Todos os pelos do meu corpo ficaram arrepiados e eu podia sentir o meu corpo tremer antes de eu imaginar o que acontecia no quarto ao lado, em que a minha irmã se encontrava. Sem pensar duas vezes saltei da cama e corri em direção a porta, tendo o meu pulso agarrado por Lauren.
- Me solta. Agora. - Falo entre dentes.
- Você não vai ganhar deles apenas com os punhos, pegue a sua arma…
- Com a raiva que eu estou, mato eles com o olhar… - Lauren me encara feio e eu me viro em direção a escrivaninha, aonde minha arma ficava escondida em um fundo falso.
Minha mão tremia demais, sem qualquer pingo de paciência puxei e virei a gaveta, fazendo tudo cair, assim como o fundo falso e consequentemente a minha arma. Me abaixo a pegando e logo viro para encontrar nada, Lauren havia ido sem mim, lazarenta.
Sem me preocupar com nada corri em direção ao quarto de Sofi, tendo disparos em minha direção acertando as paredes do corredor e fazendo com que os porta-retratos se espatifassem no chão. Assim que entro no quarto de minha irmã vejo Lauren enforcando um homem mais alto que ela, com uma raiva fora do comum. Sofi estava chorando e com a roupa amassada no canto do quarto, corri em direção a minha irmã e abracei apertado.
- Sofi? - Ela me olha com os olhos bem arregalados - Ele fez o que com você? - Não dizia nada, só via seus olhos percorrem pelo meu rosto em uma velocidade absurda, sua respiração estava descompensada e o suor escorria pelo seu rosto - Ele não vai te machucar… - A abraço.
Escuto um gemido de dor e olho para trás, vendo minha namorada bater as costas na quina no criado-mudo que ficava ao lado da cama de Sofia, sua cara foi de dor e podia ver que ela tentava recuperar o ar que aparentemente haviam sumido de seus pulmões.
Com a raiva correndo em minhas veias, sem me importar com o tamanho ou a força do meu oponente, soltei minha irmã e corri em direção a aquele brutamonte, soltei a arma e comecei uma sequencia de socos que Dinah havia me ensinado em Verona. Ele ainda estava meio atordoado por Lauren ter apertado o seu pescoço com tanta força, isso me deu uma certa vantagem.
Mas isso não durou por muito tempo.
Ele me puxou pelo cabelo e tentou acertar a minha cabeça contra o detalhe de madeira que a cama de Sofia possuía, coloquei a mão na frente e fiz força empurrando para trás. Com uma habilidade que estava começando a ficar conhecida por mim, giro o meu corpo, torcendo o braço dele e então envolvendo o seu pescoço com as minhas pernas.
- Pra quem você trabalha? - Escuto o choro de Sofia.
- Seria… uma delicia, se eu pudesse… me virar e… te chupar nessa… posição! - Sorri safado e eu aperto o seu pescoço ainda mais, puxando o seu braço e o ouvindo gemer de dor e vendo sua respiração ficar mais pesada.
- NÃO SE ATREVA A FALAR ISSO! - Olho para cima e vejo Lauren segurando a minha arma, olho para Sofia.
- SOFI, FECHE OS OLHOS, AGORA! - Mas ela não me obedece e então três disparos são feitos.
O homem que estava sendo preso entre as minhas pernas parou de se mexer e eu suspirei o empurrando para longe, me arrastando para perto de Sofia, Lauren encara o corpo e me olha sem saber o que dizer, rapidamente começa a passar a mão pelo corpo do cara e acha uma pistola na parte de trás da calça dele.
Sofia não deixa que eu a abrace e então olho para porta, estava tudo silencioso demais e eu sabia que ao menos mais uma pessoa estava na casa… minha mãe, no quarto.
- L-Lauren, fique com a minha irmã, vou ver minha mãe! - Sussurro.
- Camila é melhor você esperar e a gente ir juntas, não quero que…
- Lauren… minha família está correndo perigo e eu não vou vacilar ou raciocinar opções, nós não temos tempo! - Elevo o tom - E eu não estou falando como namorada, estou ordenando como Major que você permaneça aqui! - Pego a minha arma.
Coloquei a cabeça para fora do quarto e vi o corredor vazio, a porta do quarto da minha mãe estava entreaberta e eu podia ver duas sombras no mesmo, em um momento súbito de adrenalina corro em direção a porta, tendo tiros disparados contra mim, destruindo ainda mais a parede, me lanço em direção a porta, escancarando a mesma e fazendo o maior barulho, atraindo a atenção das duas pessoas do quarto.
O homem, que não era tão alto como o outro, mas com certeza era muito mais forte. Assim que nosso olhar se encontrou ele deixou minha mãe de lado e começou a andar em minha direção, levando a mão até a parte de trás das costas, aonde provavelmente a sua arma se encontrava. Meio sem jeito levanto rapidamente e abaixada corro em sua direção, dando um encontrão antes mesmo dele arrancar a arma de trás da sua calça.
Nós caímos no chão e por conta das posições eu consegui ficar por cima, porém ele girou nossos corpos e ficou por cima, pude sentir o pavor me consumir, um flashback de Steve naquela mesma posição comigo tentando abusar de mim me deixou com náuseas. Ele me deu um soco na maçã do rosto e eu gemi de dor, fiquei com o rosto virado para a minha mãe e pude vê-la completamente amarrada. Os tapas eram apenas com as pontas dos dedos, isso fazia arder ainda mais… então os tapas foram substituídos por dois socos que quase me fizeram perder os sentidos.
Todo aquele momento conspirou, minha irmã sendo tocada por uma pessoa nojenta, a minha mãe amarrada e amordaçada, Lauren ainda machucada apanhando e um homem insinuando que faria sacanagem comigo fez com que toda a raiva e desespero me fizessem tentar sair de lá, só que eu não me conseguia me movimentar.
Podia sentir os tapas ardidos na minha cara e podia ver a minha mãe chorar. Ele segura o meu cabelo de uma forma tão bruta que pude sentir o meu couro cabeludo arder, com a outra mão ele da um soco absurdamente forte em meu abdômen e eu só consigo soltar um gemido alto de dor.
- Não sou como os outros, não vou facilitar porque você é uma mulherzinha de merda, cade toda a coragem? - Sorri de canto - Anda, vamos ver o que você consegue… - Ele solta o meu cabelo e sua mão desce para o meu pescoço, apertando de uma forma tão absurda que eu podia sentir toda aquela região pegar fogo.
Começo a me debater e começo a ver umas bolinhas coloridas no rosto dele e a sua volta, esparramo meus braços, os passando pelo pelo tapete fofinho até que eu relo em algo um tanto quanto gelado e assim que minha mão segura demoro alguns segundos para assimilar que aquilo era a minha arma. Eu não conseguia mais respirar, meus olhos estavam se fechando e eu juntei toda a força que eu tive, me concentrando naqueles dois únicos movimentos: posicionei a arma para cima e apertei o gatilho.
O homem soltou um grito de dor e soltou o meu pescoço, pisquei algumas vezes, não conseguia respirar e muito menos pensar direito, tudo me deixava atordoada e o meu rosto latejava pela quantidade de tapas e socos. O vejo com a mão na região da costela, tentando inutilmente estancar a grande quantidade de sangue que manchava o tapete e a sua roupa, ainda deitada no chão levanto o meu braço completamente mole e miro em sua direção, só que a arma era muito pesada, o tiro vai para um lado totalmente aleatório… eu tinha mais um tiro, apenas.
Me concentrei, como pude. Olhei no fundo dos olhos dele e sorri.
- Espero que esteja mais quente do que…. o comum - Uma tosse chata faz a minha garganta arder e minha frase ser cortada no meio - Lá no inferno!
Miro em sua testa, porém acerto o seu pescoço, o vendo cair morto no chão.
Não me movia, olhava para o teto tentando recuperar o fôlego que havia fugido dos meus pulmões, tentando abrir os meus olhos sem tudo doer ou então me mexer sem o meu abdômen doer. Olho para a minha mãe e a vejo chorando desesperadamente, fico de bruços e me arrasto até ela, mesmo sentindo tudo doer e o meu corpo me implorando para que eu ficasse quietinha no meu lugar.
- Mãe… mãe, o que ele fez com você? - Questiono baixinho - E-Ele tentou algo? - Ela nega com a cabeça.
Enquanto respirava de uma forma lenta e dolorosa comecei a desamarrar a minha mãe, tirando primeiro a mordaça da sua boca, então seu choro ficou mais auditivo, eu a escutava se lamentando e comentando sobre como o meu rosto e aparência em geral estava. Quando senti o ar voltar corretamente para o meu pulmão, parei o que estava fazendo e me sentei no chão, desamarrando as mãos de minha mãe e seus tornozelos em seguida.
- Camila, nós precisamos ligar para a polícia… - Sussurra limpando as lágrimas e olhando para a porta, sigo o seu olhar e não vejo nada.
- Os vizinhos já devem ter ligado, foi uma barulheira infernal, agora nós precisamos proteger você, ok? - Concorda com a cabeça - Você confia em mim, certo? - A ajudo se levantar e solto um gemido de dor - Preciso que você se tranque no banheiro…
- Mas e Sofia? - Pergunta voltando a ficar com os olhos marejados.
- Lauren está com ela… agora você vai se trancar no banheiro e arrastar qualquer coisa que puder contra a porta, tudo bem? - A guio para dentro do banheiro - E lembre-se, apenas abra a porta se eu der cinco batidas, mesmo se eu implorar para você abrir, você não abra… só se eu der cinco batidas, entendeu? - Assente e eu beijo a sua testa - Não se preocupe…
Pego a minha arma do chão e suspiro, não haviam mais balas e eu estava ali, precisava voltar para o meu quarto e recarregar a arma, provavelmente pegar mais uma.
Ando até a porta que dava para o corredor quando escuto minha mãe trancando a porta do banheiro, fico contra o batente e olho para a porta do meu quarto, não tinha ninguém. Olho para a porta do quarto de Sofi e vejo o corpo do homem que Lauren havia matado de pé, então vejo minha namorada atrás dele… o corpo estava totalmente sem vida e parecia muito pesado, mas ela iria o usar como escudo.
Minha cabeça começa a borbulhar de ideias para acertar o homem que estava na escada, monitorando nossos passos e posto prontamente para atirar em nós.
Respiro fundo e sem mais analisar qualquer estratégia corro para o meu quarto, que ficava mais próximo, escutando vários disparos serem feitos. Assim que entro em meu quarto abro o armário e puxo uma caixa, minhas coisas estavam ali, olho para trás só para ter certeza que não havia mais nenhuma pessoa por ali e suspiro aliviada quando não vejo mais ninguém. Recarrego a minha arma e coloco o meu cinto por cima do pijama, não tinha tempo para trocar de roupa, coloco a outra pistola no cinto e já deixo tudo preparado para recarregar rapidamente minhas pistolas.
Coloco a cabeça para fora do quarto e um tiro acerta o batente da minha porta.
- CAMILA? - Escuto a voz grossa de Lauren.
- ESTOU BEM… - Grito de volta.
- VAMOS JAUREGUI SAIA DAI, NÃO É TÃO CORAJOSA COMO ANTES! - Uma voz desconhecida e grossa soa pelo ambiente.
- ESTÁVAMOS EM DESVANTAGEM, COLIN… - Escuto a voz dela soar mais uma vez - A agencia me quer viva, que eu sei, você não pode me matar…
- Isso não me impede de matar a sua namoradinha… - Reviro os olhos - Ou a família dela… - Sinto o meu sangue ferver - Façamos assim, você vem comigo e elas ficam seguras… como você mesma disse, a agencia quer você…
- Como não vou saber que você está me enganando? - Minha namorada questiona e eu sorrio de canto, ela é muito esperta.
Então uma metralhadora desliza sobre o tapete do corredor e eu prontamente me posiciono para atirar no homem, que estava na escada.
- Camila! - Lauren grita e eu me viro - Não, eu vou com ele… - Nego com a cabeça - Não estou pedindo permissão, Major, eu vou cumprir com a minha promessa de te proteger… - Aparece no corredor e anda em minha direção - Essa guerra não é mais sua, agora cuide de Sofia - Sussurra beijando minha testa - Mais tarde eu volto, quero todos esses machucados lavados e cuidados… - Sinto meus olhos arderem e então as lágrimas escorrem pelo meu rosto - Eu te amo, amor.
- Eu também te amo… - Beijo seus lábios por um breve instante.
- Lauren, vamos, não queremos a polícia fazendo perguntas e eu não sou obrigado a ficar vendo essas coisas, sem falar que você sabe que eles não gostam de esperar… - Lauren traga saliva - Você tem cinco minutos antes que eu volte aqui e atire em todo mundo! - Pega a arma do chão e desce as escadas.
- Não vá, por favor… - Imploro já chorando.
Eu sabia do que a agencia podia fazer, não queria que a história de anos atrás se repetisse com Lauren, ou até pior… que dessa vez a matassem de uma forma cruel, ela merecia uma segunda chance, merecia ser feliz e finalmente viver em paz.
- Eu vou voltar… vai ficar tudo bem, sempre fica.
Então ela me abraça apertado e eu suspiro pesado tremendo em seus braços.
- Vá para a minha casa, ninguém sabe da existência dela… tenha certeza que ninguém está te seguindo, se cuide e nunca se esqueça o quanto eu te amo… - Beija a minha testa e então se afasta de mim, descendo as escadas rapidamente.
Fiquei ali parada e então pude ver a figura magrela de uma adolescente aparecer na porta, Sofi tinha aquela expressão vazia e sombria que agora estava frequente em seu rosto.
- Ela vai voltar?
- Eu não sei… - Suspiro olhando para a escada, sentindo um vazio enorme.
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