Manuel acordou cedo e observou o sono tranquilo de Tayla ao seu lado na cama. Levantou-se indo até a varanda, vendo as ondas se quebrarem na praia.
Manuel tentava memorizar o tempo feliz que tinha vivido com a namorada naquele lugar, com medo de que a bolha de felicidade na qual ambos pareciam estar, desfazer-se.
— Manu? - chamou Tayla, da cama, ainda de olhos fechados, ao não sentir o corpo pesado de Manuel ao seu lado.
— Estou aqui, amor. - respondeu o loiro sorrindo, e voltando para dentro do quarto, percebendo que a namorada tentava ao máximo cobrir o corpo nu.
— Aconteceu alguma coisa? - perguntou Tayla, estranhando o fato do loiro estar acordado bem cedo.
— Amor, eu tenho que voltar hoje para a Alemanha... - disse Manuel, com um tom pesaroso. Pela primeira vez em sua vida, não estava ansioso para voltar para casa.
— Eu perdi as contas dos dias, me desculpe. - disse Tayla, fazendo uma careta.
— Fico feliz que tenha relaxado um pouco, você estava precisando. - disse ele, acariciando as costas nuas de Tayla, notando os pelos eriçados da ruiva.
— Você vai para a Alemanha e eu vou para os Estados Unidos - iniciou a ruiva — Mas queria mesmo era ficar aqui, com você. - completou ela, fazendo círculos nos ombros de Manuel.
— Vamos fazer isso funcionar! - disse o loiro, com falsa empolgação, fazendo a namorada abrir um sorriso largo.
(...)
— Vou ficar com saudades de você. - disse Tayla, enquanto ambos aguardavam na sala especial do aeroporto.
— Eu odeio me despedir de pessoas que amo. - respondeu Manuel, com um bico.
— Não acho que isso seja uma despedida, Manu. - argumentou Tayla — Você só bastava dizer que sentiria minha falta também. - rebateu a ruiva, abusada.
— Mas é claro que vou sentir saudades de você, amor! - justificou-se o loiro — Quando eu for dormir hoje e me der conta de que você não está lá comigo, provavelmente vou choramingar com você ao telefone. - sussurrou ele, fazendo-a sorrir.
— Credo Manu! - repreendeu Tayla, fazendo-o cair na gargalhada.
— Você sabe que eu vou choramingar e ficar questionando o por quê de você ter ido para os Estados Unidos, mesmo sabendo da resposta... - disse ele, dando de ombros.
O voo de Manuel foi chamado pela primeira e Tayla encarou os olhos azuis de Manuel, que prenderam-se aos seus por alguns poucos segundos.
— Eu te amo, Manu. - disse a ruiva, rendendo-se ao momento, enquanto tentava não chorar.
— Eu amo você, Tay. - disse o loiro, com um sorriso largo, envolvendo o corpo da namorada num abraço, enquanto ela acariciava os cabelos dele.
Manuel procurou os lábios de Tayla, e colou aos seus, iniciando um beijo lento, que logo tornou-se molhado, pelas lágrimas silenciosas de ambos.
— Você precisa ir. - disse a ruiva, ao ouvir a última chamada para o voo de Berlim.
— Eu sei. - disse ele, tristonho.
— Você precisa ir para casa! - disse Tayla, arrumando os botões da camisa que ele usava.
— Minha casa é onde você estiver, Tayla - disse Manuel — Você é a minha casa agora. - respondeu ele, enquanto Tayla beijou seus lábios e o empurrou em direção à porta.
Manuel havia abalado o já tão fragilizado psicológico de Tayla, e ela nunca quis nada no mundo, como queria voltar para os braços fortes dele.
Mas ela sabia que não podia. Não era somente de amor e carícias que a vida era feita, e ela nem considerava uma vida na qual ela dependia de alguém para viver.
Mas Tayla sabia que, infelizmente ou felizmente, dependia do amor de Manuel para seguir em frente.
(...)
— Você está atrasada! - repreendeu June, ao vê-la na porta do desembarque, com uma mala ao seu lado e uma bolsa ao seu lado.
— Feliz ano novo pra você também, June! - disse Tayla, irônica e June revirou os olhos.
— Desculpe, força do hábito. - pediu June, enquanto as duas se dirigiam para o táxi que as aguardava em uma das saídas do aeroporto.
Tayla cumprimentou o homem mais velho e fez questão de colocar sua mala no porta-malas do carro, já que julgou ser desnecessário deixar aquilo para um senhor de idade fazer.
— Então, você tem que ter cuidado na conotação das perguntas deles, você sabe... - iniciou June, enquanto mexia freneticamente em seu iPad.
— June, você está me dizendo, de modo implícito, para eu segurar minha língua venenosa na boca? - perguntou Tayla, estreitando os olhos, quando a mulher loira a encarou com um sorriso cínico.
— Eu sei como é o seu temperamento e sei que você tenta ser agradável sempre, mas é só por precaução. - justificou ela.
— June, posso te pedir um favor? - perguntou Tayla, conferindo se a conversa das duas estava mesmo sendo privada.
— Claro! - respondeu June.
— Manu e eu decidimos tentar construir uma família - começou Tayla, fazendo June abrir um sorriso — E eu preciso saber se realmente eu sou estéril. - continuou ela, e o sorriso largo de June foi murchando aos poucos.
— Você quer que eu marque os exames e o médico? - perguntou ela, ansiosa.
— Exatamente. - confirmou Tayla — O mais rápido possível! - acrescentou, sentindo seu celular vibrar dentro da bolsa, sorrindo ao ler o nome de Manuel.
— Oi Manu! - disse Tayla, em alemão e ouviu a risada abafada do namorado do outro lado da linha.
— Você fica sexy falando alemão! - disse ele, em inglês, temendo que ela não compreende-se o que ele dizia em alemão.
— A viagem foi tranquila? - perguntou ela, ignorando o comentário tendencioso do namorado.
— Foi, viajei sozinho na primeira classe - respondeu ele — Fiz questão de sentar em todas as poltronas para passar o tempo.
— Que infantil, Manu. - disse a ruiva, enquanto June escutava quase tudo ao seu lado.
— Eu já estou com saudades de você. - disse ele, com a voz embargada.
— Você não vai chorar, vai? - perguntou Tayla, sentindo seu coração apertado.
— Amor, e se você achar alguém melhor que eu por aí? - questionou ele, inseguro.
— Eu vivi a vida toda nesse mundo e nunca encontrei ninguém como você - respondeu ela — Seu amor me basta, Manu. - disse ela, que ouviu a respiração pesada do loiro no outro lado da linha.
— Loki está com saudades e engravidou a cadela do Thomas... - disse ele, mudando de assunto.
— Que safado esse nosso filho, amor! - respondeu Tayla, rindo.
— Seremos avós! - berrou Manuel - Estou procurado os fios brancos no meio dos cabelos loiros.
— Manu, eu tenho que ir, acabei de chegar no estúdio para gravar e... - começou ela, sendo cortada por ele.
— Desculpa por atrapalhar, Tay. - pediu ele — Não sabia que estava ocupada. - justificou-se.
— Manu, eu não estava ocupada, é que tem alguns fãs na porta e eu vou atendê-los. - rebateu ela — Você anda muito sentido, amor. - reclamou ela.
— Eu só não quero atrapalhar você - disse ele — E eu adoro quando você me chama de amor. - completou, fazendo-a rir.
— Eu tenho que ir, amo você. - disse a ruiva, ouvindo a resposta de Manuel e encerrando a chamada.
— Você está caidinha pelo alemão... - comentou June, com um sorriso presunçoso nos lábios.
— Nossa, demorou isso tudo para você perceber? - quis saber Tayla, revirando os olhos, colocando os óculos escuros, para a prevenção contra os flashes.
— Pronta para enfrentar a Ellen DeGeneres? - perguntou June, quando ambas deixavam o táxi.
— Se eu fingir um passamento, você me ajuda a fugir daqui? - perguntou Tayla, lembrando-se da última vez que tinha ido ao The Ellen Show, para divulgação da série.
— Da última vez ela te fez passar trotes, não foi? - perguntou June.
— Sim, aposto que dessa vez será bem pior. - disse Tayla, mordendo o lábio, entregando suas malas para um dos rapazes que as aguardava e foi em direção aos fãs que gritavam seu nome.
— Hey, qual é o seu nome? - perguntou a ruiva, dirigindo-se a uma das meninas que estavam enlouquecidas.
— Maya! - respondeu a menina, tremendo as mãos, estendendo o telefone na direção de Tayla, que sorriu e tirou uma selfie com ela, abraçando-a em seguida, da maneira que pode, uma vez que tinham colocado algumas grades por ali. E fez isso, até que todos tivesse sua foto, ou autógrafo, e acenou para eles, adentrando o local, algumas horas depois.
— Pra quê meet & great, né Tayla? - comentou June, arrastando a ruiva para seu camarim.
— Vou tomar um banho rápido e já vou para a maquiagem, mas ainda não sei o que vestir. - disse Tayla, pensativa.
— Eu já providenciei isso, lesada. - respondeu a loira, e Tayla agradeceu, abrindo sua mala e pegando seus produtos de higiene, para espantar o cansaço com um bom banho de água fria.
(...)
— A nossa convidada de hoje é a mulher que mais pegou homem bonito nas telinhas, com vocês, Tayla Herrera! - dizia Ellen, sorrindo ao ver Tayla ruborizar na frente das câmeras ao entrar no studio, e toda a plateia ir a loucura.
— Boa noite! - disse Tayla, acenando para a plateia, em seguida cumprimentando Ellen e depois Tom Hiddleston, que já estava lá.
— Então, como é carregar esse título? - perguntou Ellen, quando Tayla acomodou-se ao lado do colega de elenco.
— Que título? - questionou a ruiva, ruborizando em seguida, depois que Hiddles gargalhou ao seu lado.
— Você já beijou tanto homem bonito, a maioria do universo teria inveja de você só por isso! - disse ela, deixando Tayla sem graça.
— As pessoas me pagam para isso, mas é tudo muito técnico... - justificou Tayla, tentando parecer tranquila — Agora me sinto meio usada... - refletiu ela, fazendo a plateia rir.
— O Hiddleston estava revelando uma pequena parte do roteiro do filme, mas você atrapalhou tudo e agora não sabemos o que vai acontecer mais adiante... - começou Ellen com um bico nos lábios, fazendo Tayla rir — Pelo que sabemos, se trata de um romance, então já sei que podemos esperar algo mais ousado e sombrio, conhecendo o Tim, mas o que você acha disso? - quis saber Ellen, e Hiddles rapidamente concentrou sua atenção no rosto de Tayla.
— Eu nunca trabalhei com o Tim, mas sou uma grande fã da maneira que ele retrata suas personagens nos filmes - começou Tayla — Pelo pouco que sei, o filme vai ser, realmente, um pouco ousado, pois a história remete a isso, mas nada que a gente possa lidar... - completou ela — Espero bons frutos desse filme.
— Todos nós estamos ansiosos para saber quem de vocês vai ficar nu primeiro! - berrou Ellen, fazendo Hiddleston e Tayla se engasgarem.
— Vocês só pensam em nudes, né? - argumentou Hiddles, e Tayla riu.
— Vamos falar da vida pessoa da Mary Jane, já que a do Hiddles a gente falou mais cedo. - avisou Ellen, e Tayla arregalou os olhos.
— De onde você tirou isso de Mary Jane? - perguntou Tayla, sentindo suas bochechas arderem.
— Eu tenho minhas fontes... - disse Ellen, fazendo suspense — Nossa equipe é ótima no stalker. - justificou ela e Tayla sorriu.
— Só o Manu me chama assim... - respondeu a ruiva, com um sorriso bobo.
— Perfeito, estávamos ávidos por saber sobre Manuel Neuer! - comemorou a loira.
— O Tobey Maguire 2.0? - perguntou Tayla, levando todos a gargalhadas.
— Quem faz as perguntas sou eu, Tayla! - repreendeu Ellen — O Tobey é o Homem-Aranha e você é a Mary Jane dele, né? - perguntou a loira, entendendo a referência.
— Sim, nós adoramos super-heróis... - justificou Tayla.
— Você gosta do Loki? - perguntou Tom, interessado no assunto.
— Claro, o nome do cachorro do Manuel é Loki! - disse ela, animada.
— Eu não sei se fico honrado ou arrasado por um deus como Loki é estar sendo comparado a um cachorro... - disse Tom, fazendo todos rirem, inclusive Tayla.
— Nós adoramos o seu trabalho, Tom! - disse Tayla, com um sorriso.
— Quais são seus planos para o futuro? - perguntou Ellen — Me refiro a vida pessoal, porque sei que você é meio viciada em trabalho... - disse ela, fazendo Tayla corar.
— Na verdade, eu não sei ainda, não gosto de pensar muito sobre o futuro. - respondeu ela.
— Você é bem fechada e discreta na sua vida pessoal, mas recentemente saíram boatos que você havia casado. Você é a Senhora Neuer agora? - perguntou a loira, sempre tendenciosa e Tayla riu.
— A única senhora Neuer que eu conheço é a minha sogra! - respondeu Tayla, com um sorriso largo — Não gente, eu nem sabia desse boato, mas de qualquer forma, a gente não casou. - esclareceu ela, deixando a plateia com um muxoxo.
— Nós temos as fotos da campanha beneficente, da qual o Manuel participou, e ele ficou com o mês de Abril no calendário, você já viu? - perguntou Ellen e Tayla franziu a testa.
— Eu não tive a oportunidade de ver ainda, deve ser porque eu nem sabia que tinha esse calendário... - disse Tayla, com um sorriso irônico.
— Se eu fosse seu namorado, estaria com medo de você agora. - disse Hiddles, ao perceber a ironia da ruiva.
Ellen abriu a página do mês de Abril e mostrou para Tayla, que cobriu a boca com as mãos, em choque, e em seguida as fotos foram expostas no telão para a plateia. No mês de Abril, Manuel vestia apenas uma calça de um terno, enquanto descia a camisa social branca pelas suas costas definidas.
A campanha beneficente era para arrecadar valores para fundações dos refugiados da Síria, e no mês de Janeiro, Giroud vestia apenas uma cueca, e terminava em Dezembro com Lewandoski vestido completamente num terno da Gucci.
— Acho que o Manu teria ficado bem no mês de Janeiro. - concluiu Tayla, depois de conferir todas as fotos.
— Com toda a certeza do mundo! - concordou Ellen, e Hiddles riu.
— Eu preciso frequentar a academia. - disse Hiddles, ao ver as fotos e todos os jogadores estavam em forma e bem definidos.
— Eu também, a cintura do Manuel é mais fina que a minha! - disse Tayla, fazendo todos rirem.
— Como é de praxe, você tem que passar algum trote hoje - começou Ellen enquanto Tayla fazia uma careta — Mas hoje, a gente escolheu o Neuer para ser a vítima. - disse ela, com um sorriso malicioso.
— Ele vai reconhecer minha voz! - justificou-se Tayla, revirando os olhos.
— Você não precisa esconder que é você, você só tem que inventar algo que mexa com o psicológico dele! - explicou Ellen, enquanto um dos auxiliares de palco entregava para Tayla o seu iPhone.
— Eu to bem nervosa, confesso. - disse Tayla, enquanto o seu telefone era conectado aos cabos do microfone, e discava o número de Manuel.
— Oi amor! - respondeu Manuel com a voz sonolenta e rouca pelo sono, atendendo no segundo toque e toda a plateia se derreteu.
— Manu, desculpa por te ligar tão tarde, mas eu preciso te dizer uma coisa. - disse Tayla, entrando, por fim, na brincadeira e assumindo o papel de protagonista.
— O que você tem para me dizer de tão urgente? - perguntou o loiro, apreensivo.
— Eu não vou voltar para a Alemanha. - disse ela, jogando um balde de gelo em Manuel, que ficou em silêncio por alguns segundos.
— Como assim? Eu não estou entendendo! - disse ele, depois de absorver a notícia.
— Manu, eu fui escalada para trabalhar em um documentário na África do Sul, e eu não posso recusar o papel. - explicou ela, e Manuel perdeu a paciência.
— Por quanto tempo será isso? - questionou, irritado.
— No mínimo, dois anos. - respondeu ela, tranquila.
— Que porra é essa Tayla? - berrou Manuel, indignado.
— Manu, calma. - pediu ela — Eu só liguei pra te avisar que...
— Você está terminando comigo agora? - gritou ele — Justo quando a gente tinha feito planos? - perguntou Manuel, nervoso.
— Amor, são dois anos. - disse ela — Nem é tanto tempo assim! - explicou Tayla, com uma paciência infinita, enquanto a plateia se segurava para não rir.
— Tayla, eu não consigo ficar longe de você por tanto tempo. - disse ele, derrotado, e soltou um soluço pela garganta.
— Hey, Manuel Neuer? - perguntou Ellen, liberando a chamada de vídeo que ele insistia em fazer e Tayla sempre recusando.
— O que é isso? - perguntou eles, transtornado, enquanto Tayla fazia um bico com os lábios.
— Isso era só um trote, e você foi a nossa vítima. - explicou Ellen.
— Adianto que odiei essa brincadeira. - disse Tayla, e Manuel estreitou os olhos para ela.
— Então você não vai embora, né? - perguntou ele, para confirmar.
— Ela não vai, ela vai voltar para a Alemanha o mais rápido que conseguir. - disse Ellen, e todos riram.
— Eu não conseguiria ficar longe dessa mulher por tanto tempo... - disse ele, deixando Tayla extremamente sem graça e Tom gargalhou ao lado dela.
— O nome do seu cachorro é Loki? - perguntou Hiddles e foi a vez de Manuel ficar sem graça.
— Que bocão, Tayla! - repreendeu ele — É sim. - admitiu ele.
— Quando vocês planejam casar? - perguntou Ellen, tomando as rédeas da bagunça que tinha virado aquele programa.
— Na verdade, ela me enxota o tempo todo. - disse ele, acusando Tayla.
— Mas eu sou muito nova para pensar em casamento! - justificou-se a ruiva, dando de ombros.
— Então quer dizer que você só não está casada porque não quer? - perguntou Tom, chocado.
— Exatamente! - respondeu Manuel — Ela me deu um fora da última vez que falei sobre isso. - disse ele, e todo mundo a encarou.
— Desde quando você é o entrevistado aqui? - perguntou ela, ácida — Vai dormir que você tem treino amanhã cedo. - disse ela, levando todos as gargalhadas, inclusive Manuel.
— Essa é a primeira vez que eu sou a figurante no meu próprio programa! - disse Ellen, fazendo todos rirem mais uma vez — Isso é inadmissível! - completou ela, desejando uma boa noite, dando um adeus à Manuel e chamando os comerciais.
Finalmente tinha chegado ao fim e Tayla respirou tranquila.
— Ele realmente ama você. - disse Ellen, com um sorriso largo, e Tayla corou, concordando — Não sei quem tem mais sorte, você ou ele! - disse ela, com um sorriso presunçoso.
(...)
Duas semanas depois
Tayla estava gravando em Londres algumas cenas do seu novo filme, com Tom Hiddleston, e não via Manuel há quase um mês.
Manuel estava em Manchester para um dos jogos da Champions League, mas Tayla estava presa em Londres e não pode visitá-lo.
Pelo menos, era o que ele achava, enquanto a ruiva, que estava com os cabelos platinados temporariamente por conta do seu novo papel, tentava relaxar durante a viagem de trem até a cidade de Manchester.
Naquela mesma semana descobrira que suas possibilidades de ter filhos eram bastante reduzidas, mas só de tê-las, já estava feliz.
Tayla vestia um sobretudo preto, por baixo da camiseta de Manuel da Seleção Alemã que vestia, é uma saia rodada também preta, com seu tênis branco da adidas.
Nos olhos carregava apenas o seu delineador costumeiro e nos lábios o vivo batom vermelho.
— A senhora não tem autorização para subir, me perdoe. - disse a recepcionista, sem reconhecer Tayla com o novo visual.
— Tudo bem. - disse Tayla — Obrigada. - continuou ela, e deixou o hotel, num táxi, rumando para o estádio onde seria o jogo.
A sua ideia inicial era surpreender Manuel no jogo, mas acabou chegando mais cedo em Manchester e queria vê-lo no hotel, mas como foi impedida, resolveu seguir a sua primeira ideia.
Desceu do táxi, foi até um dos seguranças e pediu para que ele lhe informasse onde ela poderia assistir ao jogo, já que não tinha comprado ingressos antecipados e não tinha Manuel para lhe colocar lá dentro como convidada. O segurança pediu algumas informações a ela, que ao dizê-las, o homem forte a encarou embasbacado e logo a guiou para a tribuna de honra do estádio.
Tayla chamava aquilo de "Privilégio da Fama".
(...)
Manuel entrou em campo afoito, mal podia se conter com o seu nervosismo e para piorar, todos os caras do time estavam lhe zoando por estar na seca há quase um mês.
Sempre que a bola vinha em sua direção, Hummels e Boateng faziam seu trabalho com maestria e a bola nem chegava aos seus pés, quem dirá suas mãos.
No intervalo, no caminho para o vestiário, escutou seu nome sendo gritado por uma voz que conhecia muito bem e que encheu seu peito de alegria. Olhou para cima e encarou Tayla, com um sorriso enorme nos lábios pintados de vermelho, vestindo sua camisa da Seleção Alemã.
Seu coração disparou de saudade só de vê-la tão perto, e doeu não poder ir até lá e beijá-la como desejava.
Tayla sorria e acenava para ele, da tribuna e ele estava lá, paralisado, encarando seus cabelos acizentados, com uma interrogação no rosto. Logo a ruiva, resolveu desprender as camadas dos cabelos loiros que cobriam suas madeixas ruivas, que demorava horas para serem colocadas na lugar exato.
Manuel sorriu ao ver os cabelos acobreados e resolveu ir até lá, chamando-a com um dos dedos, até a ponta da tribuna, que ficava bem próxima ao gramado.
— Você me assustou com esses cabelos! - acusou ele, passando um dos braços pelo portão que estava dividindo-os.
— Coisas do mundo cinematográfico... - respondeu ela, tocando o rosto de Manuel, demorando-se na sua barba por fazer — Como eu senti sua falta, Manu. - disse ela, passando deus dedos pelos lábios dele.
— Eu queria muito beijar você agora. - disse ele, descendo o olhar para o corpo dela, reparando nas coxas grossas que estavam descobertas, pela saia preta que ela usava.
— Amor, eu estarei esperando por você quando o jogo acabar. - disse ela, com o semblante carinhoso.
— Eu tenho que ir, acho que ficar duro no meio dessa multidão não é uma boa ideia, né? - perguntou ele, e Tayla gargalhou, enquanto ele depositou um beijo na mão de Tayla e saiu correndo em direção ao vestiário, sob os olhares atentos de toda a torcida.
Mais uma vez o casal estava protagonizando uma cena romântica no meio do mundo, e as pessoas achavam que eles eram discretos.
(...)
Manuel segurava o choro preso por ter perdido a partida e por ter levado três gols, num mínimo intervalo de tempo.
Hummels fora substituído por lesão e Jerome expulso logo no início do segundo tempo, e ele estava sozinho na defesa.
Tayla aguardava o namorado no quarto de hotel, depois do desastroso segundo tempo de jogo. Porém a ruiva estava nervosa pois não sabia em que estado iria encontrar o seu amado.
— A gente recupera no próximo jogo, Neuer. - dizia Jerome — Não se culpe tanto, você fez o que pode. - aconselhou o amigo, e Tayla escutou a porta do quarto ser destravada.
A ruiva estava sentada no meio da cama, com as pernas cruzadas, enquanto encarava o loiro jogar suas coisas pelo sofá, e ignorar completamente a existência dela ali.
— Manuel? - chamou ela, temendo pela resposta.
— Eu preciso ficar sozinho. - disse ele, passando reto por ela, pegando o seu celular em mãos.
— Eu não vou embora. - sussurrou ela, depois de alguns minutos de silêncio.
— Eu não quero que você fique. - rebateu ele, sendo grosseiro.
— Tudo bem, mas como minha mãe diz, querer não é poder, então eu ficarei. - disse Tayla, decidida e Manuel bufou.
— Estou enxotando você, e você não percebe que eu não te quero aqui? - questionou Manuel, alterando o tom de voz.
— Mas que porra eu te fiz? - rebateu ela — Entendo seu estresse por ter perdido o jogo, entendo tudo isso. - explicou ela — Mas não consigo entender o por quê de estar me mandando ir embora, se a alguns minutos atrás você estava cheio de saudades de nós dois. - disse ela, calçando seus tênis de volta, enquanto colocava alguns papéis que lia de volta na bolsa de mão que tinha levado.
— Tayla, não estou com paciência para lidar com seus dramas. - disse ele, segurando a mão dela, firme.
— Me solta! - pediu ela, e ele não soltou.
— Você quer ficar? - perguntou ele, e Tayla sentiu sua cabeça rodar com o cheiro de álcool que emanava da boca de Manuel.
— A gente se vê outro dia. - disse ela, empurrando-o para longe, ao perceber que ele estava bêbado.
— Eu queria transar com você até o dia amanhecer... - disse ele, e Tayla ficou muda — Não consigo parar de reproduzir a imagem de você rebolando por cima de mim, vestindo só essa sainha. - completou ele, enquanto ela digitava freneticamente no celular.
— Manuel, não seja nojento. - pediu ela, tentando apoiar o corpo do grandão sobre seus ombros e levá-lo ao banheiro — Você precisa de um banho e depois de uma boa noite de sono. - disse ela, e ele negou, choramingando ao sentir a água fria em sua cabeça.
(...)
— Isso não acontece com frequência - tranquilizou Peter, o pai de Manuel, que estava hospedado no mesmo hotel e havia passado pelo quarto dele para conferir como as coisas estavam e encontrou Tayla aos prantos, com Manuel vomitando enquanto dormia.
— Eu não conhecia esse lado dele, senhor Neuer. - disse ela, decepcionada.
— Só de você não ter fugido, isso já é alguma coisa. - respondeu ele, com um sorriso brincalhão no rosto, depois de ajudar a Tayla a banhar Manuel e colocá-lo na cama.
— Estou com medo, confesso. - disse ela, encolhendo-se.
— Você quer que eu passe a noite aqui? - perguntou o mais velho e Tayla negou com a cabeça, não queria abusar do sogro.
— Qualquer coisa eu ligo. - disse ela, despedindo-se de Peter.
Tayla estava terrivelmente assustada com aquela cena que vivenciou com Manuel mais cedo. A maneira que ele agiu e como falou, lembrava-lhe muito o que seu pai fazia com ela.
E ela nunca havia estabelecido aquele tipo de comparação.
Será que Tayla podia confiar em Manuel Neuer?
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