RESTAURANTE
Estávamos prestes a entrar no restaurante! O moreno que se apresentou como Jimin, parecia tranquilo com tudo aquilo. Minha mãe se senta e começa a puxar assunto antes mesmo de olhar para ver ser era realmente nós que estávamos atrás dela, mas para sorte dela, era.
- Bom já quero falar logo, já faz 1 mês que queríamos falar isso.
- Não me diga que está grávida, pelo amor de Deus!
Jin provavelmente se engasga com a saliva, já que ele não estava ingerindo nada.
- Claro que não, filha. São coisas tão importantes quanto uma criança, mas não. Infelizmente não.
- Infelizmente? Eu já não basto? – digo. Sim, as vezes eu era dramática, e não iria mudar isso pelo fato deles estarem ali. Os três começam a rir de mim como se eu não estivesse no mesmo ambiente.
- Conte-nos pai! O que vocês têm planejado de tão importante e mirabolante nesse 1 mês? - Pergunta Jimin.
- Bom, vou ser direto. Emma, você e sua mãe vão morar com a gente!
- O QUE? – digo um pouco alto, esperando que meu “meio irmão” tivesse a mesma reação, mas não ... ele se engasgou discretamente no começo, mas em seguida apenas concorda e olha para mim.
- Não dava pra acalmar meu coração antes de ser tão direto? Morar? Mãe, vocês se conhecem a 3 meses.
- Eu sei S/N, mas já pretendia me mudar para lá... Lá tem ótimas escolas para você, e ainda é em Seul... só que um pouco longe daqui.
Eu estava realmente indignada. Talvez estivesse ficando de TPM. Eu geralmente não sou dessas meninas frescas... Sim, estava ficando de TPM.
- Não vai ser tão ruim assim, nossa casa é grande e você terá sua privacidade. – Completa Jimin
- Aliás será esse final de semana.
Fico quieta alguns segundos para analisar o dia que estamos e percebo que, seria daqui a 2 dias.
- Mãe ... nem vou me despedir das minhas colegas direito...!! (na verdade eu era nomeada como uma fracassada na escola. Sem amigas, sem noites bebendo e se drogando em festas, sem namorados, sem festas do pijama, sem fugas das aulas... Ou seja, sem vida social. Não que eu ache isso ruim. Amo minha solitude. Na verdade, aprendi a amar. Estragar a vida por momentos adolescentes não era e nunca seria do meu perfil. Então eu só fingia que tinha amigas. Fingia pela minha mãe. Então seria uma boa desculpa)
- Então você aceitou? – diz Jin eufórico.
- Eu não tenho escolha. Eu ainda sou de menor. Mas não se engane, talvez eu tente fugir à noite. - Vejo a preocupação e tristeza em seu rosto. - Mas tenho preguiça demais para isso- falo para ele perceber a minha ironia.
- Ah Emma, não vai ser tão ruim assim. Sempre quis ter uma irmã caçula. - Fala Jimin me empurrando de leve.
O jantar não foi tão desagradável como pensei que seria. Talvez, porém talvez mesmo, seja bom ter um meio irmão. No caminho de volta Jimin pega meu número e eu o dele. Ele disse que era superprotetor e que se eu precisasse teria o número dele comigo.
QUEBRA DE TEMPO
Voltamos para casa, Jin e Jimin se despediram e foram embora. Minha mãe me deu boa noite e subiu. Fiz o mesmo subindo para meu quarto.
Sim, estava cansada demais para tomar outro banho. Então apenas coloquei um pijama e me deitei. Alguns segundos depois sinto meu celular vibrar.
Jimin~ 22:43
~Boa noite S/N, já sente minha falta? <3
“Seu merdinha”. Penso e encaro a mensagem sem saber o que responder.
Emma~ 22:46
~ Já ouviu aquele ditado, algo de errado não está certo? Pois é...
Jimin~ 22:47
~Como assim? (emoticon de risos)
Emma~22:47
Exatamente!! Como assim você está me mandando mensagens e perguntado se eu estou com saudades!? Reveja seus conceitos.
Jimin~ 22:48
~Ok então, malandrinha. Não irei te responder! (risos) Durma bem!
Visualizado por Emma às 22:49
Ok, talvez seja um perigo eu ter Jimin como meio irmão. Desde que o conheci, já pensei em pecados que nunca pensei pensar na vida (meio confuso?). Me viro e acabo caindo no sono.
QUEBRA DE TEMPO
- Filha? Filha? – escuto minha mãe, mas finjo não a escutar ou sentir que ela está me balançando parecendo um boneco de posto. Sempre achei que essa é a função dos filhos. Sabe? Se fingirem de sonsos até seus pais perderem pelo cansaço. – FILHAA!
- Misericórdia! Da próxima não escuto de verdade, ensurdeci.
- Tenho péssimas notícias.
- Sério? Não me diga – finjo surpresa - ultimamente mãe, quando a senhora traz boas notícias para mim, hum?
- É sério. Mas na verdade é ruim só pra você mesmo. - Olho para ela me levantando da minha preciosa cama em direção ao banheiro - Hoje é seu último dia na escola.
PAF! PAFT!! ( som de uma batida de corpo em algo)
- PUTA MERDA!!!
- Emma!
- CARALHO...
- Para de xingar!
- PORRA!
- Emma o que é isso? Que linguagem mundana. Tá parecendo uma marginal.
- Não exagera. E isso... isso é meu dedinho que com certeza ficou pendurado nessa cômoda desgraçada. Mas bora recapitular aqui querida mamãe – vou mancando e me sento na cama ao lado dela – Como assim? Já tomou seus remédios? Seus maracujina? Acalma esse coração. Pra que essa pressa?
- Filha, não aguento deixar você sozinha, sem alguém além de mim.
- O certo então seria arranjar um namorado pra mim não para a senhora.
- Filha eu não posso fazer o impossível, você sabe...
- Claro mãe, muito obrigado pela parte que me toca - levanto mancando e com uma expressão absurda de dor na perna e no meu orgulho
-Você sabe, pais não fazem milagres.
-Já entendi, sua filha fracassada não consegue arranjar nem uma namorado pago. Qual o próximo tópico da humilhação?
Ela ri. Minha mãe é muito bonita, queria ter puxado isso dela. - Vá se trocar que te levo. Se despeça de seus amigos direito filha. Sabe lá Deus quando vocês vão se ver de novo.
- Claro né! - Falo soltando um ar de “SOCORRO JESUS”. Talvez ter mentido tenho sido uma má ideia. Sofrer com aqueles endemoniados naquela escola não era uma boa maneira de me despedir dali.
- Aliás, você nunca trouxe nenhum deles pra cá! Por quê? Você só trouxe o Taehyung e o Jungkook quando era mais nova.
- Mãe, para! - Digo me debatendo no ar como um pato que tenta voar.
- Desculpa, prometo não falar mais deles!
Agora você deve estar pensando “Quem são esses que surgiram dos portais de Nárnia?”. Bom, minha vida ficou uma completa fossa de uns anos pra cá. Quando eu era pequena eu não tinha amigos na escolinha nova (particularmente me sentindo fracassada desde pequena), até que dois meninos vieram caminhar comigo no recreio. Eles se chamavam Jungkook e Taehyung. Digamos que anos se passaram e eles eram meus melhores amigos, fazíamos completamente tudo juntos, até tomar banho. Até que um dia, Jungkook e Taehyung se assumiram, o que gerou muito intriga entre vizinhos, colegas de escola e até mesmo parentes de vizinhos e dos colegas de escola. Viralizou. O que para mim não fazia sentido algum. E em uma noite. Naquela maldita noite em que eu não me sentia bem e fui egoísta de dizer para eles não virem aqui, eles sumiram e nunca mais foram encontrados... Desde então, não consigo me socializar. Tenho esperanças de que eles só tenham fugido, que eles estejam bem, e que se lembrem de mim.
Me levanto e vou até a minha penteadeira onde há fotos de nós 3, várias aliás, desde pequenos até a nossa adolescência.
- Filha, pelo amor de Deus, venha logo!
- Mãe, acho que não vou! Quebrei o pé, certeza!
- Para de graça Emma, você que disse que queria se despedir.
- Mãe... Mamãe - falo choramingando - Se eu me despedir não vou querer ir embora. – Eu realmente não queria sofrer no meu último dia
- Vamos logo. Vai tomar seu banho.
- Aahh...- Vou pro banheiro, e depois de tomar meu banho coloco meu uniforme escolar e desço. - Vocês realmente precisam aprender a acalmar uma pessoa antes de soltar uma coisa dessas! Sou muito nova pra ter problema de coração. – Grito.
(no carro)
- Filha! Por que está com esse sorriso maléfico? - naquele momento, eu tinha um plano de aprontar na escola o dia todo, não poderiam me castigar mesmo. Eu iria embora. Esses demônios iriam me pagar pelos anos de sofrimento. Eu realmente estava com um sorriso maléfico, porém estava mais pra meme do que pra assustador.
- Emma o que é isso? Misericórdia... nem parece minha filha. Para de sorrir assim se não vou parar o carro e você vai o resto do caminho andando sozinha.
- Nossa, só estou me distraindo.
-Você está é me assustando.
Chegamos na escola, e meu olhar perturbador percorreu todas aquelas criancinhas que na verdade eram adolescentes nojentos. Caminhei entre eles, e os mesmos me ignoravam como sempre. Nem com cara de Invocação eles eram capazes de me notar. É... realidade absurda.
Subo as escadas e começo a colocar meus planos em prática. Sabe esses filmes de quando tem uma pessoa que vai colocar sua vingança em prática e dá certo? Pois é... eu não poderia fazer parte deles. Eu tinha um foco... provocar a menina mais fresca daquela escola. A que eu mais odiava pelo fato dela ser ela. Não julgo ela pela aparência, ela simplesmente é capaz de te humilhar de qualquer maneira pra chamar atenção. Ela tinha muito medo de sapos, e eu não tinha medo ou nojo deles, e por sorte tinha vários no lago perto da escola. Como eu sei disso? Quase engoli um sem querer... longa história. Como eu sou um pouco atormentada. Sim, peguei alguns sapos e coloquei no armário dela antes do sinal da primeira troca de aula. Quando o sinal tocou, eu me senti vitoriosa, ninguém saberia que era eu, porém algo fugiu do controle. Talvez tenha sido minha inteligência que fugiu e me deixou na mão. Eu esqueci que aquela lazarenta era filha do diretor. Provavelmente ela viu pelas câmeras meu plano que seria super épico ( para mim), e falou pro pai dela, que na mesma hora abriu o armário e viu os sapos. Eu quis me jogar na lata de lixo, eu quis colocar um foguete nas pernas e sair dali em segundos, mas acho que todos sabiam que era eu a responsável, então abriram espaço, fazendo com que o velho ranzinza visse a minha imagem em desespero.
- EMMA!! VÁ PARA MINHA SALA AGORA! – Ser notada no último dia de aula, realmente não estava sendo como eu queria. Miserável, essa era minha situação.
Sigo o diretor em meio aos corredores e sem muita enrolação ele pediu o número da minha mãe. É obvio que eu estava seriamente ferrada, mas até que... tive uma ideia, que espero que não seja tão miserável quanto a primeira.
- Diretor... minha mãe trocou de número, provavelmente meu novo irmão tem o número novo dela!
- Me passa o número dele agora Emma! – anoto o número em um papel e espero que Jimin entenda que eu preciso dele e que invente alguma coisa para me ajudar.
O diretor começa a falar com Jimin e eu fico em silêncio tentando escutar o que se passava na conversa dos dois. Poucos segundos depois o diretor desliga e começa a digitar outra número! DROGA!! Será que Jimin passou o número da minha mãe?
- Emma, sua mãe está a caminho, me espere aqui! – exclamou o diretor em tom autoritário. Olho ao redor e vejo vários papéis com assinaturas do diretor, como textos para a escola ou certificados de desempenho como melhor diretor da região. Isso só me fazia lembrar como era bizarro o fato dele conseguir ter várias caligrafias diferentes. Uma vez peguei ele assinando papéis de um aluno como se fossem a letra de seus pais. e pasmem, era idêntica. Isso é só um fato bem curioso dele. Mas não vêm ao caso.
Mais uma vez me deparo com um plano meu ridiculamente falho. Eu já estava pensando nos piores castigos possíveis. Trinta minutos se passaram e escuto passos no corredores. Passos arrastados, por isso tive a certeza que seria o velho ranzinza no diretor.
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