Seattle, Washington.
8:26 am.
Pov’s Calum
Hoje era o segundo dia consecutivo que Laura não vinha a escola, o que me fazia pensar que ela estava fora do estado com seu namorado vampiro. Espero que pelo menos ela esteja segura e melhor do que eu; depois da noite de lua cheia eu aceitei o fato de que era um lobisomem, um monstro.
Eram dias difíceis sem Laura aqui na escola, eu não poderia me aproximar de qualquer um e sair contando o segredo mais obscuro da minha vida. Se ao menos tivesse Laura aqui, poderia desabafar e tirar todo esse peso de minhas costas. Ygor tem sido o mesmo chato de sempre. Sempre me perseguindo aonde quer que eu vá, como se ele não tivesse nada mais importante para fazer - e talvez não tenha. Mas é estranho demais ele grudado em mim o tempo inteiro.
Ygor: E aí cara! - exclamou ele da carteira logo atrás da minha. Acabei por levar um susto, talvez estivesse perdido demais em meus pensamentos que nem o vira chegar.
Calum: Cara, qual é o seu problema!? - perguntei virando para trás e encarei o mesmo. - Há quanto tempo está aí? - perguntei confuso.
Ygor: Não muito.. acabei de chegar. Você estava com uma cara de concentrado e nem me viu passar..
Calum: Talvez seja porque eu não ligo para o que você faz ou deixa de fazer. - forcei um sorriso.
Ygor: Cara, você tá um pé no saco desde que a sua amiga Laura preferiu ficar com o namoradinho vampiro à ficar aqui com você. Esquece um pouco dela..
Calum: Eu não acho que ela tenha tido muitas opções. Ele a levou embora contra sua vontade, espero que ela esteja bem.
Ygor: Aposto que ela está bem. E você precisa de mim, somos amigos!
Calum: Não Ygor, não somos amigos. Somos apenas dois adolescentes do colegial que compartilham do mesmo segredo obscuro.
Ygor: Magoou. - disse ele fazendo cara de triste, logo em seguida ele riu. Que ótimo, ele é um idiota. - O que vai fazer hoje a tarde? - perguntou curioso.
Calum: Ficar na minha casa, o mais longe possível de você.
Ygor: Sabe que eu posso ir até lá, não sabe? - perguntou e riu.
Calum: Não, não pode. Eu não o quero lá!
Ygor: Tudo bem.. então eu não vou..
Calum: Ótimo. Sabe o que você poderia fazer.. arrumar uma namorada.
Ygor: Você deveria fazer o mesmo.. quem sabe assim esquece um pouco da Laura.
Calum: É uma ótima ideia, e assim também me verei um pouco livre de você.
Ygor: Eu pretendo reconquistar Vanessa. Ela é a única garota que eu quero ter ao meu lado. - ele sorriu meio sem jeito.
Calum: Tudo bem.. faça isso. - dito isso virei para frente novamente. - Wow! Quem é ela? - perguntei boquiaberto assim que avistei uma garota incrivelmente linda dos cabelos negros adentrando a sala. Nunca havia a visto antes, talvez seja novata.
Ygor: Ah.. eu a vi na secretaria antes de vir pra cá. Ela é nova na escola e pelo visto, será nossa colega. - comentou ele.
Calum: Wow.. Ela é.. wow.. - ainda continuava encarando a garota parada ao lado do professor de história. Logo o mesmo pronunciou-se.
Xxxx: Pessoal, essa é Celesta DeAstis. Ela será a nova colega de vocês, sejam gentis com ela e se alguém puder passar a ela as matérias anteriores ficarei grato. Pode se sentar querida. - disse a garota que logo procurava um lugar para sentar-se. Havia uma carteira vazia a minha frente e eu torcia mentalmente para que ela se sentasse ali, e parece que funcionou pois ela se direcionava justamente na minha direção. Pare de encarar, pare de encarar.
Calum: O-oi.. - disse a ela antes que pudesse se sentar. Então forcei um sorriso logo depois.
Celesta: Oi.. - ela riu.
Calum: An.. - fala alguma coisa seu idiota. Vamos logo com isso! - Eu sou Calum. Calum Worthy e.. e eu ficaria honrado em poder lhe emprestar meu caderno para.. para pegar as matérias anteriores. - sorri meio sem jeito. O que estava havendo comigo?
Celesta: Ah.. claro, obrigada. - disse e ficou me encarando. Como se estivesse esperando alguma coisa..
Calum: Ah.. de-depois da aula é claro.. eu preciso do caderno agora. - ri meio sem jeito. Quando foi que eu perdi o jeito para falar com as garotas?
Celesta: Claro.. - por fim ela sentou-se a carteira a minha frente.
Calum: Se.. por acaso precisar de alguém para lhe mostrar a escola, eu posso.. - não terminei de falar pois ela me cortou.
Celesta: Escute, Calum. - disse ela virando-se para mim. - Conheço bem o seu tipo, estou agradecida que tenha se prontificado a me passar as matérias anteriores mas gosto de me virar sozinha então.. vou recusar a tour pela escola. Obrigada!- dito isso ela tornou a virar-se para a frente.
Ygor: iiih cara, ela acabou com você direitinho. - comentou ele logo atrás de mim. Dando risada em seguida.
Calum: Fecha essa matraca, Ygor! - exclamei sério.
[...]
Algumas horas antes...
Dease Lake, Columbia Britânica.
7:52 pm.
Pov’s Ross
Logo que Laura fora até seu quarto quase no final do corredor decidi ir para o meu também. Estava esperando até que escurecesse mais e também queria ter a certeza de que era seguro deixar Laura sozinha aqui enquanto fosse caçar. Por fim esperei até que ela estivesse deitada em sua cama e dormindo para finalmente ir caçar; conhecendo Laura e sabendo o quão azarada ela era, sabia que poderia precisar de mim a qualquer minuto.
Sentei-me em minha cama e fiquei atento, assim poderia escutar do mais alto ao mínimo ruído que Laura fizesse em seu quarto, estava pronto para ir ajudá-la se precisasse de mim. Não passará nem meia hora quando ouvi a mesma murmurar, logo depois o barulho fora mais alto. Laura havia caído.
Imediatamente corri até a porta de seu quarto, a mesma se encontrava trancada. Como não quis chamar muita atenção tendo que arrombar a porta decidi entrar pela janela e para a minha sorte - e a sorte de Laura - ela estava aberta. Procurei por Laura no quarto e só então percebi que a mesma estava no banheiro, - ela havia caído no banheiro. É muita falta de sorte.
Ao abrir a porta rapidamente não pude acreditar no que vira, Laura caída dentro da banheira vazia com um corte profundo em uma das mãos; seu sangue corria pelo braço sujando suas roupas e a banheira. Virei o rosto rapidamente, em seguida perguntei se ela conseguiria levantar, - e supus que a resposta dela seria não - ela murmurou baixinho dizendo que não conseguiria levantar, havia batido a cabeça na ponta da banheira e estava meio fora de si pela perda de sangue.
Eu estava fraquejando, não deveria me sentir assim depois de anos longe de sangue humano. Tentei me recompor e então decidi tirá-la dali o mais depressa possível e depois chamar alguém. Não poderia ficar ali por muito tempo, mas ela era teimosa; depois que a levei até a cama, ela insistia que não chamasse ninguém e que eu deveria ajudá-la com o curativo. No mesmo instante pensei que era algum tipo de brincadeira, quem em sã consciência iria pedir ajuda a um vampiro com um ferimento daqueles? Ela não estava muito certa das ideias. Insistiu que eu já havia a salvo em uma situação como está, mas desta vez era diferente.
Ross: Laura, eu não posso. - disse sério e meu olhar caiu para baixo. Tentei evitar olhar para o seu sangue, se eu cedesse agora não iria conseguir parar e ela estaria morta em menos de um minuto.
Laura: Aqui, acabe logo com isso. - disse ela estendendo sua mão ensanguentada a mim. Ela estava louca. - Não podemos viver para sempre assim. Se você provar o que deseja a tanto tempo, talvez isso mude as coisas. Faça, Ross! - exclamou séria levantando meu rosto com sua outra mão.
Ross: Não. Eu não posso fazer isso, eu vou acabar lhe matando. - disse sério. Ela queria morrer, ela sabia que era um tremendo erro instigar um vampiro sedento por sangue.
Laura: Não vai me matar. Eu confio em você! - exclamou séria e então levou seu pulso que também estava ensanguentado até meus lábios, o espremendo ali.
Tentei lutar contra minha natureza, lutar contra o outro eu que ainda estava ali - mas adormecido durante anos. Nas condições em que me encontrava agora, era inútil lutar contra meus instintos, pois já havia sentido o gosto de seu sangue. E eu desejava ter mais dele então automaticamente mordi seu pulso com força, tendo por fim o que desejava a meses.
Ela não gritou, nem puxou seu pulso enquanto eu drenava seu sangue. Ela confiava demais em mim e eu estava falhando miseravelmente para com ela, só iria parar assim que a última gota de sangue fosse drenada de seu corpo frágil. Talvez meu lado humano não a amasse o suficiente para lutar contra o predador que sugava sua vida neste exato momento. Eu tentei de todas as maneiras me afastar e quando o fiz já era tarde demais, ela estava desacordada e não respirava. Uma grande parte de mim - o monstro - sentiu-se satisfeito por tê-la matado tão rápido enquanto a outra parte sofria em silêncio ao ver a única garota que amou sem vida em uma simples cama de hotel. Então era assim que acabava a história, uma trágica história de amor proibido.
Fiquei ao menos quinze minutos encarando o corpo de Laura na esperança de que ela fosse acordar, mas quando ela não o fez tive que tomar uma decisão sobre o que fazer com o corpo dela. Ela merecia ao menos um enterro digno, então pensei em levá-la de volta a Seattle e fazer com que as pessoas pensassem que um animal havia a atacado e apagaria qualquer prova que tivessem contra mim - que havia sido o responsável por tirá-la do Estado de Washington - mas eu estava sem tempo agora, precisava agir rápido antes que alguém resolvesse aparecer no quarto para saber se estava tudo bem. O barulho que Laura fizera ao cair na banheira provavelmente teria sido escutado por mais alguém e chamado suas atenções, agora tudo estava em silêncio.
Peguei o corpo de Laura da cama rapidamente e então parti para as sombras com ela em meus braços. Quando já estava longe o suficiente para que ninguém nos encontrasse, deitei seu corpo gélido no chão. Estávamos no meio de uma clareira, - rodeados de vários pinheiros altos - sendo iluminados apenas pela luz brilhante da lua. Eu não podia acreditar que ela estava morta, ela não poderia estar. Se eu a tivesse deixado, se não a tivesse feito recuperar sua memória e se envolver comigo novamente ela ainda estaria viva. Eu estava tentando manter a calma, caso contrário acabaria atordoado como meu irmão Riker.
>>> Flashback On <<<
Riker: RYDEL! RYDEL ME AJUDA POR FAVOR! - gritou ele desesperado. Logo a mesma abriu a porta depressa.
Rydel: Ai o que foi, por que... - parou de falar assim que viu Sofia nos braços de Riker.
Riker: Eu, eu... - ele estava desolado. Havia sentimentos humanos o bastante que o fizessem sentir daquela maneira. Ele ficou sem palavras, estava encabulado pelo que acabara de fazer
Rydel: O que, o que você fez? - perguntou preocupada.
Riker: Eu, eu não queria. Mas ela ficou me provocando e eu, eu perdi o controle do que estava fazendo!
Rydel: Riker, eu te avisei para se afastar dela. Eu disse que isso iria acontecer!
Riker: Acha que ela morreu? - perguntou preocupado
Rydel: Acredito que sim. - falou ela checando o pulso da garota. - Ela está sem pulso. O que você vai fazer?
Riker: Eu não sei. Onde estão nossos pais?
Rydel: Lá dentro. Entra logo com essa garota e vamos dar a notícia a eles. Nós vamos pensar no que fazer!
Riker: Certo.
[...]
Stormie: Não há outra alternativa a não ser deixarmos a cidade. - começou minha mãe. Morávamos em Dease Lake naquela época, mera coincidência não?
Mark: Tudo bem. Partiremos ao anoitecer.
Riker: Eu cuido do corpo de Sofia. - disse encarando o corpo da mesma que estava em nosso sofá.
Rydel: O que tem em mente? - perguntou confusa.
Riker: Vou deixá-la em sua casa. E antes que eles possam achar um culpado estaremos longe daqui. Ela merece ter um enterro, não vou sumir com o corpo dela. É minha decisão final.
Rydel: Eu vou com você. - forçou um sorriso.
Riker: Não. Eu quero ir sozinho. Preciso de um tempo para pensar.
Stormie: Tudo bem querido. Vamos começar a arrumar nossas coisas.. não demore. - dito isso nossos pais saíram nos deixando a sós na sala. Riker pegou o corpo frio de Sofia do sofá e logo desapareceu.
Rocky: Pela primeira vez não vamos nos mudar por culpa do Ross. - comentou ele.
Ross: Ah, cala essa boca Rocky! - murmurei.
Rydel: Não se atreva a dizer isso quando Riker estiver presente! - chamou sua atenção.
Ross: Claro, porque ele é o protegido da família. - ri com desdém. - Garanto que se fosse eu no lugar dele, seus olhares não seriam de compaixão e sim julgadores.
Ryland: Todos estão fadados ao erro, Ross. Mas você estrapolou muitas vezes, estamos cansados de suas atitudes.
Ross: Certo. Talvez seja melhor eu ir embora, me afastar de vocês e fazer com a minha vida o que eu bem entender.
>>> Flashback Off <<<
Eu não queria descobrir como minha família iria reagir ao saber que eu havia matado a única razão de minha existência. Talvez eu não voltasse mais, estava disposto a me aprisionar e morrer de fome antes que decidisse voltar para ser julgado e condenado a viver a eternidade sem a Laura.
Eu não queria ter que sentir demais a ponto que pudesse chorar, eu nunca mais chorei desde que havia me tornado esse monstro, mais nada no mundo me importava. E quando eu finalmente encontrei - o amor - acabei o destruindo. Acabei destruindo a única coisa que me fazia feliz nessa vida amaldiçoada.
Deitei-me no gramado ao lado do corpo de Laura e me permiti chorar pela primeira vez em cem anos. Era horrível saber que ela estava morta, que eu nunca mais ouviria sua doce voz, sentiria seu toque macio e quente, mas era pior ainda saber que a culpa disso tudo era minha. Talvez eu devesse morrer, eu mereço a morte depois de tudo o que eu já fiz.
Ross: Não era para ter terminado assim, Laura. - murmurei ainda deitado ao lado de seu corpo. - Mas você sempre foi tão... teimosa. Droga! - reclamei e tudo o que eu escutava agora era o silêncio. - É estranho.. brigar com você sem ter que ouvir um argumento seu em retorno. - forcei um sorriso.
Eu já não sabia mais o que estava fazendo. Falando com ela para preencher o vazio, fingir que estava tudo bem?
Estiquei meus braços e deitado ali decidi ficar, eu me recusava a ter que cavar um buraco e enterrar Laura agora; mas eu sabia que uma hora ou outra teria de ser feito. Eu já havia perdido as esperanças de que ela pudesse de alguma forma voltar para mim, qual seria a possibilidade dela ter sobrevivido? Mas então o inesperado aconteceu, ali deitado com os braços esticados pude sentir Laura encostar em minha mão. Levantei rapidamente e tomei outra decisão, - que eu já deveria ter tomado a muito tempo - levá-la ao hospital.
[...]
Alaska, Estados Unidos.
7:20 am.
Pov’s Rocky
Sofia: Isso é muito lindo. - sorriu para mim. Estávamos sentados no topo de uma montanha alta observando o nascer do sol.
Rocky: É mesmo. Meus irmãos e eu sempre costumávamos fazer isso juntos.. mas de repente alguma coisa mudou. Desde.. o que aconteceu com você e o Riker. Desde o ocorrido tentamos não chamar muito a atenção para nós mesmos. - expliquei.
Sofia: Claro.. mas, são águas passadas. Me sinto feliz agora, eu não sabia que a imortalidade poderia ser maravilhosa. - sorriu.
Rocky: Isso porque ninguém lhe mostrou o lado bom disso. Há muitas maneiras para que possamos viver no meio dos humanos sem acabar destruindo tudo..
Sofia: Começando.. com o sangue de animais para nós satisfazer. - comentou.
Rocky: Isso. - disse segurando em sua mão.
Sofia: É mais difícil para.. algumas pessoas. Se é que eu posso me chamar assim..
Rocky: Para com isso, Sofia. Eu vou estar aqui para lhe ajudar a superar isso. Afinal de contas, estamos longe o suficiente dos humanos e você terá que se alimentar dos animais que rondam por aqui..
Sofia: Claro.. eu vou tentar. - sorriu. - Agora mudando de assunto Rocky, você sabe onde sua irmã estava quando chegou ontem de manhã? - perguntou curiosa.
Rocky: Sei, ela me contou ontem à tarde quando fomos caçar.
Sofia: Então.. - disse me instigando a continuar.
Rocky: Chega a ser bem engraçado, sabe.. - ri. - Rydel vive reclamando do Ross mas, ela é a primeira a correr até ele quando o mesmo precisa de ajuda.
Sofia: Então.. Ross estava com problemas? - perguntou confusa.
Rocky: Não sei exatamente no que ele se meteu mas Rydel saiu daqui depressa, ela não disse nada sobre o assunto. O que me fez pensar que talvez ela já tivesse resolvido.
Sofia: Ah.. e o que mais? - perguntou curiosa novamente.
Rocky: Ah.. Rydel disse que Ross está voltando ao Alaska em alguns dias. De qualquer forma, vai ser bom ver o meu irmão de novo. - sorri.
Sofia: Nossa, isso é ótimo. Ela disse se ele estava vindo sozinho? - perguntou me encarando séria.
Rocky: Ela disse que Laura está vindo com ele.
Sofia: Laura? A humana? - perguntou boquiaberta.
Rocky: Shh.. - falei levando meu dedo aos lábios de Sofia. - Sim, ela mesma. Mas, Rydel não quer que nossos pais saibam até que eles estejam aqui. Vamos manter a discrição, lembre-se que não queremos chamar atenção.
Sofia: Tá bem, pode confiar em mim. - sorriu e logo pude sentir seus lábios tocarem os meus.
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