Eu só queria dormir um pouco, mas Theo não permitiu, era a terceira vez que ele me acordava, novamente gritando, só queria saber o que aconteceu para ele estar tendo tantos pesadelos, será que são os mesmos, ou são pesadelos diferentes? Provavelmente é o mesmo pois ele grita praticamente a mesma coisa, e com isso posso afirmar que minha mãe tem o sono extremamente pesado e não entendo como ela consegue acordar com o despertador se não escutou o Theo gritando três vezes de madrugada. Já tinha o acalmado novamente e eu estava sentado na minha cama.
- O que ta acontecendo com você?
- Eu não sei porque estou tendo tantos pesadelos hoje. – Ele disse, mas não me convenci, apesar dele saber controlar os batimentos cardíacos, deu uma vacilada e sei que estava mentindo.
- As três vezes que teve pesadelo hoje, foram os mesmos sonhos?
- Sim.
- E já tinha tido eles antes?
- Não. – Mentiu de novo.
- Ok... talvez minha casa esteja de dando pesadelos então, ou só está muito cansado sei lá.
- É pode ser.
- Então vou tentar dormir de novo, já que me acordou TRÊS vezes.
- Não é como se eu quisesse acordar gritando.
- Ta bom então, boa noite. – Me deitei.
- Liam?
- O que?
- Da pra ir lá para sala ficar vendo tv?
- Não vai dormir?
- Perdi o sono e não acho que irei conseguir dormir direito hoje. – Deu pra sentir a frustração dele, com certeza não é de hoje que ele está tendo esses sonhos e não ta dormindo direito.
- Não tem problema, pode ir. – Ele apenas concordou com a cabeça se levantou e saiu.
Peguei meu celular e vi que era 03:20 da madrugada, tentei dormir novamente, consegui cochilar um pouco por uma meia hora mas acordei novamente, fechei meus olhos de novo mas o sono não veio, então peguei minha coberta e resolvi descer e assistir TV com o Theo porque dormir não é uma coisa que ia conseguir fazer agora, desci as escadas e escutei o barulho da tv, tava tudo desligado só a luz da tela que iluminava um pouco a sala, ele estava com as pernas dobradas em cima do sofá.
- Você não ia dormir depois de eu te acordar três vezes? – ele falou com deboche.
- Bom depois de ser acordado TRÊS vezes, perdi o sono. – Disse me sentando no mesmo sofá, mas na outra ponta e me cobrindo com a coberta. – O que você ta vendo?
- Tava passando um filme policial qualquer aí e agora está começando outro.
Ficamos assistindo o filme em silêncio, até Theo pedir meu cobertor.
- Porque não trouxe o seu? – Respondi emburrado.
- Porque eu me esqueci? – Me encarou.
- Então vai pegar o seu.
- To com preguiça e custa dividir caralho?
- Ou você levanta a bunda do sofá e pega o seu, ou vai ter que chegar mais perto, porque o cobertor não alcança o suficiente e eu não vou me mexer. – Sorri o desafiando.
Ele me encarou deu um sorriso sarcástico e se aproximou.
- É sério?
- Eu disse que tava com preguiça. – Se tapou com a MINHA coberta.
- Não chega muito perto.
- Como se eu quisesse.
- Você tinha a opção de subir e pegar o seu.
- Liam?
- O que?
- Cala a boca e vamos assistir o filme.
Bufei e virei meu rosto na direção da tv para ver o filme, que não tinha ideia de qual era o nome, nem tinha vontade de saber não era um filme muito bom, mas dava pra distrair um pouco, Theo se mexia de vez em quando e atrapalhava minha concentração no filme.
- Da pra parar quieto porra?
- To tentando achar uma posição confortável.
Ele se mexeu um pouco mais até que finalmente parou quieto, e ouvi ele bocejar.
- Já deu sono de novo?
- Um pouco.
- Você parece cansado.
- Pareço?
- Aham, sabe que não acreditei no que falou la no quarto.
- Não acreditou no que?
- Sobre não ter tido o pesadelo antes. – Ele riu.
- Sabia que não tinha acreditado, mas achei que demoraria um pouco mais para perguntar de novo.
- Então realmente já teve antes?
- É
- E não vai me dizer com o que é que sonha não é?
- Não.
- Eu podia tentar ajudar.
- Acho que não.
- Mas...
- Liam, você não pode ajudar em tudo.
- Eu sei, mas se você me disser...
- Não.
- Ma...
-Porque você quer ajudar? Alguns minutos atrás tava brigando por não querer dividir o cobertor e agora quer me ajudar? Eu não consigo entender.
- Isso vai me ajudar também.
- Como que parar meus pesadelos vai te ajudar?
- Eu vou poder dormir em paz também, porque como percebeu, você grita alto e não me deixa dormir.
- Então é pra próprio benefício?
- É...
- Entendi. – Mas notei que dessa vez quem não estava acreditando era ele. – Mas mesmo assim não vou te contar.
Ele voltou a atenção pro filme e não falamos mais nada, olhei para tv mas não estava prestando atenção, para ser bem sincero, tava era curioso para saber o que tanto ele sonhava a ponta de o fazer gritar e quase chorar, nunca vi ele neste estado, a não ser quando ele foi mandando para debaixo da terra foi quando o vi realmente desesperado, sabia que ele não iria me contar, mas quem sabe daqui um tempo, mas se ele continuar tendo isso todo o dia vai ser impossível dormir ou vou ter que trancar ele num quarto a prova de som e deixar ele berrando la dentro enquanto eu durmo. Ri do meu pensamento até sentir alguma coisa no ombro, quando olhei era Theo, ele tinha dormido e sua cabeça tombou pro meu ombro.
Ata era só o que me faltava, tentei levantar meu braço devagar para tirar a cabeça dele dali, mas quando fiz isso ela escorregou para o meu peito. Meu pai eu mereço. Fiquei meio sem saber o que fazer, meu coração deu uma leve acelerada com o “susto” minha vontade era de dar um empurrão nele e acorda-lo pra tirar de cima de mim, mas por incrível que pareça eu fiquei com um pouquinho de pena, já que ele não tem dormido direito, vai que agora ele consiga ou sei la.
Estava com meu braço apoiado em cima do sofá, mas aquilo tava ficando desconfortável, e não tinha muita opção ou ficava assim ou teria que abaixar um braço ficando com ele em cima do Theo, eu não queria ficar “abraçando ele” até cutuquei ele um pouco, mas ele nem se mexeu, e pela respiração estava dormindo profundamente. Comecei a ficar com sono também e dormi.
Senti um flash na minha cara, o que me fez acordar, abria os olhos aos poucos por conta da claridade e senti algo em cima de mim, ainda meu grogue por conta de ter acabado de acordar olho pra baixo piscando bastante o olhos e dei de cara com um Theo muito próximo, também tentando entender o que tava acontecendo, nos demos conta da situação que estávamos ao mesmo tempo, o que fez eu empurrar e Theo dar um pulo pra trás caindo do sofá levando a coberta junto.
- Porque você tava me abraçando? – Ele perguntou indignado.
- VOCÊ dormiu em cima de mim, devo ter te abraçado enquanto dormia, credo. – No momento minha mente me lembrou de ter abraçado quando a guerra acabou, mas eram em circunstancias diferentes. Ele pareceu pensar um pouco até que me dei conta que minha mãe tava olhando para nós dois rindo e com o celular na mão.
- Porque vocês estavam dormindo aqui na sala?
- A gente meio que perdeu o sono e viemos assistir tv. – Ele respondeu.
- É “perdemos”. – Disse ironicamente.
- Parece que encontraram o sono, estavam fofos dormindo juntos.
- NÃO ESTAVAMOS – Dissemos juntos.
- Estavam sim, olha. – Nisso minha mãe virou o celular para nós mostrando uma foto nossa dormindo.
- Meu deus mãe apaga isso. – Tentei pegar o celular, mas ela foi mais rápida e se afastou rindo.
- Tenho que mostrar pro teu pai, ele não vai acreditar se eu disser.
- Depois a senhora vai apagar, não é? – Ele questionou.
- Talvez... ou eu posso postar na internet – Ela me encarou.
- MÃE pelo amor de deus não faz isso.
- Estou brincando, mas vou mostrar pro seu pai. – Ela riu e saiu em direção a cozinha.
Theo ainda estava no chão da sala, me levantei e fui em direção as escadas, subi e entrei no banheiro, eu tava muito apertado, depois fui lavar a mãos e enquanto eu escovava meus dentes Theo entrou no banheiro sem falar nada, quando vi ele estava fazendo xixi, cuspi a espuma da boca e falei com ele.
- Ok, a gente ta morando junto e dividindo o quarto, você pode até ter dormido em cima de mim, mas não estamos casados pra ficar usando o banheiro ao mesmo tempo, tem um outro lá embaixo.
- As coisas que você deu para mim usar estão nesse banheiro.
- Ta e você não poderia ter mijado no outro banheiro depois vir aqui?
- Poderia, mas eu não quis, se não quisesse ninguém entrando devia ter trancado a porta.
- Theo?
- O que?
- Odeio você. – Não era bem uma verdade, eu já o odiei? Muito!A ponto de querer mata-lo, mas agora eu nem sabia o que sentia em relação a ele, mas ele não precisava saber disso.
- Devia ter pensado nisso antes de me convidar para sua casa. – Sorriu.
- Isso foi um surto de solidariedade.
-Assim como querer me ajudar com meus sonhos?
- Já disse que é pra meu próprio benefício.
- Bom, tempo para pensar não faltou então acho que não foi apenas um “surto de solidariedade”. – Disse ele me empurrando de leve para toma meu lugar na frente da pia. – Na verdade se me lembro bem acho que você se importa. – Ergueu uma sobrancelha.
Eu ia responder até ele mencionar a conversa que tivemos no hospital, fiquei surpreso e não soube o que dizer.
- Ou aquilo foi um surto também? - Questionou.
Eu não estava esperando por isso.
- Eu vou me trocar. – Não respondi sua pergunta e sai do banheiro, sem esperar ele falar qualquer coisa.
Entrei no meu quarto, e fui trocar de roupa, pus uma calça e uma camiseta, e fui ajeitar minha cama que Theo já tinha deixado a coberta jogada em cima dela, Califórnia era meio maluca, ontem estava chovendo e esfriou, agora parece que a temperatura ta subindo novamente.
A “cama” dele estava bagunçada, mas ele que arrume. Vi meu celular na cômoda, já devia ter terminado de carregar, peguei ele e tinha algumas mensagens do Mason, eu nem peguei mais meu celular depois que pus no carregador ia responder quando Theo entrou.
- Ei, as minhas roupas já estão secas? - Perguntou normalmente, como se eu não tivesse fugido da sua pergunta no banheiro.
- Provavelmente, eu vou lá pegar. – Disse já saindo do quarto.
Fui la lavanderia que ficava no mesmo andar dos quartos, e as poucas roupas dele já estavam secas, peguei todas e levei para o quarto, quando cheguei ele estava terminando de dobrar seus lençóis.
- Que bonito, não precisei mandar arrumar, ta aqui suas roupas.
- Até parece que mandar em algo, não quero sua mãe reclamando de mim. - Veio na minha direção e pegou as roupas da minha mão.
- Você precisa de roupas novas, incluindo cuecas.
- Eu sei, mas tenho pouco dinheiro então vou seguir usando alguma das suas. – Piscou.
- Ah não, eu compro pra você.
- Sua mãe ou pai compram.
- O que?
- O dinheiro é deles então...
- O dinheiro que vou gastar é meu.
- Você trabalha?
- Não.
- Então o dinheiro não é seu. – Falou como se fosse obvio, com um sorriso querendo se formar.
- Se eles me deram de mesada então é meu. – Respondi já irritado.
- Se eles não tivessem te dado, não teria nada. – Ok ele acordou querendo testar minha paciência não é possível.
Ele estava se divertindo com minha irritação.
- Continua sendo meu, agora da pra calar a boca, eu vou tomar café.
- Ontem reclamou que eu não falava, agora quer que eu cale a boca? E são 11 horas daqui uma hora ou mais a gente já vai almoçar.
- Aham, e eu quero só o café preto mesmo.
- Acho que também vou querer.
- Você não acabou de dizer qu..
- Eu sei o que eu disse, mas quero só café também.
Desci com Theo atrás de mim e fomos para cozinha, aquele cheiro de café recém passado, peguei duas xicaras e entreguei uma pra ele, me servi e coloquei duas colheres de açúcar, não gosto muito doce mas também não gosto de totalmente amargo, já Theo tomava o café puro sem açúcar nenhum.
- Como toma café sem açúcar? Eu só tomava assim depois da ressaca.
- Como geralmente não durmo direito café puro me mantinha acordado, então acostumei e eu também gosto de coisas amargas.
- Deve se amar muito então. – Ele só me encarou e voltou a tomar o café, ignorando minha piadinha que só teve graça pra mim.
Fiquei pensando a quanto tempo que ele deve estar assim, sem dormir direito, sério se eu não durmo direito uma noite, fico me arrastando o dia todo e de mal humor porque preciso descansar, imagina ta assim a semana ou a meses, e ....
.... Espera ai.
Mas ele conseguiu dormir na sala.
- Você dormiu.
- E?
- Você dormiu no sofá idiota.
- Ta eu dormi o que é que tem? – Deu de ombros enquanto bebericava o café.
- Mas não disse que não consegue a dormir direito a tempos.
- Sim, mas..
- Então como conseguiu?
- Mas eu acordei três vezes ontem.
- Ta mas depois que a gente tava na sala e acabamos dormindo, não acordou em nenhum momento com pesadelos, dormiu direto. – Ele pareceu pensar.
- É verdade... não sei o que aconteceu.
- Eu acho que devo ser muito confortável para ter conseguido dormir em cima de mim, acabei fazendo você não ter pesadelos. – Ri.
- Nossa Liam como você é engraçado. – Deu uma risada falsa.
- Eu sei, obrigado.
Notei que ele ficou pensativo, em relação a isso, na verdade eu também fiquei, teve algum motivo para ele ter conseguido dormir, ou simplesmente os pesadelos dele do nada pararam ou algo que nenhum dos dois percebeu aconteceu, e voto na segunda opção, mas não consigo simplesmente achar uma lógica para isso. Talvez mais tarde eu pesquise sobre isso.
Minha mãe apareceu na cozinha para começar a fazer o almoço, perguntei se precisava de ajuda ela disse que não, então resolvi mostrar os poucos cômodos da casa que restaram que Theo na tinha visto, afinal ele iria morar aqui por tempo. Foi bem rápido afinal a casa não era muito grande, voltamos para o meu quarto.
Estava mexendo no notebook que estava em cima da mesa.
- Gosta de ler?
Me virei e notei Theo mexendo na minha estante que continha alguns livros.
- Um pouco, na verdade não tenho lido muito ultimamente. Você gosta?
- Sim... faz tempo que não leio também. – Disse ainda olhando e mexendo nos livros.
- Pode pegar pra ler se quiser. – Falei, notando o interesse dele.
Ele apenas assentiu com a cabeça, pegou um e sentou na minha cama com as pernas esticadas. Mas já ta assim.
- Tem um poltrona ali se quiser sentar sabe.
- A cama é mais confortável. – Não tirou os olhos do livro.
- É a minha cama é bem confortável. – Dei ênfase na palavra “minha”. Ele ergueu os olhos me olhando com um ar divertido, como se dissesse: sério?
É eu estou falando sério.
- É como as pessoas dizem para visitas: Sinta-se em casa.
- Você não é visita, está morando aqui.
- Então tenho que me sentir mais em casa ainda não é? – Se ajeitou de forma confortável ainda e tinha um sorriso presunçoso nos lábios, era estranho ver ele assim, ele estava me irritando como de costume, mas parecia de alguma forma relaxado.
Ele ainda estava com a mesma expressão.
Bufei.
Me virei, ignorei sua pergunta em forma de afirmação e continuei o que estava fazendo, e o ouvi rir baixinho.
Um pouco depois, ouvimos minha mãe nos chamar para o almoço, meu pai ainda estava no plantão o significava que passaria a noite em casa, comemos e logo após terminar lavamos a louça e fomos nos ajeitar para sair, iriamos ao shopping hoje mesmo para comprar algumas coisas para Theo, avisamos minhas mãe que me deu mais dinheiro. Estávamos chegando no carro quando Theo falou.
- Posso dirigir?
- Por quê?
- Porque eu quero dirigir, e eu dirijo melhor que você. – Encarei com os olhos semicerrados, não era uma mentira ele realmente dirigia melhor que eu.
- E o seu carro? – Acabei me lembrando que Theo tinha um carro antes.
- Depois dele ser destruído pelos caçadores eu tive que abandonar ele, deve estar em algum ferro velho. – Falou de forma irritada. – Vai me deixar dirigir ou não?
Joguei a chave pra ele.
- Você ainda tem sua carteira de motorista né? – A expressão no seu rosto dizia que era obvio, mas mesmo assim ele externou.
- É claro né.
Entramos no carro e ele começou a dirigir.
- Já tentou procurar? – perguntei.
- Procurar o que?
- Seu carro.
- Não, quando encontrei todo destruído peguei as minhas coisas que estavam nele e deixei onde estava, quando voltei já tinha retirado.
- Se tivesse ele inteiro, garanto que já teria saído de Beacon Hills. – O encarei, tive uma sensação estranha ao pensar nele indo embora.
- Talvez... não teria dinheiro para ir tão longe e para a gasolina, e também não sei se agora conseguiria deixar... – Se calou de repente e pareceu pensar no que quase falou.
- Deixar o que? – Perguntei curioso.
- A cidade... – Não parecia falar a verdade, mas seus batimentos estavam normais.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, pensei e acabei falando.
- Estava morando no seu carro, não é? Por isso foi para floresta depois.
- É...
- Você tinha pesadelos no carro?
- Mas você vai insistir nisso né? – Riu. No começo não mas depois começou a acontecer.
- E...
- É só isso que vou dizer, não tente perguntar.
Não falei mais nada, abri a janela e uma brisa fresca entrou por ela, olhei para Theo que estava focado na estrada, sentia vontade de continuar falando, mas sabia que agora ele não queria falar sobre ele.
- Eu dirijo mal por acaso?
- Porque pergunta?
- Disse que dirigia melhor do que eu, por acaso eu dirigi mal quando te levei pra minha casa? É que eu não tenho carteira. – Fui me justificar antes dele responder, e acabei deixando escapar.
Parou o carro.
- Como assim você não tem carteira de motorista? – Me olhou surpreso. – Como você dirige?
- Com as mãos. – Olhou pra mim sério. – Eu não passei no teste, e porque você parou?
- Deve ser porque o sinal ta vermelho? Dá pra ver um dos motivos de não ter passado. – Riu. – Seus pais te deixam dirigir sem carteira?
- Bem... eles não sabem – admiti.
- Mas eles não pediram pra ver sua carteira?
- E eu mostrei... uma falsa. – Acabei rindo.
- Não acredito. – Theo riu também. – O correto Liam infringindo a lei, Scott sabe disso?
- Não...
- Mason?
- Foi ele que conseguiu pra mim
- Claro que foi. – Me encarou com um certo brilho divertido no olhar, o sinal abriu e voltou a dirigir. – Estou impressionado.
- Impressionado? Por eu ter uma carteira de motorista falsa?
- Infringindo a lei, mentindo para seus pais, Scott, gosta de ler e história... as vezes você me surpreende. – Disse balançando a cabeça de um lado para outro, como se não acreditasse.
- Como sabe que gosto de história?
- Me falou na vez que estávamos no zoológico despistando os caçadores tinha falado sobre mykonos. – Disse de forma distraída.
Tentei relembrar aquele dia, foi quando ele me bateu 5 vezes para me apagar e eu não fazer merda, me lembrei vagamente do diálogo que tivemos e dessa vez quem ficou surpreso fui eu.
- Como se lembra disso? Porquê lembra disso?
Ele pareceu retesar por instante.
- Eu não sei, é aquele tipo de memória aleatória que a gente guarda.... e como você faz perguntas.
- É assim que a gente sabe das coisas, perguntando. – Respondi.
Estávamos quase chegando.
- Então quero saber por qual motivo rodou do teste? Não chega a dirigir mal. – falou respondendo a pergunta que eu tinha feito inicialmente. Me fazendo esquecer por um momento o fato dele lembrar de algo sobre mim tão aleatório.
- Eu não sei... eu só... sei lá. Consigo dirigir normalmente, mas na hora do teste fico nervoso, acabo rodando, já tinha feito rodado duas vezes, quando rodei na terceira não quis falar ao meus pais, pretendia fazer de novo até conseguir.
Ele balançou a cabeça novamente, estava se divertindo com meu relato.
- Então enquanto você não tira a carteira, quem dirige sou eu.
- Ei mais o carro é meu!
- Quer levar uma multa?
- Não.
- Então... e posso te ajudar com o teste se quiser. – Não me deixou responder. - Chegamos. – Saímos do carro e entramos no shopping.
- Então vamos começar por onde. – Falou olhando perdido para o tanto de lojas que tinha. – Não acredito que a gente ta indo fazer compras no shopping como duas garotas.
- Não estamos indo fazer compras como duas garotas. – Ele olhou. - É como dois garotos. E vamos começar pelas cuecas obvio.
- Você realmente não quer me ver usando-as né? – soltou uma risada.
- Assim... eu prefiro que as minhas roupas intimas continuem sendo intimas usadas apenas por mim. E quem é quer que outra pessoa use suas roupas intimas. – falei com um certo deboche.
- Bom ponto, vamos logo com isso não quero ficar muito tempo aqui dentro.
Entramos em algumas lojas de roupas masculinas, e fomos para a sessão de cuecas, na verdade deixei ele pra olhar fiquei dando uma olhada no restante da loja, era ele que precisava comprar não eu, achei uma camiseta bem bonita que acho que Theo usaria, poderia fazer ele comprar pra mim poder usar depois, já que não é pra nada pra mim hoje, peguei ela e fui para onde ele estava, ele pegava uns pacotes olhava depois largava, não parecia com muita paciência. Acabei me lembrando do Mason falando sobre ele, e acabei o analisando.
Ok ele era um cara bonito.
Bonito?
Tudo bem eu achar um cara bonito não é? Isso mostra que não tenho... como é que falam? Masculinidade frágil, isso! Assim como acho Scott bonito, Mason, Stiles, não tem nada demais.
Observei mais.
Ok ele é realmente muito bonito foi um filha da puta mas bonito....
Mason disse gostoso.
Tube bem ele é forte... acho que é isso que consideram um homem gostoso certo? Talvez ele...
Acabei reparando na sua bunda, que aparentemente grande.
- Ta me olhando desse jeito por quê?. – Me assustei e o encarei, que me olhava com olhos desconfiados. – O que você tava olhando?
- Nada. – Respondi rápido. – Já pegou as cuecas.? – mudei de assunto. Ele ficou em silêncio por alguns segundos.
- É... sim, só estava achando médias, agora achei do meu tamanho. – Mostrou-as na mão.
- As médias são as que uso
- Por isso ela aperta em mim
- Sim a sua bunda é maior que a minha. – No mesmo segundo me dei conta do que falei, e Theo me encarou divertido.
- Eu sabia que você tava olhando, mas achei que pudesse ter me enganado.
- O que? N-ão, eu não estava. – Gaguejei, porque eu nervoso com isso?
- Você ta mentindo.
- Não estava, eu só estava pensando em outras coisas e.... – ele me encarava com vontade de rir. -
- Então como você diz que é grande? – Ah meu deus eu to realmente tendo esse diálogo com o Theo? Cair num buraco não seria má ideia agora.
- Eu não preciso ficar olhando muito para notar, é como ver uma pessoa gorda ou magra, só apenas percebe... – Uma desculpa deslavada, mas fazia sentindo ou não? Eu tentava de toda forma não demonstrar que estava mentindo.
- Ok... – Concordou, acreditando ou estava fingindo acreditar. Porque sinto que talvez isso seja lembrando mais pra frente da mesma forma que ele lembrou sobre o que falei dos Mykonos.- E essa camisa? – Apontou pra minha mão que a estava segurando mudando de assunto graças a deus.
- Eu achei bonita e barata, trouxe pra você ver.
- Gostei. – Pegou olhou o tamanho e ficou com ela. – Vou levar.
- Não vai experimentar?
- Não da pra ver que serve.
Andamos pela loja olhando mais algumas coisas, ele pegou mais uma blusa e compramos, ainda tinha outras para olhar, tinha acabado de sair da loja e meu telefone tocou, tirei do bolso e a foto do Mason apareceu na tela, putz eu não respondi desde ontem. Atendi a ligação.
- Ei Mase. – Falei com naturalidade, parando de andar.
- Cara você não em respondeu mais desde que saiu da minha casa! – Respondeu um pouco alto.
- Foi mal!
- Pelo menos agora sei que continua vivo. O que você ta fazendo que não me respondeu até agora heim? – Perguntou desconfiado.
- Agora, Agora eu .... – Olhei pro Theo que me encarava, prestando atenção na minha conversa e sabia que conseguia ouvir o que Mason dizia graças a audição de lobisomem. - Eu to shopping.
- No shopping? Você não é muito fã de ir em shoppings. - Pareceu pensar. – Ta com alguém? – Senti um tom de graça na sua voz.
- Ahn... o que? – Hesitei. – Olhei para Theo estava novamente se divertindo, era obvio que a únicas pessoas que sabia que ele estava na minha casa era eu e meus pais.
- Ele perguntou se você ta com alguém? – Theo respondeu.
- Cala a boca. – Rosnei, tapando o celular para evitar que Mason escute.
- Com quem ta falando? Você ta com alguém sim! É um encontro?
- Não! – respondi rápido. - Com quem eu teria um encontro? – Olhei bravo para Theo.
- Não sei... COM A GAROTA QUE VOCÊ TRANSOU NA FESTA. – Dessa vez ele gritou.
- A Hanna? Não! eu nem falei com ela depois disso, e da pra falar baixo? – Senti a respiração do Theo mudar, o encarei, e ele estava com cara totalmente fechada, nem parecia o mesmo que tava rindo da minha situação segundos atrás. Ele parecia irritado.
- Você não mandou nem uma mensagem pra ela? Cara...
- Não Mason, será que da pra gente conversar depois? A gente se fala no colégio amanhã.
- Mas...
- Tchau. – Desliguei.
- Finalmente, será que da pra ir logo, quero sair daqui de uma vez.
Sim, ele definitivamente estava com raiva de alguma coisa, não sei o que pode ter o irritado de uma hora para outra. Saiu andando na frente eu fui atrás dele não entendo absolutamente nada.
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