A porta fechou e o elevador se pôs suavemente em movimento.
- O que você está fazendo? protestei.
Depois de ter que lidar com Stanton, a última coisa de que eu precisava era ter outro ser dominante me dando ordens.
Ela agarrou meus braços e forçou o contato visual. Seus olhos azuis eram intensos.
- Tem alguma coisa incomodando você. O que é?
Aquele aperto afetou ainda mais meu mau humor, e a eletricidade que eu sabia existir entre nós enfim se manifestou.
-Você.
- Eu?
Seus dedos aliviaram a pressão sobre meu braço.
Depois de me soltar, ela tirou uma chave solitária da bolsa e a enfiou no painel. Todos os botões se apagaram, a não ser o do último andar. Ela estava de vestido preto justo, com um decote nas costas. Vê-la de costas foi uma revelação. Sua pele branquinha entrava em contraste com o preto do vestido, pele lisinha, sua cintura bem delineada e suas pernas compridas. Os cabelos sedosos roçando a pele me despertaram o desejo de agarrá-los e puxá-los. Com força. Eu a desejava com toda a minha raiva. Estava disposta a uma boa briga.
- Não estou nem um pouco a fim desse tipo de conversa, Srta Prepon.
Ela observava o mostrador em estilo antigo acima da porta passar pelos números dos andares que deixávamos para trás.
- Posso deixar você a fim.
- Não estou interessada.
Laura olhou para mim por cima do ombro. O verde dos seus olhos era devastador.
- Não minta pra mim, Taylor. Nunca.
- Não é mentira. E daí que eu me sinto atraída por você? A maioria das mulheres, homens deve se sentir.
Embrulhei o pedaço de chocolate que havia restado e joguei de volta na sacola, que enfiei dentro da bolsa. Quando estava com Laura Prepon, eu não precisava de chocolate.
- Mas não estou interessada em levar isso adiante.
Então ela se virou pra mim, lentamente, com um esboço de sorriso percorrendo sua boca tentadora. Sua tranquilidade e impassibilidade me deixaram ainda mais descontrolada.
- Atração é uma palavra civilizada demais para...
ela percorreu com a mão o espaço entre nós
- isto
- Pode me chamar de maluca, mas eu preciso gostar de uma mulher antes de tirar a roupa e trepar com ela.
- Eu não diria maluca. Mas não tenho tempo nem disposição pra namoros.
- Pois então somos duas.. Ainda bem que tiramos isso a limpo.
Ela chegou mais perto, erguendo a mão na direção do meu rosto. Eu me obriguei a não lhe dar a satisfação de me esquivar ou parecer intimidada. Ela esfregou o polegar na minha boca, levou-o até a dela, chupou a ponta do dedo e sussurrou:
- Chocolate e você. Que delícia
Senti um tremor pelo corpo todo, seguido por uma compressão entre minhas pernas ao me imaginar lambendo aquele corpo absurdamente sexy regado com chocolate. Seu olhar se tornou mais intenso e sua voz baixou para um tom de intimidade.
- Romance não é meu forte, Taylor. Mas conheço mil maneiras de te fazer gozar. Basta você querer.
O elevador parou subitamente. Ela tirou a chave do painel e a porta abriu. Eu me encolhi em um canto e fiz um sinal com a mão para que ela se afastasse.
- Realmente não estou interessada.
- Veremos.
Prepon me pegou pelo cotovelo e, de maneira gentil mas insistente, me pôs para fora. Fui junto com ela porque gostava da emoção de estar a seu lado, e também porque estava curiosa para saber o que ela diria se interagíssemos por mais de cinco minutos, para variar. A porta abriu tão rapidamente que não foi preciso nem diminuir o passo. A moça ruiva da recepção se levantou depressa, ansiosa para transmitir alguma informação enquanto ela balançava a cabeça demonstrando impaciência. Ela se calou e ficou me encarando enquanto passávamos a passos largos. Felizmente, o corredor que levava à sala dela era curto. Seu secretário se levantou diante da aproximação da chefe, mas ficou em silêncio ao perceber que ela não estava sozinha.
- Não passe nenhuma ligação, Scott
disse Prepon, conduzindo-me a seu escritório através da porta dupla de vidro. Apesar da irritação, não pude deixar de me impressionar com a espaçosa sala de comando de Laura Prepon. Janelas panorâmicas exibiam a cidade de ambos os lados, como uma parede de vidro envolvendo o escritório. A única parede não transparente, bem na frente de sua enorme mesa, era coberta de monitores exibindo notícias em tempo real de canais de notícias do mundo inteiro. Havia três ambientes distintos, todos maiores que o escritório inteiro de Mark, e um bar e taças de cristal, que proporcionavam os únicos pontos coloridos em uma decoração em que predominavam o preto, o branco e o cinza. Ela apertou um botão na mesa e a porta se fechou. Logo em seguida a parede de vidro ficou opaca, protegendo-nos dos olhos dos funcionários. Com os filmes instalados nas janelas, nossa privacidade estava garantida. Ela colocou a bolsa na ponta da mesa e pendurou o blaser em um cabide cromado. Depois voltou para onde eu estava desde o momento em que entramos.
- Quer beber alguma coisa, Taylor?
- Não, obrigada.
Droga. Ela parecia ainda mais gostosa. Dava para ver melhor como seu corpo era bonito. Como suas pernas se flexionavam lindamente quando ela se mexia.
Ela apontou para um sofá de couro preto.
- Pode sentar.
- Preciso voltar ao trabalho.
- E eu tenho uma reunião às duas. Quanto mais cedo resolvermos isso, mais depressa podemos voltar ao trabalho. Agora pode sentar.
- O que exatamente nós temos que resolver?
Soltando um suspiro, ela me pegou pelo braço, conduziu-me até o sofá e se sentou ao meu lado.
- Suas objeções. Está na hora de discutir o que pode fazer você querer dar pra mim.
- Um milagre.
Eu me afastei, ampliando o espaço entre nós. Puxei para baixo a barra da minha saia verde-esmeralda, arrependida de não ter vestido uma calça naquele dia.
- Sua abordagem é grosseira e ofensiva.
E me deixou louca de tesão, mas isso eu nunca ia admitir. Ela me observou estreitando os olhos.
- Posso não ser muito sutil, mas sou sincera. Você não me parece o tipo de mulher que prefere ouvir mentiras em vez da verdade pura e simples.
- Prefiro ser tratada como alguém que tem mais a oferecer do que uma buceta.
Ela ergueu as sobrancelhas.
- Muito bem, então.
- Estamos conversadas?
perguntei já me levantando.
Envolvendo meu pulso com os dedos, Prepon me fez sentar de novo.
- De jeito nenhum. Só esclarecemos alguns pontos: sentimos uma enorme atração sexual uma pela outra e nenhuma das duas quer namorar. Então você quer o que exatamente, Taylor? Sedução? Você quer ser seduzida?
Aquela conversa era ao mesmo tempo fascinante e ultrajante. E, é claro, tentadora. Dificilmente não seria, com um puta mulherão da porra olhando pra mim, determinada a me levar para a cama. Ainda assim, o lado negativo daquilo tudo falou mais alto.
- Falar de sexo como quem fala de negócios é broxante demais pra mim.
- Estabelecer parâmetros logo de início evita que as expectativas sejam exageradas, o que poderia levar a uma decepção desnecessária.
- Você está falando sério?
perguntei com desdém.
- Ouça o que está dizendo. Por que perder tempo falando em sexo? Por que não dizer logo ‘uma emissão seminal em um orifício pré-aprovado’?
Ela jogou a cabeça pra trás e soltou uma gargalhada. Fiquei ainda mais irritada. O som gutural de sua risada desabou sobre mim como um jato de água morna. Meu desejo por ela cresceu a um nível próximo do sofrimento físico. Seu divertimento mundano a fez parecer menos com uma deusa do sexo e mais com um ser humano. De carne e osso. Gente de verdade. Eu me levantei e me afastei dela.
- Sexo casual não precisa começar com flores e vinho, mas, pelo amor de Deus, sexo é uma coisa pessoal. Íntima. Que exige um mínimo de respeito mútuo.
A disposição para o humor pareceu sumir dos olhos dela.
- Não existe espaço para ambiguidade nas minhas relações pessoais. Você está querendo misturar as coisas. E eu não vejo nenhum motivo pra isso.
- Não quero que você faça nada além de me deixar voltar ao trabalho.
Tomei o caminho da porta e acionei a maçaneta, xingando baixinho ao ver que ela não funcionava.
- Me deixe sair, Prepon.
Senti que ela se aproximava de mim. As palmas de suas mãos, pressionadas contra o vidro, me aprisionaram entre seus braços. Eu não conseguia mais pensar em me preservar sentindo sua presença assim tão próxima. A força e a determinação de seu desejo formavam uma espécie de campo de força quase palpável. Ela deu um passo à frente e me envolveu com seu corpo. Tudo o que havia fora dessa bolha deixou de existir, enquanto dentro dela meu corpo inteiro ansiava pelo seu toque. Prepon exercia um efeito tão profundo e visceral sobre mim, mesmo sendo tão irritante, que minha cabeça começou a girar. Como eu podia sentir tanto tesão por alguém cujas palavras deveriam me deixar broxada?
- Vire para mim, Taylor.
Seu tom de voz autoritário me deixou tão excitada que meus olhos até se fecharam. Meu Deus, o cheiro dela era maravilhoso. Seu corpo poderoso irradiava desejo e calor, instigando a vontade enlouquecida que eu tinha dela. Essa reação incontrolável foi intensificada pela minha frustração com Stanton e pela discussão com a própria Prepon. Eu a queria. Muito. Mas ela era demais para mim. Sinceramente, eu não precisava de ninguém para arruinar minha vida, não precisava de ajuda nesse quesito.
Minha testa quente tocou o vidro resfriado pelo ar-condicionado.
- Me deixe sair, Prepon.
- Vou deixar. Você tem cheiro de encrenca.
Seus lábios roçavam de leve minha orelha. Uma de suas mãos apertava minha barriga, seus dedos me puxavam para que eu encostasse nela. Ela deveria estar tão excitada quanto eu. Seu corpo estava quente.
- Agora vire para mim e se despeça.
Decepcionada e arrependida, recusei seu toque, encolhendo-me contra a porta gelada em comparação às minhas costas quentes. Ela estava curvado sobre mim, com os cabelos pretos emoldurando seu lindo rosto e o antebraço apoiado na porta para ficar ainda mais perto. Quase não havia espaço entre nós. A mão que estava na minha cintura havia passado para a curvatura do meu quadril, apertando-me cada vez mais e me deixando maluca.
Ela me encarou com seu olhar intenso e perturbador.
- Me dê um beijo, ela pediu, sussurrando.
- Pelo menos isso.
Ligeiramente ofegante, passei a língua pelos lábios ressecados. Ela inclinou a cabeça e encostou sua boca na minha. Fiquei impressionada com a firmeza e a maciez de seus lábios, e com a pressão suave que eles exerciam. Suspirei, e sua língua entrou na minha boca, sentindo meu gosto em longas e deliciosas lambidas. Era um beijo confiante e habilidoso, com a quantidade ideal de agressividade para me deixar morrendo de tesão. Mal registrei quando minha bolsa caiu no chão, minhas mãos foram logo para os cabelos dela. Puxei as mechas sedosas, usando-as para direcionar sua boca para a minha. Ela gemeu, tornando o beijo ainda mais profundo, atacando minha língua com movimentos lascivos. Senti seus batimentos descontrolados contra meu peito, uma prova de que ela não era tão desesperadamente perfeita como na minha imaginação febril. Ela se afastou da porta. Agarrando minha nuca e minha bunda, me empurrando pra algum lugar.
- Quero você, Taylor. Cheirando a encrenca ou não, não consigo evitar.
Estava inteiramente grudada nela, sentindo cada pedacinho do seu corpo gostoso. Eu a beijava como se fosse comê-la viva. Minha pele estava úmida e hipersensível, meus seios pareciam mais pesados e receptivos ao toque. Meu clitóris implorava por atenção, pulsando ao ritmo da minha respiração acelerada. Sem que eu me desse conta, já estava deitada no sofá. Ela estava inclinada sobre mim, com um dos joelhos apoiado no estofamento e o outro pé no chão. O peso da parte superior de seu corpo estava apoiado sobre seu braço esquerdo, enquanto ela agarrava a parte de trás do meu joelho com a mão direita, subindo para a minha coxa em uma carícia firme e possessiva. Ela expirou com força quando chegou ao ponto em que minha cinta-liga se prendia à parte de cima da meia de seda. Ela desviou o olhar de mim e o direcionou para baixo, puxando minha saia para tirá-la.
- Minha nossa, Taylor.
Um gemido grave reverberou em sua garganta, uma emissão sonora primitiva que fez minha pele inteira se arrepiar.
- Sorte do seu chefe que ele é gay.
De relance, vi a parte inferior do corpo dela contra o meu, minhas pernas abertas para acolher a amplitude de seus quadris. Meus músculos queimavam de vontade de me encostar toda nela, de apressar o contato que eu desejava desde a primeira vez que a vi. Baixando um pouco a cabeça, ela atacou minha boca de novo, ferindo um pouco os meus lábios com sua impetuosidade levemente violenta. Sua mão subiu a lateral do meu corpo, e apertou forte meu seio. Mas, de um momento para o outro, ela se afastou de mim, ficando em pé imediatamente. Eu permaneci lá, ofegante e molhada, pronta e desejosa. Foi quando percebi por que Laura Prepon havia reagido de maneira tão abrupta. Havia alguém atrás dela.
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