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História I Need a Gangsta - Meu Passado e Seu Futuro - História escrita por Mitsuky-chan - Spirit Fanfics e Histórias
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História I Need a Gangsta - Meu Passado e Seu Futuro


Escrita por: Mitsuky-chan

Notas do Autor


Demorei? Demorei... E sinto muito por isso, meus queridos...
Eu voltei a ter aulas e estou trabalhando também e cuidando do meu papis, ai fica difícil conciliar tudo, então peço perdão e agradeço imensamente por não terem desistido de mim <333

Já aviso que esse capítulo não ficou tão grande, mas espero que tenha ficado do agrado de vcs hehehe
Obrigada por todos os favoritos e comentários *----*
Prometo responder os que faltam assim que possível ;D

Sem mais delongas, os vejo nas notas finais e espero que me perdoem se houver algum erro ^^'''

Capítulo 8 - Meu Passado e Seu Futuro


Fanfic / Fanfiction I Need a Gangsta - Meu Passado e Seu Futuro

Capítulo 8 – Meu Passado e Seu Futuro

As notícias sobre o caso de assassinato do professor de literatura ainda pincelavam os noticiários, entretanto, não havia nenhum dado novo que ajudasse as autoridades a descobrir quem era o culpado daquele crime, o que fez com que a polícia apelasse aos cidadãos, pedindo sobre qualquer informação que os ajudasse a desvendar a situação. Yuuri estava sentado no sofá lendo um dos livros da lista fornecida no começo do ano pelo falecido educador, quando parou para prestar atenção no que a mídia dizia, questionando-se também acerca do que Viktor levantara acerca da possibilidade do ato ter sido motivado pela vingança de um aluno que possivelmente tivesse passado pelo mesmo que sua pessoa.

Será que seria uma informação útil a polícia? Uma especulação talvez dificultasse mais que ajudasse, além de saber que a intenção do mais recente namorado naquela hora fora apenas distrair sua mente de possíveis e estúpidas ideias transtornantes que talvez pudessem rondá-la. Sorriu ao pensar em como o russo havia se preocupado consigo e, principalmente, com o fato de agora estarem em um relacionamento. Essa ideia fez com que fechasse o livro e o apoiasse sobre as pernas, abaixando as pálpebras dos olhos enquanto relembrava-se o dia anterior e tudo o que ocorrera nele. Era difícil não pensar que não só avançara consideravelmente no quesito intimidade como de fato perdera a virgindade com Nikiforov.

Abriu os olhos e estes se focaram no horário que brilhava na tela do celular, fazendo com que se levantasse preguiçosamente no intuito de ir tomar um banho, já que combinara de almoçar com Mila em um restaurante que a ruiva descobrira e desde então não parara de falar no mesmo. Seu reflexo nu no espelho do banheiro estava aparentemente mais saudável, já que devido às noites de sono bem dormidas e a melhora considerável em sua alimentação seu rosto possuía mais cor e suas olheiras praticamente haviam sumido, apesar de que sua pele estava ainda mais marcada do que da última vez, principalmente na região dos quadris e das nádegas. Roxos provenientes dos chupões e das mordidas que recebera durante o ato sexual adornavam sua clavícula, pescoço e partes do abdômen, assim como pôde ver alguns na parte interna de sua coxa, além dos arranhões.

Corou com tudo isso, agradecendo aos céus pelo clima da Rússia estar frio o suficiente para permitir que usasse roupas para esconder aquelas marcas sem parecer estranho ou atrair a atenção. Após abandonar a água quente de seu banho, rumou ao quarto, procurando alguma roupa que saltasse aos seus olhos, não obtendo muito sucesso. Era uma pessoa de gostos nada extravagantes e, salvo raras exceções, suas vestimentas eram de tons monocromáticos. Agora que estava namorando novamente após passado muito tempo e sabia um pouco sobre as preferências extravagantes de Viktor, talvez tivesse de ampliar seu rol de vestes, contudo, sabia ter certa dificuldade em atrair-se por peças coloridas caso estas não fossem azuis, portanto, teria de recorrer a única pessoa que poderia ajudá-lo.

Devidamente vestido, cabelo seco e bagunçado, e munido de seus pertences essenciais, Yuuri saiu do apartamento um tanto apressado, sabendo o quanto Mila odiava atrasos, rumando para o ponto de encontro que combinara com a russa, que já o esperava, distraída com o celular. Por um momento, não soube se levaria uma bronca pela relativa demora, mas, quando ela abriu um lindo sorriso e lhe acenou animadamente conforme o japonês se aproximava, sendo saudado por um caloroso abraço quando estavam a poucos metros um do outro, teve a certeza de que ela não havia chegado ali há muito tempo, para seu alívio.

- Está linda – elogiou, avaliando a amiga trajada em vestes de tom vinho.

Ela arqueou uma sobrancelha e sorriu, agradecendo em seguida, porém não abandonou o ar de desconfiança ante aquele elogio.

- Ok, mas o que é que você está querendo, Yuu?

Fingiu-se ficar ofendido, rindo em seguida. Mila o conhecia bem demais.

- Preciso de sua ajuda – confessou ao fim.

- Sabia... Pra vir me elogiando assim e aceitando abraço... – brincou.

Katsuki revirou os olhos e a encarou.

- Você vai gostar do que vou lhe pedir – informou, atraindo a atenção da ruiva – É uma coisa que sempre quis fazer comigo.

- Compras?

Quando o moreno de olhos castanhos confirmou, Mila praticamente jogou-se sobre ele, quase o derrubando, dando um grito de alegria.

- Ah, é claro que eu te ajudo! Não precisa nem pedir uma segunda vez! – disse de forma enfadonha, direcionando ao outro uma piscadela – Vamos comprar roupas bem sexys, que valorizem seus atributos, para seduzir seu namorado ainda mais, afinal, é por causa dele, não é?

Yuuri assentiu novamente, desta vez corando, ouvindo um novo grito abandonar a boca da russa. Ela agarrou seu braço, ainda rindo e tendo pequenos ataques histéricos semelhantes aos que tivera em seu apartamento, começando a puxá-lo rumo ao restaurante, dizendo o quanto ele e Viktor eram fofos juntos. Com um sorriso suave nos lábios, o japonês se deixou ser guiado, contagiando-se pela animação da amiga e também permitindo que a sua própria se extravasasse.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Viktor estava apenas de cueca boxer vermelha, atirado em um dos enormes sofás de sua sala, cercado por seus capangas que mais pareciam estátuas provenientes da decoração do cômodo, enquanto assistia as notícias matinais. Provavelmente na semana seguinte a polícia arquivaria o caso do professor que matara e Nikiforov certificaria-se de distrair Yuuri a ponto de que o assunto fosse completamente esquecido no intuito de não gerar suspeitas. Suspirando, não pode evitar pensar na fala do primo quando contara ao mesmo sobre o namoro e o “momento perfeito” em que revelaria ao japonês o que fazia de verdade. Sabia que o Plisetsky estava certo sobre tudo o que tinha dito, o que aumentava ainda mais sua preocupação. Como contar ao namorado doce e inocente que era um mafioso? Com certeza este acabaria com todo o relacionamento em um piscar de olhos.

Para a sociedade, de fato Viktor Nikiforov era apenas um jovem empresário, dono de uma importadora e exportadora reconhecida internacionalmente que, de maneira trágica havia perdido os pais e, consequentemente, como único filho, herdado o patrimônio dos falecidos mesmo com a pouca idade. Não passava de um mero rapaz de sucesso com um triste passado que dera a volta por cima, transformando as tristezas em conquistas. O que a elite não sabia era que, na verdade, os patriarcas da família Nikiforov haviam sido brutalmente assassinados por uma das famílias da máfia na época, o que fez com que o único sobrevivente que, por sorte ou ironia do destino, estava fora de casa durante o massacre, afundasse-se no submundo em busca de vingança e, como fachada para sua ligação com a máfia manter-se escondida, reergueu a empresa para desviar o foco de atenção para aquilo que queria que soubessem. Uma mera manipulação.

Em meio a esses vislumbres do passado, Viktor se permitiu divagar em pensamentos, relembrando-se da época em que tornou-se um rebelde de muito talento em brigas corporais e a máfia findou a tomar conhecimento disto. Infelizmente, o jovem russo não era muito bom em selecionar com quem brigava e acabou sendo severamente punido na época por se envolver com figurões mafiosos. Foi neste tempo que conheceu a família Plisetsky que, fascinada pelo diamante bruto que era o russo de olhos azuis, lhe fez uma proposta tentadora, onde ofertaram a ele um treinamento para refiná-lo e, em troca, ele teria sua vingança contra a família que tirara a sua. Sem pestanejar, Nikiforov aceitou e foi levado à mansão para ser iniciado no submundo. E foi quando se mudou para aquele enorme casarão que conheceu o pequeno Yuri, o neto do líder daquela família.

Apaixonou-se quase que instantaneamente pelo pequeno loirinho e seu jeito fofo e emburrado, e o mesmo poderia ser dito em relação ao menor, que se viu em poucos dias completamente vidrado no estranho que o avô trouxera para casa. Por ter mais idade, o russo de olhos azuis e madeixas prateadas logo começou a cuidar do Plisetsky mais novo nas horas livres que tinha entre um treinamento e outro, lhe fazendo companhia, já que Yuri vivia sozinho pelos cantos e também havia perdido os pais de forma semelhante a sua. Quando completou vinte anos, o nome “Nikiforov” já era famoso entre os becos do submundo, e Viktor havia assumido sua posição como uma das famílias subalternas.  

Três anos após tal fato, a família Nikiforov tornou-se uma das cinco famílias principais e a segunda no comando, abaixo da Plisetsky, que havia assumido a liderança, quando Viktor foi posto cara a cara com um dos assassinos de seus pais em uma festa. Neste tempo na máfia, o russo de cabelos prateados havia aprendido como se portar de forma polida frente a tudo e todos, fossem eles do submundo ou não, ao mesmo tempo em que enterrara tão fundo suas emoções que recebera o apelido de “Rei de Gelo” em seu meio. Também tratara de reerguer apenas como fachada a empresa da família e se tornara tão hábil no manejo de qualquer tipo de armamento, que muitos o temiam por sua simples presença, contudo, toda essa pose fora por água a baixo no momento em que colocara os olhos naquele sujeito, um membro da família Sharapova.

Todos os anos de dor e ódio reprimidos, assomados as frustrações e cicatrizes que recebera quando transgredia alguma conduta ou simplesmente não atingia o que lhe era estipulado, vieram à tona em uma única vez e Viktor se viu sendo cegado por tais sentimentos negativos. Naquela mesma noite, assim que chegou a sua própria mansão, simplesmente pegou sua arma favorita, reuniu seus capangas e, sem a autorização de ninguém, invadiu a mansão da família Sharapova, rendendo todos ali presentes e iniciando uma tortura específica em cada integrante, não se importando se suas vítimas eram homens ou mulheres. A cada corpo desfalecido que caía sobre seus pés, Nikiforov se sentia ainda mais insaciável, até que, em meio à escuridão que o rodeava, ouviu seu nome ser chamado e um pequeno loirinho assustado correr em sua direção, chorando e pedindo para que parasse.

- Viktor...? – ouviu aquela voz infantil, agora mais madura, lhe chamar novamente, tão real quanto parecia na época, o trazendo para a realidade.

- Yuri...? – murmurou, vendo o loiro parado a sua frente, encarando-o com um semblante preocupado – O quê...?

O Plisetsky tocou sua testa com a ponta dos dedos, checando sua temperatura, para depois se afastar, percebendo a confusão estampada no semblante de Viktor.

- Eu vim aqui para combinarmos a programação do final de semana, mas quando cheguei, você parecia estar no mundo da lua... Te chamei várias vezes – explicou, sentando-se ao lado do russo mais velho, que se endireitou para permitir a acomodação do loirinho.

- Desculpe – pediu – Comecei a divagar e acabei totalmente absorto em pensamentos e alheio ao mundo.

Yuri revirou os olhos e torceu o nariz.

- Se for sobre o porco, eu não quero nem saber – murmurou um tanto irritadiço – Odeio quando me preocupo à toa com você.

O olhar de doçura que Nikiforov lhe direcionou, porém, o fez suavizar o semblante.

- Comecei focado nele e terminei pensando no que ocorreu para que eu te fizesse aquela promessa...

Plisetsky desviou o olhar, soltando um suspiro pesado para disfarçar a inesperada vontade de chorar. Aquela memória ainda estava bem fresca e nítida em seus pensamentos. Quando Viktor surtou ao conhecer a família Sharapova, a família Plisetsky não tardou a tomar conhecimento do ocorrido que ainda estava em execução, imediatamente decidindo agir. Yuri escutara escondido atrás da porta o avô ao telefone, sentindo o coação doer ao ouvi-lo dizendo que, se fosse preciso, matassem Nikiforov e, tomado por uma súbita coragem e vontade de que precisava retribuir ao russo de olhos azuis, que carinhosamente chamava de “primo”, um pouco da proteção que este havia lhe dado ao longo dos anos de convivência, agiu rápido para impedir que isto acontecesse.

Carente de um plano, simplesmente subornou um dos motoristas com alguns presentes caros que tinha e ordenou de forma desesperada que este o levasse para onde Viktor estava. Sabia que o avô era da máfia e que logo seu treinamento para assumir seu lugar se iniciaria, contudo, ao chegar à mansão da família Sharapova, percebeu o quão assustador era o mundo a que estava para fazer parte. Adentrou o local colorido de sangue e partes desmembradas de pessoas segurando a vontade de vomitar, chorando baixinho, até que viu Nikiforov em pé, cercado por alguns capangas e, sem pensar duas vezes, correu até ele, o abraçando, pedindo para que ele parasse em meio ao choro. Depois de alguns instantes, o pequeno Yuri foi pego no colo e teve o abraço retribuído, ouvindo um pedido de agradecimento sendo feito baixinho pelo primo.

- Você me assustou naquela época... – comentou o Plisetsky, fitando o chão – Era a primeira vez que te via agir daquele jeito. Seus olhos estavam até enegrecidos.

- Eu assustei a mim mesmo – Viktor confessou, trazendo Yuri para si em um semi-abraço para confortá-lo – Mas, naquele dia, eu não consegui esperar que seu avô providenciasse minha vingança, eu perdi a consciência e só queria saber de matar aquele desgraçado.

O loiro de olhos verdes tombou a cabeça, permitindo que a mesma repousasse no ombro de Nikiforov.

- Nosso avô ficou assustado quando chegou à mansão dos Sharapova e viu o que você tinha feito com eles, mas, ao mesmo tempo, sei que ele deve ter ficado orgulhoso também – murmurou – De todos que ele “adotou”, você sempre foi o favorito. É como se realmente fosse meu primo.

- Naquela época, eu definitivamente meti os pés pelas mãos e não pensei nas consequências – afirmou o russo maior com certo pesar – Eu só queria me vingar e nada mais, mas percebi que manter você bem era mais importante, afinal, se eu morresse, quem é que cuidaria de você?

Yuri nada disse, mas se jogou no primo, o abraçando por definitivo, sentindo um nó na garganta proveniente do choro que tentava conter.

- Você promete que não vai perder a cabeça e ficar daquele jeito desta vez? – sussurrou.

- Sim, Yura, eu prometo – disse, acariciando os fios loiros, depositando um beijo neles.

Plisetsky concordou timidamente, fechando com mais força os braços ao redor de Viktor. Não queria e não podia passar por tudo aquilo de novo. Fora horrível ver o primo momentaneamente se transformar naquele monstro totalmente irreconhecível até para si, mas o pior foi o depois. Nikiforov não fora morto, pois, felizmente, o avô de Yuri conseguiu contornar a situação e abafar o caso, contudo, a morte teria sido mais branda que a punição. Não aguentaria novamente ver o russo de olhos azuis ensanguentado e tendo a parte posterior do corpo completamente desfigurada por inúmeros objetos cortantes, tendo que ir escondido à clínica médica particular em que ele era tratado após as sessões de castigo para vê-lo, tendo a certeza de que, assim que saísse de lá, se saísse, sofreria tudo novamente ao longo daquele ano terrível em se sentia cada vez mais sozinho e desamparado.

As cicatrizes, apesar das inúmeras cirurgias e remédios, ainda estavam presentes em todo o corpo do mafioso, além da pele daquela região ser mais fina e sensível. Quando, finalmente, o ano se findou e Nikiforov pôde voltar para a mansão, Yuri soube que ele estava diferente. Ainda era o mesmo Viktor quando estava consigo, mas, longe de si, havia se tornado tão frio quanto jamais fora. Tinha medo que, agora apaixonado pelo porco, o primo talvez cometesse alguma atitude irresponsável e fosse tirado definitivamente de si. Não queria se sentir sozinho novamente e nem que o russo mais velho passasse pela mesma dor de antes.

- Como prova da minha promessa, Yura, vou conversar com seu avô – Viktor tornou a dizer, atraindo sua atenção.

O loirinho levantou os olhos verdes para encontrar os azuis do mais velho.

- Sobre...?

- Sobre minha relação com Yuuri – respondeu – Vou deixar Yuuri sob minha proteção e, com isso, qualquer um que tentar machucá-lo, será morto e eu não terei de arcar com as consequências dos meus atos como daquela vez.

- E vai contar ao porco sobre isso?

Viktor se calou, pois não sabia a resposta.

- Um problema de cada vez, sim? – optou por responder ao fim de seu silêncio.

- Mas, se contar a máfia sobre estar namorando, só vai entregar a eles de bandeja uma fraqueza sua.

- E é por isso que não vou dizer a eles que Yuuri é meu namorado, mas sim meu aprendiz – explicou, sorrindo – Contarei apenas ao seu avô a verdade.

O Plisetsky avaliou a ideia de Viktor, analisando possíveis falhas.

- Mas, pra isso, ele tem que ser visto com você – apontou – Como vai fazer pra inserir ele no meio da máfia sem contar que é da máfia?

- Primeiro, vou começar a trazer Yuuri para cá – o maior explicou, referindo-se a mansão Nikiforov – Vou inventar uma desculpa qualquer para o caso de ele notar alguma anormalidade.

- Ok, mas, quando você era aprendiz do meu avô, estava o tempo todo grudado nele. Você não pode fazer isso com o porco, pode?

Viktor sorriu, despreocupado.

- É só dizer que estou iniciando o treinamento dele – ditou, dando de ombros – Afinal, no início, é o que de fato acontece para evitar que os aprendizes façam alguma burrada e, consequentemente, nos prejudiquem.

Yuri rolou os olhos para cima, se afastando do primo para recobrar sua postura.

- Tem resposta pra tudo?

- Basicamente sim – Nikiforov retrucou.

- Ótimo – torceu o nariz, carregando a voz de ironia – Então me explique mais essa... Por que, depois de tantos anos relutando em arrumar alguém para ser seu aprendiz, você pega um cara de idade já avançada que parece ser incapaz de até mesmo machucar uma mosca?

Viktor fez uma careta de desagrado antes de responder.

- Falando assim, parece que Yuuri é um idoso – comentou com desgosto.

O Plisetsky lhe direcionou um olhar não muito amigável.

- Você entendeu o que eu quis dizer.

Nikiforov soltou um risinho e acabou por levar um soco relativamente forte no braço.

- Ok, ok, piadas a parte, eu já pensei no que dizer acerca do motivo de escolher Yuuri – disse o russo de olhos azuis – Vou dizer que, pelo fato de ele ser japonês e ter “abandonado” seu país, isto o torna um forte candidato a fazer parte da Yakuza e, consequentemente, pode haver o nascimento de um elo entre a máfia russa e a japonesa e, visando tal benefício, decidi treiná-lo. É uma boa mentira, não acha?

- Claro, se não levarmos em conta que seu namoradinho é tão angelical quanto uma flor – debochou Yuri.

Viktor estreitou os olhos e deu um sorriso malicioso.

- Mas, certas flores têm espinhos, meu caro Yuri, e é este pequeno detalhe que torna o disfarce tão perfeito. A primeira vista, meu lindo namorado não passa de um inofensivo estudante – explicou – É simplesmente genial!

- Como se os mafiosos fossem tão idiotas ao ponto de cair nessa sua ladainha – murmurou baixinho.

O russo mais velho estalou a língua e se levantou, atraindo a atenção do loirinho.

- Sabe o professor que morreu recentemente? – perguntou.

O Plisetsky concordou, desconfiado.

- Foi Yuuri quem matou – disse – Era um teste para que ele provasse que tinha habilidades para ser treinado por mim.

O loiro de olhos verdes negou com a cabeça, mas um leve sorriso bailava em seus lábios.

- Às vezes me esqueço que você consegue ser inteligente quando quer.

- Vou aceitar isso como um elogio – Viktor retrucou, estendo a mão para o primo que ainda permanecia no sofá – Agora, vamos, temos um encontro duplo para planejar, não temos?

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Não havia sido nada fácil entrar em consenso com Viktor quando o assunto era permitir que ele deixasse seu primo e Otabek a sós durante alguns momentos do encontro, afinal, por mais que quisesse ver o russo loiro feliz, Nikiforov não podia deixar de se sentir enciumado e, principalmente, protetor, entretanto, fazendo uso da persuasão e do nome “Yuuri”, ao fim, Yuri conseguira convencê-lo. Agora, o loirinho encontrava-se novamente na mansão Plisetsky esparramado em sua cama trajando apenas uma regata e uma cueca boxer, ambas pretas, ao tempo em que tentava bolar um plano de como seduzir o cazaque que estava hospedado a poucos metros de seu quarto. Não sabia se optava por uma abordagem mais sutil ou agressiva, contudo, seus pensamentos foram interrompidos por secas batidas na porta.

Com o tigrinho de pelúcia em uma das mãos, caminhou até a entrada do aposento, girando a chave para destrancá-la, quase enfartando ao ver seu querido Altin do outro lado da porta, vestido com roupas casuais que lhe delineavam os músculos e, principalmente, acentuavam o volume entre suas pernas. Não pode evitar deter os olhos verdes naquela região por alguns momentos, engolindo em seco a vontade de avançar contra aquela área com mãos e boca. Otabek, por sua vez, sorriu de canto ao ver como era recepcionado por Yuri e sua ausência de panos, podendo observar sem restrições as linhas corporais alheias, tentando conter-se para não atacá-lo naquele exato momento. Era muita covardia alguém ser tão lindo assim.

- O que foi, Beka? – perguntou depois de sair de seu transe, percebendo que o outro o encarava.

Os olhos castanhos se focaram nos orbes verdes e um sorriso encabulado surgiu nos lábios de Otabek por ter se permitido perder-se na imensa beleza russa e loira a sua frente.

- Queria saber se já estava de volta – respondeu, encarando o tigre que Yuri segurava – Fico feliz que tenha gostado do meu presente.

O russo loirinho corou e instintivamente levou o bichinho ao peito. Óbvio que gostara, afinal, o presente era de Altin.

- E-eu adoro tigres, só isso – comentou, desviando o olhar e praguejando internamente por ter gaguejado.

- Eu sei – o cazaque ditou, passando o indicador numa das orelhas da pelúcia em um carinho – Ele é realmente fofo, como você.

Yuri corou ainda mais, se é que tal ato era possível.

- Eu não sou fofo porra nenhuma! – esbravejou, virando-se de costas para esconder o embaraço que aquele elogio provocara em si.

Otabek não pôde evitar que seu olhar direcionasse-se para a traseira evidenciada por aquele tecido de malha preto. Yuri também tinha uma bela bunda e aquela cueca apenas acentuava ainda mais isso, contudo, não pôde dar continuidade a sua contemplação devido ao russo estar se afastando de si rumo à cama, enquanto gesticulava em meio a resmungos.

- Eu ofereço minha casa na maior boa vontade e sou obrigado a ouvir o filho da mãe dizer que sou fofo – o Plisetsky resmungava, voltando a deitar de bruços sobre o colchão – Lindo, gostoso, foda... Tantos elogios e me chamam de fofo!

Altin riu e fechou a porta atrás de si, caminhando até onde Yuri estava, logo sendo encarado de maneira desconfiada pelo menor. Estava decidido que poria seu plano em prática sem perder mais tempo.

- Eu ainda tenho algo para te contar, não tenho? – a voz de Otabek soou mais rouca e sensual que de costume.

- Tem – respondeu com certa irritação, emburrando logo em seguida – Mas eu desisti de insistir com você, então, agora, também não quero mais saber.

O cazaque arqueou uma sobrancelha, desafiando a curiosidade do loiro na cama, que sustentou seu olhar por alguns instantes, para depois bufar e enterrar o rosto no travesseiro. Sorriu de canto e aproveitou esse momento de distração para subir sobre o colchão e ficar de quatro acima do menor, aproximando seus lábios da orelha esquerda do Plisetsky. O russo sentiu seus músculos retesarem e ficou na expectativa para saber o que Altin estava planejando com tudo isso.

- Yura... – sussurrou o cazaque de forma levemente arrastada.

Yuri sentiu o corpo todo se esquentar com aquele simples chamado, tendo que morder com força os lábios para não gemer. O que é que Otabek estava pensando, afinal? Era muita covardia dele brincar com seus hormônios assim! Todavia, não teve tempo de reclamar, pois sentiu uma mão deslizar pela lateral de seu corpo até dedos se fecharem em sua delgada cintura, puxando seu quadril para cima suavemente. Podia resistir, mas não queria, o que resultou em o cazaque conseguindo empinar sua bunda com sua própria ajuda.

A vergonha o impedia de olhar para trás, então esperou longos segundos até uma nova tentativa de seja lá o que Otabek estivesse fazendo acontecer e, quando este a fez, teve de morder o travesseiro para conter um gemido alto. O cazaque investiu contra suas nádegas, roçando seu volume no meio delas de forma lenta e torturante. Repetiu o movimento mais duas vezes até o próprio Yuri começar a rebolar contra si, aumentando ainda mais a velocidade da pequena provocação.

- B-Beka – gemeu de forma manhosa, corando enquanto arriscava encarar o cazaque por cima do ombro.

Ele lhe sorriu com malícia e se debruçou ainda mais sobre o Plisetsky, colando seu membro ao quadril do menor, para que seus lábios alcançassem seus ouvidos.

- Acha que não percebo que está tentando me seduzir desde que cheguei, Yura?

O loirinho sentiu suas bochechas arderem com aquela fala.

- N-não sei... Do que está falando, Beka – retrucou sem muita convicção.

Otabek depositou um beijo suave no rosto do Plisetsky. Ele tinha plena consciência de seus próprios sentimentos pelo russo, mas queria também certificar-se de que era correspondido e nada melhor que provocar o outro para obter a resposta.

- Não minta para mim, Yura, por favor... – pediu com doçura – Quero que me conte o real motivo de estar fazendo isso.

O russo loiro escondeu o rosto novamente no travesseiro, negando se declarar ao moreno acima de si, mas logo o removeu ao sentir o cazaque investir contra seu quadril de forma mais bruta, o fazendo gemer de surpresa.

- Beka... – silvou, sentindo-se excitado com aquelas investidas e com a posição em que se encontrava.

- Por favor, me responda, Yura – ditou de maneira mais firme.

Era difícil formular alguma linha de raciocínio concreta com aquele homem atrás de si investindo contra seu corpo de forma tão erógena, entretanto, esforçou-se para formular ao menos uma frase.

- Por que quer saber? Está mais do que óbvio o motivo de eu estar fazendo isso – murmurou, concentrado no volume entre suas nádegas.

Abriu um pouco as pernas e rebolou de forma lenta, suspirando de prazer. Yuri queria aquele homem de todas as maneiras possíveis e achou que demoraria bem mais tempo para tê-lo em sua cama, então queria aproveitar a oportunidade antes que ela desaparecesse. Um gemido rouco escapou da garganta de Altin, que se desconcentrou do assunto por um momento para sentir aquele garoto lascivo o atiçar. Tinha começado aquela provocação apenas para forçar o Plisetsky a admitir as reais intenções por trás de seus atos, mas acabou por gostar do que estava acontecendo naquela cama.

- B-Beka... Mais... – Yuri mandou seu orgulho para o além e decidiu se entregar ao prazer momentâneo, rebolando com mais afinco.

Por um momento, quando as duas mãos de Otabek se fecharam em sua cintura, sentiu um arrepio descomunal e seu membro fisgou no meio de suas pernas, antecipando a força daquela investida, contudo, para sua decepção, tudo o que Altin fez foi se afastar alguns centímetros, mantendo Yuri daquele jeito com a bunda empinada, quebrando o contato.

- Se me responder, eu te dou o que quer – explicou diante o olhar irritado que recebeu do russo.

Bufou, indeciso sobre o que fazer. Seria vergonhoso se declarar e não ser correspondido, assim como também não gostaria de saber que Altin o estava usando apenas para alívio sexual, afinal, não conseguia pensar em outro motivo para se encontrarem naquela situação. Todavia, pelo menos, se respondesse a pergunta, o teria novamente contra si e, melhor isso do que nada. Felizmente, sem tê-lo colado a si, tornava-se mais fácil pensar.

- Se eu responder... Promete voltar ao que estávamos fazendo? – inquiriu, encarando o cazaque, apesar de sua vergonha.

Era ridículo estar tão submisso aquele homem, praticamente lhe implorando para ser comido, mas não era como se conseguisse evitar. Otabek tinha um efeito dominante sobre não só o corpo, como também sobre os sentimentos do pequeno russo loiro.

- Sim, Yura.

Suspirou, fechando os olhos. Não podia mais voltar atrás, afinal, oportunidade melhor que aquela talvez nunca mais surgisse.

- Ya lyublyu tebya* – confessou ao fim, sentindo o rosto pegar fogo.

Otabek sorriu de canto e voltou a se aproximar do loirinho, alcançando o rosto deste para depositar um pequeno selo no canto de seus lábios. Os olhos verdes se abriram de imediato, em clara surpresa.

- Ya tozhe tebya lyublyu** – Otabek respondeu.

Yuri perdeu o ar e toda a força que possuía, despencando na cama. Seu coração estava disparado e não sabia o que fazer ou como reagir. Tudo o que conseguia fazer era encarar o cazaque acima de si com os olhos arregalados, as bochechas em brasa e os lábios levemente abertos. Altin realmente o amava também?

- Você parece mais surpreso do que eu achei que ficaria, Yura – o moreno comentou, passando os dedos pela lateral do rosto do menor, para então sair de cima do mesmo para ficar sentado ao seu lado – Eu pensei até que estava sendo óbvio demais com o que sentia por você.

- Óbvio?! – o Plisetsky exclamou de supetão, também se sentando – A última coisa que você estava sendo era isso, Otabek! Eu estava igual a um idiota me torturando para saber que no fim você sente o mesmo que eu!

Altin sorriu, alcançando o queixo do mais novo, prendendo-o entre seu polegar e indicador, o calando com esse gesto. É claro que tivera medo de ser explícito demais e afastar o russo, imaginando que este poderia repudiá-lo por desenvolver este tipo de sentimento, mas, desde que retomara contato com Yuri, teve certeza de que esse não era o caso, só precisava fazer o menor confessar e, nada melhor que entrar no próprio jogo do Plisetsky para isso.

- Desculpe, Yura – pediu, aproximando seus lábios dos alheios.

- Se me beijar agora, posso pensar em te perdoar – murmurou, sentindo sua respiração se misturar a do moreno.

Há anos ambos guardavam esse sentimento, escondendo-o um do outro com medo da reação e afastamento alheio, mas, finalmente, a espera fora recompensada. O beijo se iniciou de forma calma e curiosa, apenas o contato entre os lábios, para então Yuri jogar os braços ao redor do pescoço de Otabek e o puxar para si, aprofundando o ósculo. Sua boca se abriu e, entendendo a deixa, Altin serpenteou sua língua para dentro da cavidade alheia, explorando-a com avidez. O Plisetsky gemeu dentro do beijo, arranhando a nuca do cazaque, ao tempo em que o mesmo o puxou para o seu colo, subindo as mãos por suas costas da lombar até os ombros.

- Valeu à pena esperar? – perguntou Altin após finalizarem o beijo.

- Muito a pena – retrucou o russo, logo iniciando um novo contato, só que mais ávido.

Ali estava sua recompensa e iria aproveitá-la ao máximo. Com isso em mente, Yuri desceu suas mãos agilmente pelo tronco do cazaque, parando na barra da camisa de Otabek, começando a retirá-la de forma afobada, até ter seus pulsos segurados pelo moreno, o impedindo de continuar, fazendo com que quebrasse o beijo para lhe encarar de forma confusa e irritada.

- O que foi agora, Beka? – perguntou com certa impaciência.

- Por que quer tirar minha roupa? – retrucou.

O loiro de olhos verdes rolou os olhos notando o semblante extremamente provocativo que o outro possuía descaradamente estampado em sua face. É sério que teria que dizer com todas as palavras que queria ser fodido?

- Não sei como funciona no Cazaquistão, Beka, mas aqui na Rússia, pra transar, a gente tira a roupa – explanou com ironia, já impaciente.

Yuri se encontrava em um estado de hormônios a flor da pele, que tinham sido ainda mais estimulados, o que resultava tremenda urgência de seu corpo em sentir-se saciado, deixando o russo loiro impaciente. O moreno, por sua vez, arqueou uma sobrancelha em meio à expressão emburrada que o menor em seu colo fazia.

- Você fez dezoito anos a pouco tempo,  Yura – evidenciou – Não acha melhor irmos mais devagar?

- E? Minha idade não era um problema até segundos atrás quando você estava se esfregando em mim e me enchendo de tesão – resmungou – E ir devagar não é nada bom, Beka – disse, aproximando-se para beijar o pescoço do cazaque.

Altin permitiu que o Plisetsky marcasse sua pele, constatando que o mais novo tinha dentes afiados, sorrindo ao tempo em que segurava-se para não esboçar reação alguma. Depois de alguns segundos, ouviu Yuri bufar e voltar a encará-lo.

- Quer mesmo me fazer implorar? – perguntou retoricamente, voltando a unir seus lábios aos alheios em um leve roçar – Tudo bem, eu imploro – murmurou, alcançando o ouvido de Otabek, sugando o lóbulo enquanto rebolava em seu colo, sentindo o volume crescer contra sua bunda – Me fode, Beka.

As mãos do outro se fecharam com força na sua cintura, o fazendo rebolar com mais avidez enquanto gemia contra a pele bronzeada, extremamente excitado. Otabek puxou o russo para um beijo ainda mais erótico, finalmente mandando seu autocontrole para o espaço. A espera de ambos seria completamente recompensada e Yuri não podia esperar mais para sentir o outro dentro de si.

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Yuuri voltava do restaurante com Mila grudada ao seu braço, rindo alegremente enquanto discorria sobre as lojas que pretendia fazer o japonês entrar e escolher roupas. Katsuki ouvia a tudo e concordava, não sabendo ao certo o que opinar, já que não tinha muito costume em preocupar-se com seu lado “fashion”.

- E, é claro, temos que arrumar algumas calças mais justas para você, Yuu – ela comentou com certa malícia.

- Não sei por que, mas algo me diz que tem alguma intenção por trás dessa fala – arguiu, estreitando os olhos, ainda mantendo o leve sorriso.

- “Algumas”, você quer dizer – a russa retrucou – E é claro que tem. Você tem uma bunda linda, Yuu, então, nada melhor que fazer um favor não só a mim como ao seu namorado, e deixá-la ser marcada por suas roupas!

- Mi-Mila-chan! – a repreendeu, envergonhado, olhando para os lados numa tentativa de certificar-se de que ninguém a ouvira.

A russa, por sua vez, desatou a rir da expressão do amigo.

- Você e o Viktor deveriam fazer uma competição sobre quem consegue me deixar mais envergonhado, sabia?

- Olha que não é uma má ideia, hein – provocou a ruiva, sorrindo.

Yuuri revirou os olhos, negando suavemente com a cabeça, mas sem destruir a atmosfera brincalhona. Com alegria, a dupla rumou para a livraria, ainda acertando detalhes sobre os planos de compras que deveriam ser realizados antes do encontro do japonês com o namorado no fim de semana.

- Ah, a gente bem que podia pedir uma folguinha pra passar a tarde toda gastando, não acha, Yuu? – Mila comentou, abrindo a porta de vidro da livraria.

O japonês riu e concordou, ao tempo em que correu os olhos pelo quarteirão de maneira despreocupada, detendo-se em um carro preto estacionado quase no fim da quadra, onde um homem trajado de terno escuro estava do lado de fora, recostado ao automóvel, fumando casualmente, os olhos cobertos por óculos pretos. Nunca havia visto aquele veículo pelas redondezas e por isso tal fato chamara sua atenção, e, quando a pessoa que estava encostada nele olhou na direção de Yuuri, o moreno sentiu um frio percorrer sua espinha e decidiu rapidamente desviar o olhar, entrando com certa pressa na livraria.  Quem quer que fosse aquele cara, algo dizia a Katsuki que deveria manter distância.

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Viktor estava relativamente nervoso enquanto esperava sentado no escritório o líder da Casa Principal encerrar uma ligação. Sentia as palmas das mãos levemente úmidas e seu coração desritmado, como se fosse um adolescente novamente. Com racionalidade, tentou normalizar seus batimentos por meio da respiração, afinal, tudo dependia de seu desempenho e ele teria de ser o mais impecável possível naquele momento. Estava fazendo isso não só por ele, mas por Yuuri e sua segurança também e, rapidamente, pensar no namorado o fez se acalmar.

O idoso encerrou a ligação e direcionou o olhar para o Nikiforov a sua frente, arqueando uma sobrancelha. Com um gesto de mão, dispensou os capangas que estavam na pequena saleta para ter mais privacidade, deduzindo ser esse o caso mediante leitura da expressão facial do russo de olhos azuis. Quando encontrados novamente a sós, o Plisetsky se levantou e rumou para um canto, servindo-se de uma bebida de cor envelhecida que jazia dentro de moringas de cristal.

- Whisky? – ofertou, vendo Viktor negar com um meneio de cabeça.

Ele se serviu e, com o copo em mãos, voltou a sentar-se na cadeira.

- E então? Eu fiquei surpreso com sua urgência em me contatar.

Nikiforov respirou fundo, escolhendo as palavras.

- Eu preciso da ajuda da Casa Principal – iniciou dizendo.

- Para... ?

- Estou namorando – confessou ao fim, sabendo que quanto antes pontuasse o assunto, melhor seria.

Um momento de silêncio se instaurou no escritório por alguns segundos, até o idoso deixar escapar sua surpresa com a declaração.

- Você está ciente dos riscos, não está, Viktor?

- É por estar ciente deles que preciso de sua ajuda – explanou – Tenho a história perfeita para relatar as outras famílias, contudo, preciso do seu apoio sabendo do caso real.

O idoso bebericou um pouco do liquido alcoólico antes de responder.

- Tudo bem – disse ao fim – Me conte o que tem em mente e negociaremos o assunto.

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O clima no quarto do Plisetsky estava cada vez mais quente. Sua regata preta residia no chão, perto dos pés de Otabek, junto à camisa do cazaque, permitindo que Yuri pudesse percorrer com as mãos todo o peitoral definido do mais velho, arranhando e apertando a pele. Beijavam-se com urgência e de maneira despudorada, tocando os corpos alheios ao bel prazer de cada um, onde, no momento, Altin tinha uma das mãos dentro da cueca do russo, que segurava seu pulso para certificar-se de que ela se manteria ali até o fim da carícia. O loiro de olhos verdes jogou a cabeça para trás e gemeu alto, tendo seu pescoço abocanhado e chupado, ao tempo em que a masturbação em seu baixo-ventre se intensificava.

- Beka... Mais rápido... – pediu com agastamento, rebolando em direção aquela mão.

Otabek era putamente gostoso e seus toques, por mínimos que fossem, enlouqueciam o mais novo, que só sabia gemer e rebolar. O cazaque também estava indo a loucura, sentindo-se torturado por ter o pênis preso por seu jeans e cueca enquanto o russo rebolava em si. Yuri o estava ensandecendo e despertando seu lado mais bestial. Queria macular toda aquela pele alva e intocável a sua frente, para que soubessem que o Plisetsky lhe pertencia.

- Ah, Beka... Eu vou... Ah... Eu vou gozar – anunciou Yuri em meio aos gemidos.

Seu corpo estava sendo submetido a um prazer nunca antes sentido, e sua mente estava em branco. Sentiu um espasmo lhe percorrer dos pés a cabeça e, em seguida, um cansaço, ofegando ao olhar para baixo e ver a mão de Altin completamente melada de sêmen abandonar sua cueca. Suas bochechas já estavam vermelhas, mas ainda sim, sentiu-se corar com a visão, ao mesmo tempo em que deu um sorriso safado ao encontrar os olhos castanhos sendo direcionados para si.

- Acho que... Nunca gozei tão rápido em toda a minha vida – confessou de forma travessa, lambendo os próprios lábios antes de atacar a boca do cazaque novamente.

Uma das mãos de Otabek abaixou a boxer do russo, enquanto a outra, que estava suja, colocou-se entre as nádegas do mesmo, começando a acariciar sua entrada. Por sua vez, Yuri a tirou de lá depois de permitir ser acariciado por alguns segundos, levando os dedos aos lábios.

- Quero te chupar primeiro, Beka – explicou, antes de colocar aqueles dígitos em sua boca, sugando-os.

- Sabe que não precisa fazer isso, não sabe, Yura?

O Plisetsky passou a língua por entre o dedo anelar e médio, para voltar a sugar com os lábios a ponta dos dígitos antes de responder.

- Eu quero te chupar, Beka.

Altin apenas sorriu de canto, vidrado com aqueles olhos verdes tão determinados. Realmente, Yuri tinha os olhos de um soldado, apesar da graciosidade de uma fada. Essa divergência de características era uma das coisas que mais fascinava o cazaque.

- Se continuar me encarando assim, eu vou te socar – anunciou o menor, atraindo a atenção de Otabek – Eu esperei muito tempo pra poder transar com você, então não fique tão chocado por eu saber fazer essas coisas.

- Não estou – admitiu – Estou adorando.

Corou levemente, prendendo sua franja atrás da orelha antes de abandonar o colo do cazaque e posicionar-se no meio de suas pernas, mantendo os olhos fixos nos orbes castanhos enquanto desabotoava a calça do moreno. Sabia que Altin estava excitado e, provavelmente, duro, mas não pôde deixar de se surpreender com o tamanho daquele membro entre suas mãos. Com um sorriso sacana, passou a língua por toda a extensão daquele órgão, sentindo o gosto da pele daquela região, atento as reações do outro sentado na cama, o vendo ofegar brevemente.

Estava pronto para abocanhar aquele falo, quando batidas soaram em sua porta e ouviu a voz de um dos capangas do avô dizer que o mesmo solicitava sua presença. Travou no lugar por um momento, esperando que o intruso fosse embora e pudesse voltar a chupar Otabek, mas percebeu que este não desistiria tão fácil, já que logo voltou a chamar seu nome. Bufando, o loirinho se pôs de pé, encarando o moreno, demonstrando toda a sua raiva e contrariedade por meio do olhar.

- Pode ir, Yura – disse, achando que o menor estava aguardando sua permissão – Eu lido com isso aqui sozinho – indicou o próprio membro - Só peço que me deixe usar seu banheiro.

Torceu o nariz, ainda com os olhos vidrados no estado em que conseguira deixar Otabek, tendo que fazer um enorme esforço mental para não voltar a se ajoelhar e dar continuidade ao que planejava fazer, ignorando completamente o mundo a sua volta.

- Eu não quero que termine isso sozinho – murmurou com manha.

- Yura, só vá, sim? Teremos outras oportunidades de fazer coisas além disso.

- Promete? – inquiriu, querendo garantir que o que acontecera naquele quarto não seria apenas uma experiência única em sua vida.

- Prometo, agora vá.

Com um suspiro, o russo cedeu, e esperou que o cazaque se recompusesse minimamente para levantar e ir à suíte antes de abrir a porta e direcionar o olhar mais assassino que conseguiu para o empata-foda que estava parado ali.

- O que é que você quer, afinal? – perguntou com raiva.

- Seu avô requisita sua presença no escritório dele – explicou o capanga, tentando não se deixar abalar pela aura assassina que o menor exalava, afinal, não era segredo nenhum que Yuri Plisetsky conseguia ser tão doido quanto o primo.

O menor voltou ao quarto apenas para pegar sua regata, antes de sair pisando duro novamente do cômodo em direção ao escritório, amaldiçoando quem quer que estivesse lá.

- Porra, anos esperando pra uma foda e, quando consigo, sou interrompido – reclamou – É de não foder, mesmo!

E, dito isso, escancarou a porta do escritório sem sutileza alguma, encontrando Viktor e o avô sentados, bebendo. Nikiforov o encarou de cima abaixo, avaliando seu estado ao tempo em que arqueou uma sobrancelha e deu um sorriso sacana. As madeixas loiras estavam bagunçadas, o loirinho estava só de cueca e regata, e as marcas de beijos e chupões já podiam ser vistas espalhadas por seu colo.

- Parece que interrompemos alguma coisa boa, não é? – perguntou com malícia, sendo fuzilado pelos olhos verdes.

- Pra puta que te pariu, Viktor. Eu e Beka estávamos quase transando e você interrompeu! – esbravejou – Por que não vai se enfiar no cu do seu porco ao invés de...

O avô então pigarreou, interrompendo-o, lembrando aos rapazes de que não estavam sozinhos ali, vendo o neto corar levemente ao lembrar-se disso, ao tempo em que Nikiforov apenas riu.

- Deixemos este assunto para depois, sim? – o Plisetsky idoso disse – Mandei que o chamassem aqui, Yuri, pois sei que está ciente do envolvimento amoroso de Viktor, não está?

O loiro cruzou os braços e concordou.

- Ótimo. E também deduzo que concordou em ajudá-lo com a trama, estou certo?

Novamente Yuri assentiu.

- Bom, bom... – o avô comentou – Então, devido a isso, realmente vejo a necessidade de lhe informar acerca de nosso acordo, então, por favor, sente-se, sim? Comuniquei as outras famílias e convoquei uma reunião para esta noite, para tratarmos logo deste assunto.

Yuri e Viktor trocaram um olhar antes do menor ocupar a cadeira ao seu lado, preparando-se para escutar as instruções acerca do rumo daquela futura reunião.

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As cinco famílias principais estavam naquela sala devidamente representadas por seus líderes e herdeiros, no aguardo do pronunciamento do chefe da Casa Principal. Viktor estava sentado ao lado do primo, e os dois trocavam olhares cúmplices, sabendo exatamente como deveriam agir para que a mentira fosse perfeita. Assim que o Plisetsky idoso ajeitou sua postura e pigarreou para atrair a atenção para si, todos no recinto se calaram, aguardando.

Sua fala foi rápida e objetiva, pontuando o motivo de estarem todos ali e, por conseguinte, passando a palavra para Viktor, que se levantou, ajeitando a gravata, antes de discorrer acerca das razões por ter escolhido um aprendiz depois de tanto tempo e quem era ele. Ao fim, sentou-se e deixou que o primo tomasse a palavra, ressaltando que o rapaz que fora acolhido pela família Nikiforov agora também encontrava-se sob a proteção da Casa Principal e do futuro líder da família Plisetsky, conjuntamente ao representante da família Altin, que o havia acolhido no acordo de comercialização de recursos entre a máfia russa e o Cazaquistão.

- E, devemos acreditar que este tal Yuuri não é nada além de seu aprendiz, senhor Nikiforov? – perguntou o herdeiro da família Noviskaya, Dmitri.

Viktor o encarou com desprezo.

- Se está insinuando que tenho algo sexual com meu aprendiz, digo apenas que não é de seu interesse, afinal, quando eu te comia, ser herdeiro da família Noviskaya nunca foi um problema.

Dmitri torceu o nariz perante aquela resposta, ao tempo em que seu pai, atual líder da família, negou com a cabeça em reprovação, ao tempo em que os outros mantiveram-se em silêncio, afinal, não era segredo nenhum ali que Viktor Nikiforov era, além de bissexual, um dos mafiosos que mais possuíam amasias pelo submundo, estas que estendiam-se desde reles capangas a herdeiros de famílias. Era uma outra forma de demonstrar seu poder e influência e o russo de olhos azuis e madeixas prateadas se orgulhava disso.

Findada a reunião, Viktor estava caminhando rumo à saída, seguido por seus capangas, quando sentiu um toque em seu braço e, sem se virar, imaginou quem seria.  Desgosto era tudo o que sentia relativo aquela pessoa tão entediante, com quem havia transado apenas para inflar ainda mais o próprio ego e sufocar o orgulho alheio. Com um suspiro, virou-se e encontrou Dmitri o encarando de maneira inquisitiva, sozinho e provavelmente desarmado. Como sabia que poderia vencê-lo com apenas alguns socos, não sentiu necessidade em tirar sua arma de dentro do terno.

- O que deseja? Pensei que minha resposta a sua estúpida declaração na reunião tivesse sido suficiente.

- Quer mesmo que eu acredite que aquele seu aprendiz não passa disso? Você tem o visto com certa frequência, Viktor, coisa que não costuma fazer.

 Nikiforov arqueou uma sobrancelha, analisando tudo o que estava implícito naquela frase. Então, provavelmente, era possível aferir que Dmitri seguira sua pessoa durante alguns encontros com Yuuri, o que significava que, talvez, ele até tivesse sido capaz de investigar sobre Katsuki, o que representava uma ameaça, porém, não podia demonstrar que tais pensamentos o incomodavam, então optou por usar um sorriso debochado.

- Está tão apaixonado por mim que não consegue me esquecer? – provocou, se aproximando do herdeiro da família Noviskaya.

Prensou-o contra uma parede de pedra e roçou seus lábios aos dele, sentindo Dmitri suspirar e relaxar, como se implorasse por mais. Viktor lhe beijou a bochecha e deixou a boca rente ao ouvido direito do outro, percebendo que este tentava controlar a respiração por causa de um simples toque.

- Se quer tanto saber, meu pequeno aprendiz também é meu novo brinquedo sexual – sussurrou, mordendo o lóbulo da orelha alheia, para depois se afastar um pouco – Pode nutrir quanta inveja quiser dele, mas se aproximar-se demais do que é meu sem minha permissão, eu te mato da pior maneira que eu conseguir pensar, estamos entendidos?

Dito isso, se afastou por completo, encarando a expressão no rosto de Dmitri.

- Você é patético – Nikiforov zombou – Bastou apenas algumas provocações e você já está assim, todo entregue, como uma puta no cio.

E, rindo com escárnio, afastou-se do Noviskaya mais novo, limpando a boca com as costas da mão. Aquela pele lhe provocava repúdio. Era tão diferente de quando tocava Yuuri. Talvez fosse a paixão a real culpada disso, mas Viktor não se importava. Tudo o que queria era manter seu namorado seguro até ter coragem de contar ao mesmo o que era de fato.

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A semana se findou de maneira relativamente rápida, para o desgosto do pequeno russo loiro, que devido às tramóias do primo, assomadas a sua própria preocupação em planejar o encontro perfeito, se viu impossibilitado de retomar de onde tinha parado com Otabek. É claro que o cazaque também tinha sua parcela de culpa, afinal, quando as oportunidades surgiam para Yuri, o moreno sempre encontrava-se ocupado com o acordo que fechara com Viktor, o que deixava o Plisetsky ainda mais frustrado.

No momento, o loirinho encontrava-se ao lado de Otabek em um sofá, descansando a cabeça em seu ombro, ambos aguardando que Viktor terminasse de se arrumar para o encontro no andar de cima. Em meio a mais um suspiro de impaciência, Yuri se remexeu e encarou Altin, que devolveu o olhar de maneira interrogativa.

- A culpa também é sua por eu estar impaciente, sabia, Beka?

- É mesmo? – inquiriu, sorrindo.

- Sim, é, e não se faça de inocente. Se não tivesse passado o resto da semana pra cima e pra baixo com meu primo, eu não estaria... Acumulado.

O cazaque não pôde evitar rir, observando o Plisetsky corar e lhe socar o braço com certa força.

- Não ria, seu imbecil – reclamou o russo, fazendo um bico – Eu sei que sou só eu quem me sinto assim, mas você bem que podia colaborar um pouco.

Otabek arqueou uma sobrancelha e se inclinou, roçando os lábios nos alheios.

- Não ache que é só você, Yura... É apenas uma questão de termos o momento perfeito, por que, desta vez, se começarmos, mesmo que seu próprio avô invada o quarto, eu não vou parar.

Yuri abriu a boca para falar algo, contudo, a voz de Viktor se fez presente, convidando os outros dois a se moverem rumo à saída.

- Yuuri estará nos esperando na entrada do zoológico, então deixem esse clima de romance para quando eu estiver junto com meu namorado também – aferiu Nikiforov, já entrando no carro.

Estava ansioso, afinal, não sabia o que o japonês pensaria ao conhecer seu primo, ou como reagiria ao encontro, o que o deixava levemente apreensivo. Queria que tudo fosse perfeito. Um leve toque em sua mão o fez sair de seus devaneios e levantar os olhos, encontrando os orbes verdes de Yuri.

- O que é que foi? Já resolvemos o problema com a máfia, não resolvemos? Deveria estar agindo como um imbecil alegre como sempre faz quando vai encontrar esse porquinho.

- Eu não sei, estou nervoso – confessou – E não chame Yuuri de porquinho.

Plisetsky deu de ombros e riu.

- Força do hábito.

Revirando os olhos azuis, Viktor se permitiu sorrir minimamente. A entrada do zoológico logo se fez presente em seu campo de visão e o motorista particular não tardou a estacionar, esperando que seus três passageiros desembarcassem. Nikiforov não encontrou grandes dificuldades em localizar Yuuri entre a multidão, encostado a cerca que margeava o lago, distraído com o celular. Ele usava óculos e seu cabelo estava todo jogado para trás, mas o que o surpreendeu de fato eram as roupas que Katsuki usava.

Diferente dos tons monocromáticos a que estava habituado a ver o namorado usando, desta vez Yuuri trajava um jeans escuro e agarrado, que acentuava suas curvas naturais, além de uma blusa vermelha por baixo, sendo coberta por uma jaqueta de um tecido que imitava couro na coloração preta. Simplesmente lindo. Com um sorriso levemente malicioso, aproximou-se sorrateiramente do japonês, lhe abraçando a cintura, ouvindo-o grunhir de susto devido a sua distração.

- Viktor!

O russo riu, dando um beijo na bochecha do japonês.

- Sinto pela demora. Esperou muito? – perguntou com divertimento.

Katsuki ia responder, quando o nome do russo foi gritado entre a multidão. O Plisetsky se aproximou do primo com a cara emburrada por ter sido deixado para trás, puxando Otabek pela mão para mantê-lo em seu encalço.

- Obrigado, seu velho senil, por ter a gentileza de se lembrar que não está sozinho – Yuri reclamou, avaliando de cima abaixo o moreno nos braços de Nikiforov – Então, você é o tal... Yuuri?

Katsuki sorriu com certa timidez, intimidado pelo russo de olhos verdes, apesar deste ser consideravelmente mais baixo que si, e fez uma leve reverência, analisando melhor o famoso primo de Viktor. Ele se parecia muito com um dos integrantes de uma banda que sua irmã mais velha tinha fascinação.

- É um prazer conhecê-lo pessoalmente – o japonês saudou.

O russo loiro limitou-se a assentir, arqueando uma sobrancelha, ainda mantendo Otabek ao seu lado. Não esperava que fosse achar o namorado do primo tão comum. É claro que ele destoava devido aos traços orientais, entretanto, não tinha nenhum “quê” a mais que justificasse aquela fixação de Nikiforov por si, já que o mafioso costumava desfilar com parceiros muito mais chamativos.

- Ah, e aquele ali é Otabek Altin, namorado do meu primo – Viktor apresentou, observando o Plisetsky corar e desviar a atenção para o chão, provocando uma risada interna em si.

- É um prazer conhecê-lo também, Otabek – Yuuri sorriu, alheio ao fato de que estava sendo severamente avaliado pelo Plisetsky.

- O prazer é meu, Yuuri – o cazaque ditou de forma polida e lhe estendeu a mão em um gesto de simpatia.

Com um sorriso gentil, Katsuki aceitou o cumprimento, voltando a pousar as mãos sobre as de Viktor, que residiam em sua cintura, após findar o contato.

- E então, vamos ficar plantados aqui ou vamos entrar logo? – o russo loiro ditou de maneira impaciente, já arrastando Otabek até a entrada.

Entretanto, antes de afastassem-se demais um do outro, Viktor segurou o outro braço de Altin, para detê-lo e, consequentemente, parar seu primo. Com um sorriso descontraído, Nikiforov voltou a abraçar Yuuri.

- Antes de qualquer coisa, temos de resolver um problema – comentou, segurando o riso para tentar soar sério – Temos dois Yuris aqui e acho que será extremamente problemático essa confusão de nomes.

- É sério isso, Viktor? – o Plisetsky retrucou.

- Ora, mas é claro que sim.

- Acho que um apelido seria o suficiente para resolver essa situação – Otabek opinou, recebendo uma fuzilada de olhar proveniente de Yuri.

- Não dê apoio a ele, Beka! – advertiu o loirinho.

O cazaque apenas deu de ombro e correu os dedos pelos fios dourados numa tentativa silenciosa de abrasar a fera que era o Plisetsky. Yuuri, por sua vez, tombou a cabeça levemente para a direita, pensando se deveria sugerir o apelido que lhe surgiu na cabeça.

- O que foi, Yuuri? – Viktor inquiriu, atento ao semblante do moreno.

- N-nada – retrucou, um pouco nervoso por ser o atual foco da conversa.

Nikiforov arqueou uma sobrancelha.

- Se não me contar o que é, eu vou ter que... – começou ameaçando, aproximando os lábios da orelha do japonês, sussurrando o resto da frase.

Katsuki ficou da cor de sua blusa, ou até mais rubro, se é que fosse possível. Ainda sob efeito da vergonha, pegou o celular, acessando o navegador do mesmo, digitando na busca o nome do integrante da banda que a irmã mais velha gostava e abrindo a pesquisa por imagens, mostrando a tela do aparelho ao namorado.

- Uma foto do Yuri? – perguntou o mais velho um pouco confuso, fazendo com que o primo se empoleirasse sobre si após esta declaração para também ter acesso a imagem.

Com delicadeza, o japonês negou.

- Este é Yurio, um dos integrantes de uma banda que minha irmã mais velha gosta.

- Yurio? – Viktor repetiu, sorrindo – Eles são bem parecidos, então podemos chamá-lo de Yurio também!

- Problema resolvido – Otabek interveio novamente – Bom trabalho, Yuuri.

O Plisetsky fuzilou Yuuri, que sentiu seu sangue gelar de medo.

- Ah, eu não...

- Você, seu porco, quem pensa que é pra ficar me apelidando? Eu concordo que não precisamos de dois Yuris, mas, se algum deles tem que sumir, esse alguém é você.

Antes que o japonês pudesse dizer alguma coisa, sentiu novamente Viktor o envolver em seus braços.

- Yurio, não seja malvado, sim? Você prometeu que ia se comportar.

- O QUÊ?! – exclamou em completa indignação – Você deveria estar me defendendo, seu velho babaca!

E os primos desataram a discutir, deixando Otabek e Yuuri para o escanteio. O cazaque notou o desconforto que provinha do japonês ao seu lado e pousou a mão em seu ombro, atraindo a atenção dele para si.

- Não ligue muito para o que o Yura diz... Esse é o jeito dele de demonstrar carinho.

Com um suspiro de alívio, Katsuki assentiu em um agradecimento silencioso, sorrindo minimamente, observando a dupla de russos a sua frente.

- Você... Também não é russo, é, Otabek? – perguntou, sem desviar os olhos do namorado, que agora abraçava de maneira exagerada o russo menor, que se debatia e xingava.

- Não, não sou. Vim de Almaty, no Cazaquistão.

- Só pra encontrar seu namorado?

Altin encarou o japonês.

- Basicamente sim – confessou – Na verdade, o que me trouxe a Rússia foi uma oferta de trabalho, mas, na verdade, ver Yura era minha prioridade.

Yuuri sorriu, encantado com a atitude do cazaque, ao mesmo tempo em que se sentiu levemente triste. Alguém jamais faria isso pelo japonês, muito pelo contrário, as pessoas que ele amava tendiam a abandoná-lo.

- Eu iria até o Japão atrás do Yuuri se fosse preciso – Viktor disse de repente, como se lesse os pensamentos do japonês, entrando na conversa, trazendo o primo consigo.

Os olhos castanhos de Katsuki se focaram no namorado de maneira levemente surpresa, e este lhe sorriu charmosamente e piscou.

- Que idiotice – o russo loiro murmurou, cruzando os braços, ao tempo em que se aproximou de Otabek, que o encarou.

- Não iria atrás de mim no Cazaquistão, Yura?

Os olhos verdes focaram-se no Altin.

- Não, por que eu jamais deixaria você voltar para lá, Beka.

Nikiforov revirou os olhos mediante a fala de seu primo, já que o menor não sabia ser nem um pouco romântico, ouvindo Yuuri rir suavemente ao seu lado.

- Ok, ok, enrolamos demais aqui e o zoológico não ficará aberto para sempre – anunciou, tomando a mão do japonês – Vamos então?

Após mais um comentário sarcástico do Plisetsky, o quarteto rumou à entrada do local. Yuuri se sentia como uma criança em uma loja de doces, completamente fascinado pelo ambiente e pelos animais exóticos. Sua parte favorita foi quando passaram pelas instalações dos felinos e pode ver um casal de tigres brancos. Tanto ele quanto o russo de olhos verdes grudaram no vidro que mantinha o animal do outro lado, soltando exclamações de alegria.

- É a primeira vez que vejo um tão de pertinho! – Katsuki se animou.

- Eles são lindos, não são? Beka até me deu um de pelúcia! – o Plisetsky retrucou, também animado.

- Sim, são incríveis!

Viktor e Otabek estavam um pouco atrás, rindo da animação dos outros dois.

- E de repente, são melhores amigos – o russo de olhos azuis disse em tom de brincadeira.

- Tigres unindo pessoas – zombou o cazaque.

Yuri ouviu os comentários e olhou para trás, fuzilando ambos os rapazes, para depois encarar o japonês ao seu lado que, depois de alguns segundos, o encarou também de maneira interrogativa.

- Ok, talvez o fato de você gostar de tigres te faça ser uma pessoa legal – admitiu – Mas isso não quer dizer que eu goste de você, me entendeu bem?

Yuuri sorriu, lembrando-se do que Otabek havia lhe dito.

- Tudo bem, mas... Eu gosto de você, Yuri – sorriu, se afastando da jaula dos tigres e rumando em direção a Viktor.

O russo loirinho corou momentaneamente, balançando a cabeça de maneira vigorosa de um lado para o outro para afastar o pensamento de que, talvez, o namorado do primo fosse especial de outra forma que não na beleza física.

- Vamos comer alguma coisa? – Altin sugeriu, para logo após beijar Yuri na bochecha.

O trio concordou, e juntos rumaram para algum centro de alimentação que o local continha. E a tarde se seguiu desta maneira amena, até que, ao fim do passeio, quando o quarteto saia do zoológico, uma troca de olhar sutil entre os primos sentenciou o combinado de que, agora, cada casal deveria ter seu tempo “a sós”.

- Bom, eu e Beka vamos indo – começou o russo loiro – Temos assuntos inacabados para resolver. Nos vemos amanhã, velhote e, porquinho, foi legal te conhecer.

Yuuri sorriu e concordou com um meneio de cabeça.

- Foi ótimo te conhecer também, Yurio – riu – E você também, Otabek.

O cazaque sorriu e, depois das despedidas, tratou de acompanhar o Plisetsky até onde este desejasse. Caminharam em silêncio por alguns metros, até deterem-se em uma praça, onde o loirinho puxou o outro para sentarem-se, aconchegando-se no corpo do mais velho.

- Até que o namorado do meu primo não é tão ruim – disse.

- Yuuri é uma boa pessoa e faz muito bem ao Viktor.

Yuri meneou a cabeça de maneira afirmativa, soltando um suspiro em seguida.

- Por mais que Viktor tenha dito, não é como se fôssemos namorados de verdade, é, Beka?

O Plisetsky não pôde evitar levantar os olhos na expectativa de uma resposta. Sentiu a mão de Otabek acariciar sua bochecha e depois as pontas de seus dedos afagarem seus lábios, ao tempo em que o cazaque aproximava o rosto do seu. Trocaram um beijo calmo e apaixonado que, por culpa do pequeno russo, logo se intensificou. Altin quebrou o beijo, levemente ofegante, mas manteve-se bem perto do mais novo.

- Eu não digo que amo qualquer um, Yura.

- E-eu sei disso... – comentou com certo embaraço – É só que...

- Você quer um pedido oficial? – Otabek o interrompeu, prevendo a fala.

Yuri travou por um momento para, em seguida, timidamente assentir. Desde que tivera certeza de que amava Altin, seu sonho era ser pedido em namoro pelo mesmo e, claro, após isso, fazerem amor como se só os dois existissem no mundo.

- Eu não sou muito bom com palavras, Yura, mas, por você, acho que consigo pelo menos pedir de forma satisfatória – riu, um pouco envergonhado pela sua falta de habilidade dialogal – Yuri Plisetsky, meu Yura, aceita namorar comigo?

- Óbvio que sim – respondeu, provocando risadas no outro.

O russo loirinho de olhos verdes encarou Otabek com ternura. Adorava o fato de que aquelas risadas e certos sorrisos pertenciam somente a si.

- Eu sou seu então, Beka? – o Plisetsky inquiriu de repente e de maneira provocativa, fazendo com que o cazaque parasse de rir e o encarasse com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de canto.

- Só se você quiser ser, Yura – respondeu.

O menor jogou os braços ao redor do pescoço de Altin e roçou os lábios nos dele.

- Só serei seu se me fizer ser seu, Beka – Yuri sussurrou com malícia.

Otabek sorriu de canto.

- Você não sabe ter calma, não é, Yura?

O russo loiro começou a beijar o queixo do cazaque, descendo até o pescoço.

- Calma não é bom, Beka... – murmurou de maneira manhosa – Se quiser que eu pare, é melhor desistir, por que eu não vou parar – e, dito isso, cravou os dentes na pele bronzeada do outro, o ouvindo gemer.

- Yura...

Os lábios róseos de Yuri alcançaram a orelha do cazaque, onde tratou de mordiscar o lóbulo e lambê-lo em uma provocação.

- Vamos lá para casa, sim, Beka?

Tudo o que Altin conseguiu fazer foi assentir, sentindo-se extremamente excitado com aquele pequeno russo e suas atitudes nada inocentes.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Após se separarem do outro casal, Yuuri e Viktor se postaram a caminhar em direção oposta a deles, lado a lado, conversando sobre amenidades.

- Eu gostei da sua mudança de visual, Yuuri, apesar de achar que você fica lindo vestido com qualquer coisa – elogiou Viktor, vendo o moreno corar e sorrir.

- Mila me ajudou um pouco com as escolhas – admitiu ao fim, um pouco sem graça.

Nikiforov apenas assentiu, deslizando os dedos pelo braço do japonês até alcançar sua mão, onde a tomou na sua, sorrindo.

- Gostou de hoje?

- Sim, foi bem divertido – Katsuki respondeu – Mas, confesso que achei que seu primo ia me odiar para sempre por causa do apelido.

O russo não pôde evitar rir.

- Ele é assim mesmo, mas, no fundo, é uma ótima pessoa.

- E ele parece gostar muito de você – completou o moreno.

Passaram em frente a um centro comercial e, depois de mais alguns metros, estavam no bairro onde Yuuri morava, caminhando lentamente pela calçada iluminada, a noite logo se fazendo presente.

- O que fará amanhã, Viktor?

Nikiforov riu maliciosamente, encarando o mais novo.

- Depende do que você me ofertar.

O japonês corou, desviando o olhar. Viktor não resistiu a conter-se e beijou os lábios alheios, rodeando os braços em sua cintura. Estava pouco se importando se alguém visse, afinal, para todos os efeitos, Katsuki era apenas seu protegido e um brinquedo sexual.

- E então, Yuuri? – sussurrou contra a boca alheia após finalizarem o ósculo – O que pretende fazer comigo?

- E-eu só queria saber se... Você gostaria de subir um pouco...

Viktor ponderou aquela oferta por um momento, até uma ideia mais interessante lhe transpassar a mente.

- O que acha de, na verdade, você ir até minha casa, Yuuri?


Notas Finais


* Ya lyublyu tebya significa "eu te amo" em russo (escrita original = Я люблю тебя)

** Ya tozhe tebya lyublyu significa "eu também te amo" em russo (escrita original = Я тоже тебя люблю)

Oi meus amores lindos do meu coração <333

Peço perdão por algum erro, pois não tive tempo de revisar, e espero que o capítulo tenha ficado bom ^^

Vejo vcs nos comentários logo logo ^^

Beijinhos e até a próxima ~


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