handporn.net
História I Need a Gangsta - O Menino que Retorna - História escrita por Mitsuky-chan - Spirit Fanfics e Histórias
  1. Spirit Fanfics >
  2. I Need a Gangsta >
  3. O Menino que Retorna

História I Need a Gangsta - O Menino que Retorna


Escrita por: Mitsuky-chan

Notas do Autor


Olá olá habitantes deste planeta xD ~

Vamos começar com os agradecimentos maravilhosos por chegarmos aos 100 favoritos \o/

Outra coisinha... Os comentários deram uma decaída no capítulo anterior, então gostaria de um feedback sobre oq gostaram e não gostaram, para eu estar sempre melhorando hehe

A demora foi informada, devido a faculdade e assuntos pessoais, mas, pra compensar, um capítulo grande e, hehehe, com uma surpresinha ;D

Sem mais delongas, aproveitem e vejo vcs nas notas finais <3

Capítulo 5 - O Menino que Retorna


Fanfic / Fanfiction I Need a Gangsta - O Menino que Retorna

Capítulo 5 – O Menino que Retorna.

Viktor ajeitou o cabelo para trás com as mãos e soltou um suspiro pesado, sentando-se ao lado de Yuri em uma das mesas dispostas na sala principal da mansão. O russo loiro encarava a festa no jardim com certo asco, os olhos verdes percorrendo os convidados presentes que, visualmente, pareciam ser apenas membros da alta sociedade quando, na verdade, eram tão sujos e envolvidos com o submundo quanto ratos de esgoto.

- É uma tremenda hipocrisia, não acha? – comentou.

- Ao que se refere, exatamente? – Viktor retrucou, seguindo o olhar do primo.

- A esta festa e as pessoas nela, que fingem rir e se divertir, quando na verdade tudo o que querem é não morrer. Sorrisos e atitudes falsas apenas para manter a patética vida e agradar aqueles mais poderosos... É tão tosco que beira a depressão.

- No nosso mundo, Yura, ninguém sabe o que é viver. Sobrevive-se em um ninho de cobras por meio de contatos e influências e, se analisar bem, isto não é de todo errado. Eu faria o mesmo se não ocupasse a posição que ocupo. Já você é o futuro herdeiro da Casa Principal e todos aqui desejam o poder que você terá um dia – explicou – Nascer em um berço privilegiado é a realidade de poucos. Quando se tornar um líder, verá com outros olhos o que acontece. Perceberá que tudo não passa de um jogo de xadrez onde as peças se movimentam ao seu bel-prazer, devorando umas as outras, para manter o rei a salvo.

Yuri se calou por um momento, apoiando o rosto na mão e o cotovelo na mesa.

- E você pretende arrastar o porquinho pra este mundo? – perguntou, sem intenção de atacar o mais velho.

- Nem todos conseguem ter a mesma sorte e se apaixonar por alguém que está nele. Você e o Otabek são um caso raro.

O loiro corou.

- Não diga asneiras, seu velho.

Riu suavemente e acariciou os cabelos de Plisetsky, logo se levantando, atraindo a atenção de Yuri para si.

- Aonde vai, Viktor?

- Seu avô está em uma reunião com o líder da família Noviskaya. Vou ficar por perto caso ele precise de mim.

- Quer dizer o “nosso avô”, não?

Nikiforov não respondeu, sorrindo de forma misteriosa enquanto piscava para o primo.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Yuuri se despediu de Mila no fim da tarde, e agora rumava sozinho para casa com os pensamentos voltados para seu encontro no dia seguinte. Estava um pouco nervoso com toda a situação, ansioso em demasia com o que poderia acontecer. Era óbvio que ainda estava chateado com o que ocorrera, mas, ao mesmo tempo, ainda sentia aquela curiosidade insaciável acerca de Viktor.

Inconscientemente levou a mão enluvada aos lábios ao se lembrar da sensação destes sendo pressionados contra os do russo e de sua língua explorando sua boca avidamente. Era a primeira vez que havia sido beijado de forma tão passional e selvagem, seu coração disparara e, por um breve momento, sentira que o mundo todo parara.

Corou com esse pensamento de natureza pervertida, se repreendendo. A curiosidade estava perigosamente evoluindo para um gostar e, se isto de fato ocorresse, seria perigoso, pois sabia que somente iria se magoar mais do que da primeira vez. Tinha de manter isso em mente para ser forte e resistir à aura que rodeava Viktor e o atraia para si, como um imã.

Chegou ao seu apartamento e foi logo para o banho para acalmar sua mente, retirando as inúmeras camadas de roupas que vestia ao longo do caminho. Era bom relaxar no chuveiro, sentindo as gotas quentes colidirem com sua pele alva, a avermelhando aos poucos. Junto com água que escorria pelo ralo, podia ver seus problemas se esvaindo e, ao sair do banheiro, era uma nova pessoa, completamente renovada.

Preparou algo simples para comer e sentou-se no sofá, cruzando as pernas em cima deste, ligando a televisão, sendo bombardeado por tragédias e mais tragédias assomadas a brigas políticas, o que o desinteressou totalmente. Mudou copiosamente de canais até desistir e desligar o aparelho, apelando para seu celular, onde procurou alguns vídeos, deixando na reprodução automática e, satisfeito, focou em sua comida.

Yuuri estava acostumado a uma rotina calma sem grandes feitos, era assim quando morava no Japão e não seria diferente agora que morava na Rússia. Terminou de comer, lavou a pouca louça e foi ao seu quarto onde, no cômodo, havia uma grande estante repleta dos mais variados livros. Escolheu um, jogou-se na cama e postou-se a ler. Quando as pálpebras pesaram, guardou o material de leitura, ajeitou sua cama e, após alguns minutos, adormeceu tranquilamente.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

O palpite de Viktor acerca da família Noviskaya fora certeiro, pois, de fato, eles queriam uma porcentagem de participação na transação entre a Casa Principal, a família Nikiforov e a família Altin. Categoricamente o pedido fora negado pelo Plisetsky idoso e, após certa comoção, o russo de olhos azuis e cabelos prateados tratou de dar a palavra final, silenciando o líder divergente.

- Aquele que for contra a decisão da Casa Principal será retaliado pelo Rei de Gelo sem piedade – explanou de forma extremamente fria, sorrindo maquiavelicamente depois – Pensei que o caso da família Beronni tivesse servido de exemplo.

- Nikiforov – o avô o chamou – Acalme-se, sim? – pediu, sorrindo – A participação da família Noviskaya no acordo com os Altin está, de fato, fora de cogitação, contudo, é claro que certas concessões podem ser feitas, afinal, prezamos pela amizade, não?

O líder da família Noviskaya assentiu e Viktor sorriu, imediatamente entendendo o plano do avô.

- Como sabem, a família Plisetsky é detentora do território perto das docas ao sul de Moscou – explanou – Oferto tal território a família Noviskaya em troca de sua palavra acerca da não interferência no acordo com a família Altin.

O líder da família Noviskaya rapidamente aceitou, sabendo que o tal território mencionado era de extrema lucratividade ou, pelo menos, era o que achava. Viktor sabia da verdade, já que ele mesmo tratara de lidar incontáveis vezes com os “parasitas” que habitavam aquele local problemático e tinha ciência da urgência do avô em se livrar daqueles domínios, então, nada melhor que um estúpido peão para assumir as dores de cabeça. De fato, era uma área lucrativa, mas vinha trazendo prejuízo a Casa Principal.

Partes satisfeitas com o acordado, logo o trio se uniu a festa novamente, onde o avô seguiu acompanhado do líder e Nikiforov tratou logo de ir atrás do primo, encontrando-o cabisbaixo em um canto perto do jardim de inverno, com uma tristeza atípica maculando os orbes verdes, ao tempo em que segurava o celular com uma das mãos. Yuri não o viu se aproximar e só se deu conta da presença do outro quando este repentinamente o abraçou.

- Me diga quem lhe deixou assim e esta pessoa jamais verá a luz do dia novamente – sussurrou Viktor.

Por um momento, o menor retribuiu o gesto e afundou o rosto em seu ombro, contudo, logo seu terno começou a ser puxado para trás.

- Não sei do que está falando, seu velho – esbravejou o menor, tornando-se vivaz novamente – E agora trate de me largar! Não sou seu namoradinho.

O russo de olhos azuis se afastou, arqueando uma sobrancelha para Plisetsky, que desviou o olhar.

- Quero ir embora, esta festa está um saco – reclamou – Além do mais, aposto que vai querer ficar me enchendo de perguntas enquanto se prepara pro seu estúpido encontro com o porco amanhã.

Viktor achou melhor nada dizer sobre a tristeza anterior que assolara o russo loiro, entrando na onda de sua nova conversa. Se havia algo que sabia sobre o primo era que este só tocaria no assunto quando estivesse pronto.

- Está agitado por não ter participado da reunião? Ou será que é ciúmes do seu avô achando que ele gosta mais de mim?  – ditou em tom provocativo – Não fica assim, ele te ama meu priminho lindo, meu tigrinho fofo, minha oncinha peluda, meu...

O loiro de olhos verdes colocou as duas mãos na boca do mais velho, ficando vermelho de raiva. Fuzilou Nikiforov com o olhar e estalou a língua.

- Se disser isso de novo, eu juro que corto sua língua fora e depois a enfio em um lugar onde de lá as coisas só deveriam sair.

Viktor assentiu, revirando os olhos, tendo sua boca liberada. Sorriu, bagunçando o cabelo do primo, que cruzou os braços e fez cara emburrada, como uma criança. Adorava provocá-lo para obter exatamente estas reações. O fazia se sentir menos culpado ao ver que o russo mais novo ainda mantinha sua essência apesar do meio violento e frio em que estava inserido.

- Vou falar com seu avô para irmos embora, o que acha? – ofertou.

- Não fez isso ainda por quê? – retrucou Yuri.

- Vou entender isso como um aceite – murmurou, dando as costas a Plisetsky.

Assim que Viktor se afastou, Yuri pegou o celular novamente, desbloqueando o aparelho para observar aquela imagem seguida de uma notícia que arrebentara seu coração. Sentiu um nó na garganta, seguido de uma vontade imensa de gritar e chorar, mas se conteve. Ali não era o momento nem o local ideal para tal atitude. Deixou que o celular apagasse a tela sozinho e abaixou o braço, derrotado. Era melhor não pensar naquilo, ou só iria se torturar.

Nikiforov se aproximou, chamando por seu nome, o que de certa forma fora um alívio, pois o despertou. Iria para a casa do primo, e lá era o local onde mais tinha liberdade de ser quem era. O trajeto fora repleto de troca de provocações entre os dois russos e, quando chegaram à mansão, a situação não mudou muito. Tomaram banho e agora encontravam-se no quarto de Viktor, onde este estava em pé frente ao enorme closet e Yuri jogado em sua cama, balançando as pernas e deitado com a barriga de encontro ao colchão.

- É sério mesmo que você está escolhendo sua roupa como se fosse a um encontro? – murmurou – Que estupidez.

O russo de cabelos prateados e olhos azuis o encarou por cima do ombro, arqueando uma sobrancelha.

- Primeiro, foi você quem marcou o encontro e, segundo, sim, eu quero impressionar o Yuuri e me deixar irresistível pra ele.

- Vou fingir que não ouvi isso – Yuri reclamou, revirando os olhos.

Nikiforov então vislumbrou a roupa perfeita, que ficaria bem delineada ao seu corpo, ressaltaria a cor de seus olhos e ainda aumentaria consideravelmente seu sexy appeal. Travou por um momento, pensando em quão ridículo estava se portando, mas depois mandou tal pensamento para o inferno. Tinha o direito de viver um pouco e estava sendo emocionante, pela primeira vez, de fato correr atrás de alguém. Era um pouco masoquista admitir que seu rejeitado atiçara ainda mais seus desejos pelo moreno de olhos castanhos.

- Achei a roupa ideal – informou ao primo.

- Bom pra você – respondeu Plisetsky, entediado.

Viktor suspirou e colocou a vestimenta escolhida sobre um sofá de couro preto que tinha em seu aposento, aproximando-se de sua enorme cama, sentando-se ao lado do primo, percorrendo as costas deste com as mãos, iniciando um carinho.

- O que houve, Yura? Está rabugento... – inquiriu com doçura – Sabe que pode me contar tudo e que estarei aqui por você, não é?

O loiro ficou em silêncio por alguns instantes, avaliando se contaria ou não ao mais velho, contudo, se contasse, este se preocuparia e, no momento, estava tão alegre em se encontrar com o porco no dia seguinte que não queria estragar tal fato. Seus problemas podiam esperar.

- Não é nada... Só estou cansado. Aquela festa me irritou.

Viktor perdeu os dedos nos fios dourados que compunham a cabeleira de Yuri, enrolando as mexas em seus dedos.

- Tem certeza? – tornou a questionar.

- Sim.

- Tudo bem então – ditou – Mandarei Irina preparar algo e depois você dorme, pode ser?

- Quero pirozhki – pediu manhosamente.

Viktor riu, concordando. A dupla então desfrutou da culinária feita pela chef de cozinha pessoal da mansão Nikiforov e, depois, cada qual se dirigiu ao andar de cima. O russo de olhos azuis tocou a maçaneta da porta de seu aposento e direcionou o olhar para o primo, que caminhava pelo corredor em direção ao seu quarto.

- Yura – chamou, atraindo sua atenção – Quer dormir comigo esta noite? – ofertou, preparado para receber uma negativa.

Plisetsky parou por um momento, em seguida assentindo timidamente, surpreendendo o mais velho. Assim, os dois ocuparam o quarto de Viktor, desfrutando de uma noite calma na companhia um do outro. O russo de olhos azuis ninou o primo como se faz com uma criança quando esta acorda assustada de um pesadelo, depositando um beijo em seus cabelos quando este pegou no sono. Não deixaria que nada de ruim lhe ocorresse e não descansaria até por um fim no motivo da tristeza de Yuri.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Yuuri acordou tarde, depois do horário em que costumava almoçar e sorriu, completamente revigorado. Dormira tão pesadamente que nem tivera tempo para sonhar e, agora, sentia toda a tensão que outrora assolava seu corpo se esvair e um bom humor preencher seu ser. Espreguiçou-se e bocejou, levantando-se calmamente e indo ao chuveiro, demorando-se por lá. Ao sair, vestiu roupas de tons pastéis, que refletiam seu estado de espírito, arrumou o quarto, pegou seus pertences e saiu do apartamento, certificando-se de trancá-lo.

Mandou uma mensagem a Mila, informando seus planos e também que a deixaria atualizada acerca do que futuramente ocorreria após seu encontro com Viktor e pegou um táxi, indo em direção ao local onde havia combinado de se encontrar com o russo. Era um restaurante relativamente chique no centro de Moscou, mas que possuía um ar rústico que o tornava mais convidativo. Faltavam apenas alguns minutos para o relógio indicar o horário acordado e não se importou em chegar lá britanicamente, já que tinha pretensões de desfrutar de algo do menu.

Pediu um prato simples, porém que lhe abriu o apetite e esperou, distraindo-se com o celular. Fazia algum tempo que não conversava com a irmã mais velha, então lhe mandou uma mensagem, sendo rapidamente respondido. Todos os dias entrava em contato com a família, fosse por forma de rápidas ligações ou textos eletrônicos, contudo, em específico com a mais velha, eram raros os momentos. Se pegou rindo quando esta disse que estava com saudades de ter alguém em quem mandar, retrucando que havia saído de casa por ser obrigado a executar trabalho escravo.

Estava tão distraído que nem notou quando Viktor entrou no restaurante e caminhou elegantemente em sua direção, os olhos azuis cravados em seu rosto, deliciando-se com a cena de vê-lo e ouvi-lo rir tão descontraidamente. Podia ter se passado menos de quarenta e oito horas desde que o vira pela última vez, contudo, Nikiforov não pode deixar de se encantar com aquele ser tão exótico. Não admitiria nem sob tortura, mas sentira uma leve falta daqueles olhos castanhos.

Yuuri estava sem óculos e com os cabelos úmidos penteados para trás, onde pequenas mechas deste ainda caiam por sua testa, e usava roupas claras muito elegantes. Para o russo, ele nunca estivera tão bonito quando estava agora e teve de controlar seu lado irracional para não se jogar naquele japonês e lhe devorar a boca avidamente. Tocou a cadeira a frente de Katsuki e pigarreou levemente, o vendo levantar o olhar, se surpreendendo.

- Viktor! – deixou que a exclamação escapasse de seus lábios, corando depois – Desculpe, acho que falei um pouco alto.

- Tudo bem – sorriu - Posso? – perguntou, indicando a cadeira.

- Fique à vontade – respondeu, meio sem jeito.

O coração de Yuuri disparou no peito. Era agora, estavam frente a frente e a realidade o acertou em cheio. Viktor estava especialmente sexy, com roupas escuras que se moldavam perfeitamente ao seu corpo e destacam seus olhos, o que deixou o japonês levemente desnorteado. Não podia ceder aos encantos alheios, então ajeitou a postura e tentou ficar mais sério, observando o outro que, por sua vez, o encarava.

- Se importa se eu pedir alguma coisa? – o russo inquiriu.

Negou com a cabeça levemente.

- Eu acabei me adiantado e pedi algo para mim – confessou.

Viktor sorriu, correndo os olhos pelo cardápio, não respondendo. O clima estava um pouco estranho, mas talvez fosse só o nervosismo de Katsuki falando mais alto. Não sabia muito bem como se portar, mesmo Mila tendo lhe dado algumas dicas, então achou melhor deixar tudo correr naturalmente. Já Nikiforov, por sua vez, estava tentando se acalmar. Havia decidido que pediria desculpas pelo seu comportamento e, principalmente, por ter feito o outro chorar, o que ainda lhe fazia sentir uma pontada de dor no peito só de lembrar.

O pedido de Yuuri foi entregue e o russo aproveitou a oportunidade para efetuar o seu. O japonês correu os olhos pela comida, sentindo o estômago clamar por ela e, sem cerimônias, começou a comer. Viktor riu, voltando a encará-lo, atraindo sua atenção. Em um gesto impulsivo, se inclinou sobre a mesa até alcançar Katsuki, passando o polegar no canto de sua bochecha, retirando dali um farelo. Instantaneamente o outro corou.

- Vi-Viktor – murmurou em alarde, olhando a sua volta.

- Já havia vindo aqui? – perguntou, desconversando e ignorando totalmente o que acabara de fazer.

Yuuri se recompôs e suspirou, começando a se irritar. Não queria brigar, era apenas uma conversa, mas se o outro agisse desta forma, como se nada tivesse acontecido e o ficasse provocando, não sabia se conseguiria manter sua paz de espírito.

- Uma vez, há muito tempo – informou a contragosto.

Nikiforov notou a mudança no tom de voz e também no olhar do outro, julgando ser melhor parar com os rodeios e ir direto ao ponto, mesmo sentindo-se consideravelmente desnorteado. Situações novas, principalmente envolvendo sentimentos recém-descobertos, o faziam travar e agir de forma estúpida. Nunca havia pedido desculpas a alguém que não fizesse parte de sua família, então era normal que não agisse de forma correta, mas se queria reconquistar o moreno, tinha de fazer um esforço. Limpou a garganta e encarou o moreno de olhos castanhos de forma séria, querendo demonstrar que o que dizia não era uma piada.

- Yuuri, eu queria começar me desculpando pela outra noite – disse, atento as reações alheias.

O moreno suavizou a expressão instantaneamente, feliz em finalmente terem tocado no assunto, foco do motivo do reencontro. Era isso que queria, uma conversa madura com ambos expondo seus pontos de vista, explicando-se e, por fim, entrando em um consenso.

- Tudo bem. Eu não guardo rancor de ninguém, Viktor, e com você não seria diferente.

Antes que o russo pudesse responder, foi a vez de seu pedido ser posto a sua frente. Agradeceu e esperou estar novamente a sós com Katsuki para retomar o diálogo.

- Fico feliz e, de certa forma, aliviado ao saber disso – ditou, referido ao fato de o outro não estar com raiva de si – Na verdade, confesso que achei que estaria planejando minha morte depois do que fiz.

O moreno riu, o que trouxe certa suavidade ao clima.

- Essa parte eu deixei pra Mila – retrucou de forma amena.

Nikiforov se viu sorrindo também, mas tornou a ficar sério em seguida. Era hora de abordar o ponto mais delicado e que, consequentemente, mais lhe feria.

- Eu também sinto por tê-lo feito chorar... Com certeza, é do que mais me arrependo – confessou, observando Yuuri corar e desviar o olhar para o prato sobre a mesa.

- Por que fez aquilo? – o japonês perguntou baixinho.

Pela primeira vez, Viktor também desviou o olhar. A imagem de Yuuri chorando correu novamente por sua mente e, em seu íntimo, decidiu que jamais a desejaria ver de novo. Pelo menos não por tristeza ou mágoa.

- Estou interessado em você – admitiu.

Yuuri levantou a cabeça e o encarou, as bochechas vermelhas.

- P-perdão? C-como disse? – questionou, gaguejando em meio ao nervosismo, querendo confirmar que seus ouvidos não o estavam enganando.

Viktor fixou seus olhos azuis nos castanhos de Katsuki, sustentando seu olhar, percebendo que, se quisesse de fato o moreno, teria de ser honesto não só consigo mesmo, mas com Yuuri também. Por alguma razão ainda desconhecida para si, o japonês conseguia despertar seu lado mais humano, fazendo com que não fosse apenas o Rei de Gelo da máfia, mas sim ele mesmo, um russo com família restrita, dedicado inteira e completamente a ela.

- Olha, a questão é que eu não vou mentir e dizer que te amo, mas há sim um interesse, pelo menos da minha parte – disse honestamente – Posso até me arriscar e dizer que gosto de você, Yuuri.

O outro nada disse, mas seus olhos se arregalaram e sua boca abriu um pouco em clara surpresa, o que foi a deixa perfeita para que Nikiforov continuasse.

- Você é diferente das pessoas com quem costumo estar envolvido e isso me encanta. Por isso fiz o que fiz e disse o que disse – justificou – Admito que não foi minha melhor abordagem e, até mesmo que mereci aquele tapa, mas minhas intenções nunca foram magoá-lo.

Yuuri assentiu, inapto a formular uma frase concreta, impressionado com o olhar passional que recebia. Viktor estava sendo totalmente sincero, o que fez seu coração bater um pouco mais rápido em seu peito e sua guarda ser baixada. Com calma, escolheu bem as palavras, para demonstrar o que sentia sem atacar o outro ou desmerecer suas falas.

- Poderia ter me dito isso ao invés de me pedir pra ser seu amante – arguiu – Eu não teria ficado magoado se fosse esse o caso. O desfecho da outra noite com certeza teria sido bem diferente.

Viktor riu suavemente, tocando a mão do japonês com delicadeza por cima da mesa, ficando satisfeito ao ver que este não recuou, aceitando aquele contato.

- Ficou incomodado com o que eu disse e não com o fato de eu ter te beijado? – perguntou, interessado no rumo da conversa.

- Si-sim – confessou, corando um pouco mais – E-eu estou ciente do que esta palavra implica e não é o tipo de relação que eu procuro. Me senti ofendido e irritado com sua postura.

O russo pôde notar quão difícil era, não só para si, mas para Yuuri estar se abrindo daquela forma. Ele estava visivelmente desconfortável, mas era notória sua valoração atribuída àquela conversa, o que acendeu um lampejo de esperança em Viktor. Seus dedos deslizaram pela pele do japonês indo até seu pulso e percorrendo o caminho de volta, por fim, entrelaçando seus dígitos aos alheios.

- Perdoe-me pelo uso errado da expressão e por tê-lo ofendido com ela... Prometo tomar mais cuidado, sim?

Katsuki assentiu, os olhos fixos nas mãos entrelaçadas. Por alguma razão, o toque do russo não lhe fazia se sentir desconfortável.

- Então, estamos de bem novamente? – inquiriu, chacoalhando a mão unida a do outro para atrair sua atenção.

- S-sim...

- Que bom – exclamou, dando um de seus charmosos e característicos sorrisos – Então, quer dizer que tenho uma segunda chance?

Yuuri tombou a cabeça um pouco para o lado e lhe direcionou um olhar confuso.

- Para que?

Viktor sorriu mediante a inocência do outro, uma de suas características mais adoráveis.

- Ora essa, para que? – riu, deliciando-se com a situação – Para te reconquistar. Agora sabe do meu interesse e eu não medirei esforços para te fazer meu, Yuuri.

Já vira seu primo atingir tons de vermelho bem interessantes quando irritado, mas, a cor do rosto do moreno naquele momento era algo único. Ele estava realmente envergonhado diante de tal declaração do outro, mas, ao mesmo tempo, parecia feliz com ela.

- C-como consegue...? – inquiriu Yuuri, abaixando a cabeça.

- O que? – retrucou Nikiforov, brincando novamente com sua mão unida a do outro, sorrindo de forma descontraída.

- Dizer essas coisas... T-tão facilmente...

Viktor alargou mais o sorriso, seus olhos adquirindo um brilho luxurioso.

- Yuuri, olhe pra mim – pediu, vendo o outro atendê-lo de imediato – Você é quem me faz dizer essas coisas. No momento, sua expressão está tão adorável que estou com vontade de agarrá-lo aqui mesmo.

O japonês arregalou os olhos e recuou um pouco, o que provocou uma risada no russo de olhos azuis.

- Não precisa se assustar – explanou – Eu prometi que tomaria cuidado para não te ofender de novo e sei que não gosta muito de demonstrações de afeto em público, então relaxe. Eu sempre cumpro o que prometo.

Por um momento, Yuuri desconfiou das intenções de Nikiforov, mas logo relaxou. Obtivera as respostas que queria, um pedido de desculpa e, se considerasse, até mesmo uma declaração viera, como um bônus. É claro que Viktor teria de reconquistá-lo provando que era novamente digno de sua confiança, mas era bom estar de bem com o outro, já que poderia conhecê-lo ainda mais e determinar que tipo de pessoa era.

- Yuuri – a voz do outro o afastou de seus devaneios.

- Sim?

- Lembra-se que me contou sobre seu sonho de ser patinador?

Concordou, suspirando.

- Estou velho para iniciar uma carreira, então fica só como um sonho bobo mesmo.

O russo sorriu.

- Bom, concordo que talvez não dê para seguir carreira profissional, mas nada te impede de ir patinar, não é mesmo?

- Como assim? – questionou, confuso.

- Eu não sabia se ia me perdoar ou não, mas esperava que o fizesse, e planejei te compensar pelo fiasco do nosso primeiro encontro – explicou – O que me diz de, quando sairmos daqui, irmos patinar juntos? Seria divertido e também uma forma de reiterar minhas desculpas.

O sorriso que Yuuri lhe deu era angelical, o que fez seu peito se aquecer. Nesse momento, Viktor descobriu que tinha uma pequena queda por japoneses morenos de olhos castanhos que sorriam de forma angélica e, preferencialmente, se chamavam Yuuri. Era estúpido para sua idade e posição estar tão fascinado com Katsuki, mas não se importou. Antes sentir isso uma vez na vida do que morrer sem nunca ter experimentado.

Sorriu com esse pensamento. Era estranho, mas estava começando a aceitar a fluidez de sentimentos bons que percorriam seu ser e eram direcionados ao inocente rapaz a sua frente. Talvez de fato conseguisse ter uma relação saudável com Yuuri, desde que ninguém além de sua família soubesse de seu envolvimento. Relacionamentos demonstram fraquezas e Viktor estava ciente disso. Se o moreno não descobrisse sobre a máfia e a máfia não descobrisse sobre Yuuri, então tudo estaria resolvido.

Um pensamento otimista e um tanto descuidado, mas daria um jeito de fazer funcionar. O discurso de que era atraído para o moreno apenas pelo desejo sexual caíra por terra. Gostava dele e de sua companhia, claro, queria transar com ele também, mas não era só isso. Queria ver as outras expressões do japonês, saber mais sobre seu mundo e, surpreendeu-se ao perceber que queria fazer parte de sua vida. Levou apenas alguns dias, um encontro casual e dois planejados e um beijo para perceber o que realmente queria. Queria Yuuri, não só como objeto sexual, mas como pessoa.

- Viktor?

- Sim?

- Onde vamos patinar? – perguntou, curioso e animado ao mesmo tempo.

- O que prefere... Um rinque ou um lago congelado?

Katsuki deu de ombros e depois sorriu.

- O pedido de desculpas é seu, então você escolhe o que acha que vai me agradar mais.

Nikiforov riu mediante a audácia do outro, divertindo-se com a nova experiência que assolava sua vida.

- Rinque – determinou.

- Ótimo – sorriu, concordando.

Os dois rapazes então finalizaram suas respectivas comidas e, após certa insistência, Viktor pagou a conta de ambos. Quando saíram do restaurante, havia um carro elegante, preto, os esperando. O de olhos azuis caminhou tranquilamente até o mesmo, certificando-se de que o japonês o seguia, meio hesitante. O motorista abriu a porta e fez uma pequena reverência.

- Senhor Nikiforov, estava a sua espera.

O russo sorriu para Yuuri e segurou sua mão novamente, o puxando para dentro do veículo, sem dar tempo ao mesmo de protestar. O interior era todo trabalhado em couro preto, espaçoso e confortável, com uma janela que separava o motorista dos passageiros. Katsuki correu a vista por tudo ao seu redor, fascinado, já que não era habituado ao luxo. Seu olhar cruzou com o de Viktor ao seu lado e este lhe forneceu um sorriso charmoso.

- Tudo bem?

Meneou a cabeça de forma positiva, sorrindo, um pouco envergonhado. O russo realmente se empenhara nas desculpas, e o encontro só havia começado.

- E, como andam as aulas, Yuuri? – perguntou no intuito de romper o silêncio.

- Bem. O professor de literatura russa continua implicante, principalmente comigo.

- Jura? Ainda por causa da sua nota?

- Sim – suspirou, pesaroso – Nunca vi um professor ficar tão bravo por alguém ter ido bem.

- Você não foi apenas bem, atingiu a pontuação máxima – disse, rindo – Mas, talvez deva se queixar com alguém caso a situação fique desconfortável – aconselhou Viktor.

O japonês deu de ombros.

- Não sou de reclamar. No fim, sei que tudo dará certo – riu.

O russo sorriu também, tomando a mão do moreno na sua, levando-a até os lábios, depositando um beijo suave, sem desviar os olhos azuis dos castanhos.

- E isso é mais uma das coisas que adoro em você – disse.

Dessa vez, Yuuri não corou tanto, sorrindo com suavidade.

- Acho que terei que me acostumar com você me dizendo essas coisas, não?

- Uhum, vai – retrucou Nikiforov, rindo.

Era confuso que, ao mesmo tempo, Viktor o deixasse confortável e nervoso, contudo, com a convivência, esperava se habituar mais a esse jeito, eliminando aos poucos o nervosismo. Era gostoso estar na companhia do outro e, agora, aquele desentendimento parecia não ter existido. Era uma das qualidades de Yuuri. Ele perdoava e esquecia. Aquela aura sexy que envolvia o russo o estava dominando aos poucos, o envolvendo em um abraço, e, pelo menos naquele momento, se permitiria ser abraçado.

O rinque ao qual o russo se referira não era um mero rinque local, mas sim um dos mais famosos de Moscou, que ficava localizado no Parque Gorky*. Yuuri nunca o visitara e ficou fascinado com a beleza e a infraestrutura do local. Rapidamente, acelerou o passo e puxou Viktor consigo, como uma criança, para alugarem os patins, rindo enquanto corria para a pista de gelo. O russo sorria também, atento a todas as reações do japonês.

Desta vez, pelo menos, o moreno persuadira o outro a deixar que pagasse pelos próprios patins e, juntos, adentraram a pista de água sólida. O gelo estava perfeitamente liso e outras pessoas também patinavam. Crianças, casais e até mesmo idosos desfrutavam da diversão proveniente do espaço. Os dois deslizaram um pouco pela pista, lado a lado, porém Viktor se deteve, fazendo com que o outro copiasse seu movimento, parando também.

- Já que era seu sonho, quero ver o que sabe fazer, Yuuri – o russo o desafiou, em tom de brincadeira – Aposto que sou melhor que você.

- É bom que seja, por que estou pensando em apostarmos alguma coisa... – respondeu no mesmo tom – O que me diz?

Nikiforov era um mafioso e, como tal, um de seus passatempos favoritos era distrair-se em casas de apostas com jogos de sorte, onde Pôquer e Black Jack eram suas especialidades. Com a oferta de Katsuki, sorriu maliciosamente, despertando seu lado apostador.

- Oferta tentadora – pronunciou – Eu aceito.

O moreno sorriu inocentemente, não percebendo a brecha que entregara de bandeja ao outro.

- Ok. Alguma ideia do que podemos apostar?

- Que tal se... – seu cérebro trabalhou rápido e logo uma ideia arriscada surgiu – ...O perdedor dar um beijo no vencedor no local de sua escolha?

Yuuri corou, imediatamente lembrando-se de seu primeiro beijo com o russo. A sensação quente de ter aquela boca devorando a sua era como uma droga prazerosa, entretanto, não poderia ceder. Havia acabado de perdoar Viktor. Desviou o olhar, recordando de como se sentira nas nuvens quando fora beijado ao mesmo tempo em que desabou quando o contato terminou e ouvira aquelas frias palavras. Não queria sentir aquele peso sufocante no peito de novo.

Nikiforov, por sua vez, percebeu o conflito interno que provocara no menor, quase se dando um tapa pela burrada. Como conseguia estragar tudo tão rapidamente? Tinha que parar de pensar tanto com a cabeça de baixo, contudo, perto do japonês, tal coisa parecia praticamente impossível. As lâminas de seus patins feriram o gelo suavemente até Katsuki e segurou seu rosto como se este fosse quebrar ao mais leve toque, o erguendo, deslizando o polegar por seu lábio inferior.

- Desculpe... – sussurrou, mesmo sentindo a urgência em tomar aquela boca na sua.

- Tudo bem... – respondeu, com os olhos fixos nos lábios do russo.

Era óbvio que Viktor queria beijá-lo novamente e Yuuri, por sua vez, demonstrava querer ser beijado. Mesmo que não tivesse feito como o russo e admitido que se interessava por este, era mais do que evidente que era esta a situação e seu corpo não podia evitar se embriagar no desejo de ter algo a mais com o foco de seu interesse. Estavam perigosamente perto um do outro, o que dificultava ainda mais a situação do japonês em pensar racionalmente.

Com delicadeza, tocou e fechou os dedos no pulso de Viktor, afastando a mão que segurava seu rosto um pouco de si, sorrindo sem graça enquanto realizava o ato. O russo pareceu entender a situação e, mesmo não querendo, atendeu o desejo do moreno de olhos castanhos, afastando-se. Tinha de ir com calma, senão assustaria o outro.

- É um pouco difícil me segurar perto de você... – justificou – Mas, farei o possível para me controlar.

Yuuri assentiu.

- Tem muita gente aqui – comentou, corando enquanto olhava ao redor.

Por um momento, Viktor travou. Era a primeira vez que isso acontecia. Analisou bem as palavras que ouvira e encarou fixamente Katsuki, ainda absorvendo todas as possíveis implicações que aquela pequena frase possuía.

- O que quer dizer com isso, Yuuri? – perguntou – Está realmente insinuando o que penso que está?

O japonês corou ainda mais, suas bochechas ficando tão vermelhas quanto ficaram quando Viktor admitiu seu interesse por sua pessoa. De fato, estava, mas era vergonhoso verbalizar aquilo.

- A-acho que sim... Em um lugar mais... Vazio... Talvez não precise... – seu tom de voz se abaixou – Se segurar...

A gota final de sanidade que ainda impedia Viktor de agir se esvaiu com aquela fala. Já Yuuri, por sua vez, decidiu mandar para o inferno seu lado racional e correr novamente o risco de se magoar. Se o que Nikiforov falara para si no restaurante fosse realmente verdade, então, dessa vez, não sairia chorando ao fim de tudo. Todavia, só havia um jeito de confirmar se a declaração era verossímil, arriscando. Sabia que, um minuto atrás, pensara em resistir, contudo, não era de ferro. Seus sentimentos eram mais fortes que sua mente.

- Yuuri, está mesmo certo do que acabou de me dizer?

O moreno concordou timidamente, meneando a cabeça. Em um gesto gracioso, deslizou a mão que antes segurava o pulso do russo para sua palma, apertando-a com suavidade. Viktor imediatamente sorriu com malícia, interpretando aquele gesto.

- Vem comigo – instruiu, arrastando o menor para fora do rinque.

Era uma lástima terem gastado dinheiro e não patinado muito, contudo, estavam a ponto de fazer algo bem mais interessante. Poderiam patinar sempre, mas Viktor não sabia se Yuuri permitiria que este o tocasse novamente.

- Para onde está me levando, Viktor? – o moreno perguntou, vendo-se ser arrastado cada vez mais para o meio do parque.

- Um lugar onde teremos privacidade – sorriu – Confie em mim, conheço esse lugar como a palma da minha mão.

Assentiu, mesmo não estando tão certo disso. Tinha que parar de criar tantos empecilhos na situação, caso contrário seu jeito tímido o faria travar e não era o que desejava. O russo continuou a puxá-lo até um local afastado, mas que ainda tinha vista para a pista de patinação e uma iluminação considerável, e prensou-o entre uma árvore e seu próprio corpo, os olhos possuindo um brilho selvagem de desejo. Yuuri logo se deixou contagiar por aquele olhar, percebendo que este despertava em si um lado que não conhecia.

Quase gemeu quando Viktor aproximou o rosto do seu e lambeu os próprios lábios, mordendo-os sensualmente em seguida, aquele olhar febril direcionado a sua pessoa. O calor que provinha do russo o estava envolvendo e logo Katsuki começou a se sentir quente. Estavam em situação semelhante a do primeiro beijo, contudo, desta vez Yuuri sabia o que iria acontecer e estava gostando do desenrolar da situação, apesar de achar torturante a demora do outro em agir.

- É sua última chance, Yuuri – alertou, com a voz rouca e carregada de desejo.

O moreno agarrou a gola do casaco de Nikiforov e o puxou para si, selando seus lábios nos alheios de forma apressada. Se pensasse demais, talvez desistisse, ou mudasse de ideia, querendo voltar a se unir as pessoas no rinque, mas não queria fazer isso no momento. O russo fora perdoado, explicara o motivo de suas ações e estes eram plausíveis, então não havia motivo para impedir que algo que ambos queriam acontecesse. Algo dizia que seria diferente desta vez e que, nesse caso, o japonês se arrependeria se deixasse a oportunidade passar.

Viktor apertou sua cintura de forma possessiva, devorando sua boca avidamente, correspondendo o beijo e o intensificando, enquanto o moreno brincava com os cabelos prateados da nuca do russo, enrolando seus dedos nas sedosas madeixas, às vezes arranhando a pele alva daquela região, ouvindo contra seus lábios os gemidos do outro. A língua experiente de Nikiforov serpenteou para dentro de sua boca, alisando e enrolando-se na sua, a provocando e estimulando.

Era um beijo bem diferente do primeiro, mais necessitado e fogoso devido ao desejo reprimido, contudo, também mais passional, o que fez com que algo entre as pernas de Yuuri começasse a formigar. A perna de Viktor entre as suas, roçando naquela área, não ajudava na situação, e seu baixo-ventre fisgou. Gemeu manhosamente quando se separaram para retomar o fôlego, logo tendo os lábios atacados novamente, ao tempo em que suas mãos agora acariciavam as costas de Nikiforov e este apertava sua bunda por cima da roupa.

O japonês estava indo a loucura com aquilo. Era a primeira vez em que fazia algo assim e estava adorando. Toda sua timidez sendo mandada para algum canto adormecido de seu ser. Suas mãos adentraram a roupa do russo, arranhando suas costas perto da região da lombar, sentindo agora a ereção alheia se esfregar na sua, contente por não ser o único naquele estado. Esquecera-se completamente da vergonha, na verdade, tudo o que conseguia pensar era em como era delicioso beijar aquele homem tão sexy e misterioso.

- Yuuri... – Viktor gemeu, abandonando seus lábios, mordendo seu queixo e indo para seu pescoço – Você está me enlouquecendo, sabia?

O outro apenas riu, tombando a cabeça para o lado para que Viktor pudesse abusar ainda mais de sua pele, marcando-a com beijos e chupões. Uma das mãos alheias ergueu sua perna, colocando-a envolta da cintura do russo, ao tempo em que a outra adentrou sua calça e roupa íntima, apertando novamente sua bunda. Nikiforov estava obscenamente excitado, assim como Yuuri, o que deixava a situação como um todo ainda mais torturante.

O russo mexia seu quadril de forma que o volume entre suas pernas se esfregasse no de Katsuki, que estava ainda mais acessível devido a sua perna levantada, e suas mãos apertavam possessivamente a pele de suas nádegas, com certeza as marcando. A ideia de que estava fazendo isso ao ar livre era emocionante, culminando ainda mais a personalidade tímida do japonês.

- Vi-Viktor... – foi a vez de Katsuki gemer com certa dificuldade, atraindo os olhos azuis para si.

Passou a mão pela franja prateada e puxou o rosto do russo com a outra para si, beijando seus lábios avermelhados, tomando momentaneamente as rédeas da situação. Estavam fazendo algo que não combinava nem um pouco com a personalidade do japonês, entretanto, Viktor despertara em si esse lado até então desconhecido. Nikiforov, por sua vez, aproveitou o ósculo para deslizar a mão para a parte da frente do corpo alheio, acariciando o considerável volume de Yuuri, sentindo-o responder ao toque. Desuniu seus lábios dos de Katsuki e encostou sua testa na do moreno, sorrindo em um misto de alegria e malícia.

- Parece que alguém aqui está bem excitado, não? – perguntou, acariciando a região íntima do moreno mais uma vez, observando-o morder o lábio inferior sensualmente e mover o quadril em direção a sua mão em busca de mais contato.

Katsuki corou levemente ao perceber que os olhos azuis o estavam observando, mas sorriu. Os cabelos estavam bagunçados e caiam por sobre sua testa, colando-se a sua pele devido ao suor, mas não ligou. Aquele olhar confirmava que nada disso importava. No caso de Viktor, este estava adorando conhecer o lado pervertido e nada tímido do menor. Com certeza Yuuri era a melhor coisa que encontrara em sua vida.

- Eu não sou o único – retrucou com a voz rouca, abaixando os olhos para o meio das pernas do russo de forma atrevida e despudorada.

- A culpa é sua – sussurrou, aproximando a boca da orelha do moreno, mordendo o lóbulo desta.

A mão de Nikiforov se mexeu dentro da calça de Yuuri, arrancando um gemido sôfrego deste, que começou a rebolar para conseguir mais contato. Fizera isso de forma inconsciente, já que não sabia exatamente como agir em uma situação destas.

- Quer que eu te alivie, Yuuri? – murmurou contra a pele do pescoço do japonês, cravando os dentes naquela região.

Tudo o que o moreno de olhos castanhos conseguiu pronunciar foi um mero “uhum”, o que fez o russo sorrir, passando a língua pelo local onde anteriormente mordera. Sua mão abandonou momentaneamente o membro de Yuuri, abrindo o zíper da calça do japonês, puxando sua intimidade para fora de suas vestimentas, iniciando uma carícia, movendo sua mão para cima e para baixo lentamente, deliciando-se com os gemidos que provinham do outro. Katsuki o abraçou na região do pescoço, o que permitia a Nikiforov ouvir ainda mais claramente seus ofegos.

A mente do japonês apagou e tudo o que sabia era que aquela mão lhe masturbando estava o levando aos céus. Seu corpo, sendo submetido a um prazer nunca antes provado, reagia e, quando o ritmo daquela carícia acelerou, viu-se completamente entregue aos espasmos de prazer. Agarrou-se ainda mais a Viktor, gemendo sem pudor e de maneira mais constante, ouvindo também que o russo desfrutava do ato. Este suspirava pesadamente, vez ou outra beijando o pescoço de Katsuki.

- Viktor... – miou de forma manhosa – M-mais... Rápido...

E seu pedido foi imediatamente atendido. Seu membro estava quente, assim como a mão do russo, e a fricção o estava fazendo delirar. Suas pernas tremeram levemente e sentiu o ápice se aproximando. Contudo, como se previsse tal ato, de repente a carícia cessou e Nikiforov encarou o menor, beijando sua bochecha e depois selando seus lábios nos do moreno. Antes que Yuuri questionasse o que estava acontecendo, notou que Viktor levou a mão que antes o masturbava até a própria calça, retirando habilmente sua intimidade de lá, juntando-a com a de Katsuki.

- Achou que só você iria se divertir? – inquiriu o russo com nada além de malícia e provocação na voz.

Não respondeu, corando, não conseguindo evitar não olhar para o membro duro e pulsante do outro. O tamanho e a espessura eram bem diferentes dos de Yuuri, entretanto, não teve muito tempo para continuar sua avaliação, já que logo sua intimidade voltou a ser acariciada com certo fervor. Se somente a mão de Viktor já conseguira tirar o japonês de si, agora, com o acréscimo de seu membro, fora levado à insanidade.

Não demorou muito para se desfazer com um gemido alto, melando a mão alheia. Agarrou firmemente as roupas de Nikiforov pela repentina falta de equilíbrio enquanto gozava, abrindo a boca para que um arrastado gemido saísse dela. Seu peito subia e descia rapidamente com a respiração acelerada, mas os movimentos não haviam se dado por cessados, já que o russo ainda estava excitado, devido ao fato de não ter gozado. Sentiu-se enrijecer de novo, voltando a gemer. Derramou-se pela segunda vez, em bem menos tempo que a primeira, e conjuntamente a Viktor.

- Ah... Yuuri... – o russo gemeu, não lhe dando tempo de assimilar o ocorrido, logo o beijando vorazmente.

Quando se separaram, Nikiforov sorriu, depositando um beijo na testa do menor, na ponta de seu nariz e, por fim, em seus lábios, fascinado com a expressão de Yuuri. Os olhos castanhos possuíam um brilho encantador, a boca do japonês estava levemente aberta e inchada devido ao ósculo luxurioso e as faces avermelhadas, as roupas uma completa bagunça e a respiração ofegante. Seu sêmen, junto ao de Katsuki, melara ambos os membros e sua mão, mas felizmente não sujara nenhuma das roupas.

- Você tem noção de quão irresistível está agora? – o russo murmurou, iniciando uma série de selinhos dados na boca alheia.  

Katsuki corou ainda mais, sorrindo ao fim, recebendo de bom grado os beijos. Depois de alguns minutos, os dois aumentaram um pouco mais a distância entre seus corpos, para poderem se recompor, arrumando as próprias roupas. O moreno encarou, com o canto dos olhos, o russo retirar um lenço de dentro de seu casaco e limpar a mão melada superficialmente. Nikiforov sorria de forma suave ao fazer aquilo, o que deixou Yuuri curioso e ao mesmo tempo com receio. Nunca vira o outro sorrir assim.

- Viktor? – o chamou, vendo os olhos azuis o encararem.

O russo se aproximou, retirando as mechas de cabelo que caíam por sobre a testa de Katsuki com carinho, ajudando-o a ajeitar o cabelo.

- Se ainda quiser, podemos patinar. Não está tão tarde. – comentou, entretido em lidar com os fios cor de ébano.

Yuuri o encarou, os olhos estranhamente esperançosos. Nikiforov se atentou ao fato, deslizando as mãos por seu rosto, parando abaixo de seu maxilar.

- Algo errado? – inquiriu.

- Não – disse – Eu só... Bem, eu nunca tinha te visto sorrir assim... – finalizou com a voz baixa e as bochechas vermelhas.

Viktor aproximou mais seu rosto do alheio.

- É por que antes eu não tinha você – respondeu, absorto naquele rosto angelical e inocente.

Aquela era a primazia do desenvolvimento de um carinho por alguém que não era de sua família. As palavras doces simplesmente fluíram a sua mente e deixou-as escapar por sua boca de forma tão natural que só se dera conta do que dissera depois de ver os efeitos que sua fala provocara em Yuuri. Sorriu, puxando-o para seus braços de forma protetora em um abraço. Seu primo era a única pessoa que abraçava assim, de forma tão honesta, o que só comprovava quão especial o japonês estava se tornando para si.

Não havia um motivo específico, Katsuki era o conjunto de uma série de fatores que fazia com que Viktor simplesmente o quisesse. Um querer possessivo, mas ao mesmo tempo puro, aquele sentimento de proteção contra os males do mundo, assim como a incansável vontade de fazê-lo sorrir sempre. O japonês era diferente de tudo e todos, honesto, gentil e com um coração extremamente bondoso. Tudo aquilo que Nikiforov não era. Eram completos opostos e, por isso, sentia-se tão positivamente atraído pelo moreno de olhos castanhos, já que este supria todas as lacunas escassas de seu mundo sujo.

Por sua vez, Yuuri estava feliz, o peito aquecido e o coração batendo forte enquanto acomodava-se naquele abraço tão protetor. Não estava sentindo-se usado como da última vez, mas sim uma pessoa querida. Era estranho estar tão entregue a alguém relativamente desconhecido, contudo, na vida, há sempre uma primeira vez para algo. Sorriu com esse pensamento, sentindo o russo iniciar uma leve carícia em seus cabelos.

- Sabe, Yuuri – comentou – Depois do que acabou de acontecer, posso deduzir que estou completamente perdoado? – inquiriu, rindo no final com a pequena e infantil provocação.

Apesar de todo o carinho que estava nutrindo pelo menor, vê-lo corar era um dos pequenos prazeres que não negaria a si, mesmo que para isso tivesse que deixá-lo levemente constrangido e desconfortável.

- S-sim – o japonês respondeu, escondendo o rosto no peito do russo.

Viktor o apertou mais em seus braços e deixou que seu queixo descansasse sobre a cabeça de Yuuri.

- Eu realmente não quero que vá embora – ditou, pensando alto.

Por um momento, quis que o tempo congelasse. Estava tão bom ali, sentindo o calor alheio e sendo ele mesmo sem qualquer outra implicação. Katsuki, por sua vez, ergueu o rosto e o encarou.

- Você já tem que ir? – perguntou, uma pontinha de tristeza maculando sua voz.

Um dos braços que enlaçava Yuuri se soltou de si para que Nikiforov pudesse pegar seu celular no bolso traseiro da calça. Consultou o aparelho, observando que não havia nenhuma mensagem das poucas pessoas que tinham seu número pessoal, portanto, nada de importante estava ocorrendo. Podia brincar por mais algum tempo de ser só uma pessoa comum em um encontro.

- Não, não tenho – sorriu, afagando a bochecha do moreno – Quer fazer alguma coisa, então?

- Sim – respondeu com animação – Acho que podíamos voltar a patinar... Eu realmente estava ansioso.

Viktor se inclinou um pouco e roubou um novo beijo de Katsuki, para então abraçá-lo pelos ombros, postando-se a caminhar de volta para o rinque. O russo percebeu os olhares que eram direcionados tanto para si, quanto para Yuuri, que estava absorto em seu próprio mundo, sorrindo de forma doce enquanto comentava sobre um livro que lera, ao mesmo tempo em que amarrava os próprios patins. Sentiu-se incomodado com algumas garotas que direcionavam olhares mal intencionados para o japonês, instantaneamente fechando a cara. Os olhares sempre estiveram ali, mas agora, pelo avanço na intimidade, estava se tornando mais consciente deles.

Yuuri não era só bonito. Além do fato de ser estrangeiro e ter uma beleza exótica, seu ar de simplicidade, daquele tipo em que a pessoa não nota quão bela é, o deixava ainda mais irresistível. Infelizmente, não era só o russo quem notava isso, o que o irritava. Katsuki, alheio a situação, jogou os cabelos para trás e ajeitou a postura, animado com a ideia de patinar novamente, desta vez por mais tempo, com o belo russo ao seu lado. Entretanto, quando o encarou, este estava com um semblante um tanto amargo, o que o deixou confuso.

- Viktor?

Sua atenção imediatamente se focou no dono da voz, a carranca se transformando em um sorriso.

- Terminou de amarrar os patins?

Yuuri concordou, se levantando.

- Algo errado? Você não está com uma cara muito boa...

Nikiforov não respondeu de imediato, lhe lançando um olhar que o japonês não conseguiu decifrar, para depois o tomar pela mão, guiando-o até o gelo.

- Tirando o fato de que algumas pessoas estão devorando você com os olhos, não. Nada de errado.

Yuuri corou e Viktor percebeu quão infantil havia soado, principalmente se tratando de alguém com quase 30 anos e chefe de uma das mais importantes famílias da máfia. Ótimo, mais um item para sua lista de idiotices que fazia quando estava sob o efeito do moreno de olhos castanhos. Bom, foda-se. Naquele momento aquele japonês era seu e, pela expressão em seu rosto, ele gostara de ouvir aquela fala, então talvez não houvesse tanto problema assim.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Após finalmente ter convencido e deixado Yuuri em seu prédio, secretamente contente por saber agora onde este morava, Viktor, com o auxílio de seu motorista particular, rumou para a mansão. Estava se sentindo leve e, podia até arriscar-se a dizer, feliz. Katsuki era incrível, divertido, animado e, principalmente, sexy. O som de seus gemidos não seria tão facilmente esquecido pelo russo. Fora um dia relaxante, onde patinaram até cansar, trocaram carícias quentes e também descobriram um pouco mais acerca um do outro. O japonês acabara por revelar um pouco sobre sua família e Nikiforov achou justo fazer o mesmo, comentando sobre o primo e o avô. Pudera ser ele mesmo e era isso, acima de tudo, que o agradava.

Infelizmente, seu humor não durou muito. Quando chegou a mansão, encontrou o primo em seu quarto, amuado em um canto da cama, chorando baixinho. Seu corpo tremia devido aos soluços que tentava segurar. Nunca o vira tão frágil. Aproximou-se silenciosamente e sentou-se ao seu lado, atraindo sua atenção, vendo-o imediatamente esfregar os olhos numa inútil tentativa de secar as lágrimas.

- Já voltou? Achei que ia ficar com o porquinho até amanhã... – comentou Plisetsky.

Viktor acariciou os cabelos do loirinho e o puxou para o seu colo, o ninando. Yuri não reclamou, apenas deixou-se ser confortado, abraçando o primo.

- Yura... Quer me contar agora o que houve?

Um momento de silêncio se instaurou até o menor estender o celular, com uma foto brilhando na tela, que aparentava ter sido retirada de uma matéria de revista. Nela, estava estampada a imagem de Otabek de mãos dadas com uma garota, que sorria. A manchete dizia em que a tal moça era a nova namorada de Altin. Viktor entendeu na hora o que se passara na mente do menor e o abraçou apertado, enroscando seus longos dedos pelos fios loiros.

- Ah Yura... Está guardando isto desde a festa, não está? – murmurou em tom consolativo – Sei que deve haver uma explicação pra essa foto, você sabe como a mídia é venenosa... O Otabek nem está sorrindo. E eu sei que ele te ama.

Yuri levantou o rosto, os olhos vermelhos pelo choro e a expressão tomada por uma raiva repentina.

- Amor? – desdenhou – Se ele me amasse não estaria com uma vadia. Eu fui um estúpido em nutrir qualquer sentimento por ele.

Viktor pousou a mão na bochecha de Plisetsky, secando as lágrimas deste com o polegar.

- Primeiro – disse – Você não foi estúpido e se disser isso de novo, eu é quem vou cortar sua língua, entendeu bem?

Yuri assentiu, revirando os olhos.

- E, em segundo lugar, se, em alguma hipótese, ele te trocou por aquela mulher da foto, o imbecil é ele.

O loiro então suavizou a expressão e  sorriu, abraçando o primo na região do pescoço.

- Obrigado, Vitya... – murmurou baixinho – Até que seu encontro com o porco teve bons resultados.

Nikiforov riu, fazendo carinho nas costas do menor. Ficaram um tempo assim, até um questionamento surgir na mente do russo mais velho.

- Por que não me contou sobre isso antes, Yura?

Yuri voltou a se sentar em seu colo, abaixando o olhar para suas mãos.

- Você estava tão animado com seu encontro idiota que eu não quis que se preocupasse comigo...

Um peteleco forte foi desferido contra a testa do loiro de olhos verdes, que gritou em protesto, xingando o russo de olhos azuis, e levando as mãos ao local dolorido.

- Tá doido, seu velho senil?

- Me escute bem, Yuri Plisetsky – ditou seriamente – Nada nem ninguém nesse mundo jamais substituirão você. É e sempre será minha prioridade número um, entendeu?

Lentamente, abaixou as mãos, suas bochechas ficando levemente vermelhas. Seus olhos marejaram novamente e desferiu um soco no braço de Viktor com certa força.

- Idiota – arguiu baixinho, começando a chorar novamente – Deixe esse estúpido papinho sentimental pro seu namorado.

Mesmo assim, o loiro tornou a abraçar Nikiforov, chorando copiosamente. Viktor deixou que ele o fizesse até cair no sono, o rosto vermelho e os olhos levemente inchados. Colocou Plisetsky cuidadosamente no colchão, beijou a testa deste, e pegou o celular do primo, enviando a imagem para seu próprio aparelho. Com cautela, abandonou a cama e rumou até a porta, abrindo-a, e chamando um capanga que estava no corredor. Estendeu a imagem ao homem e o encarou com frieza.

- Descubra tudo o que puder sobre a mulher desta foto. Se ela soltar um espirro, eu quero ser informado – ordenou – Fui claro?

Imediatamente o capanga assentiu, sumindo pelo corredor para colocar em prática a ordem. Nikiforov, por sua vez, encostou-se ao batente e encarou Yuri na cama, dormindo profundamente. Nada nem ninguém machucariam seu primo e, se aquela mulher era um obstáculo, não mediria esforços para eliminá-la.

Travou por um momento, sorrindo ao fim. Desde quando ligava para coisas como amor jovial não correspondido? Deveria ter mandado o primo arranjar outro amante e pronto. Era isso que o antigo Viktor faria, o Viktor que ainda não conhecera Yuuri Katsuki. É, talvez seus sentimentos pelo japonês estivessem exercendo certa influência em sua personalidade. Não sabia ao certo se era algo bom ou ruim. Isso, só o tempo diria.


Notas Finais


*De fato há mesmo o Parque Gorky em Moscou, é um lugar imenso, super lindo. O rinque não é exatamente um rinque profissional, como os vistos no anime de Yuri on Ice, mas também não é um lago congelado, fato que confirmei com minhas fontes russas, vulgo minha amiga. Outro fato bacana é que você pode alugar patins por hora e patinar ;)
Tomei a liberdade de recriar um pouco o cenário do parque para se encaixar com o que eu tinha na cabeça, então espero que tenha ficado bom.

Espero que tenham gostado deste capítulo e espero vê-los em breve...

Abraços ~


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...