História I need you more than I want to - Thiam - Importância

Ao acordar, percebo que estou sozinho na cama. Ao me movimentar, não sinto ninguém por perto. Abro os olhos devagar; uma leve claridade entra pelas cortinas. Estico o braço em busca do celular na mesinha ao lado da cama e verifico as horas: passa um pouco das 11 da manhã.

Acabei dormindo um pouco mais do que o habitual, nem eu sabia que estava tão cansado. Mas, devido a todos os acontecimentos de ontem, eu realmente precisava descansar a cabeça. Apesar disso, Theo e Hayden apareceram nos meus sonhos. Eu estava ferrado, mas pelo menos era sábado e não precisava ir à escola. Lembrei que não tinha avisado Mason sobre a volta da Hayden, afinal, eles eram amigos também. Mandei uma mensagem para ele avisando e levantei para ir ao banheiro.

Quando voltei ao quarto e troquei de roupa ouvi barulho da notificação do celular era o Mason respondendo, surpreso que a Hayden está em Beacon Hills e falando pra gente marcar com ela pra se encontrarem hoje à tarde, achei uma boa ideia até porque não queria sair com ela sozinho logo de cara. Ficou claro que ela espera que alguma coisa a mais aconteça e não sei bem como reagir a isso tendo em vista tudo que está acontecendo entre mim e Theo.

Na verdade o que realmente ta acontecendo entre mim e Theo?

Ontem nós quase falamos sobre isso até a Hayden interromper, e agora não sei se a nossa conversa vai acontecer tão cedo. Preciso esclarecer as coisas com a Hayden entender bem meus sentimentos em relação a ela agora que ela está aqui. E por mais que ela não fique preciso ao menos dar um encerramento que acabamos não tendo de forma adequada, mais por conta dela do que por mim já que foi ela que parou de me responder.

Mandei uma mensagem para ela falando sobre e se ela estava livre hoje à tarde, ela concordou então falei com Mason e combinamos de nos encontrar numa lancheira para conversamos e ela rever Mason e Corey. Duvido muito que Theo vai querer ir junto.

Após arrumar a minha cama desci para tomar pelo menos um café, encontrei minha mãe e Theo na mesa jogando alguma coisa.

- Bom dia.

- Bom dia. – Responderam juntos

- Vai ter que reaquecer o café. – Respondeu minha mãe concentrada olha umas cartas na mesa.

- O que vocês estão fazendo?

- Jogando, não ta vendo? – Theo me encarou erguendo uma sobrancelha. O encarei de volta e em seguida explicou. – Jogo da memória sua mãe encontrou e quis jogar.

Apenas concordei eu fui para cozinha para esquentar meu café. Voltei com a caneca na mão e fui sentar na mesa junto com eles e fiquei em silencio observando eles jogarem e acabei decorando algumas coisas também. Era a vez do Theo jogar novamente e na hora de achar a outra carta igual ele estava indo na errada.

- Não é essa, é a do lado. – Falei sem pensar muito.

- Ei! Não ajude ele. – Minha mãe falou indignada ao mesmo tempo que jogo uma carta na minha direção.

- Obrigada. – Respondeu Theo rindo.

- Foi mal falei sem pensar.

- Não é justo ele já é bom sem ajuda. Tem uma ótima memória. – Ela respondeu.

- Confia em mim eu sei a memória dele é muito boa. – O encarei, pensando que ele lembra de muitas coisas que eu já disse para ele.

- Lembro de coisas importantes. – Theo dá de ombros.

- Isso é importante? – Minha mãe pergunta.

- Eu gosto de ganhar. -  Ele responde.

Mas fico pensando na sua resposta, de que lembra de coisas importantes, então as coisas que digo a ele, Theo considera importante? Fiquei o encarando pensativo, mas em seguida lembrei sobre a saída de hoje à tarde.

- Hoje a tarde nós vamos sair com a Hayden.

- Nós quem? – Questionou Theo com uma cara séria.

- Quem mais? Eu, Mason e Corey.

- Achei que estava me incluindo. -  Falou olhando para a cartas na mesa.

- Mas você está incluído se quiser. – Provoquei.

- Como se eu fosse querer ir, além disso duvido que ela me queira lá também, está indo encontrar os amigos e eu não sou um deles. – Escolheu as cartas na mesa.

- Porque será né? – Respondi irônico.

– Ganhei.

- Droga. – Minha mãe respondeu.

- Mais uma? – Perguntou Theo.

- Não, vou ver o que fazer de almoço.

- Quer ajuda? – Theo perguntou já juntando as cartas.

- Não precisa, joga com o Liam. – Levantou e saiu.

Theo perguntou se queria jogar e concordei e ele começou a espalhar as cartas na mesa em silencio o assunto Hayden não era algo que ele gostava muito de falar principalmente agora que ela voltou. Me lembrei de ontem.

- Me desculpa. – Falei enquanto tentava achar o par da minha carta.

- Pelo que?

- Por ontem, por não ter continuado nossa conversa... eu sei o que pareceu que escolhi...

- Você escolheu. – Respondeu enquanto acertava a carta.

- Mas não era por importância.

- Mesmo? Por que então escolheria uma menos importante?

- Theo... você sabe que é porque ela ta aqui e..

- Certo Liam, então porque falar disso agora, hum? Eu te falei ontem pra você se entender com ela primeiro.

- Eu sei... – Respondi com insegurança.

- Então não tem porque isso ser falado agora, qualquer coisa que esteja acontecendo entre nós eu sei que tu vai dizer que precisa entender em relação a Hayden. Eu te conheço. – Respondeu resignado. – Então se resolve com ela primeiro e depois a gente pode conversar, porque ai a resposta vai ser diferente do que a que já sei que você vai dar.

Eu não tive outra resposta a não ser concordar, afinal ele estava certo seria exatamente o que eu diria, ficamos em silencio. Em seguida acabamos a primeira rodada Theo venceu novamente eu nem estava prestando atenção direito depois do que ele falou.

- Cansei de jogar. – Respondeu em seguida saiu da mesa. E eu fiquei lá pensativo.

Estava chegando na lanchonete que havíamos combinado de nos encontrar. Mason e Corey já estavam lá, até porque moravam um pouco mais perto do lugar. Cumprimentei-os e sentei na mesa junto com eles. Não deu nem tempo de eles fazerem perguntas, pois Hayden tinha acabado de passar pela porta.

— Mason, Corey! — Hayden falou animada.

— Hayden! — Ambos responderam juntos e já se levantaram para abraçá-la.

— Que saudades de você, e que bom que continuam juntos.

— Saudades de você também. E nunca vou deixar o Corey fugir de mim, a não ser, é claro, se ele desaparecer — respondeu, rindo.

— Nunca faria isso — respondeu Corey.

— Você já fez na minha casa, fiquei procurando você — Mason respondeu, levemente indignado.

— Foi só uma brincadeira. Ignora ele — Corey falou, rindo.

— Muito bom ver vocês — respondeu, rindo.

— Eu também estou aqui — falei, fingindo indignação enquanto me levantava.

— Você eu já vi ontem, mas não é menos importante — ela respondeu, sorrindo, e me deu um abraço também.

Voltamos à mesa, pedimos algumas coisas para comer e ficamos conversando. Me sentia mais seguro conversando com a Hayden com mais gente junto. Eu sei que já conversamos um pouco ontem, mas ainda temos que entender como está nosso relacionamento agora e o que diabos eu vou fazer. Falaram um pouco de tudo: sobre a vida dela lá, as coisas que aconteceram aqui. Muitas eu já havia contado, mas os meninos falaram novamente. Mason mencionou de a gente sair novamente e ir jogar boliche, e, lembrando da última vez que fomos, não resisti em zoar com ele.

— Tá querendo perder novamente, Mason? — Sorri.

— Olha só, eu tenho certeza que você e o Theo roubaram, tá! — falou, levemente irritado.

— O quê? Nós nunca faríamos isso — fingi inocência. — Não confia na gente?

— Em vocês dois juntos? Definitivamente, não! Eu vou querer minha revanche — falou, me apontando uma batata frita. — E a Hayden pode ser a juíza.

— Juíza? Não existe isso no boliche. -Respondi

— Apenas para ficar cuidando se vocês não estão roubando.

— Como que rouba no boliche, Mason? — Abri os braços.

— Eu não sei, mas você pode usar essas coisas aí de lobisomem.

Nós seguimos discutindo sobre a minha moral e a de Theo. Na verdade, era mais o Mason tentando argumentar só porque perderam aquele jogo.

— Vocês se adaptaram bem a ele.... Na realidade, parecem gostar dele — disse a Hayden, em um misto de descrença e conformidade.

— Theo? Qual o problema de gostarmos dele? — Respondeu Corey.

— Realmente? Todo mundo aqui conheceu o mesmo Theo, certo? Eu sei que ele ajudou. Eu estava com o Liam quando o libertou e estava aqui na Caçada Selvagem, mas ele ajudou mais por obrigação. Eu pensei que ele iria embora e pronto, não que ele faria parte do bando.

— Ele não faz parte; ele é apenas nosso amigo — respondi, mas estava pronto para defendê-lo.

— Ele se foi por um período até as pessoas começarem a caçar seres sobrenaturais, e ele acabou voltando — respondeu Corey.

— No caso, ele foi pego, mas conseguiu escapar. E realmente nos ajudou. Olha, eu entendo, durante o que estava acontecendo eu também tinha dificuldade de acreditar nele e que ele poderia realmente mudar, mas vi como ele ajudou Liam o tempo todo e como ele realmente estava tentando — Mason olhou para mim. — Depois que ele voltou novamente, eu também fiquei preocupado, mas Liam acreditava nele, então eu confiei no Liam.

Eu não sei por quê, mas ver eles defendendo o Theo me deixou feliz. No início, eu tinha que lutar essa batalha sozinho e ver que eles enxergam pelo menos um pouco do que eu vejo me deixou, de certa forma, orgulhoso do Theo.

— Como ele te ajudou? — Ela perguntou curiosa.

— Durante o Anuk-ite, ele me ajudou com minha raiva. Eu... Com o efeito que o Anuk-ite tinha o fato de ser lobisomem e o agravante de TEI, bem... Meio que poderia ter matado algumas pessoas — respondi, meio com vergonha.

— Então... — ela parou para pensar. — Como um âncora?

— O quê?! — Falei, surpreso, e olhei para Mason e Corey à minha frente, e os dois estavam se encarando como se estivessem pensando a mesma coisa. — Não, eu quero dizer, ele me impedia tanto fisicamente falando quanto me convencendo a não fazer nada. E também salvou minha vida.

— Ele parece se importar com você.

— Eu acho que é natural. Afinal, Liam está praticamente sempre com ele, desde antes dele ir pra casa dele. Como era responsabilidade do Liam ter trazido o Theo de volta, eles já estavam frequentemente juntos — Mason explicou.

— Mas ele continua clássico Theo em personalidade, só sem aquela coisa do vilão — complementou Corey. — Eu não sei se é culpa ou qualquer outra coisa que esteja na cabeça dele, mas algo está fazendo ele mudar — notei Corey olhar para mim. — Não acho que ele volte a ser o que era.

— Ok, eu entendi — ergueu a mão em rendição. — Já sei que perdi a guerra aqui — ela riu, brincando. — Nunca pensei em ver vocês defendendo tanto assim o Theo, mas reconheço pelo que me falaram que, aparentemente, ele está evoluindo. Só ainda é difícil esquecer tudo de ruim que ele já fez. Mas vamos mudar de assunto — ela se ajeitou na cadeira e tomou um pouco do seu refrigerante.

— Quer falar sobre o quê? — Corey perguntou.

— Talvez... — colocou o dedo no queixo, fingindo pensar. — Com quantas garotas Liam se envolveu enquanto eu estive fora?

— OOOW, ótima pergunta, Hayden — Mason riu.

— Podemos te ajudar a responder — falou Corey, rindo também.

— Ei, vocês são meus amigos ou o quê? — Falei, indignado.

— Por que foram muitas? — Apoiou a mão no queixo, sorrindo interessada.

— Não, claro que não — respondi.

Seguimos rindo e conversando, e eu feliz que não precisaria mentir, porque, por sorte, ela perguntou "garotas" e não "pessoas".

Acabamos ficando até a noite no lugar, jogando conversa fora. Os funcionários do estabelecimento já não deveriam aguentar mais olhar para nossas caras, mas estávamos consumindo, então não podiam reclamar. Logo que voltei para casa, conversei um pouco com minha mãe e fui direto para o meu quarto. Assim que entrei, senti a falta do Theo, pois não o vi lá embaixo, mas pensei que deveria estar no banheiro. Então, comecei a mexer na cômoda para trocar de roupa e acabei abrindo, sem querer, a gaveta dele, que estava vazia.

— Mas cadê as roupas...

Olhei em volta e aí percebi que algumas coisas dele não estavam no meu quarto, incluindo o travesseiro. Saí do quarto um pouco nervoso, chamando o Theo, que me respondeu com um som vindo da porta do quarto de hóspedes. Abri e o avistei lá dentro, arrumando algumas coisas.

— O que você tá fazendo? — Perguntei, já sabendo a resposta.

— O que parece que tô fazendo? Mudei para cá, seu pai tinha falado sobre isso, lembra? — Respondeu sério.

— Eu sei... mas não precisava ser tão rápido, eu poderia ter te ajudado — respondi, tentando disfarçar o sentimento de tristeza.

— Eu não tenho tanta coisa, então não foi difícil. Aliás, eu peguei o travesseiro, tudo bem? Eu meio que acostumei com ele.

Falou como se tudo fosse super tranquilo, de fato é, mas eu não me sentia assim. Ele estava querendo tanto ficar longe de mim?

— Mas e quanto aos seus pesadelos? — Perguntei, preocupado. E finalmente percebi uma reação diferente dele, um certo nervosismo.

— Bem... Um dia terei que lidar com isso sozinho. Não terei sempre alguém comigo, não terei você — dessa vez ele olhou para mim, e notei um leve lampejo de tristeza nos seus olhos.

— Theo...

— Preciso ir ao banheiro.

Passou rápido por mim, e eu fiquei alguns segundos parado antes de ir para o meu quarto. Acabei nem saindo mais, tentando absorver a informação de que ele simplesmente foi embora do meu quarto do nada. Eu já havia me acostumado com a presença dele aqui; o cheiro dele ainda está pelo quarto, na minha cama, mas a presença dele não, e eu realmente tinha me habituado a dormir com ele. Ao deitar na cama para dormir, fiquei acordado por um tempo, sem conseguir dormir, porque algo estava faltando. Um batimento, uma respiração, um toque, um calor.

Eu sentia falta dele ao meu lado.