“Gray...
É frio aqui, e ele me lembra você. É irônico porque eu tento não fazer isso, mas acaba se tornando difícil e quando vejo já estou em seus pensamentos.
É um fato curioso eu poder sentir o que você sente. Sinto sua angustia e tenho vontade de voltar para você, para os seus braços e o seu amor... Mas eu fiz uma promessa ao mestre e a mim mesma também. Assim, não posso sair de Iceberg sem antes realizar por completo está missão.
Desculpe-me por isso... eu aceito sua raiva e rancor, mas espero que ainda me ame quando eu voltar.
Não paro de pensar o quão bom você se sairia aqui, afinal, o gelo é sua essência, e embora seja água como eu, sei que não me encaixo perfeitamente. A não ser com você...
Nossos três dias sozinhos no resort insistem em repassar pela minha mente. Culpa um pouco de Hannah que quer que de dicas românticas a ela... Eu nem ao menos sei como conquistei seu coração.
Alguma coisa mudou em você naqueles três dias e quando eu voltar você vai me dizer o que foi.
Não me arrependo de ter mexido no seu sistema imunológico e ter te salvado de passar alguns dias como Grayvalda.
Espero velo em breve, pois apenas ver seus pensamentos não é suficiente para compensar sua falta.
Desculpe novamente.
Eu te amo...
Juvia”
Juvia dobrou a carta depois de ler pela quinta vez e deduzir que estava boa o suficiente. Escreveria outra mais tarde, dizendo como ocorria a missão. Assim ele saberia que estava segura. Colocou a carta em um envelope e o endereçou a Gray Fullbaster na Fairy Tail, em Magnolia. Selou a carta e a segurou em mãos em frente ao rosto. Quis rasga-la e refaze-la mas a voz de Hannah soava das caixas de som e pedia sua presença na sala de comando.
Caminhou até o local imaginando o que ela queria, já que chamara Clay também. Este passou por Juvia indo na direção contraria, rumando para além dos dormitórios do primeiro andar. Juvia nunca passara do dormitório feminino e do banheiro, mas sabia que havia mais dois andares ali.
No primeiro, aquele que ficava rente ao solo e se ligava ao bar, havia a base de comando, a cozinha, a enfermaria, um deposito e um cofre. O segundo andar do subsolo, havia os dormitórios femininos e masculinos, os banheiros e uma sala de jogos que Juvia achou desnecessário. No terceiro e ultimo andar, eram as prisões e a “sala de tortura” como Hannah chamava, mas era apenas uma sala de interrogatório. Quando Kemi (o prisioneiro) foi levado para lá, quase desmaiou antes de chegar ao segundo andar.
-Que foi?- disse se sentando em uma das cadeiras de rodas que haviam perto dos computadores. Hannah estava sentada em uma dessas também, mas olhava fixamente para uma tela a sua frente. Seu visor no olhos piscou e a tela desapareceu. Hannah olhou para Juvia um pouco seria.
-Vou abrir o jogo.- “ela vai dizer que ama o Clay” pensou Juvia e sorriu de canto.- Não ria estou falando serio.
-Tudo bem.- ela disse e se arrastou com a cadeira para mais perto de Hannah atenta ao que ela queira dizer. Clay entrou na sala vestindo uma camiseta social preta e uma calça jeans, segurando uma caixa nas mãos.
-Nós te chamamos para explicar o que vamos fazer a respeito da Skeletons of Death. –ele disse puxando uma cadeira e se juntando a conversa das duas garotas.- Achamos que você deveria saber o que eles querem.- Juvia concordou com a cabeça e olhou intrigada para a caixa.
-Aqui em Iceberg existe uma lenda.- Começou Hannah e Juvia retornou a olhar para a garota de cabelos castanhos e olhos verdes.- A lenda diz que existe um portão feito inteiramente de gelo que pode transportar as pessoas para um mundo só delas, se usado da maneira certa. Para isso é necessário uma chave.- Os olhos de Hannah se direcionaram a caixa e voltaram rapidamente para os de Juvia.- Mas ninguém sabe ao certo se o portão existe e se isso acontece mesmo.
-Mas a chave existe.- Disse Juvia olhando a caixa e vendo que os dois concordaram.- E está em posse da Fairy Tail de Iceberg com o intuito de protege-lo.- Os dois assentiram com a cabeça. –A Skeletons tem o portão... e quer a chave... –Juvia pensou durante alguns instantes enquanto Clay e Hannah esperavam.- Por isso eles tomaram o reino...
-Bingo!- Exclamou Clay parabenizando a inteligência de Juvia. Gray se daria mal nesse quesito.- A Skeletons tem o portão. Miras era nossa antiga cidade base. Se eles tomaram a prefeitura é porque sabiam que nós estivemos lá, e queriam mais informações a nosso respeito.- Juvia assentiu enquanto ouvia Clay- Faz pouco tempo que está base ficou pronta. Só existe uma pessoa ligada a politica que sabe das nossas localizações e essa pessoa está desaparecida.
-Mikel.- deduziu Juvia. O velho pertencia a politica e era membro antigo da Fairy Tail. Embora, Makarov tenha dito que ele não usava mais o logo da Guilda.
-Certo.- disse Hannah.- Nós temos um plano de invasão.
-Já sabemos a base deles?
-Kemi abriu a boca facilmente. Nós passou boa quantidades de dados apenas por fala, mas eu necessitei fazer uma busca mais detalhada dos fatos na mente dele para conseguir o que queria.
-E o que queria?- perguntou Juvia. Hannah virou-se na direção de sua tela e apertou alguns botões sobre o painel. Uma lista de rostos apareceu e alguns com pontos de interrogações no lugar.
-Consegui as informações dos magos que existem na Guilda. Embora seja grande o numero de membros, apenas cinco deles usam magia. Um deles é Kemi e está detido, assim nos resta três magos e o Mestre, que é uma incógnita. Kemi nunca o viu.- Os rostos apareceram na tela um por vez conforme Hannah falava.- Brian Clong, é um fugitivo de Bosco que encontrou abrigo nas terras geladas de Iceberg. Sua magia consiste nos sentidos. Com sorte acho que consigo fazer algo que impeça ela de agir sobre nós.- O rosto do sujeito apareceu na tela. Sua pele era morena e o corte de cabelo era em estilo militar. Havia uma cicatriz sobre a sobrancelha direita e outra próximo a sua boca, o que deixava-a repuxada em dos cantos.
“ Alice Lunder é uma copiadora, ou seja, ela pode se transformar em qualquer um de nós. O pior de tudo é copiar nossa magia.- Sua imagem também apareceu na tela. Seus olhos eram vermelhos e os cabelos eram negros. Ela com certeza seria um problema. Seria horrível ter que lutar contra si mesma. Ou contra Hannah. Ou Clay. Sabe-se lá quantos magos ela poderia se transformar... – Temos ainda Alex Marlon...- Uma imagem em tamanho menor se ampliou na tela, mostrando um garoto muito parecido com Gray. Juvia soltou uma praga baixinho ao assemelhar os dois.- Ele pode invocar algumas coisas... como demônios, monstros, armas...”
-E tem o mestre.- disse Clay chamando a atenção de Juvia.- Mas não sabemos sua aparência e muito menos sua magia.- Clay tocou a tela de Hannah e mudou de cena. Agora, havia uma grande montanha de gelo, em um espaço inteiramente branco pela neve. Havia uma entrada de caverna em algum ponto da montanha de gelo, e o zoom foi ampliado ali.- Conseguimos o local da base deles e...- a imagem mudou mais rápido do que Juvia consegui acompanhar e por fim, mostrou um grande portão de gelo, com uma pequena fechadura, em meio ao grande salão azul.
-Sabemos para onde leva.- Completou Hannah a frase de Clay. O loiro fez uma careta e continuou:
-A chave abre o portão para uma única sala. Nesta sala, pelo o que sabemos, deve conter um livro que possui a Uma Magia.- O rosto de Juvia ficou serio. Aquilo era realmente algo que qualquer um gostaria de ter. Explicava muito o porque de terem tomado o reino. Ainda se perguntava como cinco magos haviam conseguido tal coisa, mas depois lembrou-se que a Skeletons possuía homens a seu favor.
-Isso explica muito.
-Tome.- Clay lhe entregou a caixa.- Um dos seus deveres como membro da Fairy Tail de Iceberg é protege-la.- Juvia assentiu.- Pode olhar. Ela não brilha ou essas coisas. É só uma chave comum.
Juvia abriu a caixa. Assim como ele havia dito não passava de uma chave comum. Ela era muito pequena se comparada a grandeza do portão. Cabia exatamente a palma de sua mão é o que a diferenciava era uma insígnia, algo como uma coroa de gelo. Guardou a chave na caixa ao ver que lembrava-lhe Gray.
-Certo. Qual é o plano de invasão mesmo?
...
O salto alto fino ecoava a cada passo no chão rochoso do local. Deslizou a mão pela parede sentindo-os ficarem gelados em contato com o gelo puro. Caminha na direção da sala de reunião para saber o que seria feito em relação a Kemi. Sempre soube que aquele garoto não teria futuro na Skeletons e testemunhou isso quando o viu ser derrotado por uma maga d’água.
Sim ela estava presente. Imperceptível para muitos, mas ela estava lá. Estava visível, com certeza, mas ninguém a notava pelo fato de ser um ser insignificante. Embora quase tenha sido esmagada em um dos golpes do garoto novato. Jamais espionaria alguém naquela forma novamente. Corria o risco de morrer de forma indigna.
Chegou a sala e se sentou em uma das cadeiras estofadas em veludo vermelho. Ela adorava aquela cor. Seus olhos possuíam o brilho de sangue. Parecia-lhe que tudo que havia de vermelho era elegante. Até mesmo uma morte era elegante de seu ponto de visto. Desde que ouve-se o sangue vermelho escorrendo e manchando o local.
A luta de Kemi não poderia ser considerada elegante por dois motivos. Não ouve sangue, o que a deixou muito decepcionada, e a garota ter o cabelo em um tom azul. Argh! Como detestava aquela cor. Lembrava-lhe a água e o gelo! Estava cansada de viver naquele lugar frio. Queria mesmo era voltar para seu próprio Reino, e seguir com sua carreira de maga na Black King, sua antiga guilda.
-Onde estão os outros?- ralhou uma voz vinda do fundo da sala.
-Em algum lugar por ai.- Deu de ombros como se aquilo não fosse nenhum pouco importante.- Sabes que sou a mais importante.- O sujeito aproximou-se rapidamente da jovem e segurou seu rosto esnobe.
-Sabe que preciso deles tanto quanto preciso de você.- Sua voz estava tensa e o sujeito mantinha uma aura assustadora a sua volta. Alice segurou o pulso do homem e tirou-a de seu rosto. Seus olhos fulminavam o homem a sua frente.
-Sei que precisa deles, mas eu não me importo com o que ocorre a eles.- disse ríspida.
-Pequena Alice eu sempre soube que você me odiava.- Disse desdenhosamente uma voz da porta pela qual entrara segundos antes.- Embora você sabe que guardo um imenso carinho por você.
-Me poupe de sua palavras Alex!- Brandiu Alice se pondo de pé.- Não preciso de seu sentimentalismo barato para me sentir feliz!- Alex riu tediosamente
-Eu estava sendo sarcástico, Alice.- A jovem bufou e virou o rosto enquanto Alex aproximava-se da mesa vestido com um treno preto de gala.
-Os dois calem a boca!- Disse o mais velho sentando-se na ponta da mesa enquanto aguardava a chegada de Brian.- Basta que eu tenha que aturar o atraso dos senhores, não vou tolerar desordem aqui! Já chega de brigas sem sentido!
-Concordo plenamente, Mestre- Disse Brian da porta. Ele parecia observar a cena coma tenção reparando no comportamento dos colegas com interesse. Assim como os outros aproximou-se da mesa e sentou-se em uma das cadeiras estofadas.- Mas devo discordar com o senhor por dizer que estamos atrasados. Ao meu ver, chegamos no horário estabelecido.
O mestre o fuzilou mas como os outros haviam se calado agradeceu mentalmente.
-Kemi foi capturado. Temos que agir rápido. Aqueles dois...
-Três.- corrigiu Alice.
-Três. Já sabem onde nos encontrar. – O mestre fez uma pausa e pode ver o rosto agoniado dos seus discípulos. – Sabemos onde eles estão e eu espero que vocês obedeçam o plano inicial.- Os três assentiram com a cabeça.- Eu espero não haver falhas. Quando ordenei que invadissem Miras não achei que fariam tanto escanda-lo.
-Não culpe a todos mestre, você sabe o quanto nossa preciosa Alice ama a cor vermelha.- Alice sorriu cinicamente para Alex.
-Você não tem ideia do quanto eu adoraria ver a sua cor por dentro.
-Por que não se transforma em mim e se mata de uma vez?- disse Alex com um olhar imaginativo.- Vou me lembrar de colocar na lapide: “morreu sendo quem queria ser”. – Alice atacou. Em um segundo ela havia se transformado em um homem robusto com um braço em forma de espada e subiu sobre a mesa, chegando a centímetros de atingir o pescoço de Alex.
O mestre se recostou na cadeira estofada cruzando os braços e esperando que a cena continuasse.
-Diga mais uma palavra e eu não terei pena de lhe arrancar uma cor vermelha desse pescoço!- Seus olhos continuavam vermelhos e brilhantes, e fizeram Alex engolir seco. Tocou a lamina da garota e afastou o punho dela concordando com a cabeça. O mestre riu enquanto Alice voltava para seu lugar.
-Eu espero que mostrem todo esse espirito de luta contra aquelas coisas de merda que se chamam de Fadas. - disse. Apoiou os cotovelos sobre a mesa e entrelaçou os dedos pensativo.- Vocês sabem o que tem de fazer. Precisamos daquela chave.
-Sim, mestre. - Disse Brian cruzando os braços sem ao menos se importar com a briga dos dois companheiros. Alice bufou.
-Vou fazer a maior parte do trabalho. E ainda por cima, terei que usar azul. Você sabe o quão sacrificante é ter de deixar o meu vermelho escarlate? – O mestre revirou os olhos juntamente com Alex.
-A missão de vocês é trazer a chave. Estão dispensados. - Levantou-se e caminhou para fora da sala.
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