não ser inteligente. Sofro do mal de lerdeza, então espero que vocês tendem entender um pouquinho que o segundo ano do ensino médio é super difícil, ainda mais numa escola como a minha ( não tente nem imaginar o quanto aquilo lá é o inferno de rígido).
Eu demoro muito pra ter inspiração, ou pra formar as frases, não sei porque, mas... vocês é que saem prejudicadas por ficaram esperando esse ser devagar (que sou eu) a postar alguma coisa.

Então, eu nem sei mais o que eu tô falando.
Então é melhor vocês lerem o que eu consegui escrever aí, e me desculpem qualquer coisa, se não gostarem ou algo parecido.

Capítulo 59 - Rain


Fanfic / Fanfiction I Hate You - Rain

_ BUUUM!

         Meus olhos se abriram rapidamente e minha coluna se elevou para que eu ficasse sentada. Olhei para o lado e reparei que não tinha ninguém ao meu lado na cama e que o quarto estava escuro. Meu coração acelerou, talvez pelo medo, e minhas mãos começaram a suar.

_ Niall? _ eu chamei por ele, bem baixo, passando a mão pela cama, onde ele deveria estar.

_ Aqui. _escutei um outro sussurro como o meu e só então notei que havia uma mão esticada para fora da cama.

         Engatinhei até a beirada da cama e espiei o que tinha lá. Meus olhos se arregalaram enquanto minha mão direita estava esticada, encostando na cabeça de um ser que estava sentado no chão.

_O que você está fazendo aí, Niall?

         Eu perguntei, estranhando, tocando em seu ombro e o ajudando a levantar. Ele se apoiou na cama, dando um impulso e subindo em cima do colchão, de pernas cruzadas e esfregando o cotovelo. Passei um braço por cima de seu corpo, acendendo o abajur no criado mudo, ouvindo quase instantaneamente a reclamação vinda de Niall.

_O que você estava fazendo no chão, de madrugada? _eu perguntei de novo, com os olhos espremidos pela claridade repentina.

_Eu estava dormindo tranquilamente, até que uma certa pessoa, muito espaçosa, querendo ocupar todo o espaço da cama foi me empurrando para a beirada, até conseguir me fazer cair no chão.

_Ai, meu Deus, Niall! Me desculpe... Eu... _respirei fundo, tentando não rir, por causa da minha imaginação que estava trabalhando em formar a imagem dele caindo da cama. _ Eu não notei. Quando estou dormindo não percebo o que estou fazendo.

_Você está rindo da minha desgraça? Por eu ter caído? _ ele falou com ambas as sobrancelhas elevadas, e com a boca entreaberta.

_ Não! Que isso! É claro que não. _dessa vez eu disse séria, me sentindo culpada de verdade por ele ter caído por minha causa. _ Você machucou?

_Não muito, só a minha bunda que está meio dolorida, e o meu braço meio dormente porque eu coloquei muita força nele para não bater a cabeça no chão.

_ Ah, me desculpa, eu juro que não percebi que estava te empurrando. Você deveria ter me acordado, ou me feito parar, sei lá. _ olhei em seus olhos brilhantes pela luz do abajur que refletia diretamente em seu rosto.

_ Eu não queria te acordar. Você parecia tão serena, tendo bons sonhos, além de que, pensei que uma boa noite de sono iria te ajudar a esquecer esses pressentimentos estranhos que você anda sentindo, e também, te agradecer pelo meu presente. _ e então seus lábios começaram a se repuxar para um canto da boca, mostrando sua malicia explicita.

_ Own, meu oxigenado lindo! _ fiz uma voz afetada, ignorando a última parte de seu comentário malicioso, e depois jogando meus braços por cima de seus ombros e apertando-o em um abraço. _Obrigada por se preocupar comigo. _ minha mão esquerda se ocupou em apertar suas bochechas até que seus lábios ficassem bem comprimidos e extremamente fofos e carnudos para depositar um selinho demorado.

         Soltei-o vendo formato de meus dedos em sua bochecha vermelha, sumindo depois gradualmente. Ele passou o braço por meu pescoço, me deitando e beijou minha bochecha, depois se deitando junto comigo. Esticou o braço para apagar a luz do abajur e puxou a coberta por cima de nossos corpos. Virei de frente para ele, olhando para o que eu achava ser seu rosto, já que estava escuro. Seus dedos faziam desenhos em minha barriga, por cima da blusa, enquanto eu enrolava meus pés na canela dele e de vez em quando chutava seus pés, como uma brincadeira e ao mesmo tempo, para nos aquecermos. Acabamos adormecendo com os pés entrelaçados e com meus dedos na almofada de sua orelha – algo que eu gostava muito de fazer, e ele também apreciava sentir.

 

         Já era sexta-feira, praticamente nosso penúltimo dia na Irlanda, pois pegaríamos o avião no sábado à noite e chegaríamos no início da manhã de domingo. Resolvemos dar uma volta por um pequeno parque que estava na cidade. Não era grande coisa, mas tinha alguns brinquedos que seriam legais. Convidamos Maura para ir conosco e ela aceitou, para se despedir e passar um pouco mais de tempo com o filho. Mas ela disse que não queria atrapalhar, por isso chamou uma amiga para ir junto, que assim poderíamos ficar sozinhos e ela não ficaria sem companhia.

         E assim, lá estávamos nós: eu, Maura, Niall e Annelise – a amiga da mãe do Niall- em um carro, indo para um passeio no parque de diversões. Eu e Niall fomos no banco de trás, enquanto as duas amigas conversavam sobre algo que nós não estávamos prestando atenção. Eu estava tentando arrancar uma farpa que tinha entrado no dedo dele, de sei de lá onde. Ele reclamava que eu não sabia fazer direito e que estava machucando. Eu queria matar ele. Quer dizer, não matar, mas logo depois que eu tirasse aquele negócio do dedo dele eu iria colocar na boca dele para calar sua boca escandalosa.

         Enfim chegamos depois de uns dez minutos, e a farpa já estava fora do dedo de Niall e jogada por algum lugar do carro. Descemos e quase fui atropelada por uma criança animada demais por sair correndo pelo gramado com no mínimo dez balões em sua mão pequena. Caminhamos os quatro lado a lado, olhando o que tinha em nossa volta. Não eram realmente muitos brinquedos que havia por ali, nem tão altos e medonhos, mas para um final de tarde de despedida seria o suficiente para se divertir um pouco e dar “tchau” à cidade dos duendes, assim como meu pai pensava ser.

         Nos primeiros quarenta minutos, todos estavam reunidos, andando juntos por entre os brinquedos de porte mediano e pequeno. O primeiro brinquedo a que entramos fora a “casa monstro”, assim como brilhava em letras chamativas. Eu e Niall fomos em um vagão, enquanto Maura e Annelise foram no vagão da frente, se assustando facilmente com alguns bichos, bruxas, fantasmas, zumbis que chegavam despercebidos, quase jogando-se sobre as pessoas. Niall se gabava, falando que não tinha medo daquilo, e que era a casa monstro mais sem graça que já tinha entrado.

         Mas ele não sabia que eu tinha percebido quando ele prendeu a respiração e deu um pequeno salto no lugar quando apareceu um zumbi sangrento, sem olho, com um machado, mirado bem em sua cara. Eu ri dele, mas ele pareceu não notar. Me assustei várias vezes, mas saímos vivos de lá. Compramos refrigerantes e continuamos andando pelo local. Até que, como Maura tinha previsto, nos separamos. Combinamos de nos encontrar em frente ao carrinho chamativo na qual vendia algodão doce, depois de mais ou menos uma hora e meia. Então, as duas amigas foram para um outro lado, talvez só andar pelo local e conversar, enquanto eu e Niall vagávamos em direção à montanha russa, que era pequena e baixa, mas mesmo assim seria capaz de passar adrenalina.

         Fomos em quase todos os brinquedos que podíamos, porque certos brinquedos não permitiam nossa entrada, por sermos mais altos do que faixa de altura permitida. Fiquei enjoada pela velocidade em que a montanha russa descia, parecendo sentir meus estomago quase sair pela boca e meu coração acelerado, com a sensação de queda livre, e as mãos ardendo pela força aplicada ao segurar a barra de metal que servia de segurança.

         Niall por sua vez exibiu toda sua capacidade de dirigir quando eu tentava segui-lo e acertá-lo no carrinho de batidas. Ele sempre conseguia fugir da minha mira, e eu acabava esbarrando com meu carrinho em pessoas desconhecidas. Ele só sabia rir da minha falta de habilidade em conduzir o carro. Também aproveitamos o momento mais quieto e com vento em no topo mais alto da roda gigante, escutando Niall reclamar que o céu estava ficando mais cinza e que choveria em breve. O vento comprovava sua previsão, fazendo com que nossa cabine balançasse e juntássemos mais nossos corpos, apontando para algumas pessoas lá embaixo e algumas paisagens mais bonitas que era possível ver dali.

         Fomos em alguns brinquedos mais radicais que tinha lá e gritei muito em seu ouvido, e segurando tão forte em sua mão e com os pés grudados no chão que parecia que a força que eu colocava neles faria uma perfuração no apoio que servia como chão. Depois de algumas reclamações da parte de Niall, algo sobre ter explodido seus tímpanos e esmagado seus ossos, passamos em frente a uma barraquinha de pipoca, comprando um pacote pequeno para cada um.

_Vamos naquele ali? _Niall perguntou a mim, depois que saímos de perto da barraca de pipoca.

_Mas aquele é tão sem graça... _murmurei, colocando muitas pipocas na boca de uma vez só.

_Deixa de ser chata. _ele reclamou, também comendo sua pipoca, que já estava no final em tão pouco tempo. Só não revidei seu xingamento porque eu estava mastigando. _Vamos! _ ele passou o braço por trás de mim, forçando-me a andar até o carrossel no qual só havia crianças praticamente.

_Não, Niall! Eu estou comendo, e não pode entrar com alimento nos brinquedos. _ retruquei inventando uma desculpa qualquer, apontando para uma placa em que estava sinalizada um hambúrguer e um copo de Pepsi com um “X”.

_Não tem problema; eu te ajudo a comer. _ ele disse e não tive tempo de pensar antes dele colocar sua mão, que mal cabia dentro do pequeno pacote de pipoca, pegando uma imensa quantidade da mesma, logo colocando tudo na boca.

_Ei, Niall! Isso é meu! _ o empurrei pelo ombro, fazendo-o vacilar por um segundo e cambalear para o lado. _ Você comeu tudo, seu guloso! _olhei para dentro do pacote amassado, batendo o pé no chão como uma criança, escutando sua risada ao meu lado.

_Pronto, agora já podemos ir ao carrossel. _ele tomou novamente o pacote das minhas mãos, arremessando-o na lata de lixo larga que tinha no local onde estávamos.

_Não quero! Vá você, sozinho. Sozinho e com seu estômago cheio de milho, idiota! _ rangi e virei meu calcanhares, escutando somente sua voz dizendo: “Ah, não, para com isso.”

         Ignorei sua fala, saindo andando na frente dele, soltando meu braço de sua mão com rebeldia e brutalidade. Fui no caminho contrário ao do brinquedo que ele queria ir, seguindo para um lugar que eu não sabia qual era. Totalmente por birra. Estava indo muito bem para ser verdade.

         Cheguei a um banco de madeira sentando nele, totalmente zangada, mesmo sem motivo para isso. Eu estava em meus dias sangrentos (se é que me entendem) e não queria admitir que estava com raiva e na TPM, assim como Niall tinha dito. Bufei audivelmente, parecendo um touro ao fazer isso.

         Olhando para os lados, notei que Niall não tinha vindo atrás de mim, nem me impedido de sair de perto dele. Ele não estava nem aí para mim e para minha crise idiota de irritação. Ele já devia estar de saco cheio dessas minhas mudanças repentinas de humor quando essa época do mês chegava. Eu era uma retardada mesmo...descontando meus sentimentos imbecis e confusos dessa época em cima dele, que não tinha feito nada demais, só implicando comigo de brincadeira, como de costume.

_Você é uma estúpida, estúpida! _falei um pouco alto demais, puxando meus pés para cima do banco e abraçando meu joelhos.

         Quem olhasse, pensaria que eu era uma criança que se perdeu dos pais, apesar de eu não ter tamanho para ser uma. Senti meus olhos arderem e lábios tremerem. Rolei os olhos encostando meu queixo no joelho, me sentindo a mais idiota possível, vendo que eu queria chorar. Maldito organismo feminino.

_Está chorando, linda? _pulei de susto ao sentir uma mão tocar em meu ombro, e a voz não era conhecida por mim.

_Não. _respondi simples e baixo, engolindo em seco e piscando os olhos de maneira rápida para que conseguisse afastar qualquer vestígio de lágrimas que queriam surgir.

_Acho que você está sim. _ notei que a pessoa tinha se sentado ao meu lado, mais perto do que eu gostaria.

_Não. _ insisti na minha resposta, ando uma olhada discreta para ele com o canto de olho.

_Então porque está sozinha, com essa carinha triste? _disfarçadamente, o cara chegou para o lado, quase deixando nossos braços se encostando.

_Não estou sozinha.... _ disse quase para mim mesma, olhando o tecido da minha calça jeans.

_Mesmo? _ sua ironia era tão evidente que tive de virar meu rosto para o lado,  fim de o encarar. Seus olhos eram do mais azul límpido e cristalino que eu tinha visto; parecia quase transparente, diferentemente de Niall, que tinha os olhos de uma cor azul piscina.

         Entretanto, em volta de sua bela íris, o lugar onde deveria estar branco, estava vermelho, parecia sangrar. Seu hálito de bebida me fez perceber o quão encrencada eu me encontrava por estar ali com ele, visivelmente drogado.

_Não é o que me parece, princesa. _ele continuou, sorrindo torto, mostrando seus dentes que não tinham aparência estragada de quem fuma muito.

         Desviei o olhar sem responder nada, afinal, ele estava certo; eu estava sozinha naquele banco, já que Niall não estava ali. Olhei para os lados, procurando e torcendo para ver a cabeleira dourada e os olhos azul piscina que eu tanto queria encontrar, mas eu não o via. Com isso, comecei a ficar mais nervosa do que entes. Estava em um lugar que eu não sabia nada a respeito, com uma pessoa que eu conhecia menos ainda.

_ Meu nome é Bryan. _ o menino disse.

_ Não me lembro de ter perguntado. _falei baixo, mas era claro que ele havia ouvido.

_ Mas que princesa mais atrevida, huh? _ ele riu, e senti seus dedos em meu queixo.

         Virei o rosto para a direção contraria e resolvi que ali eu não ficaria mais. Me levantei do banco, sem olhar para ele, sem me despedir, abandonando bons modos educados. Entretanto, quando já estava de pé, pronta para dar o primeiro passo, o garoto segurou meu braço.

_Não precisa ir embora, princesa. _sua voz arrastada estava certo de mim, o que me fez constatar que ele também estava de pé.

_Eu preciso ir. Me solta, por favor. _ olhei para seus dedos que seguravam meu braço, arriscando ser educada para assim ser mais fácil sair dali.

_Mas já? Ainda está cedo, amor. _ele disse afrouxando o aperto em minha pele e colocando meu cabelo para trás da orelha, só então notando que ele era bem alto.

_É sério, eu preciso ir, mesmo. Meu namorado deve estar me procurando. _ eu falei afastando meu rosto do dele que parecia estar muito próximo.

         Ele começou a rir, como se eu tivesse contado a piada mais engraçada de todo o planeta. Engoli em seco, movimentando meus olhos por todo o ambiente em que estava, esperando para colocar meu plano em ação.

_Essa é pior mentira que pode existir no mundo, princesa. Seu eu fosse acreditar em todas as meninas que me disseram isso, eu nunca teria conseguido um beijo delas, ou outras coisas mais. _ele continuava sorrindo maliciosamente, e dessa vez tocando minha cintura.

_Eu tenho um namorado sim, e estou pedindo com educação para me soltar. _falei agora com um pouco mais de tremor na voz.

_ E se eu não soltar? O que vai fazer? _ele arqueou a sobrancelha, parecendo se divertir com o início do meu desespero.

_ Eu... _perdi a fala, engolindo minha voz de choro, que só estava se intensificando pelos sintomas malucos da menstruação. _ Eu vou gritar.

_ Hm... Adoro fazer garotas gritarem. _ele disse me segurando mais perto.

_ Eu preciso ir. Por favor, me solta! Existem tantas outras garotas por aí. _eu disse, conseguindo ficar mais afastada de seu corpo, mas ele continuava me segurando. _ Vai chover, eu preciso ir. _ meu estado de desespero nem me permitia perceber que minhas desculpas estavam sendo esfarrapadas, imbecis e infantis, tentando prolongar o máximo de tempo até que alguém viesse me ajudar.

_Nada mais romântico que um beijo na chuva, não acha? _ apesar de sua aparência estranha, seu toque era suave ao tocar a parte de trás do meu pescoço, por entre meus fios de cabelo. Meus lábios já tremiam, mostrando o quanto eu queria chorar, sair dali. _ Qual o seu nome, amor? _assim que ele perguntou, senti pingos de chuva caindo diretamente no meu nariz e no casaco dele.

_ ME SOLTA! _ eu falei mais alto, tocando suas mãos, tentando retirar seus dedos da minha cintura ao mesmo tempo em que desviava o rosto para trás.

_ É só um beijo, linda. O que custa? _ falando daquele jeito, ele só parecia mais um garoto que precisava de atenção e afeto. Ainda era possível ver um brilho em seus olhar. Talvez se dessem chances a ele, e o ajudassem a sair do mundo das drogas, ele seria mais feliz. Mas não seria daquele jeito que ele receberia o afeto que queria.

_ NÃO! _ eu o empurrei, mas ele segurou meu braço com um pouco mais de violência sendo rápido demais.

_Eu tentei ser legal. Tentei ser educado, carinhoso. Mas você não cooperou, não é, anjo?  Sinto muito, mas minha paciência esgotou.

         Só tive tempo para virar o rosto da maneira mais rápida que consegui, sentindo a textura seca de seus lábios pegando em meu maxilar. Seu corpo forçou-me a andar para trás, até que eu estivesse perto de uma árvore. Ele beijava meu pescoço enquanto eu arranhava seus ombros e suas costas, tentando o machucar e fazê-lo me soltar. Mas nada parecia dar certo.

         Quando vi que não estava mais conseguindo fugir de seus beijos, que estavam quase atingindo minha boca, elevei minha mão, conseguindo dar um tapa muito forte e estalado em seu rosto, que chegou a arder na minha própria palma. Aproveitei que ele ficara surpreso pelo golpe, se afastando um pouco, mas dessa vez dar outro tapa na direção contrária, o empurrando, o fazendo perder o equilíbrio; já que se encontrava um pouco bêbado.

         Ele sorriu, parecendo um louco enquanto eu resolvi que seria preciso fazer mais alguma coisa para escapar dali. Andei até ele, decidida, e segurando em seus ombros, dei uma joelhada em sua masculinidade, imediatamente vendo-o urrar de dor, e se contorcer. Chutei sua canela, logo em seguida a outra, e deferi mais um golpe em seu membro, vendo-o cair na grama.

         Não esperei mais nenhum segundo para sair correndo dali, sendo recebida por uma forte chuva que caia com brutalidade. Tentei avançar para lugares em que ouvia sons mas a chuva atrapalhava. Continuei correndo, procurando por Niall, Maura, um policial ou qualquer pessoa que me passasse segurança, arriscando uma olhada para trás, conferindo se eu não estava sendo seguida pelo garoto sem nome.

         Passei as mãos pelo rosto, empurrando o cabelo para trás, já que a chuva estava horrenda, praticamente um diluvio. Rodeei meu corpo trezentos e sessenta graus em torno de mim mesma, ainda procurando por alguém. Foi então que consegui escutar alguns barulhos de passos apressados e crianças reclamando da chuva, junto com a imagem de algumas sombrinhas.

         Voltei a correr, escapando de poças muito largas, virando em um pequeno espaço, parecido com uma esquina discreta; me lembrando que fora por ali que eu tinha passado anteriormente. Virei a esquina com tudo, ainda correndo, apavorada, até me que meu corpo chocou-se contra outro que vinha na direção contrária. O impacto foi tão grande que tombei para trás, tropeçando em meus próprios pés e caindo de bunda no chão.

         Fiquei com medo de olhar para cima, esperando o pior, que fosse o garoto de antes. Mas não.

_ Carol!

         Assim que escutei sua voz familiar, me levantei em um pulo, arranhando meu joelho no chão e deixando minhas lágrimas escorrerem livremente, se confundindo com a água da chuva. Me joguei no braços de Niall, circulando seu pescoço com meus braços, chorando na curva de seu pescoço. Ele por sua vez passou os braços por minhas costas, me apertando contra si, passando a mão em meu cabelo molhado.

_ Me desculpa, Niall... Eu... Eu não devia... _me afastei de seu pescoço, apenas para conseguir olhar em seus olhos. Ele também estava completamente ensopado, encharcado, assim como eu. Nossos cabelos grudados na testa e na bochecha. _ Eu não deveria ter saído de perto de você. Me desculpa, eu não queria ter brigado com você. Eu sou uma estúpida. Por favor, me perd...

_Shh... _ ele novamente me segurou contra si, sussurrando “ calma”, “ tudo vai ficar bem”, “estou aqui”.

         Ficamos abraçados por pelo menos um minuto, somente sentindo o carinho de Niall, que descia e subia a mão por minhas costas, enquanto eu agarrava sua blusa molhada por entre meus dedos, beijando seu pescoço e bochecha, murmurando a todo momento “desculpa”.

_Vamos embora daqui. _ele disse passando um braço por minhas costas, me trazendo o máximo que conseguia, enquanto eu fungava o nariz, tirava desajeitadamente o cabelo do rosto, e segurava sua mão livre.

         Saímos daquela pequena esquina e vi como o parque estava totalmente deserto já. Só algumas pessoas que não possuíam sombrinhas estavam escondidas por baixo de algumas marquises, além dos funcionários que não poderiam ir embora sem antes arrumar e limpar os brinquedos. Algumas das pessoas que ali estavam se assustaram ao ver dois adolescentes, debaixo de uma chuva torrencial, submetidos a levar um choque por raios, no meio de um parque de diversões, agarrados um ao outro como se tivessem nascidos colados naturalmente.

         Ele segurou minha mão e começou a andar mais rápido, seguindo uma direção que comecei a reconhecer como o estacionamento em que tínhamos deixado o carro. Tentei acompanhar seus apressados, mas minhas pernas pareciam não aceitar mais esforço. Eu já tinha corrido bastante e não conseguia nem andar mais. Niall percebeu isso, passando o braço por minha cintura, andando um pouco mais devagar e me ajudando a caminhar.

         Eu sentia meus músculos pedindo descanso, meu corpo dolorido, dois espirros já se dissipando pelo ar quando avistei o carro de Maura, e as duas mulheres dentro do carro, espantadas, vendo-nos aproximar. Annelise abriu a porta por dentro do carro assim que já estávamos próximos o suficiente do automóvel. Niall me deixou entrar primeiro, então entrei no carro de joelhos, engatinhando para o vidro da janela oposta. Niall entrou logo em seguida, fechando a porta do carro com rapidez.

_Vai, mãe. Temos que chegar o mais rápido possível em casa. _Niall disse e vi de relance Maura sacudindo a cabeça, já pisando na embreagem. _ Calma, Carol, já vamos chegar, ok? _Niall disse para mim, segurando meu queixo e só então notei que eu batia os dentes de cima com os de baixo, e meu corpo tremendo de frio.

         Não consegui responder nada, só passei meus braços por volta do meu corpo, em uma tentativa falha de me proteger do frio que eu estava sentindo. Era praticamente impossível, apesar de o ar quente do carro ter sido acionado, meu cabelo pingava água, molhando ainda mais minha roupa que estava encharcada. Eu não me mexia, quase não piscava, só sentia vez ou outra meus lábios tremendo e meus ombros balançando.

_ Mãe, pelo amor de Deus, o que eu faço? _escutei a voz de Niall apavorada ao meu lado. _ Ela está tremendo tanto... _ senti seus braços me envolverem de surpresa, deixando a lateral do meu rosto esmagada contra seu peito. _ O que eu faço? _ele insistiu na pergunta, pegando os fios do meu cabelo e torcendo-os, deixando um pedaço do banco molhado.

_ Veja se tem alguma blusa extra aí no porta malas. É só levantar essa proteção. Eu geralmente deixava isso aí caso você voltasse sujo das aulas de futebol. Você nunca usava, então acho que não tirei daí. _ ela respondeu à ele, com os olhos ainda na estrada, tentando dirigir o mais rápido possível, apesar de que eu notava os sinais fechados constantemente.

         Niall me soltou e eu arrastei meu corpo para perto da janela, colocando meus cabelos para fora do banco e torcendo-os mais uma vez, vendo a água cair no chão do carro. Juntei meus joelhos para cima do banco e os abracei, olhando Niall levantando a tábua que tinha atrás do banco traseiro, e colocando a cabeça lá, procurando pela tal blusa.

_ ACHEI! _ele gritou, retirando a cabeça de lá, mostrando uma camisa verde mangas longas. _ É um pouco pequena, mas acho que serve.

         Niall me chamou e eu, ainda um pouco trêmula, cheguei perto dele, com o queixo batendo. Ele disse algo como “vamos trocar isso, ok”, mas eu não conseguia responder à nenhuma de suas perguntas, por mais que eu quisesse. Parecia que eu não mandava no meu corpo. Esperei que ele retirasse meu casaco, jogando para trás do banco, logo depois levantando meus braços para cima, sentindo como era mais difícil retirar uma blusa molhada.

         Não me preocupei com o fato de que havia mais duas pessoas dentro do carro, eu só queria me esquentar um pouco. Niall conseguiu passar a blusa molhada por minha cabeça, jogando para trás, assim como fizera com meu casaco. Então ele me encarou, desviando o seu olhar para um ponto abaixo do meu pescoço.

_ Você se importa? _ele perguntou para mim, e notando a cara confusa que eu exibia, especificou. _ Se importa se eu tirá-lo? _apontou para o sutiã que eu usava. _ Porque se continuar usando-o, ele vai molhar a blusa. _ ele completou.

         Balancei a cabeça de um lado para o outro, mostrando que eu não me importava. Escutei alguma coisa nos bancos da frente, e virei meu rosto até encarar no retrovisor, Maura nos olhando, intrigada. Era óbvio que ela ainda não tinha suspeitado que já tínhamos intimidade demais para nos ver sem roupas, e também não tinha desconfiado que tínhamos feito algo muito maior do que somente ficar nus um na frente do outro.

         Niall olhou a sua volta, encarando o que se passava do lado de fora do carro. Estávamos parados em um sinal vermelho, já que a chuva obrigou à maioria a usar seus carros. Mas eu continuava tremendo, ainda mais por agora estar usando nada menos que um peça intima. Escutei um baixo sussurro de Niall, um “droga” estressado. Consegui finalmente esboçar algum movimento e sentimento, dando um sorriso fraco, ao perceber que ele não queria que ninguém me visse trocando de roupa dentro do carro. Ainda mais quando os carros ao lado eram ocupados por dois homens, pelo o que eu conseguia ver.

         Pior ainda era o fato de que o vidro do carro que estávamos era transparente, então qualquer um podia ver o que acontecia dentro dele. Niall catou novamente minha blusa molhada, me entregando. Estranhei sua atitude, e quase como se lesse meus pensamentos, ele explicou:

_ Quando eu soltar o fecho, você põe isso sobre seus seios, para tampá-los, aí nós fazemos uma mistura de malabarismo com contorcionismo para colocar a blusa, sem nenhuma dessas pessoas te verem, ok?

         Eu sorri como resposta, concordando com a cabeça, sem querer balançando os ombros, com frio. Continuei virada de frente para Niall, sentindo-o aproximar, e passando seus braços por trás das minhas costas. O fecho foi aberto e as alças ficaram penduradas em meus ombros. Niall retirou uma, segurando o bojo do sutiã colado em meu peito para não escorregar e depois repetiu o processo com a outra alça. Eu não liguei para o fato de ele estar me tocando mesmo por cima do sutiã. Eu tinha certeza que ele não queria se aproveitar. Só estava me ajudando. Mas pelo visto, não era o que a mãe de Niall pensava. Maura estava de queixo caído. Quase ri com isso.

         Ouvi uma buzina do lado de fora, e o olhar nervoso de Niall parecia queimar qualquer um vivo. Porque cada um não cuida da sua vida, e nos deixava em paz?

_Agora é a hora. No três. Um, dois, três. _então subi a blusa no mesmo momento em que Niall retirou suas mãos do sutiã. Continuei segurando a blusa molhada, levando arrepios ao meu corpo, enquanto Niall passava a blusa por minha cabeça. Fiz um esforço muito grande para passar o primeiro braço pela manga sem mostrar a parte do meu corpo que Niall queria tanto proteger, e depois o outro, soltando a blusa molhada e sentindo o tecido do algodão seco em contato com minha pele. A blusa não tinha ficado pequena. Na verdade, ficou ideal para mim.

         Vi Niall se movimentar um pouco para frente e erguer o dedo do meio pro carro que estava ao lado do nosso, antes que Maura pisasse no acelerador, quando o sinal ficou verde.

***

         Infelizmente, o trânsito não ajudou muito naquele dia, então demoramos um pouco mais de tempo para chegar em casa. Mesmo com a blusa seca que Niall tinha colocado em mim, não consegui parar de tremer e espirrar. Ele me obrigou a ficar na ponta oposta à dele, para que ele não me molhasse mais do que eu já estava molhada. Assim que o carro parou em frente à porta da casa de Maura, e as duas mulheres abriram suas portas e deram uma pequena corridinha para sair do carro. Quando eu iria fazer o mesmo, Niall me impediu.

_Espere aqui. Eu vou lá dentro e volto pra te buscar com um guarda - chuva. _ele falou, enquanto eu acenava com a cabeça e ele saía correndo para fora do carro.

         Em menos de dois minutos lá estava Niall, abrindo a porta do carro e me chamando. Saí, sendo recebida por uma rajada forte de vento, o que me fez encolher quase imediatamente. Não me apertou junto a si, fechando a porta com uma perna. A chuva vinha lateralmente, acompanhando o vento, então quase não adiantava nada o guarda-chuva. Fomos andando rapidamente até à porta, e logo já estávamos dentro do lugar aconchegante, dez mil vezes mais quente que lá fora.

_ Meu amor, por favor, vá rápido tomar um banho com a água bem quente. _ Fui surpreendida por Maura que já estava com suas mãos em minhas costas, me guiando para a escada que dava acesso ao banheiro.

         Fiz o que ela disse no mesmo instante, ouvindo Niall pedir para que me preparasse algo para beber ou comer. Seus passos estavam logo atrás de mim, passando em seguida na minha frente para abrir a porta do banheiro, como um verdadeiro cavaleiro. Imediatamente fui abaixando a calça jeans que saiu com muita dificuldade, por estar molhada, mas logo ela estava abandonada no meio do banheiro, e a blusa também. Retirei rapidamente o absorvente usado, jogando-o no lixo. Abri o boxe, girando o registro o mínimo que eu podia para a água ficar bem aquecida.

         Joguei-me embaixo da cascata de água fervente, levando um choque térmico por causa da diferença de temperaturas entre meu corpo e a água. Era quente, muito quente, e não aguentei ficar embaixo daquela pequena cachoeira por muito tempo, regulando o registro novamente até uma temperatura no mínimo “aguentável”. Abracei meu corpo, somente deixando a água escorrer. Os espirros já tinham se tornando incontáveis, além das tosses agudas que já estavam fazendo meu abdome doer de tanto contraí-lo.

_ Está tudo bem aí? _virei meu rosto para trás, enxergando somente a cabeça de Niall no batente da porta. Por entre o vapor que subia em direção ao teto do banheiro, notei que os olhos de Niall estavam fechados e sorri involuntariamente com o seu ato.

_Você já tirou sua roupa molhada? _perguntei, pela primeira vez escutando minha voz, depois de ficar um pouco em estado de choque. Vi que ele estava confirmando com a cabeça. _ Então, venha cá. _eu disse baixinho.

_Como? _ele falou, abrindo somente um olho.

_Você também tem que se aquecer. _falei, depois de soltar mais um espirro alto. _ Vem. _chamei mais uma vez.

_Essa proposta é bem difícil de se recusar. _ ele deu um sorriso, mas logo estava caminhando para perto do boxe. _ Quero cuidar de você. Posso? _ele me encarava. Somente meu rosto.

_Pode.

         Ele abriu as portas do cubículo de vidro em que eu estava, e logo entrou dentro do mesmo, fechando a porta novamente para que não entrasse tanto vento frio lá de fora. Eu estava de costas para ele, somente respirando profundamente, esperando qualquer movimento vindo dele. Então, finalmente senti. Seus lábios encostando em meu ombro, doce e lentamente. Seu braço passando por cima da minha cabeça, alcançando o vidro de shampoo. Escutei o liquido saindo na embalagem, caindo na mão de Niall, que gentilmente começou a passar em meus cabelos. A ponta de seus dedos tocavam meu couro cabeludo, fazendo círculos, o que me fez fechar os olhos. Eu adorava que mexessem em meu cabelo. Era bom.

         Entrei novamente embaixo da cascata de água, sentindo a espuma escorrendo por meu corpo. Virei meu corpo devagar, até estar totalmente virada de frente para Niall. Ele também estava esfregando o shampoo em seu cabelo, e agora sorria olhando para mim. Eu sorri de volta, vendo-o acumular um bocado de espuma na mão, e depois bater uma mão contra a outra, espalhando daquela cremosidade branca pelos cantos, inclusive no meu corpo e no dele.

         Rimos, enquanto ele passava por mim, com muito cuidado, para não escorregarmos novamente por causa do chão. Mudamos nossas localizações; enquanto ele estava se enxaguando debaixo do chuveiro, eu erguia minha mão até à pequena prateleira de vidro, alcançando o condicionador. Comecei a passar o creme nas pontas do meu cabelo, sentindo o vapor ficar em volta do meu corpo e depois dissipar para o teto.

         Quando voltei a olhar para gente, encontrei o garoto loiro à minha frente, fitando meu rosto. Fiquei envergonhada, não adiantava negar. E ele, obviamente, percebeu. Ele parecia já ser treinado à perceber quando me deixava constrangida.

_Não estava olhando, se é isso que você está pensando. _ele falou, dando um sorriso torto, fazendo um gesto estranho para meu corpo.

_Eu não disse nada, louco. _falei enquanto penteava meu cabelo usando meus dedos.

_Mas pensou... _ completou baixo, soltando uma risadinha. Eu o acompanhei e não disse nada, porque eu havia mesmo pensado que ele estava olhando. _ Você está melhorando? _ele baixou o tom de voz, chegando um pouco mais perto de mim.

_Não sei... Mas acho que estou um pouco melhor. Só estou espirrando muito. Detesto ficar assim, fungando. _eu respondi, esticando meu braço até encostar meus dedos em seu peito molhado. Ele ainda não retirava seu olhar do meu rosto e, seus olhos ainda transpareciam um pouco de preocupação.

         Cheguei mais perto dele, deslizando minhas mãos para seus ombros. Eu o virei de costas para mim e ele não ofereceu nenhum tipo de resistência. Apertei a embalagem do condicionador na minha mão sentindo o líquido cheiroso depositar sob minha palma, logo depois levantando os braços, passando ambas as mãos em seus fios molhados. Ele ficou quieto, como se gostasse de ter seu cabelo lavado por mim. E era verdade. Assim como ele tinha feito por mim, eu estava fazendo por ele.

         Quando terminei, ele virou-se devagar de frente para mim, com um meio sorriso no rosto que refletiu no meu. Ele passou os braços por volta das minhas costas, enquanto eu fazia o mesmo com ele. Em curtos passos, Niall me conduzia para debaixo da água que caía quente em cima das nossas cabeças, enxaguando o produto que estava em nossos cabelos, enquanto continuávamos abraçados, em silêncio, de olhos fechados, somente sentindo a textura de nossas peles em contato.

_Meu Deus... Chega. _eu falei depois de um minuto de baixo d’água. _Vou afogar aqui. _falei desviando meu pescoço para fora do chuveiro, já que eu tinha um sério problema com “não saber se comportar em um lugar em que respirar e ‘água’ estejam relacionados”.

_Ah... _ele disse de forma arrastada. _Estava tão bom.

_Você não iria achar bom me ver morrendo sufocada e engasgada ao _espirro_ mesmo tempo _outro espirro._ Agora vira pro outro lado. _eu disse sem esperar resposta, mais uma vez o girando de costas para mim.

_Eu não iria olhar. _ele reclamou.

_Prefiro assim. _eu disse enquanto voltava para debaixo do chuveiro juntamente com o sabonete, ensaboando meu corpo todo e dando uma “checada lá em baixo”, nos países sangrentos.

         Ri sem querer com meus pensamentos e Niall ameaçou a virar para ver o motivo da minha risada.

_Nem pense nisso. _estiquei a perna, encostando meu pé na sua bunda branca coberta pela cueca. _Não vira que eu ainda não acabei. _voltei a apoiar os dois pés no chão, ouvindo Niall bufar.

         Terminei de me lavar, passando a mão pela extensão do meu corpo, retirando o excesso de água. Olhei através do vidro embaçado do boxe, vendo que a toalha azul clara estava em cima da pia. Equilibrando meu peso na ponta dos pés, para diminuir o máximo de barulho e o máximo de espaço que meu pé entraria em contato com o chão frio, empurrei o vidro para o lado, passando uma perna, logo depois a outra, pisando por um curto segundo no azulejo gelado, indo para o tapete felpudo que tinha no chão. Peguei a toalha e passei-a em volta do meu corpo, já começando a sentir frio.

         Quando virei meu corpo novamente para frente do boxe, vi que Niall também já não estava mais na posição que eu tinha pedido que ele ficasse – de costas para a parede – mas sim, esfregando o peito e a barriga com o sabonete, enquanto me olhava. Abri a boca para falar algo, mas ele fez isso primeiro:

_Ok, dessa vez eu olhei, me desculpa. Não consegui resistir à tentação. _ele falou rindo.

         Balancei a cabeça em negativa, enquanto ia até um pedaço a pia e pegava uma calcinha, que provavelmente fora Niall que colocara lá. Abaixei rapidamente na gaveta do armário para pegar um absorvente, que eu tinha deixado ali, caso precisasse.  Enquanto eu sentava na tampa do vaso sanitário e colava direito o objeto na calcinha, Niall cantarolava e terminava de se enxaguar. Ele estava de costas para mim e eu só conseguia ver suas costas e sua região traseira, pouco nítida por causa do vapor.

         Levantei a roupa íntima por minhas pernas e arrumei a toalha em meu corpo antes de sair do banheiro da maneira mais rápida que consegui, e ir diretamente para o guarda roupa que Niall tinha separado uma metade para mim. Peguei uma blusa de manga longa de algodão mais grosso e uma calça de moletom cinza, colocando ambas as roupas rapidamente, já que além de espirros constantes, minha garganta estava começando a coçar com a vontade de tossir.

         Enrolei o cabelo na toalha enquanto me direcionava agora para a parte das gavetas de Niall, pegando uma meia dele, já que eu estava com preguiça de me abaixar para achar uma meia que fosse minha. Sentei na beirada da cama, calçando a meia felpuda, verde, que chegou quase até à metade da minha panturrilha e sobrando um três dedos de onde deveriam estar meus dedos dos pés.

_ATCHIM! _mais uma vez espirrei, enquanto tirava a toalha do cabelo para tirar o excesso da umidade.

_Pode colocar outra blusa mais quente, agora, mocinha._ virei meu pescoço, encontrando Niall, já vestido, esfregando a toalha na cabeça.

_Estou bem assim. _ eu falei, prendendo outro espirro na boca, fazendo minha voz ficar um tanto quanto deformada.

_Não está, não. Vá logo, Carol, que eu vou pegar um secador de cabelo.

_Mas... _Não tive a chance de terminar minha frase porque ele saiu do quarto sem me ouvir. _OK. _eu falei para mim mesma.

         Quando levantei para colocar a toalha de volta pendurada no boxe, senti o vento que passava no corredor e na pequena fresta do basculante do banheiro. O ar gelado percorrer cada pedaço do meu corpo, mesmo com as roupas e senti meus pelos arrepiarem. Eu precisava mesmo de mais uma blusa, porque agora estava com mais frio do que antes. Talvez fosse até o frio que estava sentindo fosse psicológico, mas eu já sentia minha garganta doer e não queria arriscar ficar ainda mais gripada. Peguei um pente na gaveta, segurando entre os meus dedos para que pudesse pentear os fios.

         Quando voltei ao quarto fui surpreendida por Niall, que já estava ligando a tomada do secador de cabelo na tomada que tinha perto da sua cama. Ele me olhou, notando o barulho mínimo do meu pé contra o piso de madeira.

_Ainda não colocou uma blusa de frio porquê? _ele falou apontando o aparelho ainda desligado na minha direção.

_Calma aí, senhor apressadinho. Você que voltou rápido demais. E por favor, não atire em mim. Ainda sou nova para morrer. _juntei as mãos como se estivesse rezando, vendo-o balançar a cabeça, negando e soltando uma risada contra sua vontade.

_Vem logo pra cá secar esse cabelo. _ele disse autoritário.

         Eu obedeci, sentindo a umidade já começando a deixar minhas costas geladas, e daqui a pouco minha blusa molharia, por isso fui até ele, me esquecendo de colocar a tal blusa de frio. Estendi a mão para pegar o secador de suas mãos, mas ele o escondeu atrás das costas, me fazendo franzir a testa.

_O que foi?

_Nada. _ele respondeu simplesmente.

_Tá... _eu falei, esticando minha mão novamente, tentando contornar as costas dele, mas Niall se afastou. _Tá legal, chega de brincadeirinhas, Niall.

_Não estou fazendo brincadeira nenhuma. Senta aí, vai. _ele acenou para a cama.

_Porquê? Você vai secar meu cabelo pra mim? _falei rindo, zombando.

_Vou. _ele respondeu curto de novo.

         Fiquei o olhando por um certo tempo, mas aí comecei a fazer uma careta, pois uma nova vontade de espirrar estava vindo, mas eu não conseguia fazer com que ele saísse para fora da minha garganta. Olhei para a luz artificial que vinha da lâmpada, fechando os olhos quando senti o espirro na ponta da minha boca. O barulho que saiu foi alto, juntamente com minha cabeça que balançou para frente enquanto eu colocava a mão no nariz para conferir se não estava saindo nenhuma meleca, afinal, essas coisas acontecem com pessoas da vida normal... só em garotas perfeitas de livros que não aconteciam. Sorte a minha que estava tudo ok com meu nariz avermelhado.

_Carol, sério, senta aí que você não pode ficar com o cabelo molhado senão você vai gripar ainda mais. Por favor. _ele disse, agora fazendo um pequeno beiço, como se aquilo fosse adiantar... puff, claro que não.

_Niall, você não vai saber secar meu cabelo. _eu falei, o rodeando enquanto ele fazia o mesmo, me impedindo de roubar o objeto de suas mãos.

_Claro que eu sei. Como você acha que eu seco o meu cabelo? Colocando-o dentro do secador de roupas que não é.

_Haha, muito engraçado. _ eu o empurrei, mas ele não caiu. _ É bem capaz de você acabar se atrapalhando e o meu cabelo entrar dentro do secador e eu ficar quase careca igual a Sam no “Três espiãs demais”

_O que? _ele falou totalmente confuso.

_ Você nunca viu desenhos, por acaso? _falei quase abismada.

_Claro, mas era do tipo “Pokémon”, “Dragon Ball Z”, “As tartarugas ninjas” e não esses filmes de menininha.

_Talvez seja porque eu era uma menininha? _falei, esbanjando sarcasmo. _Me dá logo isso, oxigenado. _avancei mais uma vez na direção dele. Mas dessa vez, ele conseguiu me enlaçar com um braço, me derrubando meio sentada (ou seria meio deitada) na cama.

_Eu não vou arrancar o seu cabelo, está bem? Ou devo chamar de ninho de passarinho? _ ele disse, logo explodindo em risadas.

_ Para com isso, seu babaca. _ chutei o ar porque Niall se afastou bem na hora em que eu iria chutar um lugar não muito legal. _Não deu tempo de pentear, ok? _falei sentindo meu sorriso lutando para aumentar. Peguei o pente que tinha caído sob os lençóis e quando eu ia começar a penteá-lo, ele tomou-o da minha mão.

_Deixa que eu faço isso. Eu trouxe chocolate quente, mas se você demorar mais, o nome dele estará errado, pois já vai estar frio. _enquanto ele falava, sentia sua mão dividindo meu cabelo mais ou menos na metade, passando o pente desajeitadamente nos fios.

_ AI, tá doendo! Deixa eu pentear. _ ele me entregou o pente e eu fiz o trabalho com muito mais habilidade que ele.

         Niall apertou o botão para o ar quente começar a sair, enquanto eu alcançava a caneca e começava a beber o liquido já morno que tinha por ali. Eu controlava a caneca para que o jeito desastrado de Niall não comprometesse o que tinha lá dentro. Eu estava com frio, mesmo com aquele vento quente batendo em mim toda hora. Meus olhos estavam pesados e meu corpo cansado. Eu queria dormir, definitivamente.

         Niall mexia em meu couro cabeludo, fazendo alguns círculos nele, depois descendo os dedos até chegar nas pontas do cabelo, passando o secador por sua extensão. Não queria dizer nada, pois sabia que ele iria se achar, mas ele estava fazendo aquilo muito bem feito. Ou pelo menos parecia. E o movimento de seus dedos pelo meu cabelo só fazia minha vontade de dormir ainda maior.

Nunca imaginei que algum dia alguém estaria secando o meu cabelo, ainda mais Niall. Era até engraçado pensar que ele estava fazendo isso somente porque estava querendo que eu melhorasse logo e não gastasse mais energias. Na verdade era fofo. Depois de alguns minutos, Niall desligou o secador e eu continuei sentada, segurando a caneca, e olhando para a cabeceira da cama. Eu estava parecendo um zumbi.

_Já acabei. _ele disse, como se eu não tivesse reparado nesse detalhe.

_ Eu sei. _falei, ainda encarando a parede, sentindo a saliva doer ao descer pela garganta.

_Não vai ver se está bom? _vi ele passando por mim, deixando o aparelho azul marinho em cima do criado mudo.

_ Eu não. Sei lá, vai que eu estou careca, ou metade do meu cabelo está pegando fogo ou se não estou parecendo uma bruxa que levou um choque. _falei séria, somente movimentado meus olhos para ele.

_ Nossa. _ele riu balançando a cabeça. _ Acho que isso aqui continua sendo seu cabelo. _ele andou até mim, segurando uma mecha do meu cabelo a passando-a em minhas bochechas.

_ Está bom o cabelo, eu não vou sair de casa. Você me ver feia já se tornou um hábito, então espero que já esteja acostumado o bastante pra me ver descabelada. _falei suspirando e esticando meu braço, entregando a caneca vazia para ele.

_ Você está bonita. _ele disse baixinho.

_ Não precisa ficar mentindo só pra me deixar melhor. _eu falei, vendo somente sua barriga se aproximando, por estar de cabeça baixa.

         E então, seu corpo estava sob o meu, seus braços abraçando minhas costas enquanto caíamos os dois de costas na cama, deitados. Ele saiu de cima de mim, deitando ao meu lado, mas ainda continuava com o braço por cima da minha cintura, me abraçando. Abri meus olhos devagar, encontrando os de Niall devidamente fechados. Seu rosto era tão redondinho e seu pequeno sorriso enviesado nos lábios, juntamente com seus cílios pequenos e a covinha no queixo.

         Niall era absoluta e estupidamente bonito e adorável. E eu só conseguia ficar encarando os traços de seu rosto, sentindo meus olhos lacrimejarem, sem exatamente saber o porquê. Eu devo ser louca mesma, só pode.

_ O que foi? _ mal reparei que ele tinha aberto os olhos e agora estava me encarando.

_Não sei. _respondi, rindo de mim mesma, sentindo meus olhos arderem. _ Acho melhor você me levar no médico.

_ Porque? Você está passando mal? Está se sentindo bem? _ele se apoiou nos cotovelos e continuar a me olhar.

_ Eu sou maluca, acho que isso é motivo suficiente. _falei quase estridente, se não fosse pela minha garganta que me impedia de fazer isso.

         Niall sorriu agora mais despreocupado por perceber que eu estava brincando e deitou a cabeça o mais perto do meu pescoço, suspirando por lá, deixando o ar bater ali e voltar quente na direção do próprio rosto.

_ Você está um pouco quente. _ele falou com a boca colada em minha pele. _ Acho que você está com febre. _ele afastou-se e me olhou novamente, colocando a mão na minha testa. _ Eu vou perguntar pra minha mãe se ela tem algum remédio e pegar um cobertor bem quentinho. Não saia daí. _ ele falou, dando um rápido selinho na minha bochecha e saindo do quarto.

         Me rastejei para colocar minha cabeça no travesseiro e fechei meus olhos enquanto Niall não chegava. Fiquei assim pelo o que pareceram poucos minutos, pois quando abri os olhos ele já estava de volta ao quarto, com um bandeja de plástico com pés em cima da cama e um prato de sopa em suas mãos. Olhei para ele, sem falar nada e ele ergueu as sobrancelhas.

_ Vamos lá, baby, você tem que comer alguma coisa. _ele falou, largando o prato também em cima do criado mudo, me ajudando a sentar, mesmo que eu não precisasse de ajuda para isso. _ Prometo que essa sopa não são iguais àquelas horríveis de hospitais.

_ Não quero, Niall... _eu falei baixo, vendo como ele já colocava os pezinhos da bandeja apoiado no colchão, por cima das minhas pernas esticadas.

_Quer que eu te dê na boca? _ele disse sério.

_ Não. _eu ri, reparando que ele estava mesmo falando a verdade ao propor aquilo. _ Eu não estou a fim de comer nada.

_Ah, por favor, só uma colherada. _ ele disse se sentando na beirada da cama e já enchendo a colher com o liquido que soltava fumaça pela alta temperatura.

         Não tive ao menos tempo para protestar, já que ele levava a colher em direção à minha boca e eu a abri para pelo menos não cair na minha roupa e me sujar. Realmente a sopa estava boa, mas minha garganta doía e eu não tinha fome. Entretanto, aceitei que Niall me desse comida na boca, somente mais umas seis colheradas, e depois parasse. Ele assentiu meio contrariado, mas logo entendeu que eu já tinha tomado mais do que a metade e já tinha sido mais que um caminho andado.

_ Agora tome esse remédio que vai te fazer sentir melhor. _ele me entregou uma cartela com uns comprimidos brancos e um copo de água. Saiu do quarto levando a bandeja e o restante da sopa para a cozinha enquanto eu tomava o remédio que eu rezava que adiantasse mesmo em me fazer melhor.

         Ele voltou ao quarto e perguntou se eu tinha mesmo tomado a medicação. Eu confirmei com a cabeça fechando os olhos de sono, entretanto, não estava dormindo. Niall estava mexendo no banheiro, e eu só sabia disso pois estava escutando vez ou outra seu corpo batendo sem querer no boxe de vidro fazendo barulho. Continuei daquele jeito, de olhos fechados somente escutando o que estava no quarto e no banheiro até que o ambiente ficou mais silencioso.

_ O que é isso, Carol? _sua voz saiu sobressaltada o que me fez abrir os olhos imediatamente.

         Encontrei Niall parado na porta, com uma carranca na testa, mostrando um pedaço de papel todo amassado e um pouco molhado na minha direção. Eu me apoiei nos cotovelos e forcei minha visão a enxergar o que estava escrito, mas não consegui, portanto fiz a pergunta mais óbvia para aquele momento:

_O que é isso? _imitei sua pergunta, com os olhos estreitos.

_ Quem é Bryan? _ele perguntou ligeiro, caminhando em minha direção e soltando o papel em cima de mim. Peguei aquele pedaço de papel onde estava escrito em letras quase ilegíveis: Bryan e um número de celular.

_ Eu não s... _minha voz sumiu e depois minha boca se abriu. _ Ai meu Deus... _tapei minha boca com o espanto que eu senti. Peguei aquele papel e o amassei, arremessando para fora da cama e me deitando na cama puxando o cobertor que Niall tinha trago para perto de mim.

_ Você o conhece? _Niall falou, desconfiado e sua cara não era muito boa.

_ Eu não te contei... _falei quase para mim mesma. _... sobre ele...

_ Quem é ele, Caroline?

         Olhei para Niall meio triste, pois sabia que quando ele me chamava pelo nome e não pelo apelido, era resultado de que estava bravo. Não é possível que ele estava pensando que..

_ Olha, Niall, não é o que você está pensando. Na verdade, é horrível. Ele é horrível. Era algo que eu queria tanto esquecer que não lembrei de te encontrar na hora que você me encontrou toda molhada e desesperada no meio daquele temporal. _ falei agarrando mais firme o cobertor, ainda encarando Niall, vendo seus olhos mudarem repentinamente de bravo para confuso e preocupado.

_ Quem é esse cara? O que ele fez com você? _ ele andou até mim, caindo de joelhos no chão.

_ Eu não sei quem ele é, muito menos detalhes sobre ele. Quando eu dei aquele ataque de TPM  e saí com raiva de perto de você, fui pra um banco mais afastado, só que eu já estava arrependida de ter brigado com você, então eu comecei a chorar, ainda mais quando notei que você não tinha vindo atrás de mim, não ligando para mim...

_Eu estava sim. Eu tinha ido comprar mais um pacote de pipoca para você e ainda por cima, de sobremesa, um algodão doce, só que a fila estava grande e eu já tinha te perdido de vista, não sabia pra onde você tinha ido. Eu me preocupei sim. Meu Deus, o que houve? _ de repente sua voz começou a ficar mais rápida e sua mão agarrou a minha.

_ Esse garoto me encontrou no banco chorando, e aí ele sentou e sabe... ele tentou me beijar, mas eu não quis. Eu estava indo embora só que...

_Não, não, por favor. _ele falou e fechou os olhos, apertando minha mão. _ Me desculpa, eu não queria ter te deixado ir, eu só queria te animar e mimar com algodão doce.

_ Não, Niall. _eu sorri sem querer, e ele abriu os olhos. _ Sabe aqueles filmes horríveis de luta e zumbi que você praticamente me obrigou a assistir esses dias? _ ele somente confirmou com a cabeça, com os olhos expressando confusão. _ Acho que eles serviram para alguma coisa.

_Como assim? Do que você está falando?

_Quando aquele menino me viu querendo fugir, tentou me levar pra longe e fazer sei lá o que. Ele estava meio drogado, dava pra perceber. Ele não era ruim, parecia só querer um pouco de amor, talvez ajuda. Mas só que, ele começou a forçar a barra, e querer me obrigar a fazer coisas, então começou a me agarrar. Mas aí eu chutei ele, . E em outros lugares também, porque não tinha ninguém perto e eu tinha que me defender. Aí, ele caiu no chão e eu fugi na chuva. Mas eu ainda estava muito assustada por talvez eu não conseguir sair de lá e ele fazer alguma coisa comigo. Só que você me encontrou, na chuva, chorando.

_ Espera, você bateu nele? _ele perguntou incrédulo. _ SÉRIO? _ concordei meio envergonhada. _ Minha garota. _então ele passou os braços por cima de mim, me abraçando meio desajeitado pela nossa posição.

          E lá estava eu, chorando por nada, de novo. Eu detestava mesmo ficar em período menstrual, porque eu simplesmente ficava sensível e meus sentimentos uma confusão tremenda. Niall devia me achar louca. Será que as ex namoradas dele também eram assim, ou viviam super bem com sangue escorrendo da vagina delas? Porque senão, eu iria pedir conselhos de como ficar bem também.

_ Deita aqui comigo. _falei segurando em sua camisa. _ Por favor. Deixa o que você estava fazendo pra lá.

_ Eu estava catando as nossas roupas molhadas do banheiro. _ele disse baixinho no meu pescoço. _ Aí, achei o bilhete no bolso da sua calça.

_ Você vai deitar comigo, não vai? _ mudei de assunto, apertando sua camisa entre meus dedos um pouco mais possessiva.

_Você vai se sentir melhor se eu me deitar aí com você?

_ Vou.

_ Então eu me deito com você. _ ele sorriu enviesado.

         Ele deu a volta na cama, tirando os chinelos e deitando as costas no colchão, ao meu lado. Virei para o seu lado, sentindo seu braço envolver minha cintura enquanto eu colocava minha mão em seu peito, sentindo minha mão - em uma temperatura muito mais quente do que normalmente é (como um morto vivo)- encostando em sua blusa meio gelada.

         Senti nossos pés se enroscando um no outro, enquanto eu apreciava a textura de seus dedos na pele da lateral da minha barriga. Era bom, já que a ponta deles estava gelados em contraste com minha pele meio febril, o que aliviava o calor. Mas mesmo assim, era estranho, que ao mesmo tempo eu sentia frio. Quando disse isso a ele, no pé do ouvido, bem baixinho, ele disse rindo de leve que era normal, que a febre já estava “querendo ir embora”. Fechei os olhos, abraçada a ele, sentindo seu peito subir e descer com a respiração.

_ Você está melhor comigo deitado aqui? _ele perguntou depois de todo esse tempo.

_ Muito, Niall. Muito. _respondi sincera, como se a presença dele fosse essencial para me fazer sentir melhor, o que não era uma mentira. Fiz um carinho de leve em sua bochecha, ainda de olhos fechados. Ele sussurrou meu nome e eu somente murmurei algo parecido com “hmm”.

_ Se eu lhe desse um beijo, estaria me aproveitando do momento para abusar de você enquanto você está nessa lerdeza febril? _ ele falou, e ri baixinho quando meus dedos se chocaram contra seus lábios, já que eu continuava fazendo carinho em seu rosto.

         Segurei sua bochecha, apertando-a com os meus dedos, e o beicinho que ele fez foi perfeito para que um selinho demorado fosse depositado ali.

_ Isso responde à sua pergunta?

         Ele deu um meio sorriso e voltou a apertar minha cintura, com os lábios colados nos meus, em um beijo lento. Continuamos assim por mais um tempo, fazendo pequenas caricias até que ouvimos passos no corredor. Soltei sua nuca, virando o rosto para ver quem era.

_ Desculpa atrapalhar, mas é que, eu estava pensando... amanhã vocês vão embora e talvez nós pudéssemos, sei lá... _Maura disse sem graça, com os olhos azuis pequenos e pareciam marejar. _ Vou sentir saudade de vocês e, Carol, meu doce, eu quero que você volte. Se o Niall não te fizer feliz, ele vai se ver comigo...

_ Venha cá, Maura. _ eu disse, comovida, ainda com mais vontade de chorar. Já não bastava estar chorando por nada, vinha a mãe de Niall para acabar com meus sentimentos.

         Ela foi, secando uma lágrima, e eu empurrei Niall para o lado oposto da cama, para que assim Maura pudesse deitar entre nós dois. Passamos um tempo assim, os três abraçados, Maura servindo naquele momento como mãe de Niall e também minha.

_ Já sinto falta de vocês... _ ela disse olhando o teto e fazendo carinho na minha mãe e na de Niall, já estávamos com a mão entrelaçada em cima de barriga dela.

_ Eu também mãe, vou sentir muitas saudades sua. _ percebi que a voz de Niall estava alterada. Ele parecia estar chorando. Eu o entendia. Sabia como era ficar assim um pouco mais longe dos pais, ainda mais quando eles eram tão ligados. _ Estamos parecendo duas mulherzinhas chorando, mãe.

_ Só você, então, meu filho, só você. Porque mulher eu sou, mas não nesse tom pejorativo como você está falando. _ Maura comentou rindo e eu a acompanhei.

_ Eu amo vocês dois. _ falei de repente atraindo a atenção de ambos. Vi o rosto de Niall surgindo atrás de Maura e me mostrando o maior de seu estoque de sorrisos.

         Mal percebi quando Maura usou uma força desconhecida por mim, e ajudou Niall a me passar por cima dela e ficar, agora, no meio deles, sendo embalada como uma criança, os dois me abraçando ao mesmo tempo, e um não sentia um sufoco apertado tão bom quanto aquele há um bom tempo. E eles não soltaram, e eu acho que acabamos por dormir assim, porque eles diem “boa noite” e eu desejo, mais do que nunca, saber como guardar momentos assim e revisitá-los na memória para sempre.

Porque isto.

Isto é tudo.


Notas Finais


Então, vocês viram que eu demorei séculos e mais séculos pra não escrever nada demais, nem aqueles safadezas que eu sei que vocês gostam né, tô sabendo hein. Tô de olho. Mas é necessário.

Eu espero mesmo que agora com esse fim de ano eu consiga ganhar um pouco mais de rapidez nas mãos e na mente pra escrever mais rápido. Me desculpem por demorar tanto e recompensar com um capítulo que talvez não esteja tão bom quando outros.

Um beijo na testa porque... não tenho uma rima, droga.

Enfim, até mais minhas doçuras. Eu amo muito muito muito vocês, mesmo que isso pareça não ser verdade. Mas eu amo mesmo. Vocês são todos os motivos que me fazem sorrir, e eu amo vocês.
Acho que já disse isso.

Muito obrigada por me suportarem até hoje e por aguentarem a lerdeza do meu ser.
Tchamo! <3


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