- Você não está me levando a sério.
Balancei a cabeça e dei outra mordida no sanduíche.
- Nunca falei tão sério na minha vida.
Inclinando-se para a frente, Laura passou a ponta do dedo no canto da minha boca, depois lambeu o restinho de molho que tirou de lá.
- Você não é a única possessiva aqui. Eu também vigio bem de perto o que é meu.
Disso eu não duvidei nem por um segundo.
Dei outra mordida e comecei a pensar na noite que teria pela frente. Estava ansiosa. Absurdamente. Estava louca para vê-la sem roupa. Louca para passar minha boca pelo corpo inteiro dela. Louca para ter outra chance de fazê-la perder a cabeça. Eu estava quase desesperada pra sentir o gosto dela na minha boca...
- Continue pensando nisso
ela disse asperamente
- E vai se atrasar de novo.
Olhei para ela com uma expressão de surpresa.
- Como você sabe o que estou pensando?
- Você fica com essa cara quando está com tesão. Quero ver você assim sempre que possível.” Ela pôs a tampa sobre sua bandeja e se levantou, foi até a mesa e pegou um cartão de visitas, colocando na minha frente. Dava para ver que tinha o número do celular e da casa dela escritos à mão.
- É uma coisa meio banal pra se dizer depois do que acabamos de conversar, mas preciso do número do seu celular.
- Ah.
Meus pensamentos foram arrancados das imediações da cama.
- Preciso comprar um primeiro. Está na minha lista.
- O que aconteceu com o que você estava usando na semana passada?
Franzi o rosto.
- Minha mãe estava usando para rastrear minha movimentação pela cidade. Ela é do tipo... super protetora.
-Entendo.
Ela acariciou meu rosto com as costas da mão.
- Era disso que você estava falando quando disse que sua mãe vivia te espionando.
- Infelizmente.
-Muito bem, então. Cuidamos da questão do telefone antes de ir à academia. É importante para sua segurança. E eu quero poder ligar pra você sempre que quiser.
Deixei de lado a parte do sanduíche que não conseguiria comer e limpei as mãos e a boca.
-Estava uma delícia. Obrigada.
- O prazer foi todo meu.
Ela se inclinou e me deu um beijo de leve.
- Vai precisar usar o banheiro?
- Vou. Preciso da minha escova de dentes, que está na bolsa.
Poucos minutos depois, eu estava em um lavabo escondido atrás de uma porta que se incorporava perfeitamente ao revestimento de mogno que havia na parede atrás dos monitores de tela plana. Escovamos os dentes lado a lado diante da pia dupla, olhando nos olhos um do outro pelo espelho. Era uma coisa absolutamente corriqueira, normal, e ainda assim parecíamos felicíssimos.
- Desço com você até lá
Ela disse ao cruzar o escritório até o cabide.
Eu a segui, mas parei ao passar por sua mesa. Fui até ela e apontei para o espaço vazio diante da cadeira.
- É aqui que você passa a maior parte do dia?
- É.
Ela era poderosa e exalava isso, o que dava vontade de morder.
Em vez disso, pulei em cima da mesa. De acordo com o relógio, eu ainda tinha cinco minutos. Era o tempo de voltar à minha mesa, mas ainda assim... Não resisti à tentação de exercitar meus direitos recém-adquiridos. Apontei para a cadeira.
– Sente-se aí.
Ela pareceu surpresa, mas obedeceu sem discutir e se instalou tranquilamente no assento. Eu abri as pernas.
- Mais perto.
Ela veio deslizando com a cadeira, preenchendo o espaço entre as minhas coxas, lançou os braços em torno dos meus quadris e olhou para mim.
- Muito em breve, Taylor, vou chupar você todinha, bem aqui.
- Agora eu só quero um beijo
Murmurei, inclinando-me para alcançar sua boca. Apoiando as mãos nos ombros dela para me equilibrar, passei a língua pelos seus lábios abertos; depois a pus para dentro e o provoquei bem de levinho. Gemendo, ela me deu um beijo profundo, devorando minha boca de uma maneira que me deixou toda molhada.
- Muito em breve
repeti com a boca colada à dela
- Vou me agachar aqui e chupar você bem gostoso. Talvez até quando você estiver no telefone, brincando de ganhar dinheiro que nem no Banco Imobiliário. E você, senhorita Prepon, vai passar pelo início e ganhar duzento reais.
Ela sorriu, com a boca encostada na minha.
-Já sei aonde está querendo chegar. Você vai me fazer perder a cabeça em tudo quanto é lugar com esse seu corpo todo sexy.
- Está reclamando?
- Baby, eu estou é com água na boca.
Eu ri daquele tratamento carinhoso, apesar de ter achado fofo.
- Baby?
Ela concordou baixinho com um gemido e me beijou.
Mal podia acreditar na diferença que aquela hora a sós tinha feito. Deixei o escritório dela em um estado muito diferente daquele em que tinha entrado. O toque de sua mão na parte inferior das minhas costas fez meu corpo tinir de excitação na saída, algo bem diferente do sofrimento da minha chegada até ali. Acenei para Scott e sorri alegremente para a recepcionista de cara fechada.
- Acho que ela não gosta de mim
Falei pra Laura enquanto esperávamos o elevador.
- Quem?
- Sua recepcionista.
Ela se virou para lá, e a ruivinha abriu um sorriso radiante pra ela.
- Olha só
murmurei.
- De você ela gosta.
- Eu pago o salário dela.
Eu sorri.
- Sim, tenho certeza de que é só isso. Não tem nada a ver com o fato de
você ser a mulher mais sexy do planeta.
- É isso que eu sou então?
Ela me prensou na parede e me fuzilou com um olhar de desejo.
Pus as mãos sobre sua cintura, lambendo seu lábio inferior para sentir seu corpo se enrijecerem ao meu toque.
- Foi só uma observação.
- Eu gosto de você.
Com as mãos espalmadas nas paredes de ambos os lados da minha cabeça, ela baixou a cabeça dela até a minha boca e me beijou com carinho.
- Eu também gosto de você. Aliás, você sabe que está no trabalho, não é?
- Qual é a graça de ser o chefe se você não puder fazer o que quiser?
- Humm.
Quando o elevador chegou, agachei-me para passar sob seu braço e entrei. Ela partiu no meu encalço e me cercou como uma predadora, posicionando-se atrás de mim para me puxar para junto dela. Suas mãos se espalharam pelos ossos dos meus quadris, agarrando-me bem firme. O calor do seu toque, tão próximo de onde eu gostaria que ela estivesse, era uma espécie de tortura. Em retaliação, esfreguei minha bunda nela, e sorri quando ela suspirou.
- Comporte-se
Ela advertiu.
- Tenho uma reunião em quinze minutos.
- Você vai pensar em mim quando estiver na sua mesa?
- Com certeza. E você tem que pensar em mim quando estiver na sua. É uma ordem, senhorita Schilling.
Virei pra ela e enfiei o rosto no seu pescoço, sentindo seu perfume. Estava adorando aquele tom autoritário.
- Não poderia ser de outro jeito, senhorita Prepon, já que penso em você aonde quer que eu vá.
Ela saiu junto comigo no vigésimo andar.
- Obrigado pelo almoço.
- Acho que eu é que deveria agradecer.
Eu me afastei.
- Vejo você depois, Morena Perigosa.
Suas sobrancelhas se ergueram quando ouviu o apelido que inventei pra ela.
- Às cinco horas. Não me faça esperar.
Um dos elevadores à esquerda chegou. Megumi saltou e Laura subiu, com o olhar vidrado em mim até as portas se fecharem.
- Uau
ela comentou.
- Você se deu bem. Estou verde de inveja.
Eu não tinha nada a dizer a respeito. Era muito recente, estava com medo de abrir a boca e azedar tudo. No fundo, eu sabia que essa alegria não poderia durar muito. Estava tudo indo bem demais.
- Taylor.
Mark estava parado na porta da sala dele.
- Posso falar com você um minutinho?
- Claro.
Peguei meu tablet, apesar de saber pela gravidade de sua expressão e seu tom de voz que aquilo não seria necessário. Quando ele fechou a porta atrás de mim, minha apreensão só cresceu.
- Está tudo bem?
- Sim.
Ele esperou até que eu me sentasse e puxou a cadeira ao meu lado, e não a dele, do outro lado da mesa.
- Não sei como dizer isso...
- Pode dizer de uma vez. Eu vou entender.
Ele me olhou com uma mistura de compaixão e vergonha.
- Não é meu papel interferir. Sou seu chefe e tenho que respeitar certos limites, mas estou indo além deles porque gosto de você, Taylor, e quero que continue trabalhando aqui por muito tempo.
Senti um frio na barriga.
- Que ótimo. Adoro meu trabalho.
- Que bom, fico feliz.
Ele abriu um breve sorriso.
- Só... tome cuidado com a senhorita Prepon, certo?
Pisquei, surpresa, aturdida com o rumo que a conversa tomava.
- Certo.
- Ela é inteligente, rica, gostosa... Entendo muito bem a atração. Por mais que eu seja apaixonado por Steven, fico meio balançado quando chego perto dela. Ela tem uma coisa...
Mark estava falando depressa, claramente envergonhado.
- E está na cara que ela está interessada em você. Você é bonita, esperta, sincera, atenciosa... Eu poderia dizer muito mais, porque você é mesmo ótima.
- Obrigada
eu disse baixinho, procurando não demonstrar o quanto estava chateada. Esse tipo de aviso de um amigo e o fato de saber que outros também me viam apenas como o brinquedinho da semana açoitavam implacavelmente minha insegurança.
- Não quero que você se magoe
ele murmurou, percebendo minha tristeza.
- E até admito que posso estar sendo um pouco egoísta. Não quero perder uma ótima assistente só porque ela não quer mais trabalhar no mesmo prédio que a ex.
- Mark, fico feliz com sua preocupação e de saber que estou sendo valorizada aqui.
Mas você não precisa se preocupar comigo. Eu já sou crescidinha. Além disso, não existe nada capaz de me fazer querer sair daqui.
Ele soltou um suspiro de alívio.
- Muito bem. Vamos deixar esse assunto de lado e começar a trabalhar.
Foi o que fizemos, mas eu me preparei para mais sessões de tortura criando um alerta diário do Google para buscas com o nome da Laura. Quando chegaram as cinco horas, minhas preocupações se projetavam sobre minha felicidade como uma sombra sinistra.
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