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História I Love You, Idiot Elf! - A Única Escolha - História escrita por ArqueiraDaLua - Spirit Fanfics e Histórias
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História I Love You, Idiot Elf! - A Única Escolha


Escrita por: ArqueiraDaLua

Notas do Autor


Helloo Pastéis de Carne (>^-^)>

Tudo bem? A titia Mônica não quer atrasar os capítulos, por isso estou postando rápido HAHAHA

Desculpa por não ter respondido os comentários anteriores, mas o aniversário da minha mãe é no domingo e minha casa inteira está uma bagunça para preparar as coisas dela.

Outra coisa: quem pediu amorzinho nessa fanfic?

Pois eu declaro oficialmente que a partir desde capítulo o amorzinho da Lua e do Ezarel vai voltar!

E vai voltar melhor do que nunca...

Boa leitura e se preparem para as fortes emoções!

Capítulo 71 - A Única Escolha


Fanfic / Fanfiction I Love You, Idiot Elf! - A Única Escolha

- LUA! ACORDA! ANDA LOGO!!

Completamente sem foco, Lua abriu os olhos azuis sentindo uma claridade ofuscante lhe cegar por breves segundos. Ela estava deitada no chão e seu corpo estava sendo balançado com uma força considerável enquanto um par de olhos turquesa a observavam de perto com extrema urgência.

- LEVANTA!! VAMOS!!

Atordoada com os gritos eufóricos e o barulho turbulento das ondas, a mulher despertou completamente perdida. Tudo foi tão rápido e brusco que a primeira coisa que conseguiu processar foi a figura de Ezarel gritando desesperadamente em seus ouvidos. 

Confessava que não esperava nem um pouco por essa reação.

Tinha certeza que encontraria um clima tenso entre eles pela manhã, principalmente depois das emoções conturbadas da noite passada... mas pelo visto, estava bem enganada.

- O que aconteceu? O que houve? - perguntou esfregando os olhos sonolentos antes de sentir braços fortes a levantarem do chão de forma inesperada.

No lugar onde estava deitada anteriormente, Lua percebeu que havia um travesseiro e um cobertor esticado. De algum jeito, havia dormido no chão e o elfo a cobriu para que não passasse frio durante a noite. Pensar no seu ato de bondade fez um leve rubor tomar conta das suas bochechas.

- DEPRESSA LUA!! - esbravejou ele com irritação nos olhos.

Toda vergonha sumiu naquele instante.

- Por que está gritando, Ezarel? - retrucou em resposta. Odiava quando gritavam com ela sem motivo. - Vai me dizer o que está acontecendo ou não?!

O elfo tomou um semblante furioso quando a puxou pela mão até a proa do barco. Seus olhos cianos continham uma mistura de medo e apreensão quando apontou para frente... e somente depois de alguns segundos a mulher finalmente conseguiu ver...

Uma imensa silhueta escura que se aproximava cada vez mais rápido do barco cortando as ondas numa velocidade surpreendente.

Não precisou de muito até que Lua compreendesse o que era aquilo. O nervosismo de Ezarel comprovava tudo. 

.

Era uma serpente marinha.

.

E estava vindo furiosamente até eles.

 

(***)

 

Se na noite anterior o clima ficou tenso por motivos pessoais, agora a situação estava completamente invertida. Ambas as expressões eram severas e rígidas enquanto corriam para se defenderem. Não havia traços de vergonha, hesitamento ou medo. Eram apenas dois adultos prestes a entrar em batalha.

- Eu fico com o arco e as flechas e você vai girar o timón até que o barco vire para o leste. Quando ela vier tente conduzir para fora da extensão do corpo, entendeu?

A voz de Ezarel era completamente autoritária e austera. O mesmo segurava nas mãos um arco de madeira e algumas flechas, calculando mentalmente os segundos que faltavam para a serpente colidir contra a navegação.

Assentindo, Lua correu até o timón o agarrando com força para conduzir o barco para fora da linha de ataque. Embora fosse considerado pequeno, ainda era preciso muita destreza para fazê-lo virar à tempo sem danificar o casco.

- O que você vai fazer? - gritou a mulher por cima dos ombros vendo Ezarel se apoiar na beirada do barco com um equilíbrio anormal.

- Temos uma chance se eu conseguir acertar os olhos dela!

- Você ficou maluco? Para isso vai ser necessário chegar muito perto dela!

O elfo não respondeu. Simplesmente montou o arco apontando diretamente para frente. Por mais que fosse arriscado era necessário esperar o momento certo... observando a cena com o coração apertado, Lua segurou o timón com força quando viu o enorme corpo da serpente marinha se levantar das águas ao se aproximar o suficiente deles.

E de todas as criaturas que já tinha visto na vida, nenhuma - absolutamente nenhuma - chegava aos pés daquilo...

Seu corpo verde deveria ter cinquenta metros apenas em comprimento. A pele era revestida de escamas brilhantes que destacavam a couraça impenetrável. E a cabeça... céus... a cabeça era imensa com um aspecto gosmento, um par de olhos dourados faíscantes o olhavam com puro ódio enquanto sua mandíbula abria e fechava furiosamente em sons assustadores.

Seus dentes eram do tamanho de adagas... imaginar o estrago que eles poderiam fazer fez o estômago da mulher se revirar.

No primeiro sibilo ensurdecedor, Lua girou o timón completamente para a esquerda. No mesmo instante, o barco estremeceu numa pancada violenta quando a serpente avançou ainda mais.

- Continue girando! - gritou Ezarel mirando o arco em seus olhos.

A criatura emitiu uma espécime de rugido agudo quando mergulhou novamente no oceano para escapar das flechas do alquimista, isso fez com que o restante do seu corpo se voltasse completamente para cima... nesse momento, Lua viu a ponta de sua cauda surgir do oceano...

.

Uma cauda repleta de espinhos em formato circular que pingavam constantemente um líquido esverdeado.

.

Era o mesmo líquido do ferimento de Nevra e Valkyon. Era ela... ela havia os envenenado. O desespero atingiu a albina com tanta violência que a fez girar o timón bruscamente na direção contrária. Graças ao movimento inesperado, o elfo se desequilibrou quase caindo para trás.

- O que está fazendo, Lua? - gritou ele completamente atordoado.

- Salvando sua vida, seu idiota! Não podemos lutar contra ela, os espinhos podem nos atingir a qualquer instan...

Sua frase não foi completada. Um impacto certeiro atingiu o barco por baixo fazendo com que ambos caíssem no chão num movimento violento.

De algum jeito, a serpente estava embaixo deles... e queria afundar a navegação quebrando o casco.

Levantando-se com dificuldade, Lua correu novamente até o timón girando-o para o outro lado. No entanto, por mais que girasse, o casco parecia preso no mesmo lugar. Era como se alguém estivesse o segurando com garras enormes.

- SAIA DAÍ!! - avisou Ezarel aos berros.

No mesmo instante, a cabeça da serpente emergiu ao lado de Lua com as presas pontiagudas estalando na imensa mandíbula. Ao ver a criatura colossal a observar com os olhos faíscantes, a mulher paralisou com um grito entalado na garganta...

Era o seu fim.

... isso se não fosse uma flecha lançada em direção a serpente atraindo sua atenção. 

O movimento foi o bastante para fazê-la se voltar para o elfo que continuava a lançar suas flechas sem obter sucesso devido a couraça de escamas. Correndo em direção oposta, Lua só pôde observar com assombro a serpente soltar um som estridente antes de golpear o timón numa virada só.

A rota de fuga estava perdida.

Não havia como fugir pelo mar. Eles iriam morrer.

.

Há não ser...

.

Ezarel lançou sua última flecha acertando em cheio o olho direito da serpente que soltou um sibilo ensurdecedor devido a dor. Novamente, o barco se sacolejou devido ao movimento brusco do enorme corpo da criatura. Sem escapatória e movida por um impulso desconhecido, Lua correu até sua bolsa a engatando no próprio corpo antes de avançar até Ezarel com destreza.

Se não podiam ir pelo mar, teriam que fugir pelo céu...

- Você confia em mim? - gritou ela com firmeza em meio aos sons estridentes de sibilos e ondas. O elfo ainda estava concentrado na serpente que tentava se livrar à todo custo da flecha encravada em seu olho. 

Sem paciência, a mulher se aproximou o bastante para segurar seu rosto com as duas mãos o forçando a olhar para ela. 

- Você confia em mim, Ezarel? - repetiu aos gritos.

Finalmente, o alquimista ouviu a pergunta. Os sons eram altos demais e a serpente estava pronta para despedaçá-los assim que quebrasse a flecha do seu olho. Sabia que não tinham escapatória... não podiam se defender dela.

No entanto...

.

- Completamente. - sussurrou ele com a expressão determinada.

.

Isso foi o bastante. Nesse momento, a criatura colossal moveu a extensão do corpo em direção ao barco, quebrando a proa com a cauda como se fosse um mero brinquedo de madeira. O sacolejar brusco os trouxe de volta a realidade e em questão de segundos, Lua avançou para a trás do alquimista envolvendo o seu corpo com as duas mãos. Ezarel ofegou com o contato, sem entender o seu plano.

Todavia, pensando em todo o sentimento de pânico, adrenalina e proteção que rugiam em seus ouvidos, a mulher sentiu seu maana interior se aquecer numa sensação febril familiar. Imediatamente, seus olhos tomaram a típica cor fluorescente enquanto seu sangue borbulhava dentro das veias devido ao poder recém despertado. A Cristaly se concentrou o mais rápido que conseguiu até sentir seu par de asas membranosas se expandirem numa explosão de luz azul fluorescente.

Só esperava que funcionasse... e que elas fossem fortes o bastante para o que viria a seguir...

Ezarel não teve tempo de questionar. Num segundo, sentiu seu corpo ser levantado numa força anormal enquanto ouvia um ligeiro bater de asas atrás de si. 

.

Estavam voando. Lua estava o segurando em pleno ar.

.

- O que está fazendo?! - exigiu em pânico ao se ver longe do chão.

- Agora não é momento para discutir! - gritando em resposta, a albina se concentrou em bater as asas o mais depressa possível enquanto os levava para cima. 

O barco se enchia de água salgada e a serpente estava prestes a avançar para o golpe final.

Tudo dependia dela agora. Precisava voar para fora do seu alcance ou então virariam lanchinho de monstro marinho.

Embora suas asas fossem finas e de aspecto frágil, eram fortes o suficiente para ganharem altitude. No entanto, com o peso extra do elfo e sua bolsa o percurso estava saindo atrapalhado, consequentemente atrasando seu vôo desgovernado.

- Eu... preciso de mais tempo... - proferiu ela com esforço ao atingir uma boa altitude. 

Ao ouvir o pânico em sua voz, Ezarel se prontificou a fazer o que fosse preciso para ajudar sua amada. Sem pensar duas vezes, agarrou a alça da bolsa de Lua lançando para fora tudo o que conseguia pegar por entre os dedos.

A mulher viu suas coisas serem lançadas para fora sem o menor hesitamento, incluindo suas ferramentas que havia trazido de casa.

- Eu preciso dessas coisas! - esbravejou com indignação.

- Você quer voar ou ficar com suas ferramentas?

Lua o xingou mentalmente antes de forçar as batidas das asas com mais precisão. Era difícil e extremamente cansativo, mas por algum milagre estava dando certo. Parecia até que recebia apoio extra para carregar o elfo nos braços. Como uma segunda força enviada dos céus para lhe ajudar. Logo, a altura que estavam já era segura o bastante para escaparem de uma possível dentada, mesmo assim, a mulher tratou de segurar o elfo da maneira mais protetora possível.

Nunca se perdoaria se o deixasse cair.

De cima, o vento era gelado fazendo seu corpo se arrepiar brevemente mesmo com o contato quente do sol. No mar, o barco finalmente se encheu de água o suficiente para fazê-lo afundar. A serpente ainda tentou alcança-los, no entanto, a distância era grande o bastante para impedir seu ataque.

Num último sibilo furioso, a serpente marinha mergulhou de volta para o oceano.

Eles tinham vencido.

- Você conseguiu, Lua! Você realmente conseguiu! - comemorou Ezarel com extrema admiração. 

Embora uma parte sua ainda estivesse com receio de estar suspenso no ar com o oceano furioso abaixo dos seus pés, a força da mulher que continuava a abraçá-lo por trás o fazia se sentir seguro. Confiava plenamente nela. Enquanto sentia o vento frio tocar sua face, o elfo permaneu alheio ao modo de como os seus cabelos azuis atingiam o rosto da albina que tentava a todo custo não se concentrar no perfume inebriante de suas madeixas.

O maravilhoso perfume de flores silvestres e mel.

Céus... como adorava esse perfume...

Com certo esforço, a mulher conseguiu se manter concentrada e numa altura segura enquanto sentia suas asas fixarem um movimento constante de batidas. Enquanto isso, Ezarel se esforcava em não olhar para baixo sentindo o seu coração palpitar em batidas descontroladas.

Estava muito orgulhoso dela.

Se alguém dissesse no passado que estaria voando nos braços de uma fada em pleno mar aberto iria gargalhar até perder o fôlego... mas aqui estava ele... voando nos braços de Lua. A mesma mulher que amava tão intensamente ao ponto de fazer qualquer coisa por ela.

E não era somente isso...

.

Seu corpo começava a reagir com a proximidade dela

.

O corpo de Lua estava tão prensado contra o seu que podia sentir o calor ultrapassar os tecidos das roupas para provocar sua pele... o modo forte e determinado que ela o segurava... os braços delicados o apertando com tanta pressão como se fossem dominar todos os seus membros... 

Estavam tão perto um no outro que quase começou a pensar em coisas indecentes... quase...

Ter a mulher tão próxima de si ao ponto de sentir a respiração quente contra sua orelha o fez arrepiar de cima à baixo. Seu coração estava disparado e suas mãos suavam com ansiedade para acariciar sua pele.

E que maldito calor era esse que o dominava nas partes de baixo?  

Céus, estavam em pleno vôo e mesmo com o vento gelado sentia seu corpo reagir inesperadamente com o contato íntimo.

Pensando que ela logo notaria o seu estado transtornado, o elfo tentou disfarçar olhando para frente fixamente até ver uma silhueta escura bem distante no horizonte. Imediatamente seus olhos se arregalaram, perplexos.

- Lua, veja! É a ilha!

A mulher concordou com um sorriso triunfante. Estava aliviada e ao mesmo tempo preocupada... a distância era muito grande e com certeza iria demorar horas até chegarem nela. Notando sua tensão repentina, o alquimista compreendeu no mesmo instante qual era sua preocupação.

- Você acha que consegue voar até lá? 

Lua pensou por alguns segundos olhando para baixo e novamente para frente. Suas asas continuavam a bater freneticamente como dois pontos brilhantes no céu.

- É isso ou virar comida de tubarão. - suspirou ela o segurando com mais força.

 

(***)

 

A Cristaly não sabia quanto tempo havia passado. Duas horas? Quatro? Seis horas? Ela não fazia ideia... mas depois de tanto bater as asas pelo mar aberto, Lua finalmente começou a sentir o corpo implorar por um descanso. Estava grata pela força misteriosa que estava a ajudando no processo, porém, sua cota de vôo já estava no limite. Era mais do que podia aguentar.

Ao ver a ilha bem próxima do seu alcance, a meia humana juntou o restante das forças antes de finalmente conseguir tocar a areia. Ezarel foi o primeiro a atingir o chão, pegando rapidamente nos braços a mulher que caia sobre si em pura exaustão. Seu corpo tremia e estava mais pálida do que nunca.

- Lua! Você está bem? - o comentário a fez sorrir brevemente. Havia voado por horas e ele perguntava se estava bem?

- Estou ótima... - mentiu num suspiro. O elfo a segurou contra si antes de levantá-la no colo. As asas haviam sumido e seus olhos voltaram a cor normal.

Permitindo-se ser carregada, Lua começou a olhar em volta para ver a ilha que estavam. A areia se estendia numa pequena proporção, logo depois havia uma extensão de floresta e uma cadeia de rochas em formatos irregulares que se extendiam por todo o comprimento da ilha. A rocha principal era uma imensa montanha cinza de aspecto medonho.

O lugar não era nem um pouco receptivo.

- Parece que conseguimos belas férias... - provocou o elfo olhando na mesma direção que ela.

Lua sorriu com deboche.

- Que maravilha! Vamos aproveitar e construir uma cabana de madeira e ter cinco filhos aqui mesmo. - o comentário era para ser sarcástico, no entanto, o olhar profundo do alquimista a fez se calar no mesmo instante.

- Gostei da sua ideia... - o sussurro provocante ocasionou em arrepios prazerosos em sua pele.

- É melhor nos apressarmos para encontrar essa bendita flor. - disfarçou ela com certo fraquejar.

- E como faremos para voltar, espertinha? Estamos presos aqui, esqueceu?

Lua estremeceu com as perguntas. Ele tinha razão. Haviam perdido a navegação e mesmo que encontrassem a flor ainda tinha o problema do retorno. Não podia voar até a Fortaleza de Eel com ele nos braços novamente... não iria aguentar...

Isso sem contar que estavam sem água, comida ou armas.

.

Estavam sem nada num lugar desconhecido.

.

Antes que cedesse ao desespero, Lua se concentrou em resolver um problema de cada vez antes que enlouquecesse. Pedindo gentilmente que Ezarel a colocasse no chão, a mesma se adiantou a caminhar em direção a imensa montanha de pedras quando sentiu o alquimista segurá-la pelo braço, impedindo-a de prosseguir.

- O que foi? Estamos perdendo tempo. - comentou ela com o cenho franzido. 

- Você precisa descansar. Acabamos de chegar e você está exausta depois de tanto esforço.

Em outra ocasião, a mulher teria o censurado por se intrometer em sua vida. Contudo, as coisas eram diferentes agora. A gentileza no olhar do elfo e o modo como suas palavras eram doces somente demonstravam toda sua preocupação por ela... e isso tocava o seu coração de certa forma.

Depois da noite passada, Lua estava muito paciente com ele.

Talvez até mais feliz...

- Tudo bem. - suspirou alto - Vou descansar um pouco e logo prosseguimos.

A expressão teimosa e contrariada da mulher o fazia se divertir internamente. Achava fofo esse lado resmungão dela. Sem argumentar, o mesmo a conduziu até um lugar tranquilo com várias palmeiras de folhas imensas para que ela pudesse descansar em paz.

Ao deitar na areia macia, Lua sentiu seu corpo reagir positivamente numa sensação sonolenta.

Estava tão cansada... seus braços doíam devido ao esforço e seu corpo inteiro parecia implorar por uma trégua.

Ainda sim... não era correto dormir num lugar tão hostil e desconhecido... estavam perdendo tempo e precisavam correr para pegar o antídoto...

Precisavam pegar a flor...

Eles tinham que...

.

- Se acalme, Lua. Pode dormir sossegada que estou aqui do seu lado...

.

O sussurro gentil de Ezarel a fez amolecer num último esforço para se manter acordada. Para melhorar a situação, o elfo começou a passar os dedos em seus cabelos numa carícia amável enquanto brincava com algumas madeixas brancas. 

Ele havia sentido tanta falta desses cabelos... longos já eram lindos, mas curtos eram ainda mais perfeitos... tão macios e tão bem cuidados...

O carinho era muito delicado... extremamente cuidadoso...

Céus, porque ele tinha que ser tão atencioso nessas horas?

Totalmente entregue, Lua fechou os olhos sentindo o calor do toque macio a dominar. O elfo continuou com a carícia até ouvi-la respirar bem suavemente devido ao sono profundo. Iria ficar ao lado dela como prometido, zelando por sua segurança.

E talvez por um momento... um breve e lindo momento... Ezarel desejou que o tempo parasse.

Apenas para poder admirá-la em silêncio.

 

(***)

 

Lua acordou lentamente ao sentir o sol tocar seus braços. A primeira coisa que conseguiu ver foi uma imensa folha de palmeira abaixo de sua cabeça servindo de travesseiro, ao seu lado direito havia um longo galho cortado em forma de lança e algumas frutas amarelas que nunca havia visto na vida.

Contudo, sem nenhum sinal do alquimista.

A mulher se sentou com rapidez, prestes a gritar por seu nome quando ouviu uma voz rouca e suave dizer apenas duas palavras que a acalmaram imediatamente:

- Estou aqui.

Virando-se para o lado contrário, notou Ezarel sentado próximo de si comendo uma das frutas amarelas que havia visto. Estranhamente, ao vê-lo, a meia humana sentiu o corpo inteiro relaxar como se estivesse segura em sua presença.

- O que está comendo? - perguntou achando a aparência da comida muita chamativa.

- Se chamam Rivenas, são frutos muito nutritivos e repletos de líquido. São fáceis de encontrar em qualquer praia de Eldarya, por isso, peguei algumas para que recuperasse as forças quando acordasse.

A mulher assentiu, pegando uma das frutas ao seu lado. Mordendo um pedaço notou que o sabor era parecido com uma pera, porém muito mais suculenta e com uma quantidade de líquido encontrada numa melancia. Era muito bom. 

- Quanto tempo eu dormi? - perguntou devorando sua rivena com afinco. Ezarel sorriu com a cena.

- Apenas por uma hora, aproveitei para fazer uma lança com um galho qualquer... por precaução.

A mulher concordou com certa apreensão. Voltando-se para os amontoados rochosos, tentou imaginar o que os aguardava dentro da montanha de rochas cinzas.

Queria muito encontrar o antídoto, embora se perguntasse mentalmente se encontrariam Casthylion também.

Afinal, estavam na ilha indicada pela lenda.

O nervosismo começou a atingir seus pensamentos, mas se concentrou em manter a calma. A hora havia chegado e precisavam se concentrar para cumprir a missão.

"Não se preocupem, Valkyon e Nevra. Vamos conseguir chegar até vocês!"

 

(***)

 

Era necessário cuidado ao pisar nas rochas da montanha. Cada deslize provocava um pequeno desmoronamento de pedras soltas provocando um mini ataque cardíaco em ambos os companheiros. A subida havia começado em torno de meia hora e até agora não haviam encontrado nenhum perigo. 

Por enquanto...

Ezarel caminhava na frente utilizando sua lança de madeira para bater no chão e verificar se era seguro prosseguir.

Lua seguia atrás com cuidado se apoiando nas rochas maiores para não correr o risco de escorregar. A queda seria fatal e em muito lembrava os três picos montanhosos onde morava a Velha. 

Pensar na bruxa provocou um arrepio gelado em sua espinha.

- Você está bem? - perguntou o elfo após alguns passos. A mulher assentiu olhando ao redor, estavam cada vez mais longe do chão.

- Pensei que encontraria uma caverna subaquática e não uma montanha de pedras.

- O livro dizia que a flor se encontra em lugares úmidos e alto, com certeza deve estar no topo interior da montanha.

A resposta bastou para ambos prosseguissem em silêncio. No entanto, por mais que a concentração fosse visível devido aos altos riscos de queda, era possível notar um certo hesitamento dos dois. Devido aos ocorridos turbulentos da manhã, não puderam conversar sobre a noite passada... o que gerava certo desconforto em ambas as partes.

Havia um assunto inacabado entre eles...

Um importante assunto sem resposta definitiva.

A pergunta que Lua fazia a si mesma era: iria perdoar e seguir em frente? Ou simplesmente iria ignorar tudo e ficar como antes?

Com certa suavidade no semblante, a mulher observou o alquimista de costas para si. Ele havia sido sincero e cuidadoso em não pressionar nada que não quisesse falar... e ainda havia a questão do seu verdadeiro amor por ela...

Céus... seria capaz de rejeitar esses sentimentos? 

- Consegui achar uma abertura para entrarmos!

A voz animada do alquimista a despertou dos seus pensamentos. Com certa frieza, Lua observou em silêncio a abertura que dava para o interior da montanha. O espaço era pequeno e bastante apertado, sendo necessário passar um de cada vez. Ezarel foi o primeiro a entrar para garantir se era seguro e ao verificar o local, gritou para que ela entrasse também.

A Cristaly passou pela abertura sem muita dificuldade, notando que o interior da montanha possuía uma grande umidade pegajosa nas paredes de rochas cinzas. Com cautela, ambos passaram a caminhar em direção vertical onde os túneis eram estreitos e alguns necessitavam se agachar para passar, consequentemente gerando alguns arranhões nos braços e pernas mesmo com roupas compridas.

- Está ouvindo isso? - perguntou Lua escutando um som estranho na parede lateral misturado com um tipo de uivo agudo.

- Não se preocupe, é o vento vindo das aberturas. Esse lugar tem vários buracos e entradas, por isso provoca esses sons.

A mulher assentiu, tranquila. O sol ainda estava forte no céu, de modo que a claridade vinda das pequenas aberturas ajudava a se manterem unidos e com uma boa orientação. O elfo indicava as passagens com os olhos fixados nas paredes, sabia que a flor deveria estar ali em qualquer lugar.

Depois de algum tempo caminhando, ambos pararam num caminho duplo de rochas retorcidas. Haviam duas trilhas estreitas que levavam para determinados lugares diferentes. 

- E agora? - indagou a mulher, indecisa. - Qual delas? 

- Me dê um segundo... - pediu o elfo aguçando sua audição élfica. O captar de um vento agudo acima de suas cabeças o fez tomar sua decisão num segundo. - Para a direita.

Ambos adentraram a trilha apertada que pingava água nas paredes lisas. O chão estava tão escorregadio que Lua teve dificuldades de se manter equilibrada, e de repente, num deslize, seu corpo avançou para frente num passo em falso e para impedir sua queda, segurou com firmeza a jaqueta de Ezarel que a olhou fixamente sobre os ombros.

- Desculpe... - sussurrou ela pronta para se afastar, no entanto, o alquimista segurou sua mão a trazendo para si até que seus dedos estivessem entrelaçados um no outro. O coração da mulher falhou numa batida, mas tratou de disfarçar desviando o olhar.

- É melhor nos mantermos juntos para evitar que você quebre a cara no chão. - o comentário saiu com sarcasmo, mas de algum modo, Lua conseguiu perceber suas bochechas vermelhas.

- Essa é a desculpa que os elfos dão para segurar a mão dos outros? - provocou ela com um sorriso de canto.

Ezarel corou ainda mais, virando o rosto.

O casal de raças opostas continuou andando sobre os túneis e passagens de pedra sem soltarem as mãos. A subida continuou tranquila e até mesmo silenciosa, seus passos eram firmes e mesmo com alguns escorregões inesperados a mulher continuava se mantendo equilibrada graças ao toque gentil do elfo.

Tudo estava tão calmo que chegava até a se preocupar.

Será que tudo seria tão fácil assim?

Lua não teve tempo de pensar na resposta.

De repente, uma claridade absurda invadiu sua visão ao ouvir o forte rugido das ondas ecoando em seus ouvidos. Se apressando nos passos, eles chegaram ao topo da montanha de pedras, bem no centro de um enorme salão rochoso que terminava em bordas de um penhasco altíssimo. Dos dois lados, era possível ver o oceano no horizonte, sendo que embaixo haviam a praia e as árvores que cercavam a ilha num formato circular.

A visão era linda e ao mesmo tempo assustadora.

No meio disso tudo, a mulher foi a primeira a distinguir uma pequena flor rosa de pétalas redondas que brotava lindamente no alto de uma pedra coberta de musgos. 

Seu coração deu um solavanco.

.

Era a flor que procuravam. O antídoto do veneno.

.

- Encontramos, Ezarel! - pronunciou ela numa felicidade genuína. - Podemos salvá-los!

O elfo não teve tempo de pronunciar seu contentamento. Num segundo, Lua soltou suas mãos entrelaçadas correndo até a flor que salvaria a vida dos seus amigos. Era a única flor que tinha naquele local. A única coisa que salvaria Nevra e Valkyon da morte... e agora estava no alcance de suas mãos.

A mulher tocou na flor com extrema delicadeza, arrancando-a da pedra com todo cuidado possível para não danificar nenhuma pétala. 

Ao admirar a flor nos seus dedos, Lua soltou uma risada cristalina. Jamais imaginou que ficaria tão radiante de felicidade ao encontrá-la.

.

- Você conseguiu, minha amada fadinha.

.

Um tremor gélido desceu por sua espinha ao ouvir o comentário meloso. Não podia ser. Seu corpo paralisou no mesmo instante quando ouviu seu próprio coração vacilar em duas batidas. Não podia ser. Seus dedos tremeram e seus pés congelaram, seu sorriso morreu no rosto como se fosse retirado na base da violência. Não podia ser.

Essa voz... essa maldita voz...

Um gemido engasgado atrás de si foi o bastante para fazê-la se virar imediatamente. E nesse momento, seu corpo inteiro vacilou numa sensação genuína de pânico... 

A encarnação dos seus piores pesadelos estava bem diante de si. Aquele ser maldito que havia condenado toda sua vida. A criatura maligna responsável por separar ela e Ezarel no passado. O ser com quem lutara nas Forjas e que havia provocado tantas desgraças em Eldarya.

- Athaleos...

Seu nome saiu num sussurro incrédulo. Não podia estar acontecendo... estava tão perto da vitória. Por que agora? Por que justo agora? O Senhor das Trevas sorriu para ela com uma falsa adoração enquanto seus belos olhos escarlates a miravam da cabeça aos pés.

Lua teria ficado furiosa. Teria avançado contra ele e o despedaçado num piscar de olhos... 

Isso se não fosse a terrível visão que a fez paralisar de medo.

.

O maldito ser demoníaco estava segurando Ezarel pelo pescoço com apenas uma mão na beirada do penhasco. 

.

O elfo tentava se libertar do aperto terrível em sua garganta, no entanto, seu corpo estava perigosamente suspenso no ar e se ele o soltasse...

Iria acontecer a mesma coisa que aconteceu com Chrome após ser empalado por Brandon.

Destroçado nas pedras abaixo de si.

- Faz muito tempo desde que a vi pela última vez, minha amada Cristaly. - a voz de Athaleos era divertida e repleta de gentileza... como se não estivesse enforcando um elfo na beirada do penhasco.

Ao ver os olhos cianos a olhando em vulnerabilidade, Lua agiu por instinto.

- Solte ele, seu desgraçado! - gritou em fúria antes de avançar em sua direção. No entanto, o Senhor das Trevas simplesmente balançou um dedo em forma negativa indicando que a mesma continuasse parada no mesmo lugar.

- Eu não faria isso, fadinha... você não quer ver o seu queridinho jogado como lixo no abismo, não é?

- Vai... se... ferrar! - esbravejou Ezarel balançando as pernas desesperadamente no ar. O vento gelado atingia o seu corpo apenas revelando a altura imensurável que estava submetido. Infelizmente, a cena de dois anos atrás estava se repetindo de novo.

Novamente ameaçado por esse maldito ser sombrio.

- Tenho a impressão que você já me disse isso no passado... - brincou Athaleos com um sorriso debochado. Sua expressão era maliciosa enquanto voltava a olhar para a Cristaly.

A mulher estava trêmula, incapaz de fazer qualquer coisa há não ser observar a terrível cena diante de si. Mesmo que acertasse Athaleos com suas chamas azuis, iria acabar queimando ou derrubando Ezarel do mesmo jeito.

Qualquer movimento precipitado custaria sua vida.

- Solte ele... - implorou com a voz fragilizada por um só momento. - Por favor, deixe ele em paz!

Ao ver sua expressão amargurada, o rapaz de longos cabelos escuros começou a rir com deboche.

- Pedindo "por favor"? Não era você que o odiava? Onde foi parar toda aquela postura de guerreira? 

- Athaleos, sou eu quem você quer! O Ezarel não tem nada a ver com isso!

O belo homem sorriu abertamente com os olhos vermelhos cintilando em pura maldade. O aperto no pescoço de Ezarel não era forte o bastante para matá-lo, contudo, era o suficiente para fazê-lo perder a consciência aos poucos. Enquanto isso, Lua pensava em todas as formas possíveis para salvá-lo.

Estava ficando sem tempo... precisava fazer alguma coisa... mas a agonia de Ezarel estava a fazendo perder a concentração.

- Soube que seus poderes despertaram, fiquei surpreso quando veio me visitar na minha própria casa e os utilizou. É só uma pena que o Chrome não tenha sobrevivido para contar a história... ele até que era bem útil para mim.

A pronúncia do nome do falecido lobo a fez rugir em ódio. Seu sangue fervia em proporções inimagináveis.

- NÃO OUSE MENCIONAR O NOME DELE!!

- Guarde as garras, fadinha. - provocou ele em pura satisfação antes de afrouxar o aperto em Ezarel que havia perdido a consciência.

- Athaleos, por favor... - implorou ela mais uma vez tentando acalmar o seu ódio. - Eu faço qualquer coisa que você quiser, então por favor... por favor... solte ele em segurança...

Lua estava desesperada. Completamente vulnerável e de mãos atadas. Desde o primeiro momento que chegou em Eldarya, achou que quando encontrasse o Senhor das Trevas iria lutar com unhas e dentes... mas agora... tudo o que conseguia pensar era na vida de Ezarel que estava no alcance de suas mãos.

Num último esforço, ela decidiu se colocar em risco:

- O que você quer?

Athaleos sorriu lindamente antes de morder o lábio inferior. Era impossível saber o que se passava em sua mente... parecia até uma mistura de querer beijá-la e matá-la ao mesmo tempo. Por um tolo momento, ela imaginou que com o passar dos anos ele haveria de mudar um pouco, mas assim como sua beleza exótica e a horrorosa cicatriz em sua testa provocada por Miiko, seu ódio continuava o mesmo. Nada havia mudado nele, e isso só a fazia se lembrar cada vez mais da luta que ambos tiveram nas Forjas.

Com a voz arrastada, o rapaz soltou sua proposta:

.

- Quero que você largue a flor no chão.

.

A mente da meia fada vacilou no mesmo instante. Ele não tinha pedido isso... tinha....? Seu coração se despedaçou em pura tristeza ao entender o pedido do Senhor das Trevas.

Ele havia dado uma escolha.

Ou ela escolhia a vida de Nevra e Valkyon, ou então perderia Ezarel para sempre.

Seus dentes trincaram para controlar a vontade de gritar. Estava completamente destroçada. 

Não era possível...

Estava tão perto... tão perto de salvar seus amigos... e mesmo assim... mesmo assim...

Lua olhou novamente para o corpo inconsciente de Ezarel. O ser das trevas continuava a segurá-lo sem qualquer dificuldade apenas para mantê-lo suspenso no ar.

Ao ver a indecisão estampada em seus olhos azuis, Athaleos suspirou com impaciência.

- Você realmente consegue me surpreender, fadinha. Mas já que está tão indecisa... eu ajudo você.

Não houve tempo para mais nada.

Num segundo, o Senhor das Trevas jogou o corpo do elfo para cima numa explosão ofuscante de sombras negras.

Lua gritou.

- EZAREL!!!

Sem pensar duas vezes e movida por um sentimento de adrenalina impulsivo, a mulher soltou a flor no chão antes de correr numa velocidade surpreendente até a beirada do penhasco... esticando imediatamente suas asas transparentes numa luz azul fluorescente.

Foi como um vídeo em câmera lenta.

Athaleos apenas observou a fada passar correndo em sua frente antes de voar nas alturas em direção ao elfo que continuava a cair. Lua o segurou num abraço protetor em pleno ar, batendo suas asas descontroladamente para se manter no céu.

Da beirada do penhasco, seu inimigo sorriu.

- Que asas mais perfeitas... - murmurou em pura contemplação. Nesse momento, Athaleos conjurou das sombras uma adaga negra embebida em seus próprios poderes malignos.

Enquanto a Cristaly tentava manter o vôo fixo para proteger Ezarel da queda, ela não foi capaz de ver o momento seguinte em que o homem lançou a adaga com força em sua direção num rodopio certeiro...

.

Rasgando sua asa direita ao meio.

.

A dor foi insuportável. Pontos vermelhos piscaram em seus olhos quando Lua soltou o grito mais alto que seus pulmões aguentaram. A agonia foi tão terrível que perdeu completamente as forças. Ela ainda tentou manter-se no alto, mas foi impossível.

Sua asa cortada impediu qualquer movimento a fazendo cair em queda livre. No entanto, a última coisa que conseguiu ver foi a bela figura de Athaleos sorrindo para ela na beirada do penhasco...

Segurando a pequena flor rosa em suas mãos antes de despedaçá-la com suas sombras.

.

.

E assim, Lua perdeu a consciência despencando de uma altura de quase cinquenta metros com Ezarel nos braços.

 

(***)

 

A mulher não soube quanto tempo passou até que conseguisse abrir os olhos. Seu corpo inteiro doía como se tivesse levado uma surra e pontos vermelhos ainda cintilavam em sua visão. Tudo o que conseguia visualizar eram nuvens brancas num céu azul majestoso e folhas que caíam de alguns galhos quebrados das árvores acima. Para piorar, um peso extra estava pressionado em cima de si a impedindo de respirar normalmente.

Lua ofegou numa respiração entrecortada até sentir uma fisgada terrível na lateral do corpo.

Isso foi o bastante para fazê-la gritar de dor.

Céus... o que havia acontecido...?

As lembranças a atingiram com tanto impacto que ela quase desmaiou novamente. Athaleos... o antídoto... sua asa cortada.... Ezarel...

Ezarel?!

Olhando para baixo, a mulher notou que o corpo do elfo estava jogado sobre si numa posição desconfortável. Ele estava inconsciente, mas ainda respirava. Com o coração apertado, a mulher olhou para os lados sem entender onde estavam e como haviam sobrevivido.

Não haviam caído de uma altura gigantesca?

Eles estavam deitados numa grama espessa cercados por árvores robustas que não conseguiam impedir a luz do sol de entrar. Na posição que estavam, era possível ver o pico da montanha rochosa distante.... bem distante...

Como se nunca estivessem estado lá.

A imagem sorridente de Athaleos novamente a fez estremecer.

Com suavidade, Lua empurrou o corpo do elfo para o lado sentindo fisgadas cada vez mais fortes atingir a região das suas costelas. Cada movimento a fazia trincar os dentes para impedir de gritar.

No entanto, mesmo com sua dor, sua atenção se voltou completamente para o alquimista que continuava desacordado.

Hematomas horríveis em formatos de dedos começavam a aparecer na região do seu pescoço. Um sinal claro da força insana que o Senhor das Trevas havia usado nele. Ver as terríveis manchas escuras na pele clara do elfo provocou uma onda de arrepios gélidos em sua espinha.

- Ezarel... acorde... - sussurrou o balançando com gentileza. Suas costelas doíam de um jeito anormal e desejava muito fechar os olhos, porém, sabia que precisava se manter desperta ou então os dois morreriam nesse estado deplorável numa ilha desconhecida. - Acorde... acorde, por favor....

Uma gota de chuva atingiu o rosto do alquimista enquanto continuava a balança-lo com urgência.

Não...

Não era chuva...

Era uma lágrima.

Sem perceber, seus olhos turvaram de lágrimas que começaram a cair delicadamente na face de Ezarel.

Logo, seu choro começou a se misturar com soluços amargurados.

- Não me deixe... não agora... eu nem tive a chance de contar para você...

A mulher chorava com o coração despedaçado. Acariciando a bela face do elfo de cabelos azuis, deixou que seus dedos percorressem os contornos delicados até parar em seus lábios entreabertos.

- Eu te perdôo... eu te perdôo, Ezarel... 

Quando a dor foi grande demais para suportar, Lua simplesmente se aproximou até depositar um pequeno e singelo beijo em seus lábios.

Vê-lo tão indefeso diante de si era como receber uma tortura. Sua mente gritava em culpa e seu coração praticamente rugia em tamanha dor. Havia desejado sua morte com tanto fervor no passado e agora não suportava vê-lo inconsciente. Nesse momento, de olhos fechados, Lua soltou a frase mais verdadeira que carregava no íntimo do seu coração... o sentimento mais genuíno que mesmo tentando apagá-lo sabia que nunca havia cessado... nem por um só instante...

O sentimento onde a história de ambos havia começado.

.

- Eu te amo, Ezarel... 

.

Nesse momento, sem que pudesse ver, um par de olhos turquesas se abriu lentamente antes de um fraco sorriso emoldurar a face do líder da Guarda Absinto. Movendo uma das mãos, ele tocou com a ponta dos dedos uma lágrima que escorria ousadamente do seu rosto.

- Pensei que nunca me diria isso...

Lua abriu os olhos no mesmo instante, incrédula. Ao ver o seu amado sorrir para ela, a mulher abriu um fraco sorriso apaixonado antes de dar um leve tapinha de brincadeira no seu braço.

- Eu ainda gosto de te surpreender, elfo idiota... - a mulher tentou manter o sorriso ou aproveitar o momento em que ambos se resolviam depois de tantas reviravoltas, no entanto, novas lágrimas começaram a deslizar dos seus olhos revelando toda a tristeza e o fracasso interior que sentia. - Ezarel... eu sinto muito... eu...

Sem entender o que ocorria, mas totalmente compadecido de sua dor, o elfo a puxou delicadamente para si até que sua cabeça encostasse em seu peito. Suas batidas eram frenéticas, revelando todo o amor e afeto que sentia por ela.

- O que aconteceu, Lua?

A mulher sufocou alguns soluços, sem ter coragem de o olhar nos olhos. Não suportaria ver a decepção e a derrota estampadas tão cruelmente.

- Eu não pude salvá-los... eu escolhi você...

O alquimista apenas acariciou seus cabelos brancos, começando a entender tudo. Lua não foi capaz de pronunciar mais nada. Simplesmente desistiu de se manter forte e inabalável. Não era invencível. Não era uma super heroína. Era apenas... ela.

- Vai ficar tudo bem, meu amor... vamos conseguir sair dessa...

Ela sabia que era mentira. Ambos sabiam que era mentira... a esperança estava destroçada.

Lua havia perdido. 

Não havia conseguido encontrar Casthylion... perdera o único antídoto do veneno... Nevra e Valkyon morreriam em alguns dias... estavam presos numa ilha deserta... estava ferida... havia perdido suas asas.... e quase havia perdido o homem que amava...

Athaleos conseguiu tudo o que queria. Havia vencido sem qualquer esforço.

.

A grande salvadora de Eldarya havia perdido.

 

 

 

 


 


Notas Finais


ELA DISSE! ELA DISSE, PRODUÇÃO! AAAAAAHHHH

Não se preocupe, Lua... você perdeu a batalha e não a guerra.

Sério, estou ANSIOSA para escrever a batalha final dessa fanfic. Vocês não tem noção das coisas que vão acontecer MUAHAHAHAH

Sei que todo mundo aqui odeia o Athaleos, mas já se perguntaram o porquê que ele odeia tanto a Lua e Eldarya?

Logo logo vamos descobrir mais sobre ele, até porque todo vilão tem uma história XD

AMORZINHO VAI VOLTAR COM TUDO, GALERA!!

Comentem o que acharam desse capítulo, eu amo ler suas opiniões! Leitores fantasminhas digam "eu amo sorvete" só para eu saber que estão aí!

Até a próxima e se cuidem!


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