Point Of View Min Yoongi.
Queria perguntar a todos os deuses dos quais eu não creio, por que raios estou pensando tanto naquela garota.
Eu não quero que seja assim. Não quero que, do nada, apareça uma garota que me faça ver o quanto ela é diferente. E então tudo muda, eu começo a reparar nela demais, me pego pensando em nós dois juntos, e pensar em como seria se nos beijássemos e em seguida namorássemos, porque é isso que acontece nesses romances clichês ridículos. Sempre tem a garota, e isso não cola comigo. Isso, definitivamente, não pode acontecer.
Mas fica difícil quando eu consigo compor uma música inteira em vinte fucking minutos. Eu nunca compus nada tão rápido e tão... Bom. Chega a ser espantosa a qualidade dessa música, e tudo isso por causa daquela maldita garota.
Estou tentando entender a mim mesmo já que, aparentemente, meu coração e cérebro estão em guerra para ver qual dos dois reage a ela mais rapidamente.
De um lado, meu cérebro reprisa todos os momentos em que conversamos até agora, não foram muitos, mas foram bem marcantes. Do outro, temos o meu coração, que antigamente só servia para bombear meu sangue e eu não morrer por falta de oxigênio, e agora, ele fica inventando de acelerar sem motivo quando meu cérebro me lembra de certas cenas que eu deveria esquecer.
Os dois a 80 k/h qual me deixa com mais raiva?
Certamente a merda do meu coração, pois meus pensamentos posso facilmente controlar, mas quando eu vejo aquela garota, começo a ficar nervoso e meus batimentos se aceleram. Mas é óbvio que não gosto dela, não. Isso está bem longe de acontecer. Meu coração acelera pelo fato dela me causar tanto incômodo ao ponto de eu ficar agressivo. Sempre fui meio revoltado com o mundo, mas com ela sinto que posso ser grosso naturalmente. Ela até tem uma aparência delicada como a de uma princesa alternativa, mas ela já mostrou que sua personalidade não se abala tão facilmente, e isso a torna um pouco menos... Feia. É. Ela é feia sim. Eu não quero essa garota invadindo meus pensamentos mais, e daí que por causa dela eu voltei a ter inspiração depois de quatro longos meses? Isso é um mero detalhe do qual não quero me apegar, muito menos lembrar.
Sentado na arquibancada eu via a bola sendo passada de um para o outro. Os alunos permaneciam com suas devidas roupas de educação física. Uma bermuda preta para os garotos enquanto as meninas ficavam com shorts curtos da mesma cor, e uma regata branca com o símbolo da pior prisão existencial. Já eu permanecia com meu uniforme de todo dia, pois não tinha motivos para correr em ziguezague igual eles faziam. O atestado médico em minha ficha escolar representa isso. É... Ter uma mãe médica tem lá seus privilégios.
O caderno em minha mão ainda rabiscado pelos rascunhos de letras, estava pela metade. A dor de cabeça estava começando a surgir apenas de pensar na abusada da aula de redação. Como eu não percebi que ela estava ali? Há quanto tempo estudamos juntos? Será mesmo que é você destino, querendo gozar com a minha cara outra vez?
Eu ouvia a gritaria vinda dos alunos, mas nada conseguia me desconcentrar perante as ideias que surgiam em minha mente. Ficar tempos sem escrever para repentinamente ter uma explosão de criatividade poderia enlouquecer qualquer pessoa. Mas as melhores pessoas são assim.
Podia ouvir também o som do apito toda hora juntamente com a bola quicando no chão. Basquete era o único esporte que eu não conseguiria odiar. Na verdade, era o único esporte que eu faria questão de me esforçar apenas para jogar.
Via nos olhos das pessoas a adrenalina correndo solta em seus corpos enquanto eles faziam de tudo para alcançar a bola e jogar no único alvo em busca de vitória. Todos os esportes possuem meu respeito, mas basquete nem se comparava. Lembro vagamente do tempo em que eu jogava quando era criança, meu sonho naquele tempo era me tornar grande. E com o crescer percebi que o meu sonho “grande” não era nada mais e nada menos que uma tolice de criança. Pois é Peter Pan, você não esperava por essa. Para falar a verdade, nem eu.
- CONTINUA, LUA. VOCÊ CONSEGUE!
Meu caderno quase cai de minhas mãos ao ouvir esse nome ser proferido pelo professor. Aquele nome novamente. Aquele maldito nome que foi motivo de uma terrível insônia e dor de cabeça. O maldito nome que me permitiu desfrutar de surpreendentes letras em minha música. A droga do nome que carregava consigo a garota mais... Estranha? Sim, estranha, que eu já vi em minha vida.
Realmente não conseguia acreditar no que eu via a minha frente. A louca do terraço estava ali com a bola na mão enquanto corria em direção à cesta. Seu uniforme poderia ser considerado mais curto do que qualquer outra aluna ali. Mas dá para ver que o mesmo estava em seu tamanho normal, e se não fosse pelo corpo completo de curvas e esbelto poderia ser idêntico o das outras meninas.
Mas não, tudo nela era diferente e atraente. Mas que droga é essa? Ela é muito gostosa, não dá para não olhar. Não que eu seja um ridículo assediador que fica olhando como se quisesse come-la, mas não dá para não admirar essas coxas maravilhosas que ela possui. E quando ela corre então, fica ainda mais linda e gostosa.
Passei a observar melhor a sua postura, e essa estranha sabe jogar muito bem. Até quando eu seria surpreendido por ela? Do nada ela apareceu em minha vida, e então eu descubro que minha tara por brasileiras é real, essa maluca escreve muito bem e sabe jogar basquete, além de ter um puta mistério por trás daqueles olhos. Que maldição é essa que jogaram em mim?
- QUE CESTA LINDA! – o professor grita para Lua, que acaba de acertar uma cesta de três.
Seus movimentos eram rápidos e ágeis, ela conhecia as regras do basquete, pois não comete nenhuma falta, não anda, e ela conseguia fazer uma bandeja com maestria. Uma garota, jogando basquete e que sabe o que está fazendo, nunca tinha visto isso em minha vida.
A cada cesta que ela acertava, comemorava de uma forma diferente e isso é meio que bonitinho, mas completamente irritante para os caras da nossa turma, que ficavam putos por terem uma menina ganhando deles. Era engraçada, a cara que aqueles valentões faziam.
Lua estava com a bola em mãos novamente e correu feito um raio pela quadra, driblando um, dois, três, e se preparando para fazer mais uma de suas bandejas lindas, só não enterrava porque não tinha altura, ela é nanica. E teria sido perfeita a sua jogada, se não fosse por um idiota que a empurrou na hora que estava pulando para jogar a bola no aro.
Ela caiu no chão de mau jeito, foi uma queda realmente feia e instantaneamente, um sentimento de raiva se apossa de mim. Mas que cara mais babaca, fez isso só porque está perdendo para uma garota.
O professor correu até ela e analisou seu tornozelo, logo dizendo que estava torcido. A estranha se machucou feio mesmo. É, boa sorte da próxima vez.
Volto a prestar atenção em meu caderno, pois as letras estão fluindo por meu cérebro, mas meu momento de paz acabou-se quando o professor chama por mim.
- Senhor Min?
- Sim – Respondi.
- Poderia acompanhar a senhorita Lua até a enfermaria?
- Tem que ser eu? – Não fazia questão de esconder meu incômodo com o seu pedido. Por que ele mesmo não a leva? Eu hein.
- Tenho que terminar de dar a minha aula, e você é o único que não está fazendo nada por aqui.
- Tá. Que seja.
Levarei da arquibancada e caminhei até onde ela estava. Lua permanecia parcialmente deitada no chão e espero que ela levante sozinha, mas nada acontece.
- Você pode me ajudar a levantar? – Ela perguntou.
- Não consegue sozinha? – Rebato.
- Se estou pedindo sua ajuda, é mais do que óbvio que não consigo.
Ouch. Ela quer ser grossa, logo comigo, o rei da grosseria? Vamos ver quem ganha essa.
- Tá.
Seguro um de seus braços, mas sem ser delicado e a puxo para cima, ela faz um esforço para manter-se de pé, mas não consegue. Não é possível que ela esteja me dando tanto trabalho.
- Eu torci o tornozelo, será que você poderia me ajudar, por favor? Eu não consigo caminhar sozinha, caso não tenha percebido.
É notório o tom ácido que ela usa em suas palavras, e isso me irrita.
- Sobe aí nas minhas costas.
Digo e me agachei em sua frente. É melhor que eu resolva logo essa situação, antes que o professor me encha o saco, e não quero demorar muito com essa garota estranha e chata.
Ela se equilibra ao máximo antes de se posicionar em minhas costas passando seus braços em volta de meu pescoço. Logo quando está bem ajeitada faço impulso para cima. Um arrepio foi capaz de percorrer até a minha alma quando senti que segurava firmemente suas coxas enquanto a mesma tinha a respiração perto da minha nuca. Nunca estive tão próximo de uma garota como agora, e sentir ela desse jeito poderia fazer um grande estrago em meu consciente.
Começo a caminhar para fora da quadra com a garota em minhas costas que permanecia simplesmente calada. Pelo menos ela entendeu que conversa seria a última coisa que eu iria querer naquele momento. Não sei se é impressão minha, mas enfermaria parecia distante cada vez mais que eu caminhava. E tenho absoluta certeza que é tudo culpa daquele que chamamos de destino. Valeu, cara. Mais uma vez querendo me ferrar.
A porta da enfermaria estava a alguns vários passos de distância. Minha coluna estava começando a pedir por ajuda enquanto a garota nas minhas costas continuava quieta como se realmente não se importasse com o que estava acontecendo. Acho que estou ficando um pouco enferrujado. Eu conseguia ouvir alguns gemidos de dor próximos aos meus ouvidos, e impossível seria negar tamanha indecência que surgia em meus pensamentos. Oh, se ela sentindo dor geme desse jeito imagina sentindo prazer?
Respirar fundo não ajudava em nada quando minha mente estava em outro lugar e minhas mãos seguravam algo gostoso de se apertar. Logo eu? Min Yoongi pensando em indecências. Esse mundo está perdido mesmo. Um, dois, três. Fica calmo. Está chegando perto... Mais perto... Meu alívio se apossou apenas quando parei em frente à porta que a seguinte palavra “Enfermaria”. Rapidamente soltei uma mão ainda tentando equilibra-la e abri a porta antes que a garota pudesse cair voltei à posição normal a segurando firmemente.
Entrei na sala onde se encontrava vazia. Posicionei-me em frente a maca e coloquei a tão querida esquisita sentada lá. Eu estava prestes a me virar e sair por onde entrei, mas a mão de um ser consideravelmente pequeno me fez parar e olha-la.
- Você vai sair?
- Isso é óbvio. – Dou de ombros.
- Vai mesmo me deixar aqui sozinha?
- Meu trabalho era te trazer, e foi isso que eu fiz. Agora eu tenho mais o que fazer. – Ela tira sua mão do meu braço enquanto inclinava a cabeça para o lado.
- Você está querendo dizer sobre o caderno que estava rabiscando durante a aula? – Antes que eu pudesse responder fui interrompido. – Fique à vontade para ir então. Mas não me culpe depois se o professor te chamar de irresponsável ao saber que deixou uma aluna machucada na enfermaria sozinha e não quis ao menos lhe fazer companhia até o responsável da área chegar.
As palavras da esquisita faziam sentido mesmo que eu não quisesse admitir. Prefiro ficar em um lugar com paz e silêncio do que em meio aquele zoológico repleto de barulho. Poderia até ser melhor, se não fosse pelo outro animal a minha frente que tinha a pata machucada. Ficar sozinho com a pessoa que estava me fazendo ter pensamentos inusitados em uma sala demasiadamente pequena? É, valeu enfermeira.
Ok. Eu posso fazer isso. Qual é... Eu posso me comportar nessa sala pequena, com uma puta gostosa à minha frente, enquanto esperamos a enfermeira.
Não respondo nada a ela, pois não darei esse gostinho. Apenas ando em passos lentos até a maca mais distante possível e me sento, com os pés calçados e tudo, enquanto me encosto na cabeceira da cama e olho para o nada, tentando refletir um pouco.
Puta merda, eu deixei meu caderno na quadra, enquanto trazia essa maluca para cá. E se alguém lesse? Se o professor confiscasse? Droga!
Levanto-me rapidamente e tomo o caminho da saída da enfermaria, para sair o mais rápido que posso, mas sou interrompido por ela, que agarra meu braço.
- Aonde vai?
- Garota, agora é sério, eu preciso voltar naquela quadra.
- Deixou o seu livrinho mágico lá?
- Não te interessa – Desvencilho-me de seu aperto.
- Bom, antes de você ir, pode me dar seu número de telefone?
- O que?
- Isso mesmo que escutou.
- Por que eu daria meu número para você? – Uma estranha? Completo em meus pensamentos.
- Porque precisamos terminar aquele trabalho que nos foi passado na aula de redação.
- Não me importo com isso, prefiro tirar zero.
- Então terei que comunicar ao Diretor que por sua causa, meu trabalho será prejudicado.
- Mas que... – Droga de garota chata do inferno. Se ela reclamar na diretoria, provavelmente ligarão para meus pais, e eles terão que vir a uma reunião chata para conversar sobre o filho idiota deles. – Olha, fique sabendo que só terá meu número por que não quero que encham meu saco sendo chamado naquela diretoria.
- Mas é claro, para que mais eu iria querer seu número de telefone? – Ela pergunta ácida e isso me faz sentir uma pitada de raiva.
- E eu vou saber?
- É só para o trabalho.
Como se eu fosse acreditar nisso. Essa maluca tem enchido me perturbado desde o dia em que subiu naquele maldito telhado, tentando fazer sabe-se lá o que.
- Se eu te passar, você me deixa em paz? – Pior que preciso ceder a isso, se não eu estarei ferrado na próxima reunião de pais, e não quero que eles venham até o colégio e finjam que se importam comigo, está bom demais do jeito que está.
- Certamente.
- Onde irá anotar?
- Na verdade, eu já deixei meu número anotado em seu caderno, é só me chamar depois – Ela diz num tom brincalhão e dá um sorriso de lado. Maldita!
- Como diabos anotou isso em meu caderno? – Ela não podia ter feito isso, não tinha o direito de escrever nada lá, e o pior, não podia ter lido nada.
- Você se distrai muito fácil a maior parte do tempo, e na aula de redação, não foi diferente – Ri da minha cara de raiva, pois não faço questão de esconder. – Não se preocupe, eu não li nada – Então apenas reviro meus olhos e dou meia volta, indo em direção à porta para sair desse lugar, quando ouço. – Ou talvez tenha lido, não sei...
E então vou embora.
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